Garota de programa, prostituta, meretriz, put*, biscate, cortesã, marafona, mulher-dama, quenga, piranha, etc. Palavras que resumem, num único significado, um dos ofícios mais nobres da iniciativa privada. Afirma o mito urbano que o meretrício é profissão mais antiga do planeta. Sim, afeiçoado forista, ser garota de programa é uma arte tão complexa nos dias atuais que se deveria enxergar a urgente necessidade de oferecer cursos profissionalizantes no SENAC.

A cortesã do século XXI, em primeiro plano, se exige ter a consciência de que é uma atriz numa peça interativa, ela brilha num palco de luzes negras que destacam seus dotes e camuflam os desníveis que desfavorecem a silhueta. A maquiagem da garota de programa é a penumbra. Como gueixa bem treinada, tudo nela é natural e espontâneo.

Já me dizia um antigo professor de Filosofia: a put* precisa ter a inteligência mínima que lhe permita compreender que ela “vende amor”.

É isso. Muito mais do que o corpo, a gueixa vende amor e dedicação a quem a procura. Num universo conectado por modems, No-Breaks, cabos, plugs, monitores e toda essa miscelânea de interfaces eletrônicas, o contato físico se tornou a utopia maior do anseio virtual. A realidade se confessa sonho num mundo que nos reduz, cada vez mais, a rascunhos de hologramas carentes de alma.

Apesar de sinônimos, prostituta e cortesã possuem sólidas distinções conceituais.

A prostituta busca clientes, a cortesã conquista admiradores.

À prostituta, nós pagamos. À cortesã, doamos nossas riquezas com a gratidão dos amantes enamorados.

Ser cortesã é vocação. Ser prostituta é obrigação a que se submete a mulher que pensa ter encontrado uma maneira rápida e prática de capitalizar.

Cortesã é fêmea que possui libido à flor da pele, ela deseja os homens e descobre prazer oferecendo o prazer. A simpatia da cortesã transpira no sorriso, no olhar, no toque.

A prostituta leva o “P” de pernóstica e presume que a simples graça de sua presença é um favor digno de remuneração. É aquela que realiza um esforço intestinal em parecer simpática e fracassa no intento.

Eis o núcleo da diferença: a cortesã seduz, a prostituta se oferece com má vontade.

Agora, ousarei num parêntese que poderá ferir o movimento gay ao confessar que nutro uma repulsa impenhorável pela lésbica de bordel. Uma sapata trabalhando num prostíbulo é um paradoxo abissal e irremissível. A lésbica de alcova está ali para competir com os homens e usufruir de um harém. Algumas detêm habilidade na cama, porém, a presença delas é quase sempre nociva e contagiosa. Querem classificar como um preconceito? Sim, é uma crítica que frutificou das muitas experiências mal sucedidas que vivi e das observações apuradas que pude reunir. A sapatão é um vírus que corrompe o puteiro. Que sejam criados prostíbulos para mulheres, saunas femininas, mas que se afastem de um território que é inadequado aos desejos homossexuais. O Bordel é a arena dos libertinos que almejam o embate heterogêneo. Sei que existem os indivíduos que apreciam observar duas mulheres em atos de lascívia, mas para mim isso é a visão passiva do tédio erótico, é o sexo entre mutiladas que invejam o pênis.

Tenho respeito pela superioridade ética dos “viados”, pois eles respeitam as fronteiras onde habitam os heterossexuais.

Retornando ao contexto, é a cortesã o verdadeiro ideal do libertino que visita um bordel. No entanto, elas são raras.

A inteligência da cortesã é sua vantagem, mesmo que dissimulada. A ignorância jamais deve ser explícita.

Por esses dias, uma messalina de sinceridade ingênua me confidenciou:

- Dante, adoro o que você escreve, mas não entendo nada. – Um homicídio culposo contra a minha vaidade.

A cortesã expressaria a frase de forma justa e suave:

- Dante, adoro o que você escreve. – Essa é a sedutora cortando o desnecessário e demonstrando sua sensibilidade, mesmo que não exista.

A semântica é a lanterna das emoções.

Sobre o colchão, a cortesã é a consagração do sim, é a cessão absoluta do nirvana. No outro extremo, a prostituta se resume na negativa que desestimula e leiloa partes do seu corpo como se fossem peças de carne pendurada no gancho do açougue.
A cortesã se faz na entrega inquestionável e a prostituta se cria na restrição.

No final, o balanço definitivo: a cortesã desperta a paixão que faz nascer o libertino fiel num campo promíscuo, enquanto a prostituta colhe as migalhas da miséria instável dos instintos.

Tenho que te tirar o chapéu, dante!

Superiormente escrito, não é contudo, um manifesto para garotas de programa. Atingir o que tu escreveste, requer intelecto. Concretizar o que escreveste requer pensamento divergente, pensar no outro, pensar a longo prazo, aplicar a teoria dos jogos. coisa que raramente encontras numa garota de programa.

Será somente para uma cortesã, que se encosta ao teu peito e sussurra-te ao ouvido 'Dante, adoro o que você escreve' enquanto te passa a mão pelo cabelo e te beija o pescoço... só essa consegue atingir isso.

Ab.

Tão e a fonte do copy paste não metes?

Não compreendi a colocação. Sobre o texto, elaborei hoje na mais genuína e cansativa autoria.

Obrigado.

Ah sim? Então lamento ter feito tão precipitada conclusão. Continue que foi uma leitura bastante agradável e com bom conteúdo.

Confesso que eu também estava para precipitar-me com uma frase dessas.

Muitas vezes dou comigo a pensar que 99% do que leio neste forum, não é nada mais do que gajos cheios de tesão, gajos do SEF a fazer controlo de imigração, ou modern pimps a fazer posicionamento de TDs para maior rentabilização das suas mininas.

Este post, tem aquele toque especial que só os brasileiros conseguem dar nos dias de hoje.
Escreve ao estilo dos poetas. Nota-se que respira aquilo que lhe sai da mão.

O inconveniente é que escreve de forma conceptual para uma audiência (leia-se garotas de programa) em que 95% dos casos mal conseguiria entender uma lista específica e exaustiva de atitudes e comportamentos relacionados com a operacionalização do conceito.

ab.

O confrade DANTE já anda por aqui há muito como poderão ver pela sua data de registo, e aconselho a fazerem uma pesquisa pelo seu nick e lerem alguns dos seus posts.


E tem obra publicada

viewtopic.php?f=36&t=10135&hilit=lan%C3%A7amento*

"A prostituta busca clientes, a cortesã conquista admiradores."




Parabens pelo texto, mais um... já há uns tempos que não nos brindava com uma pérola...



Acho que com a frase acima, se consegue explicar a polularidade de algumas das nossas divas






Camafeu, o Dante é carioca e ja escreve aqui quase desde o inicio, (e antes disso ja o acompanhava noutro forum). Ele tem livros publicados no Brasil e tudo

Grazie, Leonidas. Para quem não pode fazer pesquisa por nick, a coisa desmotiva.

Dante, não encontrei referências comerciais aos seus Paralelepípedos da Vila Mimosa. Lançamento na Lapa ? Fiquei com a sensação que vives em Portugal... mas eu diria que nenhum autor a viver em Portugal conseguiria escrever o que vc escreveu.

Quanto eu estiver private messaging, eu contacto-te.

ab.

Superiormente pensado e igualmente escrito. Li-o com grande deleite.
Infelizmente também não posso fazer pesquisa por nick, pelo que me será algo difícil aceder de forma rápida a outros dos seus textos, Confrade Dante.

Por isso, só posso desejar encontrá-lo mais vezes pelo Burgo e com novos pensamentos e alocuções.

Bem escrito sim, mas um bocado rebuscado na minha modesta opiião.

Obrigado pela generosa divulgação, colega Leonidas.

GPgrelo, será uma honra poder trocar ideias com você.

Balls, o que seria da vida sem tempero. Rebuscar, às vezes, é temperar e dar o gosto da vida ao que relatamos.

É por isso que gosto desse fórum, o nível é superior a qualquer outro que participo.

Abraços aos meus irmãos portugueses.

Confrades gpgrelo e Gentleman, não estão a utilizar bem algumas das potencialidades de pesquisa do forum, se repararem eu também sou iniciado.


Ora sigam-me lá

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Em Pesquisar por autor digitem o nick (podem usar asterisco e tudo)


Dá muito jeito para seguir os confrades q mais apreciamos

o confrade Dante é «apenas» o Gabriel Garcia Marquez cá do fórum continue confrade brinde-nos com mais momentos de febre putanheira. Tem algum td feito aqui em Portugal? assim tipo um momento de antologia...

Muito agradecido pela dica, Confrade Leonidas I. Confesso que nunca tinha reparado nessa ferramenta. Mais uma ajuda.