Permitam-me transcrever aqui as palavras de uma actriz porno sobre uma situação real extrema por ela vivida:

"Estávamos num bate-estacas, ele estava a foder-me no cu e eu disse algo tipo, ‘Sim, fode-me assim, meu filho da put*’. A cara dele revirou e ele atingiu-me na cara duas vezes - de punho fechado. Esmurrou-me na cara enquanto ainda estava dentro do meu cu e depois, começou a ficar maluco com o meu rabo - extremo, a fodê-lo brutalmente. E então começou a forçar as coisas até ao ponto em que o rasgou e sangrei por todo o lado. Havia tanto sangue que não consegui acabar a cena."


“We were in a piledriver, he was fucking me in the ass and I said something like, ‘Yeah fuck me like that you son of a bitch.’ His face twisted and he came down on my face two times—close-fisted. I was punched in the face while he was still in my ass and then he starts going crazy on my butt—extreme, brutally fucking it. He just starts shoving things in to the point where he ripped it and I bled everywhere. There was so much blood I couldn’t finish the scene.”

Esta é uma daquelas situações tão violentas que até me custou ler... Há uma serie de questões que não compreendo. Conheço mulheres que usam gel anestésico para conseguirem fazer anal... Mas num episodio desta violência não consigo perceber como é que o anestesiante possa ter funcionado. Ela não gritou? Não pediu para parar? A equipa de filmagem não se apercebeu?
Não estou a desvalorizar o relato e compreendo porque o colocou aqui, por muito chocante que possa ser e por muito que a grande maioria dos homens não se identifique com este grau de descontrole e violência.

Percebo que o colocou para todos percebermos que, se este tipo de violência acontece em frente às câmaras, pode muito bem acontecer atrás de uma porta fechada e longe de testemunhas... Que qualquer tipo de relato feito publicamente por homens que seja exagerado ou de violência, humilhação e abuso pode, potencialmente, incentivar e motivar outros homens a não se controlarem e perderem a humanidade face a outro ser humano.

Confesso que precisei de uns dias para conseguir digerir o relato que colocou e lhe conseguir dar continuidade.

Da minha parte e da parte das minhas colegas, só lhe posso agradecer por apontar e discutir publicamente de forma consistente este tipo de relatos nos tds.

identifico-me muito com o que escreve a loving Joana neste assunto.

às vezes leio coisas, que prefeira nem ter lido para não me incomodar.
há gente que não percebe que por estar a pagar não vale tudo!

aqui não há santas e santos e também há atitudes miseráveis das prostitutas para com os clientes.

o respeito tem que ser mutuo. mas forçar situações e tratar as pessoas como lixo, não é para mim.

Da minha parte e dos clientes e homens que pensam como eu, só posso estimular a que continuem os depoimentos, opiniões e narração de histórias de mulheres, gp's ou não, que passam, ou passaram, ou sabem de quem passa ou passou por situações semelhantes, para contribuir aqui para o debate e a evolução das mentalidades.

Não tenhamos ilusões de que vamos mudar o mundo radicalmente, por nós próprios...somos todos causas e consequências, gotas de água e grãos de areia... mas se não fizermos alguma força a empurrar no sentido que queremos, as coisas vão avançar NO OUTRO sentido.


Deixo mais uma vez clara a minha posição: defendo que todos os trechos de textos que sejam considerados ofensivos ou violentos sejam aqui debatidos. Não concordo que sejam simplesmente apagados pela Moderação; também não creio que devam ser ignorados e deixados sem assinalar; não quero promover a censura mas o debate e a conscientização; defendo que possam ser lidos por todos, no âmbito da sua discussão;defendo que seja assinalado no texto original, e estimulada a resposta do autor, no tópico de debate; acredito que com a prática reiterada dessas transferências assinaladas dos trechos, a consciência do que está em causa pode-se generalizar; menos passagens violentas serão escritas e publicadas, mais atenção será dada ao assunto; não tenho com isso ilusões de que o mundo do sexo pago deixará de ter violência e desrespeito, mas acredito que o fórum será melhor se tiver uma atitude de crítica e de activismo contra descrições e narrações de cenas de violência e abuso; apagar não ajuda a prevenir, ignorar será como permitir, permitir será como estimular; é preferível ver debatido e denunciado. No final do dia cada um fique com a sua própria opinião, e a sua própria consciência.

Não sabia que tinha acontecido com o James Deen, que antes dessas histórias aparecerem, tinha a reputação de ser feminista.



Acho essa discussão valiosa para o fórum, e gostava de pensar que esse seu último exemplo - de uma violência extrema - estamos todos de acordo que é simplesmente inaceitável. Aquilo que me parece mais cinzento é escrever TDs descrevendo actos de violência onde o consentimento é ambíguo ou é mesmo aceite. Imaginemos que uma GP pede para apertar o pescoço ou puxar o cabelo... Deve ser exposto num TD? Na minha opinião não, porque há 100,000 pessoas a ler o fórum, que poderão interpretar mal e criar problemas à GP.

Estava a ler as vossas respostas a este tópico e estava a lembrar me de uma situação que me traumatizou enquanto era acompanhante/massagista.
Quem me conhece sabe que sou extremamente meiga e calma, nesta altura já só fazia sexo se o cliente fizesse massagem. Como é de esperar, a massagem é para relaxar, e se é tantrica, é ainda mais calma, mais sensual e com toques muito suaves. Agora imaginem que após o tempo de massagem tranquila e zen, passa-se a acção e o cliente parece que está num filme porno. Agarra me pelos cabelos com força, tenta forçar me para o oral, é bastante violento no acto, e completamente estúpido. Fiz um esforço enorme para não chorar e jurei que ia deixar de ser um brinquedo para estúpidos que não sabem valorizar quem lhes dá afecto e carinho.
Aquilo mexeu de tal forma comigo que passei uns dias a chorar por me sentir tão a mercê da vontade dos outros. Lá porque me pagaram uma massagem com final feliz, eu não tenho de me sujeitar a ser uma escrava sexual. Já tinha apanhado antes um ou outro caso parecido, e foi assim, que esse se tornou o meu penúltimo cliente como acompanhante/massagista.
Confesso que detesto sexo da forma como a pornografia o representa.
O problema é que as pessoas quando começam a sua vida sexual, têm como referencia justamente a pornografia. Acham que uma mulher tem prazer com a estupidez animalesca do ser humano.
Nada é mais prazeiroso que estar a massajar uma mulher e ela ter um orgasmo. As mulheres gostam e precisam de estímulos físicos, de afecto, de carinho, não é a brutidade (salvo raras excepções) que dão prazer a mulher.

Depois quanto a profissionais, infelizmente por vezes são levadas pelo dinheiro e sujeitam-se a qualquer tratamento, mas porque umas se sujeitam a isso, não significa que todas o queiram fazer.

A mentalidade realmente precisa de ser mudara, e a pornografia também, porque queiramos ou não, as pessoas não procura por tantrismo por ex, quando começam a sua vida sexual, procuram mesmo é pornografia, e como tal parte da culpa da ideia de sexo bruto está nesse mau começo, e depois vem lá de há uns séculos em que as mulheres eram obrigadas a ser submissas aos homens, e essa mentalidade ainda tem alguma influencia actualmente. Assim como a desvalorização da mulher.

Faz-me alguma confusão que haja tantos gajos que achem essencial "dar umas palmadas" no rabo das meninas e que, quando elas se recusam a aceitar isso, seja motivo para as avaliar menos positivamente... Por que raio "dar umas palmadas" é assim um tempero tão essencial da fornicação?

Tenho memórias de situações mesmo intensas, com a temperatura elevadíssima, mas acho que nunca me passou pela cabeça mandar palmadas.

Há muitos anos atrás numa conhecida casa de meninas no Estoril que eu frequentava regularmente a minha alcunha era o "mãozinhas". Por ao contrário das palmadas era elogiado pelas caricias de umas mãos sem calos...

Recordo-me apenas de dois casos em que fui praticamente coagido a deixar sair o javardolas que existia em mim (e não sabia). Um deles, há uns bons anos, ali para os lados de Sete Rios, para além de ter deixado uma casa de banho inundada, prolongou-se em modo-Neandarthal para o quarto. Saí de lá a falar sozinho... Mas não me estimulou o gosto pela "selvajaria erótica".



Já me disseram que tinha "mãozinhas de ginecologista". Suponho que era um elogio...

Uma vez uma francesa, que já tinha passado o seu prime mas continuava bem gatona, segurou-me uma mão e disse "Tu as les mains fines". Foi sem dúvida um elogio.

Eu por outro lado já dei muitas palmadas quer a pagar, quer sem ser a pagar e já dei muitas fodas à porno também em ambas as situações, é tudo uma questão de medir a temperatura da sala...
Mas concordo que massagem tântrica e música de flauta não são indicadores de ser esse o estado de espírito da contraparte.

Há um registo para cada situação, e as situações acontecem simplesmente, não porque as encomendemos. Não podemos ler aqui um Td em que aconteceu tudo e mais alguma coisa e esperar chegar lá e que aconteça a mesma coisa.

Já no passado escrevi relatos de situações em que aconteceu tudo o possível e imaginário, e até mais, mas elas aconteceram porque aconteceram. E acrescento, todas as situações têm limites a não passar: o da segurança das pessoas e o do respeito mútuo.

Sim, claro. Atentados ao bem-estar, próprio ou do outro, são coisas a evitar (e, já agora, ficou acordado pela actual Administração que não vamos permitir o seu relato) e o respeito é requerido.

O que há tempos venho sugerindo é que as passagens consideradas "transgressoras" não sejam simplesmente eliminadas, mas transferidas para aqui, onde podem ser lidas, discutidas e analisadas, e podem ser semente de debate. Isso já tem acontecido, em alguns casos. Mas poderia acontecer sempre.

(Lembro-me de um caso em que alguém escreveu algo do género: "tratou-me tão mal que me deu foi vontade de lhe dar um biqueiro no aparelho dos dentes", ou coisa parecida. Na altura chamei a atenção e protestei, vários posts apoiaram o protesto, e a moderação desculpou-se, que aquela passagem lhe tinha escapado na leitura em diagonal, e apagou a passagem e os protestos. Senti que se desperdiçou ali uma possibilidade de um debate sobre os limites na expressão do nosso desagrado. O desagrado extremo é legítimo, esse tipo de ideias expressas, aqui, não. E cada exemplo que aqui se reproduzir como semente de debate é prova de que é necessário uma atenção constante ao tipo de ideias e atitudes que não se devem aceitar.)