livinglavidaloca Escreveu:
O que a mulher mais faz é ser put* de graça uma vida inteira e á vista de todos (digam o que disserem a mulher é sexualizada/vergada desde que nasce em tudo o que lhe é doutrinado) mas ok está tudo ok... agora para a mulher admitir que seria de fazer exatamente aquilo que já faz mas a troco de dinheiro é preciso uma garrafa de vinho??? Mulheres que saiem a noite e um dia vão para casa de um no outro para casa de outro...outro dia dá gera em três porque foi drogada....tudo de graça! Agora eu que cobro os meus euros para isso tudo é que estou errada? Ahhhhh....acho que nós GPs hoje em dia acabamos por foder menos que as outras para ser sincera
Respeito as suas opiniões, mas devo dizer que as minhas impressões,
fruto da minha vivência, são bem diferentes...
Explico, usando as suas frases como referência:
1.
O que a mulher mais faz é ser put* de graça Devo dizer que, antes de me tornar cliente de gp's, tive contatos com várias mulheres que me faziam compreender que, se quisesse pensar em ter sexo com elas, teria que,
para começar, pagar saídas, bebidas, jantares fora, por vezes hotéis, etc. E os etc's dava para perceber que viriam a ser complicados. Eu não sou somítico, mas havendo condições prévias, preferia passar ao lado.
2.
a mulher é sexualizada/vergada desde que nasce em tudo o que lhe é doutrinado) concordo que as mulheres foram, ao longo da história, subjugadas, dominadas, exploradas, reprimidas e a sua sexualidade submetida a regras, preconceitos e dogmas, mas na sociedade contemporânea já não é sempre assim. Eu sempre defendi igualdade de direitos e oportunidades, sempre vi e vivi o prazer da mulher como condição obrigatória e até prioritária num encontro sexual, e quase todas as mulheres com quem tive sexo eram emancipadas, tão empoderadas como eu e conscientes dos seus direitos e liberdades. A sociedade exerce sempre pressões, mesmo que só no inconsciente, e provoca repressões e ansiedades, sem dúvida, em mulheres e homens, mas cabe a todos e todas nós fazer face a isso, com mente aberta.
3.
a mulher admitir que seria de fazer exatamente aquilo que já faz mas a troco de dinheiro Com todo o respeito, comparar o papel de uma mulher numa relação sexual "civil" com o de uma relação sexual na prostituição a mim soa muito estranho.
Eu procuro tratar cada mulher na prostituição com respeito e pensando também no prazer dela, sempre que ela permita essa forma de estar ( e mesmo que em pouco tempo) , mas a esmagadora maioria das vezes a prostituta, mesmo tendo o seu prazer, quer que o cliente não exceda o tempo previsto e depois estar pronta para outro.
Nas minhas relações "civis" nunca foi assim, com relógio, nem nada que se pareça. Só a ideia dessa comparação faz-me muita confusão, a vários níveis. Mas adiante.
4.
Mulheres que saiem a noite e um dia vão para casa de um no outro para casa de outro. Então uma mulher que queira viver a sua liberdade e autodeterminação sexual, ou procurar a sua identidade e vivenciar o seu prazer tem de ser considerada uma p*ta?! Não! Respeitando os outros e a si própria, tem todo o direito de fazer o que lhe apetecer, com quem e com a frequência que ela própria decidir. Isso chama-se emancipação, liberdades e direitos. E mais ninguém tem nada com isso.
5.
eu que cobro os meus euros para isso tudo é que estou errada Nenhuma mulher está errada em cobrar, nem isso estava implícito no texto a que respondeu. O problema de uma mulher que decide entrar na prostituição tem a ver com as
barreiras e preconceitos sociais, sobretudo familiares, e é por isso que tantas mulheres que vão estudar para fora do seu ambiente familiar começam a encarar essa questão de outra forma.
De novo: não há nada de errado, na minha visão, mas há um peso social imenso. Embora seja um fenómeno em franca evolução, pode sondar, mesmo aqui com os frequentadores e clientes de prostitutas, se gostariam de saber que a sua filha, ou irmã, ou familiar, ou amiga, etc. se está a prostituir. Poucos dirão sinceramente que não se importariam de saber. Mesmo esses diriam "se foi por decisão consciente dela, e não por causa de drogas, ou álcool, ou por necessidade absoluta, ou manipulada por alguém, tudo bem".
Não há nada de errado, repito, mas há
um estigma social, que leva a que tenha que haver um
sigilo absoluto. Para muitas das mulheres com quem conversei neste meio
esse é o maior problema. Não é se o cliente cheira mal, ou se é muito rápido, ou se é muito lento, ou se é muito feio, muito chato ou muito arrogante. Tudo isso é passageiro. Mas o estigma é permanente, e cruel. Mas isso também está em evolução.
As mulheres em quem vi mais tranquilidade em lidar com esse estigma social foram as que não sentem pressão social e familiar, sobretudo as que têm elementos da família que sabem, aceitam e com quem partilham o que quiserem. Para todas as outras tem de haver um fosso entre a vida profissional e familiar, e isso pode ser esmagador psicologicamente. Sem uma garrafa de vinho, nem em conversas dá para encarar de ânimo leve.
6.
nós GPs hoje em dia acabamos por foder menos que as outras para ser sincera Permita-me comentar que, se for assim, ou a sua frequência de clientela vai muito mal,
ou as mulheres que conhece e usa como referência nessa afirmação têm
uma pedalada fora-de-série !
Mais uma vez, com todo respeito pelas suas opiniões, e obrigado por participar do fórum.