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 Crise Financeira 2.0 
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Confrade

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Mensagem Crise Financeira 2.0
Tinoni Escreveu:
kwacha Escreveu:
passamos o tempo a desperdiçar oportunidades ...


... pois... e volto a perguntar: como se modifica isso?


As oportunidades que o kwacha fala, são oportunidades macro. São oportunidades que derivam de uma estratégia governamental desenhada para o longo prazo, mas que não anda a baloiçar à vontade do freguês que vai para 1º ministro. No extremo, há alguns anos, penso que era o japão que tinha os seus objetivos de longo prazo divulgados na televisão, para que a população estive alinhada com os objetivos do país, para que se especializassem e se formassem nos eixos de desenvolvimento do pais. O brasil e julgo que o sri lanka, ou um pais ali à volta, há uns anos atrás fez um sólido investimento em TIs e infraestrutura de TIs, e os países dão cartas nessa área (não ao nível de uma EUA / NSA, mas acima da média da tabela). A Suiça há alguns anos definiu que a sua competitividade residia no sigilo bancário. A França na agricultura. A inglaterra no sistema financeiro. A alemanha na produção. A china era na replicação do ocidente + miniaturização e depois passou para mão-de-obra barata... and so on... posso ter cometido uma calinada ou outra nestas associações, mas basicamente é isso.

Mas eu explico-te como se faz uma revolução nas mentalidades.

A nivel micro (kwacha, eu sei que tirei o enfoque das finanças para a economia, mas os financeiros enojam-me - nota que, se és um, não será seguramente esse o meu feeling 8) ) as mentalidades fazem-se de vivências, de formação e muita carolice. A micro economia não é nada mais do que toma lá um corte de cabelo e dá cá 15 euros. Eu nasci e fui criado neste mundo. "Toma lá uma sandes de fiambre e dá cá 2 euros. Oh chefe, então e se eu levar 5? Se levares 5 pagas o mesmo, mas se levares 10, faço-te a 1.75€ cada uma. ah bom então venham lá essas 10 sandes! E não queres umas mines? eh pah, pois é! mete aí 5 num saco!" Um gajo como eu, que nasci numa casa de empreendedores, que está habituado a ter a faca o queijo na mão e a cortar a eito se assim lhe parecer melhor, facilmente vê oportunidades de negócio e de melhoria, com impacto na competitividade da oferta. Porquê? Porque é essa a sua vivência. Se fica competitivo, vai crescer, ganhar dinheiro e investir para ganhar mais dinheiro. A revolução de mentalidades é tão somente isto. Curto e grosso, é o teu mindset deixar de ser alguém definir os teus objectivos para o dia e fazeres as coisas acontecerem como te apetecem numa lógica e dinâmica de negócio. Como é que isto se faz? São os paizinhos e as mãezinhas que, no contexto certo, espetam isto na cabecinha dos filhotes, deixam-os arriscar de modo controlado, amparam a queda, corrigem o tiro e voltam à caça das oportunidades. Com isso aprendem, e vão atrás de peixes maiores. Claro está que a dinâmica base numa sociedade não é isto acontecer num contexto de dona de casa que lava os pratos e diz 'agora vamos para a caminha!': é paizinhos e as mãezinhas que tem negócios e que cultivam os seus filhos na mentalidade do desenvolvimento de um negócio, bem como da ambição daqueles que não têm o background familiar e que querem ter guito para ir às GPs e vão vender bifanas para o estadio do benfica e de um dia para o outro já têm um negócio de 100 milenas, mais aqueles que tem uma ideia bem carolada tipo Post It !, ou Windows.

O que verificámos nos últimos anos? Os paizinhos e as mãezinhas com negócios, colocaram os seus filhos a estudar na expetativa de serem algo melhor que eles, e quando assim pensaram era na expetativa de serem doutores da mula russa e engenheiros de sirigaitas. Claro que eles tornaram-se doutores e engenheiros, bem sucedidos obviamente porque certos estilos de ser e de estar entram no sangue dum gajo e já não saem, mas para o computo global do bem de uma comunidade fizeram uma bela merda de um serviço público. Ora, os paizinhos morreram, e 1 negócio que gerava riqueza converteu-se em 2 taxos públicos bem pagos, que contabilisticamente até geram mais valor para a nação, mas que, a longo prazo, pelas ineficiências do sistema, e pela impossibilidade de repor o circulo de geração de riqueza... gera mais prejuizo do que lucro para a nação.

Passados muitos anos, uns 15, por exemplo, temos muitos licenciados, poucos negócios individuais, poucas familias com mentalidade de negócio à cabeceira da mesa, e não há forma de voltar a fazer o circuito arrancar simplesmente porque esta merda não se compra na farmácias... são as famílas que o fazem num processo que tem uma curva de aprendizagem muito longa.

E como é que isto agora se resolve? Simples lei da oferta e da procura. Portugal já teve menos empreendedores do que tem hoje. As empresas que estão hoje no mercado, já não vão à falência. Os paizinhos dessas empresas, se tiverem visão de longo prazo, irão educar os seus filhos / managers a prolongar o negócio. Quase todas, senão mesmo todas, estão com a cadeia de valor bem estudada, excesso de produção e lucros constantes a crescentes... milking cows. Em algumas delas, os carolas atrás dessas empresas um dia destes passam-se de tanta optimização que gera mais valias nas quais só tocam em 20%, perspetivam como podem fazer melhor, revoltam-se, mandam tudo para o caralho, levam 2 clientes com eles e arriscam a sua sorte num tasco flexivel, com estrutura ligeira, e prestam o mesmo serviço a fazer um desconto de 20% face ao custo que levava a empresa onde estavam. Isso, gera logo 1 emprego net, dois cidadãos satisfeitos, e uma empresa nova. Alguns vão cair pelo caminho, mas isso... é o negócio.

É assim que se mudam mentalidades... educação em casa, na realidade dos negócios, não é formação em finanças na universidade para depois andar a comprar swaps que este ano custaram-nos 3 mil milhões de euros... financeiros são gajos que tomam decisões sem que isso lhe afete o bolso... economia é vida real... podes passar fome se não tiveres o mindset formatado para isso.

Bom, isto é só a minha forma de ver a questão... mas há mais coisas que podiamos dizer sobre isto, como esta do vicente 58 que refere que "o esquema já tá muito bem montado para tál não acontecer!!!!". Tem razão... alguma razão... os grandes grupos economicos como as SONAEs, Jerónimos martins, Zaras e o caralho a mais dessas grandes marcas, forçam os critérios de entrada nos sectores através do normativo legislativo que torna muito dificil alguém entrar no mercado a partir do 0. Vais a berlim, e não encontras mac donalds, pingos doces e continentes... não encontras centros comerciais como colombo, alegros e afins... encontras 1 desses, na alexanderplatz, e depois milhares de negócios pequenos, alguns de dimensão regional média mas sem capacidade de influenciar a entrada nos sectores.

É por isso que neste país é muito dificil ser-se alguém a começar do 0, como há 15 anos atrás. É muito dificil senão mesmo desencorajador, um desempregado abrir um tasco qualquer.
Não é possível quando para abrires um cafezito ou uma merceria precisas de 10 vistorias, e de cumprir 40 normas técnicas que envolvem um investimento de 100.000 oiros.

tinoni... é assim que se forma empreendedores... foi asim que o Belmiro criou a cláudia (azevedo claro) que agora está à frente da sonae capital, o paulo (também azevedo) à frente do grupo sonae, e o nuno (também azevedo) à frente da fundação Belmiro de Azevedo. Também foi assim que o alexandre soares dos santos criou o pedro e o josé... já todos no top management da JM.

17 Set 2013

 
 
Confrade

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Mensagem Re: Crise Financeira 2.0
kwacha Escreveu:
---------------------------------------

dei dois exemplos, e como estes haverá muito mais ...
propositadamente escolhi estes exemplos com um intervalo de 30 anos ...
e porquê ? para melhor explicar que em alguns aspectos as elites não mudaram muito ...
também foi propositado escolher situações que se prendem com a exportação ...
e porquê ? porque o mercado interno é pequeno, e será sempre pequeno ...

estes dois exemplos poderiam ser casos de sucesso, se o Estado criasse as condições iniciais, bastava meia dúzia de grandes empresas assumissem o desafio, e teriam arrastado centenas de pequenas empresas ...

---------------------------------------


Nem mais, kwacha. As elites são subsistemas da sociedade, e como todo o subsistema, o seu objetivo é persistir no tempo. Num mercado pequeno, são clubes inacessíveis.

Quanto ao mercado, creio que a maior parte das pessoas não faz ideia da importância da dimensão do mercado no desenvolvimento da economia.
Por exemplo, no linkedin, existem 11.286 oportunidades de emprego para a minha função nos Estados Unidos.
Nenhuma em portugal :smt005

17 Set 2013
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Mensagem Re: Crise Financeira 2.0
gpgrelo Escreveu:
Mas eu explico-te como se faz uma revolução nas mentalidades.

(...)

Como é que isto se faz? São os paizinhos e as mãezinhas...

(...)

O que verificámos nos últimos anos? Os paizinhos e as mãezinhas com negócios, colocaram os seus filhos a estudar...

(...)

E como é que isto agora se resolve? Simples lei da oferta e da procura....

(...)

os grandes grupos economicos como as SONAEs, Jerónimos martins, Zaras e o caralho a mais dessas grandes marcas...

(...)

É por isso que neste país é muito dificil ser-se alguém a começar do 0, como há 15 anos atrás. É muito dificil senão mesmo desencorajador, um desempregado abrir um tasco qualquer.
Não é possível quando para abrires um cafezito ou uma merceria precisas de 10 vistorias, e de cumprir 40 normas técnicas que envolvem um investimento de 100.000 oiros.


Mas...

gpgrelo Escreveu:
tinoni... é assim que se forma empreendedores... foi asim que o Belmiro criou a cláudia (azevedo claro) que agora está à frente da sonae capital, o paulo (também azevedo) à frente do grupo sonae, e o nuno (também azevedo) à frente da fundação Belmiro de Azevedo. Também foi assim que o alexandre soares dos santos criou o pedro e o josé... já todos no top management da JM.


Admito que não esteja a ver bem a coisa, mas não acabas tirando a conclusão oposta ao que seria lógico esperar?

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Mensagem Re: Crise Financeira 2.0
gpgrelo Escreveu:
É assim que se mudam mentalidades... educação em casa, na realidade dos negócios, não é formação em finanças na universidade para depois andar a comprar swaps que este ano custaram-nos 3 mil milhões de euros... financeiros são gajos que tomam decisões sem que isso lhe afete o bolso... economia é vida real... podes passar fome se não tiveres o mindset formatado para isso.


de facto, existe um juízo formado na opinião pública sobre a diabolização dos banqueiros e financeiros ...
como todos os anátemas no passado, também este tem a sua carga de exagero e injustiça, não vou contestar ...

mas a propósito de swaps, que é o exemplo que está na ordem do dia, só quero lembrar o seguinte:
- por acaso alguém sabe os montantes contratados em swaps pela EDP, GALP e PT ?
- por acaso alguém sabe se esses contratos dão prejuízo ou lucro ?
- por acaso alguém sabe se foram financeiros a contratar ?

é normal, 99% de vós não sabe as respostas, mas eu adianto:
- os montantes contratados por estas empresas são superiores ao somatório das empresas públicas;
- os saldos da esmagadora maioria dos contratos é positivo para as companhias;
- os contratos foram negociados por financeiros e economistas;

no caso dos swaps do Estado e das Empresas Públicas temos duas situações distintas:
- os contratos feitos pelo Estado (institutos que fazem a gestão da dívida pública) dão todos lucro;
- os contratos feitos pelas Empresas Públicas (sector dos transportes) dão quase todos prejuízo;

(aliás foi com o lucro dos primeiros que a Maria Luís pagou o prejuízo dos segundos)

TAP e a ANA também tem swaps, mas com lucro ! porque será ?
porque há vários anos estão a ser preparadas para serem vendidas ...

julgo que a resposta reside no clima de guetto em algumas EPs
desde logo a atitude do accionista Estado para com as ditas EPs
nunca lhes exigiu nada, também porque nunca cumpriu com nada
desde 1975, que o Estado nunca pagou as subvenções a tempo
nunca actualizou correctamente a evolução dos custos energéticos
estas EPs foram durante muitos anos um truque para desorçamentar
nem vou falar na pouca vergonha da gestão dos "tachos políticos"

lembro-me quando começou o processo de privatizações em 1988
eu pertenci à equipa que preparou a 1ª EP a ser vendida a 100%
a empresa transitou da tutela da indústria para a das finanças
a administração e a direcção levaram uma volta de 180 graus
e recordo-me de limpar 2 milhões de contos de "letras de favor"
como era possível uma prática ilegal numa empresa pública ?

para mim a resposta passa sempre pela prestação de contas !
quem não presta contas mais cedo ou mais tarde vai descarrilar ...
a irresponsabilidade e a impunidade pagam-se sempre no futuro ...

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Confrade

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Mensagem Re: Crise Financeira 2.0
Tinoni Escreveu:
Admito que não esteja a ver bem a coisa, mas não acabas tirando a conclusão oposta ao que seria lógico esperar?


hum... não me parece. A economia não é algo estanque, em que hoje termina o contributo das famílias para a geração de riqueza por esta via, e amanhã começa o contributo dos grupos económicos. Enquanto que há uns anos atrás havia um grande contributo das famílias na continuidade dos negócios, hoje em dia esse contributo está mais do lado dos grupos económicos com recursos para renovar e lançar negócios. Mas ambos persistem no tempo.

Fizeste aí o highlight dos desempregados... Esta não é propriamente uma conversa vocacionada para um desempregado nos dias que correm. Um desempregado virar empreendedor não é que seja impossível - casos haverá, seguramente - mas não é frequente o desempregado típico virar empreendedor. A falta de recursos próprios, geralmente muito baixas competências relacionais e comerciais, enquadramento depressivo e de resignação, faz com que 95% dos desempregados não tenha sequer disposição para pensar no assunto. Hoje! Porque há 15 anos atrás ainda era possível economizar para comprar o trespasse de um tasco na esquina de uma rua, o subsídio de desemprego era 65% das remunerações dos últimos 12 meses e isso fazia um bolo jeitoso no subsídio de apoio à criação do próprio emprego, para além de que os critérios de entrada no mercado eram muito menos exigentes.

O grosso do 1 milhão de desempregados que temos, lamento, mas não tem outra hipótese a não ser virar 'classe operária', caixa de super, secretária... ou emigrar. O melhor é mesmo emigrar. Sem querer estar aqui a fazer pouco de ninguém, ou fazer tábua rasa de tudo o resto, empreendedorismo (de indole pessoal / privado) é um tema de conversa para quem já nasceu no berço, para quem é middle management ou quadro superior com competências relacionais e jogo de cintura (e algumas poupanças também), para quem está nas universidades na reta final da sua formação com um projecto de indole técnica bem fundamento para o sector onde se apresenta, para quem tem uma ideia ou produto com um toque de centelha, para quem tem capacidade para andar com uma bancada / roulote a vender bifanas nos concertos e nos estádios de futebol (é preciso ter uma certo estômago para fazer isto e coisas semelhantes, mas tudo quando diga conveniência, dá dinheiro). É dificil encontrar estas características nos desempregados.

Tinoni, não sei se isso clarifica as tuas dúvidas tendo por base a minha visão sobre esta questão.

Já agora, em berlim, espantou-me a quantidade de pessoas que nós classificamos de 'idosos' a trabalhar no front-office dos comércios. Fiquei completamente boquiaberto quando vi que o grosso das lojas, comércio, cafés, museus e o kamano... tudo isto são MILFs e Cotas nos 40-50 a atender a malta, e por sinal, muito mais simpáticos, afáveis e welcomers do que o jovens lá do sítio que são uma cambada de energumenos que o diabo os carregue. Sabem o que fazem os empresários portugueses à malta que tem mais de 35, não sabem? Pois, portugal é um pais muito cheio de merdas que não fazem sentido nenhum.

Sabem que em Berlim paga-se 12 € / 1 hora para uma empregada doméstica? Custo de vida mais baixo que o nosso, a julgar pelos preços de mercearia, custo da roupa e combustíveis.

Quando estava de regresso de berlim... enfim.. eu e a maria andamos sempre ao berro e ao apalpanço... e no meio da vozeirada aparece-nos uma portuguesa com um olá olá!!!! oh, put* que pariu, fizemos logo uma festa ali mesmo no meio da estação da U6 a caminho de Tegel. Conversa vai, e conversa vem, então a senhora tinha lá o marido a trabalhar nas obras em berlim (já agora, berlim está hoje e vai estar durante 2 anos como esteve a zona da expo antes da exposição: um filha da put* dum caos com tanta obra em todos os quadrantes da cidade) e ela... não fazia nada! Acreditam!? O marido ganhava que chegava e não a deixava trabalhar. Inacreditável! A mulher dizia que podia ganhar uns trocos valentes, mas o marido não deixava! Portanto, para os desempregados, o negócio é emigrar. Lá reconhecem o valor do trabalho.

17 Set 2013
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Mensagem Re: Crise Financeira 2.0
desemprego "versus" emigração

não tenho dúvida, que para vários sub-grupos de desempregados, de momento é a melhor solução ...
o exemplo mais flagrante é o desempregado oriundo da construção civil (+ de 60.000) ...
reconversão profissional é um lirismo, não há volta a dar, emigrar é a única solução ...
é de aproveitar, e partir à boleia da internacionalização dos nossos empreiteiros ...

existe outro sub-grupo, os professores que temos em excesso ...
no curto prazo o país não tem solução para eles cá dentro ...
é um problema que vai levar uma geração a resolver ...

mais uma vez somos incapazes de ver numa dificuldade uma oportunidade ...
os palops precisam dessa mão-de-obra, e agora até podem pagar ...
precisam de professores e de formadores de professores ...
português, matemática, física, química, etc
não entendo a razão porque não fazemos um acordo interno e externo !!!

outro caso são os funcionários públicos ...
neste capítulo temos o bom exemplo da cooperação com Timor Leste ...
não percebo a razão porque não ampliamos a cooperação com Angola e Moçambique !
estes países estão a reconstruir a administração pública central e local e precisam de apoio !
é verdade que já existe alguma coisa na área da justiça e administração interna, mas é tudo pequenino !

--------------------------------------

a reconversão profissional para a maioria dos desempregados é uma miragem; quando a economia melhorar, a procura de emprego vai exigir habilitações profissionais que a maioria não tem nem vai ter; outro factor de contraste, será a localização, a "nova" procura será distante da "velha" oferta;

a maioria das pessoas ainda não compreendeu correctamente a razão do seu desemprego;
quando entrámos na CEE, ficámos todos muito contentes porque certas fábricas abriram em Portugal ...
ninguém quis saber se estas fábricas tinham fechado noutro lugar e deslocalizaram para Portugal ...
aliás a maioria das pessoas não quer saber, só quer mesmo é outro emprego e safar-se ...

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Confrade

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Mensagem Re: Crise Financeira 2.0
kwacha Escreveu:
de facto, existe um juízo formado na opinião pública sobre a diabolização dos banqueiros e financeiros ...
como todos os anátemas no passado, também este tem a sua carga de exagero e injustiça, não vou contestar ...

...

para mim a resposta passa sempre pela prestação de contas !
quem não presta contas mais cedo ou mais tarde vai descarrilar ...
a irresponsabilidade e a impunidade pagam-se sempre no futuro ...


Não fazia a mínima ideia disso dos swaps, kwacha. Não sendo o meu território, só conheço o que a comunicação social quer dizer.

Mas o princípio com que finalizas faz todo sentido.

Mas nem é por isso que não posso com os financeiros, e também banqueiros. São dois tipos de gajos que se governam pela ganância pura e dura. Dirias que somos todos 'quase' assim... e somos. Mas estes gajos são assim, enfant terribles sem controlo, em ambientes sistémicos. Nenhuma da merda que eles fazem lhes toca nas suas vidas pessoais, mas lixam a vida a todos aqueles que estão a jusante. Olho sempre para os gajos do Lehman brothers, da Goldman sachs e semelhantes: tomaram e tomam decisões que sabiam não ser sustentáveis e que iam inevitavelmente impactar em milhares / ões de pessoas, e saem sem qualquer punição pelos seus atos. Ganham e dão-se a ganhar generosas comissões por terem balaços menos negativos, and so on. Banqueiros são outra escumalha que em portugal tem uma influência enorme. Toda esta malta era vir o diabo e carregá-los. E se calhar, tinha de trazer um articulado.

17 Set 2013
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Mensagem Re: Crise Financeira 2.0
Pois nós gostamos sempre de arranjar bodes expiatórios quando as coisas correm mal. É humano e vai ser sempre assim.
O problema é que a ganancia ou outro termo mais soft é transversal á sociedade.
Toda a gente gosta de ganhar dinheiro fácil, seja na Bolsa, Bancos suspeitos, negócios em pirâmide, imobiliário especulativo, etc.
Se fossem só meia dúzia de gajos a inventar uns negócios mirabolantes nunca havia crise pois mais ninguém entrava nos esquemas. Há medida que a informação é mais vasta e mais acessível maior é o nº de pessoas a "jogar" nestes esquemas. No passado isso era reservado a alguns experts e os estragos não eram tão grandes.

17 Set 2013
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Mensagem Re: Crise Financeira 2.0
vou contar um episódio simples e comum:
a minha cunhada no sábado foi comprar peixe ao mercado de benfica, e contou-me que descobriu que os ciganos estavam a vender roupa de verão para senhora tudo a 2 euros a peça; perguntei-lhe se as peças tinham defeitos ou se eram números grandes ou com cores e padrões fora de moda; respondeu-me que não era tudo impecável e mostrou-me 3 ou 4 exemplares;
a minha cunhada aproveitou a oportunidade, mas não quis saber da explicação racional para o sucedido !

quando o BPN e o BPP ofereceram às pessoas taxas de rendimento para depósitos a prazo ou outras aplicações muito acima do mercado, a maioria das pessoas embarcou com o fito do lucro extra; ninguém quis saber ao certo como era possível dois bancos pequenos oferecerem tamanho bónus; enquanto os juros caíram na conta, a satisfação era imensa e muitos gabaram-se da esperteza; aconteceu cá como lá fora;

o velho ditado "quando a esmola é grande o pobre desconfia" foi posto de lado, é normal, todas as sociedades quando vivem períodos de alguma prosperidade, a prudência costuma ser uma das primeiras vítimas ...

em resumo, eu diria que estavam criadas as condições para menor prudência e maior ganância ....

-------------------------------------------

em relação aos sentimentos que a maioria dos cidadãos nutrem pelos banqueiros e financeiros ...

com excepção feita ao Sr. Yunus (o banqueiro do micro-crédito), os centros que produzem e formam opinião (como os jornalistas, Hollywood, a literatura, etc) encontraram na actividade financeira um alvo para explicar a maioria das maleitas da sociedade actual;

o cerne da questão está na desregulamentação; esse movimento começou com Reagan e Thatcher (Escola Monetarista de Chicago e o seu guru Milton Friedman); com a queda do Muro de Berlim, esta vaga acabou por cobrir toda a geografia; a influência americana e inglesa acabaram por empurrar todos os sistemas para o padrão dominante; em mercado aberto os bancos europeus só conseguiam competir se adoptassem as mesmas regras;

quando veio o estoiro, voltámos a regulamentação; isto é, ficou provado mais uma vez que o livre arbítrio sem regras e supervisão, apesar de num primeiro momento gerar um impulso positiva acaba sempre em prejuízo;

é de lamentar que a maioria da população não conheça o contributo positivo que o sistema financeiro tem dado para o desenvolvimento da sociedade ...

----------------------------------------------

um pouco à semelhança do mundo financeiro, existem duas actividades cujo actual caminho de desenvolvimento pode levar a problemas ainda mais sérios; estou-me a referir à bioquímica e à genética; se não existirem regras e supervisão, um dia destes acordamos todos com um valente problema ... se vier a acontecer, os financeiros e os banqueiros saem da primeira página como entraram ...

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17 Set 2013
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Mensagem Re: Crise Financeira 2.0
oh, eu escrevi uma resposta do porque é que eu não posso nem ver essa turpe chamada finanças/eiros.

mas achei que ias achar as minhas palavras tão exageradas que ainda te chateavas à séria comigo, e para isso já basta termos que pagar as dividas que esses fdp fizeram com os seus contratos subprime.

olha, vou investir duas horas a ver mais umas idiossincrasias da sociedade americana enquanto o benfica vai marcando :smt023

http://www.youtube.com/watch?v=VoBleMNAwUg
SICKO - SOS Saude - Michael Moore
SICKO SOS Saúde destaca o sistema de saúde americano, empresas de plano de saúde que negam assistência a pacientes e tratamentos em nome do lucro.

ab.

17 Set 2013
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Mensagem Re: Crise Financeira 2.0
gpgrelo Escreveu:
http://www.youtube.com/watch?v=VoBleMNAwUg
SICKO - SOS Saude - Michael Moore


Isto é um espetaculo!!

Entretanto passei aqui por um RSA Animate... adoro RSAs... e gostaria de vos sugerir para quem está nesta da crise do capitalismo:

Versão inglesa
http://www.youtube.com/watch?v=qOP2V_np2c0
RSA Animate - Crises of Capitalism

Versão Zuca
http://www.youtube.com/watch?v=d5CzZqauTVs
RSA Animate - Crises of Capitalism

ab.

17 Set 2013
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Mensagem Re: Crise Financeira 2.0
Meus amigos este tópico já está desactualizado.

Vejam as bolas a atingir valores superiores à pré crise, o mercado imobiliário inglês a subir, o desemprego a diminuir em vários países, a actividade de fusões e aquisições ao rubro, o mercado de IPOs a bombar de novo.

O capitalismo sobreviveu e mais uma vez provou que vai durar muito tempo.

Qual crise?

17 Set 2013
Confrade

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Mensagem Re: Crise Financeira 2.0
LOL

Que ele sobreviverá, isso é óbvio. Agora todos os dados que referes, são tendências que começaram ontem, e não são propriamente extrapoláveis na medida que cada país tem um aparelho produtivo diferenciado e não produz os mesmos efeitos.

Por exemplo, as nossas estatísticas de comércio interno / retalho estão com tendência crescente desde Jan. Os indicadores de confiança estão com o mesmo sentido, mas ainda abaixo do 0. Dois indicadores major da atividade economicas, mas não se vê melhorias nenhumas no dia-a-dia da malta.

Por enquanto, esse "perfume" está a manter as nossas exportações no topo, o que é positivo não obstante o peso elevado e crescente dos combustíveis presente nas expedições, por oposição à redução do peso dos veículos automoveis (esses sim, geradores de verdadeiro emprego).

Com sorte, serão uns 2/3 anitos para vermos o nosso desemprego descer abaixo dos 15%, e na certeza que não vamos nivelar para o nível de vida do antes da crise.

ab.

18 Set 2013
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Mensagem Re: Crise Financeira 2.0
gpgrelo Escreveu:
Com sorte, serão uns 2/3 anitos para vermos o nosso desemprego descer abaixo dos 15%, e na certeza que não vamos nivelar para o nível de vida do antes da crise.


Ainda iremos é ter saudade de quando o desemprego andava pelos 15/16%. O que era urgente começar a pensar é como se lida com um mundo (não estou a falar apenas de Portugal) em que pelo menos para 1/3 da população nunca mais haverá trabalho. E a única razão porque não estamos a caminhar muito mais rapidamente para aí é por puro medo das consequências sociais que isso terá.

Percam um bocadinho de tempo e façam uma listinha das actividades que ainda empregam força de trabalho humana que poderia ser facilmente muito reduzida ou totalmente eliminada. Não vou dizer quais, não me apetece estar a "dar ideias" 8) . Mas façam vocês.

Assustador, não é? :smt107

18 Set 2013
Administrador

Registado: 17 Nov 2008
Mensagens: 9962
Mensagem Re: Crise Financeira 2.0
Penso também que esta mudança a que estamos a assistir condenará muita gente a um desemprego definitivo. O avanço tecnológico permite criar riqueza sem criar emprego. Este computador que estou a utilizar provoca desemprego: permite-me fazer todas as operações bancárias, a qualquer hora e sem ter que me deslocar, permite-me programar as minhas viagens, permite-me fazer compras num outro país e receber os produtos em casa, permite-me comprar livros em formato digital, sem ter que me deslocar à livraria.

Tudo isto é muito cómodo e prático, mas aquelas pessoas cujo emprego é afectado não acham piada.

Os que agora são jovens já vão viver num mundo em que se calhar só 60% das pessoas terá emprego e a sociedade organizar-se-á dessa forma, mas aqueles que agora estão a meio da vida activa vão sofrer muito.

18 Set 2013
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