O Passos Coelho pediu aos partidos da oposição para apresentarem um orçamento alternativo. Gostava de ver isso.

Esta era a altura do PS brilhar e revelar-se realmente como oposição credível, mas julgo que o Seguro vai optar pelo normal e habitual falar mal em vez de dar propostas.

OE 2014. Passos desafia oposição a apresentar orçamento alternativo
"Todos têm a possibilidade, e eu acrescento, o dever, por uma questão de pergaminho político e moral, de dizer o que defendem e quais são as alternativas que apresentam", considerou o chefe do executivo PSD/CDS-PP
O primeiro-ministro desafiou hoje os partidos da oposição, sobretudo os que ambicionam governar, a apresentarem uma proposta de Orçamento do Estado para 2014 alternativa ao do Governo, que permita reduzir o défice para 4%.

"Os partidos da oposição também podem apresentar propostas, como é evidente. Podem até, como me sugeriam há pouco, ter mais de ambição e apresentar um orçamento alternativo, sobretudo aqueles que têm a ambição de governar ", afirmou Pedro Passos Coelho, no encerramento das jornadas parlamentares conjuntas do PSD e do CDS-PP, na Assembleia da República.

Segundo o primeiro-ministro, esse orçamento alternativo tem de obedecer a alguns princípios: "Respeitar as mesmas metas que são indispensáveis para fecharmos o Programa [de Assistência Económica e Financeira], para podermos, portanto, ter um défice de 4% [do Produto Interno Bruto], que é aquilo a que nos obrigámos, reduzir a despesa, não matar nem sufocar a economia e privilegiar a distribuição o mais equitativa possível dos esforços de consolidação".

"Todos têm a possibilidade, e eu acrescento, o dever, por uma questão de pergaminho político e moral, de dizer o que defendem e quais são as alternativas que apresentam", considerou o chefe do executivo PSD/CDS-PP, recebendo palmas.
In ionline

Para que isso seja possível, os partidos terão que ter o mesmo grau de informação sobre as contas públicas que o governo e teriam que ter uma máquina com a mesma dimensão da do ministério das finanças para a trabalhar. Nem uma coisa acontece nem a outra.

Confrade Matic

este discurso de PPC é mera retórica política ...

um OGE só se consegue fazer (bem ou mal) no poder, isto é com a máquina do Estado ...

no plano da fantasia, se a oposição apresentasse uma proposta e a maioria aprovasse ...
o governo iria governar o país com um orçamento que não fosse o seu ?

voltando à Terra, o que PPC pretende é que AS apresente propostas dentro do reduzido espaço de manobra
o tolinho do AS já não tem espaço de manobra no partido, quanto mais discutir ou negociar com PPC ou CS

É óbvio que ele não vai apresentar um OE, nem tal conseguia. Referia-me a propostas de alteração credíveis.

Mas nem essas propostas eu acredito que ele apresente e a apresentar vai mandar umas larachas sobre o estado social e crescimento, mas sem concretizar exactamente onde mexer.

Se ele conseguisse baixar o IVA da restauração já era uma vitória.

eu sei que o assunto é sério ...

mas a propósito deste OGE ... há muita gente que resume a proposta do governo, desta forma ...

vinte anos depois, esta afirmação permanece actual ?
eu julgo que sim, mas por outras razões ...

as minhas bases de economia já lá vão há algum tempo, mas se bem me lembro uma das formas de calcular o PIB é

PIB = Consumo Privado + Consumo Publico + Investimento + Exportações - Importações

Da parte do Estado vamos ter em relação a este ano menos 4mil milhões (é isso, não é?)
Segundo as contas do FMI, qual é o fator multiplicador disso no PIB? 1,2? ou seja menos de 5 mil milhoes, asism por alto.

Quanto é o nosso PIB? 165 mil milhões?
A previsão é de crescimento para o ano... onde vão buscar estes 5 mil milhões, mais algum para termos crescimento?

Duvido que as refinarias consigam aumentar mais a produção (os destilados foram o produto que mais cresceu em exports)
Duvido que o turismo continue a crescer
o consumo privado vai cair
as importações até podem anular a queda do consumo privado

agora 5 mil milhoes de aumento em exports e investimento... não acredito

Em relação a este tópico aberto por mim e aos valores que coloquei no inicio (que tiram a tusa a alguns confrades) julgo que é pertinente ir para além dos números, chegando ao facto mais importante de todos, a nossa total perda de soberania.

Consultando os países que foram alguma vez intervencionados pelo FMI, podemos ver que a receita sempre foi a mesma, ou seja, reduzir funcionários públicos, baixar pensões, subir impostos a pessoas e baixar às empresas para criar competitividade e atrair investimento, ou seja, as pessoas ganham menos e as empresas pagam menos impostos. Acrescentando a isto sempre houve o factor facilitador, ou seja, a desvalorização da moeda, que neste momento não podemos usar.
Esta receita sempre resultou para baixar os défices e restabelecer a divida pública num patamar aceitável, mas sempre deixou os países de rastos, ou seja, não morre da doença morre da cura.

Reduzir os vencimentos líquidos a toda a população faz reduzir o poder de compra local e nenhuma empresa se coloca num país sem poder de compra, a não ser que os níveis salariais sejam mesmo muito reduzidos e as empresas/fábricas apenas servem para exportação.

Esta receita tem sido muito criticada pelos diversos analistas, pois apenas através do crescimento se conseguem pagar dívidas de forma sustentada. Então porque cedemos à troika? Porque não temos outra hipótese.

Os últimos governos, com especial enfoque para o sr engenheiro deixaram o país tão endividado que ficamos sem escolha, ou aceitamos isto ou caímos num poço ainda mais profundo, mas o que fazer então?

Sou da opinião que este OE com algumas alterações é o único possível. Temos mesmo de reduzir os gastos do estado, mas também sou da opinião que continuamos a ser um país soberano e enquanto nação deveríamos exigir mais de quem nos comanda, quer dos nossos (maus) políticos nacionais, quer dos líderes europeus que infelizmente ainda não perceberam que olhando apenas para os seus países e para as suas eleições internas, não conseguem fazer com que o projecto europeu funcione.

Quem nos levou a esta divida (para além dos nossos maus e incompetentes líderes) foram países mais ricos que a troco de facilíssimos extremos nos iam impingindo os seus produtos de modo a sustentar as suas industriais e a sua economia (ex. Submarinos) e que agora nos vêm exigir sacrifícios e dizer que não deveríamos ter sido tão gastadores, esquecendo-se que muito do que gastamos foi em produtos desses mesmos países. A Alemanha por exemplo disse à Grécia que só lhe emprestava dinheiro se esta usasse parte do dinheiro para lhes comprar armas. Isto é tudo menos solidariedade europeia e vai contra tudo aquilo que acredito deveria ser o projecto europeu.

Infelizmente os países intervencionados pouca força têm para fazer frente à Troika comandada pela senhora Merkl, pois o justo seria uma redução enorme dos juros, o que no nosso caso baixaria o défice para quase zero, em vez dos 4% previstos e que não iremos alcançar.

O que me deixa mais irritado é que o único caminho que temos é esta perda de soberania, em que o país deixou de ser comandado por portugueses e passou a ser comandado por interesses financeiros e o nosso único remédio é dizermos que não temos outro remédio.

PS: este texto é simplesmente um desabafo de quem se preocupa com estas coisas chatas.

Orçamento aprovado na generalidade e infelizmente sem propostas coerentes da oposição.

Veremos na especialidade.

Será que o Seguro é putanheiro e anda aqui a ler os posts da malta?


Seguro disse hoje que vai apresentar proposta de alteração do orçamento para redução do IVA da restauração e medidas compensatorias para garantir a neutralidade de medida.

http://www.jn.pt/PaginaInicial/Politica/Interior.aspx?content_id=3516037

Caro Matic


o PPC levou 6 ministros a Bruxelas para "negociarem" com o colégio de comissários ...

negociar o quê ?

o OGE 14 e as suas nuances, as alterações ao pacote de 21 biliões de ajudas comunitárias, algumas alterações ao pacote de medidas da troika e lançar as bases de um futuro programa cautelar ...

em breve o Seguro vai ser chamado à pedra ... corre o risco de assinar sem negociar nada de relevante para o nosso futuro !

Seria tão bom que eles se entendessem e passassem uma mensagem de união para fora. A nossa situação seria diferente com certeza.

Como é que os credores podem ficar tranquilos quando um orçamento tão importante como este não é sequer alvo de negociações entre o governo e o maior partido da oposição, que daqui a 2 anos está a governar? Ainda por cima quando este ultimo diz que quando for governo muda as leis ou reformas que o actual governo fez.

O Kwacha já antes tinha sido optimista no entendimento e agora aborda o facto de forçarem o PS ao compromisso. Eu não sou tão optimista. Gostava que o amigo tivesse razão e que o seguro fosse obrigado a comprometer-se. O programa cautelar vai ser visto como uma arma de arremesso político em que a oposição vai falar que é um 2º resgate e o governo vai dizer que é precisamente o contrario.

O PSD também tem culpa neste afastamento do PS, pois a reforma dos estado, a alteração da constituição e as políticas estruturais deveriam ter sido tratadas 3 meses depois das legislativas. É claro que 3 anos depois o clima social de crispação impede tudo.

Cá para mim isto vai dar uma grande cagada.

São sempre os mesmos do custume a pagarem, mas agora, já não dá porque são muitos anos de roubos, desvios e habilidades,
(ainda não os vi meterem-se com os Municipios e respetivas empresas e fundações, e juntas e ...)
Como não podemos todos emigrar, resta-nos sair do euro se as elites ainda quiserem isto.

Caso contrário, é deixar andar que alguem vai começar a mandar nisto (agora a troika, depois os credores, ...)

Para o Zé é melhor sair do euro sim.

Antes de nos preocuparmos com o facto de o governo não falar com o Seguro temos que nos preocupar com o facto de o governo não falar com ele próprio.

E há outra coisa que está a acontecer e a dar mau resultado - e ninguém se apercebe: ao cortar-se na administração pública está-se ao mesmo tempo a contratar fora cada vez mais serviços, e sempre mais caro. Resultado: a despesa sobe.

Exemplo prático disso : cortes na saúde previstas no O.E. em larga escala, agravados com aumentos na receita à custa de, um exemplo, ter que ir a uma urgência num hospital público e pagar 20 euros depois arriscar estar 5/6 horas à espera de ser atendido )

mas previstas verbas no mesmo O.E. para " colocar " em hospitais semi-privados