Unit Linked - Fundos Disfarçados de Seguros
UNIT-LINKED: FUNDOS DISFARÇADOS DE SEGUROSO mundo financeiro não é uma brincadeira de crianças, mas não são raras as vezes em que alguns investimentos envergam máscaras que ocultam parcialmente o que está por trás. Em muitos casos, são as companhias de seguros quem mascara os populares fundos de investimento.
Através de contratos de seguro de vida, as seguradoras embrulham fundos que vendem aos investidores tal como os seguros de capitalização. Porém, nestes seguros ligados a fundos de investimento (mais conhecidos pela expressão inglesa unit-linked), o rendimento da aplicação financeira depende unicamente do desempenho dos fundos aos quais estão associados.
Esses fundos funcionam exactamente como os tradicionais fundos de investimento : estão divididos em unidades de participação cujo valor flutua ao sabor dos investimentos realizados pelos seus gestores. Assim, o potencial de rendimento dos unit-linked depende das decisões tomadas pelos gestores dos fundos e não há qualquer garantia de rendimento nem de reaver o capital investido.
De seguro, os unit-linked têm apenas o nome. O seu verdadeiro nível de risco não é facilmente percetível pelo aforrador e, por isso, são incluídos no rol dos
produtos financeiros complexos, sob a vigia da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, a entidade reguladora e supervisora do mercado português de capitais.
Tenha cuidadoOs aforradores que procurem uma aplicação segura devem estar em alerta na altura de contratar um seguro ligado a fundos de investimento. Os seguros de capital garantido são um investimento pouco interessante, mas comprar um unit-linked por engano pode trazer dissabores muito maiores.
A legislação obriga que, previamente à venda de
produtos financeiros complexos, seja entregue ao investidor um “prospecto informativo em linguagem clara, sintética e compreensível” e no qual está a identificação de produto financeiro complexo.
Esteja atento!Escassa vantagemSe os unit-linked são apenas fundos de investimento disfarçados de seguros, então qual a vantagem para os potenciais investidores? Apenas uma: a fiscalidade tende a ser mais favorável. A taxa de tributação sobre os ganhos é de apenas 10% se o resgate do seguro ocorrer passados mais de 8 anos desde a subscrição. Se o período do investimento for entre 5 e 8 anos, a taxa de imposto é de 20 por cento. Em ambos os cenários, é necessário que, pelo menos, 35% das entregas tenham sido feitas durante a primeira metade de vigência do contrato de seguro.
Nos restantes casos, ou quando o prazo for inferior a cinco anos, a taxa de imposto sobre os rendimentos é de 25%, à semelhança do que é praticado na maior parte das aplicações financeiras, como nas mais-valias obtidas com fundos de investimento estrangeiros.
Oferta com limitações naturaisO desempenho dos seguros unit-linked depende naturalmente da gestão dos fundos a que estão associados. Há seguros que possuem mais de um fundo. Nestes casos, cabe ao segurado escolher aquele com o perfil de risco mais apropriado, sendo possível posteriormente realizar transferências para outro fundo dentro do mesmo seguro. Essa operação não altera a data inicial do seguro para efeitos fiscais, mas pode implicar o pagamento de comissões à seguradora.
Será interessante apostar num fundo misto vocacionado para as principais bolsas, quando há mercados mais atractivos para investir? Na nossa opinião, a resposta é negativa. Uma carteira de fundos gerida de forma relativamente activa permite esperar ganhos mais elevados porque não está presa às principais categorias de investimentos.
Há melhores alternativasOs investidores que procuram uma forma de rentabilizar as poupanças e que queiram correr o mínimo de risco possível, devem ficar afastados dos seguros ligados a fundos de investimento. Com o fim dos Certificados do Tesouro, os CA e os CTPM assumiram a posição de melhor solução de curto e de médio prazo. Nem os seguros de capital garantido, como têm demonstrado as nossas análises, são uma boa escolha devido aos custos e ao fraco rendimento.
Aqueles que pretendam apostar no longo prazo nos mercados de acções e de obrigações, devem dar preferência aos fundos de investimento tradicionais. Estes não beneficiam da fiscalidade ligeiramente mais favorável dos seguros, mas colocam à disposição do aforrador um leque muito mais amplo de destinos. Além disso, não fica limitado à mesma entidade gestora para todos os fundos.
Fonte : Proteste Investe