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 Profilaxia Pós-Exposição ao HIV 
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Platina
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Mensagem Profilaxia Pós-Exposição ao HIV
São tantos os posts no "rompeu-se" e tanta falta de informação acerca da Profilaxia Pós-Exposição a situações de potencial risco que decidi postar aqui esta informação.


O texto não é meu, trata-se de informação fornecida por profissionais da Saúde e recolhida por mim na net de fonte fidedigna. :wink:

Antes de lerem, gostaria de chamar a atenção para 2 coisas que me fazem um pouco de confusão no tópico referido:

- O vírus do HIV é fraquinho... ele pode matar-vos é certo, mas em termos de transmissão apenas quando estão reunidas uma serie de factores é que esta acontece... o vírus é particularmente sensível a coisas como temperatura, tempo de exposição, PH do corpo, capacidade de entrar facilmente na corrente sanguínea, etc. Se o virus fosse de fácil transmissão como a Cólera, a Gripe ou Ebola estávamos todos mortos [bigsmile]

Mesmo que a GP esteja infectada com uma alta carga viral de HIV (pouco provável) as hipóteses de contrair a doença sao baixas... é um pouco como jogar roleta russa... a arma pode estar carregada mas podem ter sorte na primeira vez que puxam o gatilho de ela não disparar :wink:



- Esta profilaxia não é recomendável... é um daqueles casos em que a cura é quase pior do que a doença, pois a medicação é forte e tem severos efeitos secundários (temporários ou não), com isto quero dizer: não se descuidem contando depois eliminar potenciais riscos usando a PPE :smt023




Profilaxia Pós-Exposição ao HIV


De acordo com o actual estado do conhecimento, há risco de transmissão de VIH se uma pessoa VIH-negativa entrar em contacto com sangue, sémen ou fluídos vaginais de uma pessoa VIH-positiva. Na opinião de peritos, a exposição da pele intacta a fluídos corporais contaminados com VIH (ex. sangue) não é suficiente para transferir o vírus.

A transmissão é possível se os materiais contaminados com VIH entrarem no corpo por:

· Picada acidental com agulha ou corte com material cirúrgico
· Exposição de pele lesada ou de membranas mucosas
· Relações sexuais não protegidas com uma pessoa VIH-positiva
· Partilha de seringas ou de outro tipo de equipamento por toxicodependentes
· Transfusão de sangue ou outros derivados do sangue contaminados com VIH



O VIH não é um patogéneo muito contagioso. A taxa de transmissão após um contacto de elevado risco é de cerca 1:1000 a 1:100. Comparando com o VIH, a taxa de transmissão para a hepatite C é 10 vezes superior, e 100 vezes para o vírus da hepatite B. Os factores que contribuem para a probabilidade de transmissão são a quantidade de vírus incorporados e o tempo de exposição. O contacto com fluídos corporais de um doente com elevada carga viral acarreta provavelmente um risco superior do que um contacto semelhante com fluídos corporais de um doente a fazer HAART com carga viral suprimida. Além disso, a remoção rápida do material infecciosos por ex. da pele lesada ou das membranas mucosas por lavagem ou desinfecção diminui o risco de uma infecção por VIH. Para contacto percutâneo com sangue contaminado com VIH, os peritos assumem uma infecciosidade total de 0,3 %. De acordo com dados retrospectivos, os cálculos foram realizados para se saber mais precisamente o risco de transmissão para a exposição acidental (ver tabela 1).
Tabela1: Cálculo de estimativa de risco de transmissão após exposição ao HIV *


Tipo de exposição
Risco relativo
Picada profunda com agulha ou corte
16 : 1
Sangue fresco no objecto perfurante/cortante
5 : 1
Perfuração por agulha previamente colocada num vaso sanguíneo
5 : 1
Fonte pessoa com elevada carga viral (infecção aguda, SIDA sem TARV)
6 : 1
Exposição de mucosas
1 : 10
Exposição da pele com lesões inflamatórias
1 : 10

Tabela 2 dá informação sobre o risco de transmissão para outro tipo de exposição ao HIV, por exemplo sexo não protegido. Dado existirem poucos dados o risco estimado varia muito e deve ser considerado com precaução.
Tabela2: Risco de transmissão do HIV através de contactos sexuais não protegidos *


Tipo de contacto
Risco de transmissão por contacto
Sexo anal receptivo não protegido com pessoa infectada
0,82 % (0,24 – 2,76)
Sexo anal receptivo não protegido com pessoa que desconhece o seu estado HIV
0,27 % (0,06 – 0,49)
Sexo anal insertivo não protegido com pessoa que desconhece o seu estado HIV
0,06 % (0,02 – 0,19)
Sexo vaginal não protegido
0,05 – 0,15 %
Sexo vaginal não protegido insertivo
0,03 – 5,6 %
Sexo oral
Probabilidade desconhecida, muito poucos casos descritos por haver introdução de semen na boca.


* Fonte: German-Austrian recommendations for Post-Exposure Prophylaxis against HIV infection 2004

A avaliação de infecções primárias por VIH indica que o estabelecimento do vírus nos diferentes tecidos reservatório não ocorre imediatamente após a incorporação do vírus. Num curto espaço de tempo o estabelecimento do vírus pode ser evitado com uma intervenção pós-exposição.

Os modelos símios mostram que nas membranas mucosas o VIH infecta em primeiro lugar as células locais imunocompetentes como as células Langhans. Estas células ou as suas irmãs migram para os nódulos linfáticos regionais: a detecção do VIH no sangue ocorre alguns dias depois. O processo de infecção local e migração das células para os nódulos linfáticos leva aproximadamente 24 a 48 horas. Teoricamente, o tratamento com as substâncias adequadas poderia evitar uma infecção sistémica.


Quando está indicada a PPE?

O risco de uma possível transmissão de VIH deve ser avaliado por um médico experiente no tratamento do VIH. É importante estabelecer se a pessoa fonte tem uma infecção VIH suposta ou confirmada. A situação da pessoa face ao VIH deve ser clarificada: a pessoa fonte deve ser abordada para consentir a realização de um teste ao VIH. A negação do consentimento deve ser respeitada de acordo com a actual lei. Se a pessoa fonte concordar ser testada, deve fazê-lo de imediato. Para uma pessoa fonte com uma infecção VIH confirmada, tem de se ter em conta a carga viral actual de VIH, estádio da doença, HAART actual e anterior. Idealmente será também a disponibilidade de uma análise de resistências. A pessoa afectada deve ser questionada acerca dos procedimentos que já foram realizados
.
Após clarificação destas questões, a pessoa exposta tem de ser informada acerca dos possíveis efeitos adversos e riscos da PPE farmacêutica. Deve sublinhar-se que nenhuma das substâncias administradas é aprovada para uso específico nesta situação. Isto também é importante no que diz respeito aos custos de cobertura, especialmente se a exposição for sexual. A medicação não pode ser prescrita à custa do seguro de saúde. A PPE para exposição ocupacional é normalmente coberta por um seguro de acidentes (na Alemanha).

A Tabela 3 mostra as várias situações nas quais a PPE é recomendada de acordo com as actuais directrizes. Isto serve como uma orientação, apesar de variações serem necessárias em casos individuais.


Riscos potenciais da PPE

Os riscos da PPE dizem principalmente respeito aos efeitos adversos das substâncias antirretrovirais. Mais frequentemente, sintomas gastrointestinais como náuseas, vómitos ou diarreia. São também possíveis alterações hematológicas, das transaminases ou da creatinina. Além disso, houve casos reportados de níveis elevados de triglicéridos e de colesterol, e resistência à insulina mesmo com pouco tempo de utilização de inibidores da protease.
Desconhece-se se a utilização temporária de anti-retrovirais poderá levar a efeitos secundários a longo termo, mas isto parece ser secundário pois o principal é evitar uma doença crónica e potencialmente ameaçadora da vida. Para as grávidas em particular é necessária precaução devido à falta de informação sobre a teratogenecidade.
Tabela 3: Revisão de recomendações para o uso de PPE


Tabela 3: Revisão de recomendações para o uso de PPE

Exposição ocupacional



Picada percutânea com agulha oca(fluídos corporais com elevada carga viral: sangue, líquor, material de biópsias, culturas de vírus) - Recomendado

Lesão profunda (p.ex.corte), aparentemente com sangue - Recomendado

Agulha anteriormente usada para injecção intravenosa - Recomendado

Lesão superficial (p. ex. Com agulha cirúrgica) - Considerar

Excepção se a fonte é pessoa com SIDA ou elevada carga viral - Recomendado

Contacto de membrana mucosa ou pele com lesões com fluídos com elevada carga viral - Considerar

Contacto percutâneo com fluídos corporias sem ser sangue (p. ex. urina, saliva) - Não Recomendado

Contacto de pele intacta com sangue (incluíndo elevada carga viral) - Não Recomendado

Contacto da pele ou mucosas com fluídos tais como urina ou saliva - Não Recomendado


Exposição não ocupacional

Transfusão de produtos derivados de sangue contaminados com HIV (ou se a contaminação pelo HIV é altamente provável) - Recomendado

Sexo receptivo com pessoa infectada pelo HIV - Recomendado

Troca de agulhas ou material contaminado entre toxicodependentes IV - Recomendado

Sexo receptivo oral com ejaculação com pessoa infectada pelo HIV - Considerar

Beijo ou outro tipo de contacto sexual sem semen/sangue/contacto com membrana mucosa - Não Recomendado

Picada acidental em agulha - Não Recomendado


Fonte: German-Austrian recommendations for Post-Exposure Prophylaxis against HIV infection 2004


Intervenções iniciais

De acordo com as orientações actuais, dependendo do tipo de exposição, são recomendados diferentes procedimentos após a exposição ao HIV. Após a picada com agulha ou ferimentos com material cortante infectado pelo HIV, deve-se espremer a zona afectada que circunda a ferida. Massagens ou contusões demasiado intensas deverão ser evitadas. A ferida deve ser lavada com um antisséptico alcoólico durante um tempo mínimo de 10 minutos. Para a pele que esteve em contacto com sangue ou outros fluidos corporais de material infectado, uma desinfecção extensiva com um antisséptico para a pele deve ser o suficiente. Após a contaminação do olho, uma lavagem imediata com solução iodada PVP a 2,5% é recomendada. Se a solução indicada não estiver disponível o olho deverá ser lavado com água. A cavidade oral deverá ser lavada várias vezes (cerca de 10-15 segundos cada) com uma solução aquosa, ou com álcool preferencialmente a 80% após o contacto com material potencialmente infectado.

As pessoas, que através da exposição sexual, colocaram em contacto a mucosa genital ou anal com material infectado, deverão lavar o pénis com água e sabão; a mucosa genital deverá ser lavada com água após ter urinado, pois o acto de urinar ajuda a limpar uma possível contaminação da uretra. Irrigações intensivas da vagina ou intestinos não são recomendadas devido a um elevado risco de ferimentos.

Após a implementação das intervenções iniciais, deverá ser consultado um perito em tratamento para o HIV e terapêutica anti-retroviral para se decidir quando se deverá iniciar o PPE farmacológico.

A avaliação e a documentação exactas do decurso do acidente são muito importantes, especialmente para a exposição ocupacional. O processo de informação ao doente sobre os riscos do PPE necessita ser documentado com cuidado e o doente deve assinar um consentimento informal.

Início da PPE

O tempo é o factor mais importante para o início da PEP. A melhor forma de impedir a transmissão situa-se entre as primeiras 24 horas da exposição. Seguido esse período de tempo, o risco da propagação sistémico do vírus aumenta. Iniciar a PEP depois de mais de 72 horas após a exposição não parece ser razoável.

A PEP deve ser iniciada o mais cedo possível, preferencialmente dentro de 2 horas após a exposição. Se, neste curto espaço de tempo, não for possível uma consulta com um perito em HIV, pode ser vantajoso iniciar o PPE. Interromper um regime que não seja o indicado é sempre uma opção.

As recomendações actuais preferem um regime com uma combinação de anti-retrovirais dados durante 4 semanas, preferencialmente consistindo em dois NRTI’s e um PI (ver a tabela 5). NNRT’Is, especialmente a nevirapina, não devem ser usados para o PEP por causa do risco de severos efeitos adversos (hepatotoxicidade). Para o efavirenze tais efeitos adversos severos não foram relatados mas o impacto no SNC, particularmente nas primeiras semanas, limitaram o seu uso para o PEP.

Tanto quanto possível, deve-se ter em conta a resistência aos anti-retrovirais através de uma análise ao doente; em muitos casos, esta informação não estará disponível. Consequentemente o uso de regimes padrão para a PEP provou ser prático. As combinações recomendadas são mostradas na tabela 5.

O tenofovir não está listado na tabela da profilaxia padrão. Esta substância necessita de uma etapa de fosforilação para activação comparativamente a outro NRTI’s, que pode ser benéfico consoante o tempo. Até agora, não existe nenhuma evidência confirmando esta hipótese, mas estão a decorrer actualmente algumas experiências. As novas recomendações para a exposição não-ocupacional ao HIV nos Estados Unidos mencionam o tenofovir igualmente a outro NRTI’s.

Além disso, desde 2003, o inibidor de fusão enfuvirtida (Fuzeon™) foi aprovado para a terapêutica do HIV. Outras substâncias, tais como inibidores ou antagonistas do co-receptor estão sob investigação. Estas novas substâncias com o mecanismo de inibir a entrada do vírus podem ser interessantes no que diz respeito ao aumento da eficácia do PEP. Tendo em conta a enfuvirtida, a aplicação subcutânea e os custos elevados impedem actualmente o seu uso na rotina.

Além disso, as dificuldades em monitorizar uma possível seroconversão podem ocorrer como o desenvolvimento de anticorpos contra a enfuvirtida podendo conduzir a uma reacção cruzada com a gp41 e a um resultado positivo no teste Elisa ao HIV.

Durante a gravidez, a PEP deve ser somente usado após uma consideração cuidadosa dos benefícios pois existem dados muito limitados dos efeitos teratogénicos. Em todo o caso, o conselho de um médico especializado no tratamento do HIV e em casos de gravidez deve ser obtido.

Após o contacto com material potencialmente infeccioso, não só o HIV, mas também outras doenças podem ser transmitidas. À parte do HIV, testes deve ser executados para a Hepatite B e Hepatite C. As pessoas expostas à Hepatite B devem receber imunoglobulina da Hepatite B e uma série de vacinas em simultâneo se não tiverem a vacinação em dia.

Tabela 4: Combinações de anti-retrovirais recomendadas para a profilaxia post-exposição ao HIV *

NRTI

AZT + 3TC

1. Combivir™ (2 x 300/150 mg)

ou

2. Retrovir™ (2 x 250 mg) plus

Epivir™(2 x 150 mg or 1 x 300 mg)


PI / NNRTI

Nelfinavir (Viracept™, 2 x 1,250 mg)

ou

Lopinavir/r (Kaletra™, 2 x 400/100 mg)

ou

Indinavir (Crixivan™, 3 x 800 mg)

ou

Efavirenz (Sustiva™, 1 x 600 mg)

* Fonte: German-Austrian recommendations for Post-Exposure Prophylaxis against HIV infection 2004. Comentário: o uso de Efavirenze por rotina não está recomendado pelos editores de HIV Medicine devido à elevada incidência de perturbações sobre o SNC.

Depois de um contacto sexual desprotegido, as transmissões de outras DST’s tais como a sífilis ou gonorreia devem ser tomadas em consideração. O teste é recomendado dentro de 2 a 4 semanas após a exposição.


Gerir a PPE

Após o início da PPE, o doente deve ser seguido em consulta. A introdução dos anti-retrovirais exige uma elevada disciplina e os efeitos potencialmente adversos devem ser diagnosticados precocemente. As pessoas expostas ao HIV estão sob uma elevada pressão psicológica. É importante não dramatizar a situação mas enfatizar, geralmente, o baixo risco de transmissão.

Os efeitos adversos incluem geralmente sintomas gastrointestinais. Menos frequentes são as alterações hematológicas, nas enzimas hepáticas ou na creatinina. Estes parâmetros devem ser testados após 14 dias e novamente após 4 semanas - no fim da PPE. Apesar de uma monitorização restrita, os diferentes estudos relatam taxas de interrupção de 40 e de 50%. No final de um decurso completo ou de uma PPE interrompida, o teste ao HIV deve ser executado após 6 semanas, 3 e 6 meses. Só é necessário proceder a uma PCR do HIV se existir uma suspeita de uma infecção primária.

Em todo o caso, tem que se recomendar que o doente pratique sexo seguro até que se obtenha um resultado negativo de confiança.



fonte

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Editado pela última vez por Safado em 29 Nov 2013.
29 Nov 2013

 
 
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Mensagem Re: Profilaxia Pós-Exposição ao HIV
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29 Nov 2013
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Mensagem Re: Profilaxia Pós-Exposição ao HIV
Caro safado,
quero dar-lhe os parabéns por ter trazido a temática e uma explicação ja' bem distante do senso comum e próxima da pratica real dos organismos de saúde.

No entanto, tenho um critica a fazer e uma duvida a suscitar. (não leve a mal, são num sentido construtivo e informativo)

A critica e' que a comparação com a roleta russa e' meramente sua (não esta' no estudo fonte) e saiu muito grosseira e induz em erro levando a mal entendidos. Nunca se deve fazer comparações com probabilidades de outros assuntos (já tinha referido isso noutro tópico) pois adiciona complexidade e as comparações não têm fundamento.

A duvida e' que eu fui ler o artigo fonte e nesse artigo não aparece em lado nenhum nem a tabela 1 nem a tabela 2 que você refere. Eu tenho imensa curiosidade de saber como foram calculados os valores apresentados ali. Se você tiver acesso a isso, gostaria (se possível) que me indica-se o/s artigo/s em que se explica como se chegou a esses valores.

O estudo a que se refere como fonte encontrei aqui http://www.daignet.de/site-content/hiv-therapie/leitlinien-1/PEP%20englisch%20Artikel%20furs%20EurJMedRes.pdf

Ja' agora so' mais uma duvida, na tabela 1, aquilo são odd's certo? Ou seja X:Y e' para ser entendido como X para Y?

Cumprimentos

30 Nov 2013
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Mensagem Re: Profilaxia Pós-Exposição ao HIV
E ja' agora, na tabela 2, o que são aqueles numeros entre parenteses?

A tabela 2 ainda me suscita mais duvidas, como por exemplo, o facto do sexo anal ter uma probabilidade menor que o vaginal... ou por exemplo o facto da probabilidade ser sempre tremendamente baixa, quase sempre abaixo de 1% o que e' muito muito estranho... e que contradiz outros números, como por exemplo relacionando tal probabilidade tão baixa com a incidência do HIV entre a população, não bate a bota com a perdigota.

Cumprimentos

30 Nov 2013
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Mensagem Re: Profilaxia Pós-Exposição ao HIV
Ja' agora, a tabela 1 apresenta os valores em odds e afirma ser o risco relativo. E' uma má maneira de apresentar o risco e leva a erros e interpretações erradas.
Aqui fica um artigo a explicar o porque http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2324134/

Cumprimentos

30 Nov 2013
Platina
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Mensagem Re: Profilaxia Pós-Exposição ao HIV
O estudo não é meu, nem sou da área :smt045 nem é esta uma área que aprecie, e as minhas intervenções no subforum de saúde são só devidas à enorme quantidade de posts que revelam uma imensa ignorância e desconhecimento em relação as doenças a que estamos expostos.

Este estudo foi o melhor que encontrei em língua portuguesa e com linguagem acessível consegue passar da melhor forma a mensagem a "leigos" :wink:



A comparação com a roleta russa foi para explicar o seguinte: Mesmo que eu tenha sexo desprotegido com uma parceira seropositiva, não é linear que eu fique imediatamente infectado: a transmissão depende de muitos fatores mas não me parece muito boa ideia usarmos essa improbabilidade para descurar-mos a segurança, pois por muito baixos que sejam os números estatísticos nada garante que nos saia o brinde logo à primeira 8)

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30 Nov 2013
Confrade

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Mensagem Re: Profilaxia Pós-Exposição ao HIV
Confrade Safado muito do que se deve saber sobre o tema está aqui e isso muito beneficia este forum e os seus leitores :smt045

um verdadeiro serviço público =D> =D> =D>

:smt023

30 Nov 2013
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Mensagem Re: Profilaxia Pós-Exposição ao HIV
Caro Safado,
o seu contributo e' valioso, e esclarece sobre a profilaxia(ate' mais do que a maioria percebe) e sobre isso nada a apontar.

As minhas duvidas prendem-se com os valores das tabelas. Você foi mero transportador da mensagem e o que lhe pergunto e' se tem forma de me facultar (pode ser o link) o/s estudo/s onde estão as tabelas? E' que a olhometro (não extremamente credível portanto) vi nas tabelas possíveis mal entendidos e valores muito estranhos como referi nas minhas mensagens anteriores e como você faz referencia "... pois por muito baixos que sejam os números estatísticos...".
Assim, sem mais, fico com a sensação que quem fez as tabelas se enganou e muito, logo para dissipar tais duvidas gostaria de analizar o/s artigo/s com a metodologia.
Como referi, li a fonte que você teve a gentileza de indicar e nela não se encontra tais tabelas nem a metodologia para se chegar a elas.

Cumprimentos

30 Nov 2013
Platina
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Mensagem Re: Profilaxia Pós-Exposição ao HIV
Confrade Ze Pombo,


Apenas transportei os valores da fonte, tenho a percepção de que as probabilidades de contrair a infecção são baixas mas também nao sei se estes números são baseados em algum modelo matemático ou números estatísticos obtidos através da observação e estudo de um grupo de indivíduos :-k


O que ja venho dizendo ha muito tempo é que estes números e os dos infectados pelo HIV tem sido alvo de expeculacao por parte de muitas ONG a quem interessa dramatizar a situação para poder obter contribuicoes por parte de governos e particulares :smt023 :smt045 :mozilla_money:

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30 Nov 2013
Confrade

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TD's nos últs 90 dias: 0 - Voyeur
Mensagem Re: Profilaxia Pós-Exposição ao HIV
Safado, excelente iniciativa.
Vou fazer algumas clarificações porque essa fonte já está completamente fora de prazo.

Safado Escreveu:
Deve sublinhar-se que nenhuma das substâncias administradas é aprovada para uso específico nesta situação.

Safado Escreveu:
O tenofovir não está listado na tabela da profilaxia padrão


Desde meados de 2012 que o Truvada (Tenofovir+Emitricitabina - atual backbone standard of care no tratamento do VIH) recebeu indicação pela FDA para tratamento da PPE.
Na europa, por motivos óbvios, a coisa não teve o devido reconhecimento.
http://aidsinfo.nih.gov/drugs/406/truvada/0/patient

A prazo vem uma coisa chamado Tenofovir Gel (Tenofovir alafenamide (TAF)) que vai potenciar a sua utilização em contexto profilático e revolucionar novamente na regressão da doença. A sua aplicação é vaginal.


Tabela 4: Combinações de anti-retrovirais recomendadas para a profilaxia post-exposição ao HIV *
Imagem

Hoje em dia, com o controlo orçamental, os médicos são quase obrigados a prescrever estes regimes.
Só quem está informado sobre o que é o mundo dos antiretrovirais pode exercer o seu direito de escolha.
Não sei se sabem, mas a lei garante que podem exigir ser tratados com o melhor tratamento existente para a vossa doença.
Qualquer doente pode recusar um tratamento e exigir outro, e não obstante isto vos pareça 'bizarro', no tribunal, para aqueles regimes acima, é trigo limpo farinha amparo como é muito fácil justificar que há melhores tratamentos, com benefícios também eles maiores/melhores para o contribuinte (pois é... quem paga somos nós, pelo que, podemos exigir o que queremos).

Se alguém se ver nesta situação, levem na memória os nomes destes NRTIs e PI/NNRTI nesse quadro acima.
Recusem todos excepto o Efavirenz (ou Stocrin).

Nos NRTIs:
AZT ou Zidovudina ou Retrovir + 3TC ou Lamivudina ou Epivir
AZT foi o 1º fármaco antiretroviral. Foi o fármaco mais rapidamente aprovado na história da indústria farmacêutica. Na classe dos NRTIs, é como um gajo beber a pior surrapa que o mundo tenha inventado. É altamente tóxico e muito fraco face às resistências que geralmente se adquirem logo com a infeção.

Combivir é a formulação de dose fixa (em comprimido único) dessas 2 substâncias (AZT+3TC) que foi uma revolução no tratamento ARV. Foi... há muitos anos atrás.

Estes 2 NRTIs são o pior dos piores que existe nos tratamentos antiretrovirais.

Nos PI/NNRTI:
Na classe dos PI, Viracept/Nelfinavir é outra surrapa como o AZT/3TC, secundado pelo Indinavir que também não vale um chavo.
Efavirez é uma substância bem tolerada pela generalidade dos doentes. Aceita-se, se bem que nesta fase, seria mais adequado um PI (Protease Inhibitor ou Inibidor da Proteáse = IP).
Kaletra é outro IP, também muito tóxico, mas muito eficaz no controlo do vírus. Hoje em dia, há coisas muito mais interessantes para quem vai passar por isto.


Portanto, o que é que se aceita? As seguintes combinações:

Regimes de comprimido único (1 comprimido para toda a HAART):
Eviplera (este então, é um espetáculo)
Atripla (outro espetáculo, ligeiramente mais tóxico, mas se vos prescreverem isto, não recusar)
Recusar algum destes tratamentos é uma idiotice.

Qualquer combinação com os seguintes por classe:
Recusar qualquer tratamento com alguma combinação destes tratamentos é outra idiotice. Comparativamente aos de cima, é só porque estes têm vários comprimidos, enquanto que os de cima são 1 único comprimido.

NRTI:
Truvada
Kivexa

NNRTI:
Stocrin ou Efavirenz (vai passar a genérico para o ano)
Intelence
Endurant

PI:
Prezista
Reyataz (dá uma beca de icterícia, mas para PPE, dá bem para o efeito)

IE:
Celsentri

II:
Isentress


Para curiosos, existem 5 classes de medicamentos antiretrovirais, cada um atua em pontos específicos da interação do virus com as células:
NRTI: inibidores nucleosídeos da transcriptase reversa
NNRTI: inibidores não nucleosídeos da transcriptase reversa
IP: Inibidores da proteáse
IE: Inibidores da entrada ou da fusão
II: Inibidores da integrase

Uma experiência com um tratamento antiretroviral é sempre uma experiência de merda. Durante o tratamento vão sofrer múltiplos efeitos adversos. Isso pode ser desde andar com o penico na mão, vomitar 24/7, pesadelos, suores, etc, etc, etc. Cada medicamento tem a sua particularidade. Acima de tudo, não entrar em paranóia a pensar que é o VIH a fazer os seus efeitos. É somente a toxicidade da medicação.

ab.

03 Dez 2013
Platina
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Mensagem Re: Profilaxia Pós-Exposição ao HIV
Confrade GPGrelo,

Obrigado pela informação postada... penso que ajudou a clarificar aquilo que era o objectivo: desmistificar e explicar a terapeutica de PPE e explicar que este processo é mesmo "de ultimo recurso" :smt100



Acho que esta frase ilustra bem isso: "Truvada can cause serious, life-threatening side effects. These include lactic acidosis (buildup of acid in the blood) and liver problems." :shock: [schock] :smt107

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Mensagem Re: Profilaxia Pós-Exposição ao HIV
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