Olá viva,

Nos últimos tempos temos vivido um clima de insegurança de norte a sul do pais.Basta dar uma vista de olhos na imprenssa diária para se ficar com uma ideia que o caso é grave.
Será o reflexo da crise nas finanças dos portugueses?.O que é facto é que muita gente me diz que já tem receio,de andar na rua á noite ou ir ao sitio x ou y presentindo o pior.
Onda de assaltos a bombas de gasolina,carrrinhas de transporte de valores,carjacking,não sei onde isto vai parar.Penso que teremos de nos começar a habituar a esta nova realidade, e saber lidar com ela,tomando várias precauções,pois daqui a uns anos iremos viver a realidade dos guetos.
Gostaria de saber a vossa opinião acerca do assunto e que medidas(se houver)que devem de ser tomadas por parte das entidades competentes

Cumprimentos
Vertigo

Não, Portugal já não é um paraíso à beira mar plantado. Efectivamente, todos os dias se houve falar em assaltos a tudo e mais alguma coisa. Reflexo da crise? Sim, pode ter a ver nalguns casos. O desespero pode obrigar a chegar a extremos. Mas também não nos esqueçamos que cada vez mais se ouve falar em gangs, quer de portugueses, quer de estrangeiros, nomeadamente de originários de leste e do Brasil. Poderá também o contínuo fluxo de imigração (legal e ilegal) levar-nos a esta realidade? Temos, neste momento, uma conjuntura que favorece todos estes acontecimentos, essa é que é essa. Soluções? Podia-se falar em mais polícia, em mais isto, em mais aquilo. Não acredito que essa seja a solução. O problema é mais grave que isso e só com profundas alterações sócio-culturais poderemos voltar a ser o pacato Portugal, que muitos de nós ainda conheceram.

Cumprimentos

Eu pergunto: Portugal alguma vez foi um paraíso à beira-mar plantado?

Penso que não, sempre se matou por dá cá aquela palha, nas aldeias matava-se e mata-se por questões de problemas com água, infidelidade, problemas com familiares ou vizinhos. Desde pequeno que me lembro de conhecimentos de crimes horríveis, muitas vezes não noticiados na TV, mas noticiados na imprensa da especialidade: O Crime, Tal & Qual, O Diabo, Correio da Manhã e, mais tarde, 24 horas.

Os carjacking e homejacking que tanto se falam sempre houve, chamava-se eram assaltos, hoje podem-se utilizar outras técnicas, porque o mundo mudou. Lembro, quando era pequeno, de se falar de uma prática de assaltar carros na Auto-Estrada do Estoril, ia ela só até ao Estádio Nacional, e assim continuou por muito e muitos anos, e que consistia no seguinte: No Alto de Monsanto colocava-se uma saco cheia em plena via, as pessoas vinham de Lisboa viam aquilo e paravam saia e depois era assaltada e roubavam o carro.

Nos anos oitenta tivemos uma organização terrorista chamada FP 25 Abril, liderada por um homem que foi um estratega do 25 de Abril e a quem o país muito deve, mas depois se tornou um TERRORISTA, essa organização MATOU pessoas, incluindo uma criança de 2 anos, e NUNCA foram condenados pelo que fizeram.

Para os lados de Peniche nos anos 80 houve o famoso crime da praia do Osso da Baleia, onde um bancário, tido como acima de qualquer suspeita, matou a mulher e duas filhas.

Em 4 de Dezembro de 1980 uma bomba explodiu no avião onde se encontrava o Primeiro-Ministro de Portugal, Francisco Sá-Carneiro, e o Ministro da Defesa, Adelino Amaro da Costa, morrendo ainda as suas esposas, um assessor e a tripulação.

Nos anos a seguir ao 25 de Abril, mataram pessoas pela sua ideologia, quer fosse de Direita, como é o caso do Ferreira Torres (irmão desse ícone da boa educação que é o ex-presidente da câmara de Amarante, Avelino Ferreira Torres), quer fosse de esquerda, como o Padre Max.

Por esta altura revolucionara, ocuparam-se, com a concordância das autoridades, casas, fábricas e terrenos. Expulsou-se pessoas dos seus postos de trabalho por questões políticas, não se lhe tendo dado o direito de um julgamento justo e à sua defesa, colocava-se o rótulo de fascista a qualquer um e quem não era revolucionário e vermelho não triunfava. Tentou-se, passar de uma ditadura de direita para uma ditadura de esquerda, sem ouvir e referendar esse sistema.

No período da ditadura Salazar/Caetano, as pessoas eram perseguidas pelas suas ideologias, como por exemplo Humberto Delgado, ou senão presas, fomentava-se um clima de bufaria, em que todos tinham medo de todos, em que se alguém quisesse estragar a vida a outro bastava espalhar a notícia que essa pessoa era comunista e muitas nem sabia o que era ser comunista.

Temos um regime Republicano (o qual eu sou partidário) que se implantou usando o terrorismo, assassinando o Rei e o seu sucessor. Depois de 1910 mataram-se centenas e centenas de pessoas sobretudo em Lisboa pelas suas ideias políticas, creio que em 1917, matou-se um Presidente da República à entrada da Estação do Rossio, quando este se preparava para fazer um visita ou Norte.

Só recuei até ao principio do século passado, mas muito mais havia que falar. Penso que foi o Herman José o autor desta frase: "Portugal é um pais que nasceu com o D. Afonso Henriques a dar porrada na mãe". Agora pergunto: Com um principio destes é sinal que somos um povo ordeiro? E Portugal é um pais seguro? Um paraíso à beira-mar plantado?

É certo que não temos os problema separatistas da Espanha, ou os problemas regionais da Bélgica. A França tem problemas raciais muito graves nos seus bairros. E Portugal não tem, Bairros Sociais que são autênticas bombas prontas a explodir?

O que podemos fazer para tornar o pais mais seguro? O que o governo deve fazer? Será que o problema tem uma dimensão tão grande ou dá-se, e bem, mais cobertura ao assunto?

Nem a máfia italiana, nem o racismo alemão, nem as "liberdades" holandeses, etc,etc...

O Confrade acaba por apresentar o melhor contra-argumento a sua tese...

Portugal ainda é um dos melhores países para se viver (eu disse ainda). Mas o ainda, depende das medidas que viermos ou não a tomar. Essas medidas passam por;

adaptar as forças de segurança ao sec.XXI
alterar o nosso brando código penal
mudar a nossa política imigracional de "portas abertas"

P.S

Na minha opinião, 25 anos é mesmo muito pouco para homicídio, mas é o máximo previsto na lei portuguesa...

E não pode acumular... matar um ou mil é igual

Caro confrade, permita que discorde de si, por sermos melhores, em certas coisas que os outros, não quer dizer que somos um paraíso, na minha opinião. Para mim um paraíso poderá ser o Luxemburgo, a Dinamarca, a Noruega, a Suécia, o Canadá, a Austrália ou a Nova Zelândia onde as pessoas têm ordenados elevados e embora pagam muitos impostos tem serviços sociais eficientes.

Quanto aos outros pontos que foca a minha opinião é a seguinte:

a) "Adaptar as forças de segurança ao sec.XXI" - não posso estar mais de acordo consigo, quando se tem polícias que não treinam na carreira de tiro durante 5 ou 6 anos, que se perseguirem um criminoso e espetarem o carro, onde vão, têm de pagar do seu bolso, que fazem investigação e depois tudo prescreve e quando se formam milhares de Polícias para depois fazerem serviço administrativo, de barbeiro ou de empregado de bar, nas esquadras e quartéis onde estão destacado, não iremos muito longe.

b) "Alterar o nosso brando código penal" - Eu não sei se o nosso sistema é brando ou se temos um sistema judicial baseado a desculpabilização do agressor em vez de defender a vítima seu agressor. Também penso que o problema não está nas nossas, leis mas na sua efectiva aplicação. Dou-lhe um exemplo: Portugal foi um dos primeiros países da Europa a ter uma lei que impunha a Escolaridade Obrigatória, apesar disso fomos dos países com maior analfabetismo da União Europeia.

c) "Mudar a nossa política imigracional de "portas abertas"" - Acha que o problemas de insegurança que existem em Portugal são culpa dos imigrantes, ou será que temos um problema mais vasto que se deve, em parte, à globalização que estamos a atravessar?

d) "Na minha opinião, 25 anos é mesmo muito pouco para homicídio, mas é o máximo previsto na lei portuguesa..." - Há países que têm a pena de morte e continuam a ter graves problemas sociais, continuando a crime a não diminuir.

Pelas razões que eu mencionei continuo a achar que Portugal não é, nem nunca foi um paraíso à Beira-mar plantado e se não fizermos nada as coisas vão piorar muito mais.

Se Portugal tivesse sido alguma vez um paraíso não tínhamos como canção nacional o Fado (e eu até gosto de alguns fados e/ou fadista) essa canção tão deprimente. Se isto fosse uma verdadeiro paraíso não tinham saído tantos milhares de pessoas, no passado nem no presente para o estrangeiro.

Claro está que não temos os índices criminais do Brasil, felizmente, mas não somos um paraíso como a Suécia ou a Finlândia, talvez um dia lá se chegue, mas não é tarefa para uma só geração e apesar de ter 35 anos talvez nunca venha a ver isso, mesmo que morra aos 80 anos.

Caro Confrade,

Acerca dos países que referiu(Luxemburgo, a Dinamarca, a Noruega, a Suécia, o Canadá, a Austrália ou a Nova Zelândia ) pergunto-lhe, já experimentou viver neles por um período longo?

Não caro confrade, nunca experimentei, mas conheço pessoas que se estão a dar muito bem no Canadá e na Austrália, por exemplo. Que conseguiram fora de Portugal obter uma qualidade de vida que cá não encontraram. Um paraíso à beira-mar plantado não é só bom clima, boas praias, boa comida e hospitalidade.

As pessoas têm-se de sentir feliz e realizadas no seu pais, têm de receber um salário condigno pelo seu trabalho, se descontaram uma vida inteira para a segurança social têm de ter uma reforma condigna, se existe um sistema público e universal de saúde ele não pode permitir que existam pessoas com cancro em lista de espera para o tratamento, ou pessoas que ficam para sempre cegas porque não fizeram a tempo uma simples operação às cataratas.

Num Paraíso não se gastam milhões e milhões de contos em formação/educação em cursos que não têm saída profissional e mais não servem do de alimentar os interesses instalados de alguns.

Num Paraíso a justiça funcionam quando precisamos dela e não demora anos a proferir as suas sentenças, quando esta tem tempo de as emitir, porque muita vezes o que é para ser julgado prescreve.

A minha noção de Paraíso não é esta, pode ser a do Confrade, respeito-a, mas para mim um Paraíso é um local onde as pessoas se sentem felizes e em Portugal a esmagadora maiora dos portugueses não o é. A provar esta tese está um facto da quantidade de anti-depressivos que se gastam em Portugal.

Caros:

Então não acreditam no Marketing político que o Pinto de Sousa nos vendeu em Guimarães?! Ingratos! Com o país mais seguro que nunca, com a Educação a meter os computadores nas mãos de analfabetos, com o ministro da Justiça, que não existe, e a justiça a funcionar, e ainda têm a "lata" de duvidar! Gente de pouca fé! Isto ainda não é o oásis, mas anda lá perto.

Com esse incontornável democrata que dá pelo nome de Chavez, a importar computadores, e o outro, o ZéDu, tambám a comprar para as filhas, este país a retalho, quem se atreve a escrever que o Pinto de Sousa é um bluf, e que já anda em campanha eleitoral!

Confrade,

Em relação a maioria dos portugueses estamos de acordo. Agora, para quem tem dinheiro (grande parte dos confrades têm), Portugal é sem dúvida um paraíso.

Caro Confrade não leve os meus comentários como uma ofensa pessoal, mas sim como um exercício de reflexão que estamos todos aqui a fazer.

Eu até posso ter dinheiro, ou não tudo é relativo o que é ter dinheiro? Ou ser rico? Suponhamos que sou professor e ganho 1500 euros por mês. O que já são preciso muitos anos de trabalho para ganhar isso, tenho de estar muito feliz? Bom para o nível económico de Portugal ganho muito bem, mas no Luxemburgo um operário desqualificado ganha isso porque o ordenado mínimo lá é de 1500 €, e se tiver um filho recebe 200 euros de Abono de Família.

Ganhar bem, na minha opinião é o que ganha o Governador do Banco de Portugal, o Victor Constâncio, que ganha mais do que o Presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos e não tem o mesmo trabalho porque ele sozinho não decide, actualmente, nada.

O viver desafogado não considero que é o mesmo de ser rico, se eu fosse rico, não estava a dever a parte da casa ao banco e mudava de carro muitas mais vezes e farta-me de viajar por esse mundo fora.

Por eu ter uma vida que me permite pagar um Seguro de Saúde que me dá uma certa segurança na doença, não me impede de me revoltar cada vez que eu passo de manhã cedo, para ir ou vir do trabalho, à porta do Centro de Saúde da minha zona e vejo pessoas às 6 da Manhã, ao frio e à chuva, para arranjar uma vaga para o médico.

Não tenho filhos, se tivesse talvez até pudesse pagar um bom colégio, a 1 mais já se tornava complicado, mas porquê que tenho de pagar um colégio para o meu filho ter uma melhor formação, não desconto nos meus impostos para existir uma escola pública eficiente? Em França as escolas privadas não têm a mesma importância que cá.

Se contarmos só pela parte financeira não temos problemas em lado nenhum. Se eu for mafioso não tenho qualquer problema em Itália, tal como se for amigo do Eduardo dos Santos não tenho qualquer problema em Angola onde a esmagadora maioria tem problemas básicos graves.

Caro Confrade "Doctor" o nosso amigo "Enginheiro" também me saiu um vendedor de ilusões, mas a avaliar pelas sondagens ele está-se a safar se a malta voto é porque está contente e o ditado é velho em equipa que ganha não se mexe. Eu acho que nós portugueses temos um grande defeito criticamos, criticamos, mas nunca apresentamos alternativas os políticos são todos maus, mas não somos capazes de exigir mudanças e apresentar alternativas.

Por fim Confrade "Doctor" esqueceu-se de juntar outro grande amigo de Portugal, pois além do Chavez e do ZéDu também temos esse grande democrata líbio de seu nome Kadáffi. Com amigos assim...