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 Cem anos de solidão 
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Platina
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Mensagem Cem anos de solidão
Mal do dia em que a difrença entre ideologias tão profundas com as de esquerda e direita se esvairem...

Em Portugal, tirando o partido comunistas, já não têm grandes convicções ideológicas e por isso essa sensação que é tudo muito igual, por isso o que ainda tem de melhor a politica, são alguns cada vez mais raros actores, de que o Rui Rio é um exemplar práticamente único...

Houve outros que me entusiasmaram, como Sá Carneiro ou Lucas Pires, que depois me desiludiu profundamente, mas adorei a vitória do actual presidente da camara do Porto, que me parece um sinal de qualquer coisa...

24 Abr 2014

 
 
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Mensagem Re: Cem anos de solidão
Tinoni Escreveu:
pedro onze Escreveu:
Outro exemplo são as empresas onde às vezes temos grandes dissabores mas que depois passam e não devemos estar sempre a mudar de emprego. Eu por acaso mudei no mês passado mas é porque gosto de abraçar novos desafios e já andava farto de fazer sempre a mesma coisa com as mesmas pessoas.


:smt107 ... então?... em que ficamos?...

É muito simples, mudei porque já estava há doze anos na empresa. Até tenho vergonha de ter no curriculum que trabalhei doze anos na mesma empresa porque isso dá uma percepção errada de que posso ser uma pessoa comodista que não gosta de enfrentar desafios e que ao encontrar a sua zona de conforto faz tudo para preservá-la até à reforma. Prefiro um sistema idêntico ao norte-americano em que as pessoas rodam e normalmente permanecem no máximo três, quatro ou cinco anos na mesma empresa. Os que ficam mais tempo são muito mal percepcionados e eu partilho dessa percepção porque as pessoas começam a criar rotinas, vícios, ligações, cumplicidades, enfim, fazem tudo, menos trabalhar.
O sistema que eu defendo, o norte-americano, o da rotatividade, o do shake-up, coloca as pessoas sempre à prova porque nunca estão seguras e isso obriga-as a darem o melhor de si para garantir o emprego. No fim, elas acabam por progredir mais rapidamente na carreira e a empresa também ganha porque aumenta a sua produtividade. É o win-win a funcionar e é por isso que tudo o que é bom e inovador vem dos EUA, pelo menos em termos tecnológicos que é a minha área de actividade.

Tinoni Escreveu:
pedro onze Escreveu:
mas existirá sempre um que lhe desperta alguma simpatia.


Há, sim. Pode é não ser sempre o mesmo e nas mesmas circunstâncias. Posso dizer-lhe que, à excepção do PSD (apesar de haver meia dúzia de pessoas lá que, caso se apresentassem a votos, votaria nelas), já votei em todos, do CDS ao BE.

Eu por acaso sempre votei no mesmo partido tanto nos momentos em que senti que iam ganhar como naqueles em que iam perder. Tenho aquele sentimento que os nossos amigos americanos designam de "loyalty" mas no bom sentido. Sou leal com os amigos, com os chefes e os colegas do trabalho mesmo quando são despromovidos ou despedidos e voto de acordo com a minha consciência. Acontece que as minhas opções estão feitas há muitos anos e não quero mudar porque estou muito satisfeito com esses ideiais.
Vou aproveitar para lhe dar um exemplo das coisas que considero mais abonináveis nas empresas e que se podem extrapolar para os partidos. Há um chefe que vai embora ou é despedido, e o novo que é nomeado passa a ter os mesmos amigos graxistas e lambe-botas que o chefe anterior tinha. Depois começam a dizer que ele é bom sem ainda ter dado provas, mas simplesmente porque foi nomeado chefe. Pouco tempo depois torna-se moda que ele é bom porque repetem todos a mesma frase "ai, ele é muito bom" e assim um eventual incompetente torna-se um chefe querido e admirado pelos seus colaboradores. Todos fazem isso com a esperança de no fim do ano terem uma boa avaliação e um bom prémio. Isto é extrapolável para montes de outras realidades nomeadamente a realidade politico-partidária.

spykes Escreveu:
Então, diz que é fiel a um determinado partido e/ou ideologia e não compreende quem muda o sentido de voto.
Logo a seguir, diz que na prática a diferença é ténue. (entre esquerda/direita)
Foi isto que eu não percebi...

A minha frase foi uma resposta ao Marc relativamente ao PS e PSD(partidos do arco da governação). Para mim são dois partidos bem diferentes até porque um está mais virado para o mercado e o outro mais para o social. Na acção política acho que as diferenças entre os dois são ténues. Basta ver como é que cada um se se comporta quando está no poder e na oposição.

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HERRAR É UMANO

25 Abr 2014
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Mensagem Re: Cem anos de solidão
Hás-de-me explicar como é que o partido que mais abusou das PPPs está mais virado para o social.

Estamos num país em que a corrupção, principalmente na política, é uma rotina. Logo, falar em ideologias é pura demagogia.

25 Abr 2014
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Mensagem Re: Cem anos de solidão
Marc Escreveu:
Hás-de-me explicar como é que o partido que mais abusou das PPPs está mais virado para o social.

Desde logo pelas causas que defende e pelas medidas que tomou enquanto esteve no poder, tais como:
- Lojas do Cidadão - um bom exemplo de integração de serviços que facilita a vida às pessoas e que acabou por ser copiado por vários países, daqueles que toda a gente acha que são desenvolvidos mas só depois de viver lá é que nos apercebemos que não é bem assim
- Rendimento Mínimo Garantido que ajudou muita gente a sair do limiar da pobreza e ajudou o país a melhorar muitos indicadores económicos que anteriormente não o deixavam ficar bem nos quadros comparativos da OCDE. E é algo que existe em vários países desenvolvidos, capitalistas, como Reino Unido, Canadá, etc... e que também têm os mesmos problemas de fraude que existem por cá.
- Investimento na ciência e apoio à cultura que não sendo coisas que dão lucro imediato acabam por contribuir para o desenvolvimento do país. Nunca se formaram tantos doutorados... Lisboa e Porto entraram nos roteiros da cultura onde já estavam cidades como Barcelona, Viena, Florença, etc
- Investimento nas energias limpas como barragens, centrais eólicas, etc, que não dão lucro imediato mas reduzem a dependência energética e contribuem para um país mais sustentável. Estas são medidas puramente viradas para o social, porque são causas dos partidos mais virados à esquerda, veja-se o caso do Partido Democrata nos EUA, protagonizado por Al-Gore.
- Criação de entidades reguladoras nos mais diversos sectores da economia e que permitem o controle do capitalismo selvagem e o crescimento de certos monopólios. Se não fosse assim, era só lucro, lucro e mais lucro. E as pessoas, onde é que estão?
- Criação da ASAE que infelizmente teve algumas medidas fundamentalistas mas que não deixa de ser um bom instrumento para a defesa do consumidor e um impulso a uma sociedade moderna e civilizada onde o binómio Lucro, Qualidade andam de mãos dadas

Poderia citar mais exemplos, mas tudo isto, são coisas viradas para o social.

Quanto às PPPs é certo que houve um exagero mas foi pena que só no fim é que as pessoas deram conta. Quando o modelo das PPPs foi importado da Inglaterra, no final dos anos oitenta, ninguém disse nada e todos os empresários esfregaram as mãos. É sempre mais fácil falar mal no fim do jogo. Ainda assim, nem todas as PPPs dão prejuízos. Veja-se o caso de alguns hospitais como por exemplo o da Amadora-Sintra que não dá lucro aos privados, estes querem sair mas o Estado diz-lhes que a concessão ainda não terminou e eles têm que garantir as operações até ao fim do período contratual. Só se fala das PPPs que de facto dão prejuízos como a Ponte Vasco da Gama e a manutenção da Ponte 25 de Abril, ambas negociadas pelo PSD. Depois há uma série de auto-estradas negociadas por ambos os partidos sendo que eventualmente o PS terá feito mais PPPs porque fez mais obras. Lembro-me claramente do Marques Mendes, na altura em que era líder do PSD e estava na oposição, como nos telejornais criticava o Guterres por liderar um governo que não fazia obras como os governos do Cavaco fizeram e ainda dizia que o Guterres só estava preocupado com os cidadãos. Depois veio o Sócrates e fez montes montes de obras com PPPs.
O que vale é que hoje toda a gente meteu o rabinho entre as pernas e já ninguém quer obras porque a factura é muito pesada. Mas houve um tempo em que as obras (com PPPs) eram uma marca dos governos laranja.
A pior PPP foi criada recentemente pelo Ministro da Educação, Nuno Crato, e chama-se cheque-ensino.

Marc Escreveu:

Estamos num país em que a corrupção, principalmente na política, é uma rotina. Logo, falar em ideologias é pura demagogia.

Infelizmente, o ser humano não é perfeito. É da natureza humana prevaricar e tal como já afirmei aqui, os partidos são feitos de pessoas. Depois há uma componente socio-cultural no meio disto. Por exemplo na Escandinávia o índice de corrupção é reduzido mas eles têm outros problemas... Nos países africanos e latino-americanos a corrupção bate todos os records. Veja-se o caso vergonhoso de Angola em que o país está a saque. Tudo é muito relativo...
O facto de haver pessoas corruptas nos partidos que defendem determinadas ideologias não nos pode fazer pensar que todos os políticos são demagogos. Se assim for qualquer dia não acreditamos em nada e quando isso acontecer deixamos ter um rumo ou pior do que isso deixamos de ter partidos com ideologias. Se isso acontecer, então é melhor transformar o governo numa Comissão Executiva, privatizar a nação e entregá-la aos privados para gerir. Depois nem será preciso votar. O país fica cotado no PSI-20 e passa a funcionar ao sabor dos mercados. Numa manhã vale 10 biliões e à tarde o índice desvaloriza e já vale 1 milhão.

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HERRAR É UMANO

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Mensagem Re: Cem anos de solidão
pedro onze Escreveu:
Infelizmente, o ser humano não é perfeito.


Pedro

neste ponto estou em completo desacordo contigo ...

eu digo "felizmente, o ser humano não é perfeito"

e ainda bem que assim é ... abomino gente "perfeita" ...

prefiro um mundo imperfeito, uns mais e outros menos ...

:smt023

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a sorte dá muito trabalho

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Mensagem Re: Cem anos de solidão
Tens razão Kwacha. Não foi uma afirmação feliz. Aliás o senhor que deu origem a este tópico(apesar de génio, não era perfeito!) escreveu o seguinte na sua auto-biografia:

Aborrecido de Estudar Enfastiavam-me as aulas, salvo as de literatura — que aprendia de cor — e tinha nelas um protagonismo único. Aborrecido de estudar, deixava tudo à mercê da boa sorte. Tinha um instinto próprio para pressentir os pontos álgidos de cada matéria e quase adivinhar os que mais interessavam aos professores para não estudar o resto. A realidade é que não entendia por que devia sacrificar engenho e tempo em matérias que não me interessavam e, pela mesma razão, não me iam servir para nada numa vida que não era minha.

Atrevi-me a pensar que a maioria dos meus professores me classificava mais pela minha maneira de ser do que pelos meus exames. Salvavam-me as minhas respostas imprevistas, as minhas ideias dementes, as minhas invenções irracionais. No entanto, quando acabei o quinto ano, com sobressaltos académicos que não me sentia capaz de superar, tomei consciência dos meus limites. O bacharelato tinha sido até então um caminho empedrado de milagres, mas avisava-me o coração que no final do quinto me esperava uma muralha intransponível. A verdade sem adornos era que me faltava já a vontade, a vocação, a ordem, o dinheiro e a ortografia para embarcar numa carreira académica. Melhor dizendo: os anos voavam e não fazia a mínima ideia do que ia fazer da minha vida, pois havia de passar ainda muito tempo antes de me aperceber de que mesmo esse estado de derrota era propício, porque não há nada deste mundo nem do outro que não seja útil para um escritor.

Gabriel García Marquez, in 'Viver para Contá-la'

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HERRAR É UMANO

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