Porque o país não é uma coisa abstracta feita de memórias "gloriosas", feitos "heróicos", vitórias "memoráveis". O país é feito de gente concreta de carne e osso que duas décadas de governação entregue nas mãos de vigaristas corruptos (depois de quase meio século de atraso, ditadura e provincianismo que se seguiu a uma 1ª República de barafunda, pseudodemocracia e pilhagem, na sequência de um século XIX ainda pior - afinal, a História nem é assim tão gloriosa...) atirou para o tremendo buraco em que agora nos descobrimos.

A paisagem é muito bonita (mas os subúrbios das grandes cidades são horrendos), a comida é óptima (mas vamos cada vez menos poder ir comer fora), as pessoas são simpáticas e acolhedoras (mas vão deprimir e entristecer) mas o país... é um desastre!

Orgulho em ter nascido cá? É como aquelas pessoas que dizem "nasci em Vila Velha da Merdaleja, não tínhamos água canalizada, nem esgotos, nem electricidade, na escola levávamos porrada de ferver, os meus pais eram miseráveis e tínhamos uma côdea de pão para dividir por sete irmãos mas... tenho muito orgulho na minha aldeia!".

Com um bocadinho de jeito estamos quase lá amigo Tinoni.
Ah ah ah!

O ter orgulho onde nascemos (localidade, pais) é um tema, o mantermos esse orgulho quando o nosso quotidiano é dificultado dia a dia e o futuro parece cada vez mais sombrio é outro.

Orgulho de ser português é bonito, mas orgulho sem meios de vida dignos,não sei quem o terá....

Abraço

A questão do orgulho é uma treta. O que está em causa é se viver no nosso País é bom ou mau.
E eu acho que não é mau, porque podemos não ter algumas coisas boas que existem noutros lados tambem temos coisas que são muito boas. E como ser português não se escolhe (excepto nalguns casos) temos que conviver com o que temos.
E os nossos politicos não são piores nem melhores que os outros, são um mero reflexo da nossa sociedade e escolhidos por nós.
Andamos todos a sonhar ter o nivel de vida dos noruegueses ( mas com o clima brasileiro), só que não foi culpa dos politicos não sermos o maior produtor europeu de petroleo.

Amigo prov1, penso que em 5 linhas resumiu tudo e disse tudo.
Estou de acordo consigo.

Acho que viver no nosso pais neste momento (pelo menos para grande parte), bom não será de certeza, mas isso tem a ver com a conta bancária de cada um.

Que os nossos governantes são tão bons como os outros, bem, nestas coisas de gerir, contam as provas dadas.

Que não temos petróleo, é verdade, como tantos paises da Europa.

Que fazemos parte de uma lista em que somos os últis, também em verdade.

Que temos muitas coisas boas, temos 32º em Outubro.

Abraço

Ora aí está: os nossos políticos não são tão bons como isso, mas não são piores do que muitos outros que andam por esse (primeiro) mundo fora. O problema, queiramos ou não, está muito em nós próprios. Será que somos solidários? Não o penso, pois preocupamos muito com o nosso intere$$e e passamos ao lado daquilo que interessa a todos; temos dificuldade em cooperar e vemos no vizinho e no colega muitas vezes o nosso inimigo. Preocupamo-nos com a educação? Nem um pouco; basta ver que as crianças e os jovens andam na escola à balda, passando mais ou menos, dizendo mal dos professores, fechando escolas a cadeado aqui e acolá e por aí adiante.

E convém não esquecermos uma coisa: o Egipto, a Tunísia e a Líbia lutam hoje em dia para serem sociedades modernas; nós chegámos à democracia apenas há quarenta anos, sinal de que não vamos assim tão à frente deles.

Subscrevo integralmente o diagnóstico feito pelo Julinho. De facto, a nossa deficiente cultura cívica representa o maior obstáculo à construção de uma democracia moderna e próspera.

Afinal está tudo certo.

Os governantes sempre procederam de modo correcto, sempre geriram os orçamentos com rigor, sempre se preocuparam com o desenvolvimento, nós (o povo) é que somos uma cambada de imcompetentes, egoístas e não solisários.

Vamos pagar nais impostos, ver os ordenados diminuidos, mas merecemos isso e muito mais.

Até já me sinto muito melhor.....

Verdade, vamos encolher os ombros, olhar para o chão e continuar a empurrar com a barriga, porque afinal, esta tu certo!!!!
O país está a pagar caro o defice publico... a culpa é do povo!
Os membros dos governos fazem negociatas com dirigentes amigos em grandes empresas e... a culpa é do povo!
O governo esconde as contas e as dividas e... a culpa é do povo!
O governo tem "erros de calculo" que arruinam as finanças publicas e... a culpa é do povo!
Os bancos não tem mais dinheiro para emprestar as empresas (porque o governo já sugou tudo o que podia) e... a culpa é do povo!

Realmente, se calhar não merecemos melhor...

Acho que muita gente se esquece que o unico poder democratico do povo é colocar uma cruz num papel, a cada 4 anos, onde cada quadrado representa um monte de bosta... so temos de escolher o que esperamos cheirar menos mal!!! Se nenhum presta, é porque são o reflexo do povo que temos! Tretas, espero... Porque se assim for, o orgulho de ser portugues já foi pelo ralo abaixo...
Em mais ocasião alguma a opinião ou vontade do povo é tida em consideração.
E depois ainda vêm com aquela de que se o que escolhemos não presta, paciencia. Temos de aguentar porque nós é que o pusemos lá! Pois, aparentemente, tivemos o poder ilusório de que nos é que os elegemos mas não temos o mesmo poder de os destituir? Parece que não... Estranha democracia e estranha liberdade, esta!!!!!!

... Estranha democracia e estranha liberdade, esta!!!!!! Concordo plenamente.
Só gostava que me respondessem a uma unica questão: Valerá apena tantos sacrificios? Saímos deste estado lastimoso com todos estes sacrificios?...ou vai ser pior? quando tivermos que pgar a fatura!!! e as próximas gerações...
Foram algumas interrogações numa só...as respostas ...saberemos em breve...todos nós sabemos mas na cremos acreditar nelas...e os outros que se entendam com elas...

Caro Farmaco,

Posso até estar a ser pessimista, mas na verdade acho que todos os sacrificios que vamos fazer, não trarão resultados no longo prazo, pois estamos perante um sistema económico esgotado. O crecimento já atingiu aquilo que tinha a atingir (excepto para aluns, poucos paises),a evolução tecnológica substitui cada vez mais as pessoas por máquinas, o desemprego é irreversivel (só com a descoberta de novos mundos ), a esperança média de vida tende a aumentar considerávelmente, o que vai esgotar o sistema social dentro pouco mais de década e meia, a guerra por alimentos e água vai agudizar-se, a produção já não acompanha o consumo, etc.

Não se trata de um problema de Portugal, mas sim a nível mundial, pois a hiper população é uma realidade.

Oxalá não seja assim...

Abraço

Claramente alguma coisa vai ter que mudar, nós vamos ter que mudar. Todos nós comentamos que os ingleses começam a trabalhar cedo, saem cedo, passam pelo pub bebem uma cervejola e vão para casa. Os alemães trabalham durante uma semana, durante a semana não saem e ao fim de semana embebedam-se. Os americanos almoçam ou jantam fora uma vez por mês e é para comerem pizza ou outro lixo qualquer, apenas no aniversário de casamento levam a mulher a um restaurante mais ou menos.
Nós também já funcionamos assim, mas, a abertura de shoppings, sobretudo estes, fez com que fossemos alterando o nosso modo de vida e despertasse em nós um consumismo dramático, depois, a abertura do crédito fez o resto, compra agora e paga num ano com 0% de juros, pagando apenas no início um terço do valor da compra, que, no fundo, era já quase o preço de custo e suportaria o risco de não cumprimento das prestações. Dispararam as máquinas de cozinha, os grandes plasmas, a televisão por cabo, os carros, mais uma série de coisas que, muitas vezes, eram pouco utilizadas e depressa iam para um canto.
O poder de compra começou a ser avaliado em função do "big mac", isto é, compara-se o seu preço em diversos países e avalia-se o poder de compra e nós vamos bailando este bailinho, comandado pela banca, pelos especuladores.
Formaram-se empresas de vão de escada e atribui-se-lhe um valor na bolsa, quantos de nós não pedimos dinheiro ao banco para comprar acções e realizar mais valias e este enriquecimento fácil levou-nos a esquecer que amanhã, a minha empresa pode achar que sou dispensável, dar-me os vinte cinco tostões da lei e eu ficar no desemprego.
O Estado vivia exactamente como nós, os dinheiros da Europa jorravam por todos os lados, os novos ricos surgiram como cogumelos, quantas vezes nos interrogámos porque é que um gajo que nunca vimos trabalhar, agora tem casa própria e um Mercedes à porta.
Tudo isto esteve sempre à frente dos nossos olhos, mas, como diz a sabedoria popular: "o pior cego é aquele que não quer ver"

Então a culpa é dos shoppings??
Pronto Socras vai la gastar os milhoes que gamaste para França.

parece-me que o povo pode viver assim. cada um é responsavel por si. os actos irresponsaveis que cada um de nos comete, sao pagos por nos proprios. se eu me encher de creditos que nao posso pagar, o unico responsavel por eles sou eu e mais ninguem. por isso tenho muito juizinho com a forma como aplico o dinheirinho aqui de casa e nao dou passos maiores do que as pernas.
mas um governo tem outro tipo de responsabilidades e obrigaçoes perante a populaçao, até porque as consequencias dos actos dos governos nunca sao pagas por aqueles que tomam as decisoes. o ze povo, indiscriminadamente, é que sofre na pele.