A proposta, como está construída, vai ter um impacto muito grande nas GP's independentes ou semi independentes, que operam fora da protecção de casas e grupos organizados, ou que possuem um esquema mais largo de protecção. Não sei de nada, mas o meu senso comum diz-me que esta actividade no geral, não anda em modo iniciativa própria ou real amadorismo. Até os próprios sites têm poder sobre as GP's com os tarifários que devem cobrar e aquilo que devem mostrar.

A questão da dificuldade em manter apartamento próprio ou em cooperativa com outras GP's, dos custos de operação, bem como de segurança, já está a levar algumas GP's a procurarem clínicas/apartamentos. Uma lei como esta vai colocar mais pressão sobre as que se mantêm à margem.

"...O caminho certo para proteger dos abusos as trabalhadoras do sexo não é empurrá-las para a clandestinidade, mergulhando-as de vez na economia paralela e deixando-as indefesas e reféns das mafias. É uma tremenda hipocrisia (ou uma imperdoável ingenuidade) pensar que o que se esconde ou proíbe deixa de existir.

O caminho sério não é desconversar, como fizeram os deputados europeus, mas sim a de regular a atividade para proteger a saúde, liberdade e segurança das trabalhadoras do sexo. Todos ganhamos se os políticos deixarem em paz os clientes e as GPs e se concentrarem na sua missão de oferecer a todos os coletivos da nossa sociedade as melhores condições para garantirem a salvaguarda dos seus direitos."
Jorge Fiel [jn.pt-Opiniao]

https://www.publico.pt/2017/12/13/socie ... r__regular

Eu só quero ver quais as "mudanças legislativas incluam também formas de oferecer alternativas realistas e economicamente viáveis para quem queira deixar o trabalho sexual." Estou em querer que vou deixar a reforma antecipada...

Isto de se falar em "mudanças legislativas incluam também formas de oferecer alternativas realistas e economicamente viáveis para quem queira deixar o trabalho sexual" parece-me muito moralista.

Quem se dedica ao "trabalho sexual" deverá ver a atividade regulamentada para a poder exercer quando e durante quanto tempo lhe aprouver.

Claro que é moralista. Mas, se calhar, para fazer aprovar coisas mais espertas e viáveis, é necessário fazer algumas cedências à visão moralista da coisa.

Não me parece que, com todas as diferentes perspectivas envolvidas - onde, mais uma vez, não se distingue muito bem a "esquerda" da "direita": o PCP, por exemplo, sempre viu a legalização com maus olhos -, vá ser muito fácil aprovar qualquer coisa com pés e cabeça.

Também me parece que um assunto como este é matéria para ter uma evolução lenta e demorada.

A única hipótese de uma solução rápida teria sido durante o primeiro governo do Sócrates. Se estive para aí virado, punha a malta dele a aprovar num instante.

No dia em que quiserem, mesmo, levar isto a sério, talvez fosse boa ideia ouvir a parte realmente interessada - e que, presumo eu, saiba de facto o que se passa quotidianamente: as(os) profissionais do sexo.

Imagino que toda essa gente - "sociólogos, psicólogos, juristas, antropólogos, especialistas em criminologia e estudos de género" - se tenha dado ao trabalho de ouvir as(os) profissionais do sexo. Mas há também aí um problema: ao contrário do que acontece noutros países, as(os) profissionais do sexo, em Portugal (que eu saiba) não têm nenhuma estrutura representativa.

Tinoni, também não faço ideia se existe. Se calhar, só isso é mensagem suficiente!

Tenho para mim que em 2459 ainda este assunto vai "andar por aí". Same old...

O PCP é, sob muitos aspectos, um partido extremamente conservador.
Ainda recentemente vi cartazes seus com apelos ao patriotismo.

O PCP é, sob quase todos os aspectos, um partido essencialmente conservador. Com tudo o que de bom e de mau ser conservador implica - à "esquerda" e à "direita".

O "patriotismo" tem (merecida) má reputação mas, no caso do uso pelo PC, significa "não submissão aos interesses estrangeiros". Uma ideia simpática em abstracto, um grito de pulga perante o elefante, na realidade.

21 pessoas não é muito. Nós aqui no fórum somos *.080 pessoas que se debruçam sobre a temática do trabalho sexual.

Mas temos de reconhecer que uns se "debruçam" mais que outros. Necessitamos da opinião abalizada e independente de psicólogos clínicos e outros especialistas na matéria para chegarmos a conclusões sobre o assunto.