"Eliminaçao dos subsidios de Natal e Férias"
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joaogin
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 "Eliminaçao dos subsidios de Natal e Férias"
Citar: cobain86 Escreveu:
Um resposta curta e rude:
Porque nunca mamei do estado!!
ópa e quem construiu as estradas por onde circulas os hospitais, as escolas, a que tens acesso gratuito quem é que paga aos polícias que vigiam a cidade onde vives, os professores que te deram horas e horas e horas de aulas, todas as outras pessoas que trabalham numa escola, desde que se abre o portão de manhã até que ele se fecha à noite? quem é que paga a conservação dos museus todos quem é que paga o restauro dos edifícios antigos da terra dos teus avós? E quem é que paga tribunais, juizes, senhoras da limpeza, senhores do ar condicionado, condutores que levam a malta do tribunal para a prisão, e quem é que paga a construção da prisão e a limpeza e a alimentação dos presos? Quem paga esses carros, essas gasolinas, essas idas ao mecânico. Quem paga a recolha do teu lixo e a limpeza da tua rua. Quem é que paga a Etar que trata o esgoto onde fazes cócó, E quem é que paga a reforma dos velhos da tua família? ÉS TU?Queres viver sem estado? [/color]se calhar vais poder daqui a uns anos ver como isso é.... depois podes pensar nestes problemas de maneira mais informada e acho qe vais mudar a tua postura. Pensa bem antes de dizeres que o estado a ti não te dá nada. Não desperdices o teu protesto, ele pode ser precioso. 
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16 Out 2011 |
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litlehouse
Registado: 07 Out 2010 Mensagens: 3347 Localização: Algures por aí...
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 Re: "Eliminaçao dos subsidios de Natal e Férias"
Não compensa chorar sobre leite derramado. Penso que se poderia enveredar por outros caminhos, mas há um problema evidente, que só se resolve com dinheiro "vivo", daí, o corte de 50% no subsídio de Natal e o corte dos dois subsídios para os próximos anos. Directa ou indirectamente todos contribuímos, ou beneficiamos, com as causas que nos levam a estas consequências, a mim o que me choca é que se esqueceram, por desconhecimento ou por falta de jeito, daquela regra de ouro da técnica da "sandwich": "uma palmada e uma festa" Com estas decisões o governo apenas nos dá palmadas e nem uma festinha na cabeça, isto é, só está tirar-nos dinheiro no imediato, mas não nos dá esperanças para o futuro, porquanto, estas medidas não abrem caminho a mais crescimento ou mais emprego, esta seria a festa, contrapartida da palmada. Se o tivessem feito estaríamos aqui a discutir se a medida X ou Y fariam, efectivamente, efeito e não a lamentar-nos destes cortes imorais, que o são por ausência de contrapartidas para que pudéssemos ter um horizonte, assim, só temos um túnel escuro, para onde, aos poucos, nos vão empurrando.
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16 Out 2011 |
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Leonidas I
Registado: 11 Jul 2010 Mensagens: 1832
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 Re: "Eliminaçao dos subsidios de Natal e Férias"
O comunismo falhou, o capitalismo para lá caminha e a impunidade de quem brinca com os dinheiros públicos, falando de dividas de milhares de milhões como se fossem uns trocados, só faz com que os candidatos a governantes, continuem a ser pessoas sem quaisquer qualificações e escrupulos. O confrade Little, é daquelas pessoas que vê sempre o copo meio cheio, eu em algumas situações, sobretudo naquelas que não estão ao nosso alcance resolver, depende de terceiros, vejo o copo meio vazio, neste caso vejo mesmo completamente vazio, vem aí uma seca como nunca ninguem viu. As medidas de austeridade levadas a cabo em Países com semelhantes problemas não levaram a nada, só à bancarrota e à expropriação dos bens públicos a preços lowcost dos grandes interesses financeiros. Não havendo dinheiro, não há consumo, não se produz, aumentam os despedimentos, aumentam os pensionistas, reduzem-se os contribuintes activos. A situação é que estamos no fundo de um poço, temos uma corda para sair do poço, a corda mesmo assim não tem a medida ideal, é preciso um esforço, mas lá em cima há alguém que vai cortando a corda, ficando mais e mais curta, até ficarmos para sempre no fundo do poço. Qual é a solução? Gostava de a conhecer, mas tenho a certeza que não é única e exclusivamente indo ao bolso dos contribuintes. A sociedade actual, sucks 
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16 Out 2011 |
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litlehouse
Registado: 07 Out 2010 Mensagens: 3347 Localização: Algures por aí...
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 Re: "Eliminaçao dos subsidios de Natal e Férias"
Amigo Leonidas - o primeiro, tem toda a razão em vários pontos, até naquele do copo meio cheio. Claramente as sociedades não se prepararam para a esta era global, pior, nem sequer a consideraram, e esta teve e vai ter consequências dramáticas no modo de vida de todos os povos desenvolvidos ou em vias de desenvolvimento, apenas não o tem, em quase todos os países africanos e alguns asiáticos, porque nesses ainda não chegou esse tempo. Hoje todos os países Europeus estão a enfrentar dificuldades, uns mais que outros, mas todos estão a passar por elas, no entanto, há uns que saem mais depressa das dificuldades do que outros, seja pela sua riqueza, seja pela coragem e abnegação da sua população. Quando da reunificação das duas Alemanhas o povo que assimilou a do leste, perdeu regalias brutais, teve de trabalhar mais e descansar menos, para quê? no entanto a Alemanha conseguir assimilar, ultrapassou todos os problemas e hoje continua a ser a maior economia da Europa, mesmo passando por duas guerras brutais, mesmo tendo de pagar indemnizações a muitos países, continuou sempre em frente. Vamos deixar de andar a olhar para o chão, temos de olhar em frente e caminhar, é claro, que precisamos quem nos lidere e é essa a grande ausência que se faz sentir. Vamos fazer sacrifícios? vamos. Vamos perder qualidade de vida? vamos. Vamos sobreviver enquanto nação? vamos claramente, têm é de nos guiar bem.
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16 Out 2011 |
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prov1
Registado: 18 Mar 2011 Mensagens: 2452
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 Re: "Eliminaçao dos subsidios de Natal e Férias"
Concordo com o Confrade Littlehouse, a Alemanha deu a volta a um problema grave, a Argentina tambem e até Portugal já deu o exemplo. Em 74/75 houve quase 1 milhão de portugueses que não perdeu 20% do ordenado mas perdeu TUDO- trabalho, casas, carros, dinheiro- e recomeçou do zero. Ninguem morreu á fome e hoje a grande maioria está bem na vida. Nos anos oitenta tivemos cá o FMI e tambem foi muito mau e sobrevivemos. Portanto agora tambem ninguem vai morrer á fome por ganhar menos 15 ou 20% do ordenado que está garantido no caso dos funcionários públicos. Claro que o nivel de vida vai baixar mas quando durante mais de 30 anos andamos a gastar mais do que o que produziamos só podia estoirar mais dia menos dia. Dizer que estas medidas são violentas é uma treta pois andamos há mais de 10 ou 15 anos a fazer tentativas de corrigir a situação, mas o zé povinho nunca votou em politicos que prometessem cortar nas regalias. O pessoal sempre votou e vai votar naqueles que prometem gastar mais, que o caso do Alberto João é um bom exemplo.
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16 Out 2011 |
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treo
Registado: 06 Dez 2006 Mensagens: 57
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 Re: "Eliminaçao dos subsidios de Natal e Férias"
O grande problema de hoje em relação as decadas de 70 e 80 é que a visão dos dirigentes que temos (e incluo todos os que estão e os que não estão no governo) são bem mais curtas! Os sacrificios que nos estão a exigir (não é pedir, porque senão podia recusar) servem apenas para que (e as palavras não são minhas) "Portugal possa voltar aos mercados em 2013 para financiar a economia"... Isto traduzido para portugues é algo como: vamos fazer todos sacrificios agora para que em 2013 o estado possa voltar a pedir dinheiro emprestado a todos os que conseguir convencer, de forma a manter a mesma bandalheira de gestão e gastos que teve até hoje! O esforço que se está a fazer serve unicamente para conseguir ter juros baixos daqui a 2 anos. Crescimento economico? Nada. Em 2013 os impostos vão baixar para o nivel de 2008? Nem em sonhos. Até 2013 vão ser criadas novas empresas? Talvez abra 1 por cada 10 que fecham. Iremos ter mais pessoas empregadas até 2013? Não me parece. Iremos ter a mesma população que foi contabilizada nos ultimos Censos? Provavelmente teremos menos e os que sairem do pais são força laboral e de investimento. Reformados não saem para não perder a reforma. Quem está no desemprego mantem-se por cá para não perder direito ao dinheirito que vai pingando. Quem sai? Quem tem algum dinheiro a perder, ambiçao de melhorar a vida que tem e farto de ser enrrabado pelos sucessivos governos e a ter de manter um sorriso nos lábios... Basicamente, a classe média, que aqui está em vias de extinção enquanto que no Brasil, por exemplo, tem vindo a aumentar nos ultimos anos.
O que é certo é que o país está em queda livre e apenas vamos esbracejando para tentar diminuir a velocidade com que nos vamos, inevitávelmente, esborrachar no chão!!!
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16 Out 2011 |
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treo
Registado: 06 Dez 2006 Mensagens: 57
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 Re: "Eliminaçao dos subsidios de Natal e Férias"
O país só vai mudar quando houver mudanças na mentalizade de todos e isso só acontece quando algo de grave nos atinge. Por enquanto vamos todos vivendo de esperanças de que a "coisa" melhore... Os reformados e desempregados lá vão recebendo os subsidios, a funcão publica la vai recendo os ordenados (agora mais em risco) e os empresarios e classe média ainda se vai agarrando aos poucos trocos que conseguiu poupar e a muita esperança.
Quando os dinheiro dos subsidios não chegar a casa das pessoas e as pequenas poupanças de cada um se esgotarem, aí sim, vamos ver uma população revoltada e com vontade de mudar. Aí sim, quando se sentir na pele, as coisas mudam... até lá vai tudo continuar como está, vamos continuar a ser comidos e a fingir que não é nada!!!
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16 Out 2011 |
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litlehouse
Registado: 07 Out 2010 Mensagens: 3347 Localização: Algures por aí...
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 Re: "Eliminaçao dos subsidios de Natal e Férias"
Provavelmente vão cair-me em cima. Mas estamos a discutir um ponto que apenas diz respeito a 400000 pessoas, não estamos a discutir o problema dos restantes 9.600.000, porque esses é que é importante discutir. A ser verdade, e temos de dar como boa, os FP's ganham em média 10 a 15% mais do que a média dos privados, a ser verdade, isto é uma injustiça, porquanto, ser FP's em termos de trabalho é rigorosamente a mesma coisa, agora porque é que carga de água, eu contribuinte, tenho de pagar aos FP's vencimentos mais altos do que aquele que a "sociedade civil" aufere?
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16 Out 2011 |
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Alfacinha de Gema
Registado: 05 Set 2009 Mensagens: 383 Localização: Por aí
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 Re: "Eliminaçao dos subsidios de Natal e Férias"
cobain86 Escreveu: Sim porque 23% é a taxa NORMAL!!! Nao é uma taxa extra nem nada do genero, normal... todos os produtos excepto os mais necessario (alimentação ALGUNS medicamentos... VIAGRA NAO É ESSENCIAL!!! ![hehehe [bigsmile]](./images/smilies/snork_lach.gif) ) deveria ser taxados a 23%... bilhetes de futebol, cocacola e demais refrigerantes à taxa reduzida?? Por alma de quem?? Então e o uísque velho e as contas do cabaré? Não são essenciais, é verdade, mas não são supérfluas? Devem pagar só 23%?
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17 Out 2011 |
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Envolvente
Registado: 14 Jun 2009 Mensagens: 3549
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 Re: "Eliminaçao dos subsidios de Natal e Férias"
litlehouse Escreveu: Provavelmente vão cair-me em cima. Mas estamos a discutir um ponto que apenas diz respeito a 400000 pessoas, não estamos a discutir o problema dos restantes 9.600.000, porque esses é que é importante discutir. A ser verdade, e temos de dar como boa, os FP's ganham em média 10 a 15% mais do que a média dos privados, a ser verdade, isto é uma injustiça, porquanto, ser FP's em termos de trabalho é rigorosamente a mesma coisa, agora porque é que carga de água, eu contribuinte, tenho de pagar aos FP's vencimentos mais altos do que aquele que a "sociedade civil" aufere? É engraçado essa tendência de em vez desejar que ganhem mais quem é pior pago se deseje que os outros fiquem com piores salários. As contas feitas são uma média. Isto é, divide-se a totalidade do declarado pelos patrões como salários pelo número de empregados. Na função pública o Estado divide o valor pago em salários pelo número de funcionários. Este método nunca poderá dar a visão do mundo do trabalho em termos salariais. Sabemos que há muitas empresas que, para fugir à sua obrigatória prestação social, declaram salários abaixo do que pagam e impõem aos trabalhadores que assim seja. Por outro lado sabemos que a maioria de pessoas não especializadas estão no privado. Sabemos que a função pública contrata, por exemplo, a grande maioria dos professores. Que me parece, logicamente, receberão mais. Assim como médicos. Assim como pessoas, de uma maneira geral, com mais formação académica. Não se pode por isso fazer e aceitar uma comparação nesses termos. Nem tal nunca vi ou li em outro país. Será um drama para quem aufere menos de 1000 euros não receber um dos subsídios, sem que nada tenha feito para isso. Muitos até nem sequer votam e os que o fazem têm uma fézada em que lhes é impingido como o melhor. Para quem tem salários entre os 1000 e os 2000 o drama pode ser bem pior. Trata-se normalmente de pessoas com encargos com casas, até podem ter mais filhos e habituaram-se, à custa da renumeração honesta pelo seu trabalho, a um nível de vida e de encargos em que a falta desses subsídios trará transtornos talvez irreparáveis. Se os do sector privado pensam que esta oportunidade não será aproveitada pelas entidades patronais para pura e simplesmente não ser pago os subsídios de Natal e de férias, o que aliás já têm feito, desenganem-se. Sempre foi a prática salarial da função pública a influenciar todos os outros salários praticados em Portugal. 
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17 Out 2011 |
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Leonidas I
Registado: 11 Jul 2010 Mensagens: 1832
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 Re: "Eliminaçao dos subsidios de Natal e Férias"
Envolvente Escreveu: Se os do sector privado pensam que esta oportunidade não será aproveitada pelas entidades patronais para pura e simplesmente não ser pago os subsídios de Natal e de férias, o que aliás já têm feito, desenganem-se.
Isso é trigo limpo farinha amparo
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17 Out 2011 |
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litlehouse
Registado: 07 Out 2010 Mensagens: 3347 Localização: Algures por aí...
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 Re: "Eliminaçao dos subsidios de Natal e Férias"
Não me acredito que os privados alinhem nisso, porque isso seria alargar a área de confronto e o próprio governo ir-se-ia opôr, admito, que alguns sectores poderiam tentar a brincadeira, aliás, numa primeira fase houve um qualquer tipo que mandou esse palpite, foi logo desmentido pelo presidente da Confederação dos Empresários. É que isso seria alargar, sem benefícios para o estado, a contestação e para eles já basta os FP's, o PC e o BE.
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17 Out 2011 |
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Redox
Registado: 17 Set 2011 Mensagens: 97
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 Re: "Eliminaçao dos subsidios de Natal e Férias"
Bagão Félix: "Temo que o corte dos subsídios seja definitivo"
Qual a medida que considera mais gravosa, que preferia não ver neste Orçamento? Qualquer pessoa de bom senso preferia que não houvesse estas medidas de diminuição ou supressão do subsídio de Natal e de férias. Quando se anunciou o corte dos dois subsídios, que, aliás, dificilmente não deixará de ser para sempre... infelizmente é assim...
Não acredita que seja transitório? Não acredito, é como quando se anuncia um último aumento de impostos. É sempre o último antes do seguinte.
Acha então que a medida será definitiva? Temo sinceramente isso. Mas, como dizia, a supressão total de subsídios para ordenados e pensões acima de mil euros, em primeiro lugar, são mil euros brutos. Em termos líquidos, provavelmente falamos à volta de 800 euros. Poder-se-á dizer que podia ser para valores mais elevados. É verdade, mas assim seria mais justo do ponto de vista social, mas não teria o volume para a solução do combate ao défice.
http://economico.sapo.pt/noticias/temo- ... 29151.html
ainda a malta está a digerir este OE, e já vão mandando estas para o ar a preparar o terreno. já nem há a preocupação em ir vigarizando aos poucos o eleitorado, já nem se dão a esse trabalho.
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17 Out 2011 |
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papa-cricas
Registado: 04 Jan 2009 Mensagens: 71
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 Re: "Eliminaçao dos subsidios de Natal e Férias"
Era precisamente isso que temia... já vão antecipando o mais que provável, fim definitivo dos subsídos.
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17 Out 2011 |
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SpongeBob
Registado: 17 Nov 2008 Mensagens: 10335
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 Re: "Eliminaçao dos subsidios de Natal e Férias"
Eu penso que os subsídios de férias e de natal se foram definitivamente. Na prática aquilo que estamos a viver é uma desvalorização da moeda - uma desvalorização que afecta todos os produtos e serviços, importados ou não - e temos que nos habituar à ideia de que de que daqui em diante serão pagos apenas doze meses de salário por ano.
Claro que isto levanta uma série de questões. A primeira que me ocorre, e que é a mais importante, é que a nossa economia doméstica funciona de uma forma diferente da economia de um país. Eu tive um corte de quase 15% do rendimento anual, um corte que me dói mas que não me mata; situação diferente terão muitas outras pessoas, normalmente mais jovens, que têm mais filhos a cargo, mais encargos a suportar e estarão mais abaixo no nível salarial. Pior estarão contudo aqueles que dependem daqueles que sofreram os cortes; falo daqueles a quem compramos produtos e nos prestam serviços, pois, num caso ou no outro, vamos cortar; esse corte nem é por vezes consciente, mas existe: dei-me conta já de que o meu consumo de telemóvel diminui muitíssimo e de que estou a fazer menos quilómetros mensalmente e quase deixei de visitar as meninas (todas estas mudanças aconteceram naturalmente, sem que eu tivesse pensado nisso).
Outra questão: o Estado cortou e irá utilizar o dinheiro poupado em apoio na recapitalização da banca. Porque razão não recebemos, em lugar dos subsídios, títulos de dívida, obrigações ou acções? Penso que seria mais justo: tornávamo-nos investidores, à força, é certo, mas investidores, em vez de expoliados.
Uma última questão: no fim de tudo, a banca vai manter a mesma postura arrogante a que nos habituou ou vai estar mais próxima das pessoas? Será que vamos ter novas caras e novas atitudes ou mais do mesmo?
Já agora dois comentários: ontem vi na televisão Jean-Claude Trichet, agora a despedir-de da presidência do BCE, e ao seu lado - ou melhor, um passo atrás - impante e com a cara de pau que lhe conhecemos - um dos responsáveis da nossa desgraça, o horroroso e intragável Constâncio.
Vi o anúncio do início solene do ano lectivo na faculdade de economia do Porto. Quem profere a oração de sapiência? Essa figura prestigiada que dá pelo nome de Teixeira dos Santos.
Daqui se conclui que as pessoas não aprendem - e em grande medida não aprendem porque a opinião pública a isso não obriga. Temos uma enorme casta de privilegiados que faz o que lhe apetece e diz o que lhe apetece e que, quando a coisa corre mal, sai tranquilamente a assobiar. Culpa de quem? Dos seus patrões: quase dez milhões de portugueses.
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17 Out 2011 |
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