
VW Bulli - a nova versão do Pão de Forma
A Volkswagen recuperou para o Salão de Genebra a icónica “pão de forma”. A carrinha entrou nos sessentas em grande estilo, com motor eléctrico e sistema de entretenimento controlado por iPad. É um novo empurrão da marca alemã na história do utilitário, que começou a ser construído após a Segunda Guerra Mundial, marcou uma geração e, apesar do aspecto tosco, nunca foi descontinuado.A carrinha foi desenhada no caderno de bolso de Ben Pon. O importador holandês pensou-o a partir do chassi tubular dos Plattenwagens, usados dentro da fábrica alemã para transportar peças, e acrescentou-lhe a mecânica do Sedan (carocha) e do Kubelwagen, o famoso jipe nazi. O major Ivan Hirst, oficial inglês que em 1947 era responsável pela produção da marca, gostou e o projecto avançou.

A ideia resultou na primeira furgoneta do mundo, um utilitário que tanto dava para passageiros como para mercadorias – como para ambos. A data de concepção está inscrita nos anais: 1947, 23 de Abril. Ainda assim, o veículo só chegaria à estrada em 1950, após a equipa liderada pelo engenheiro alemão Alfred Haesner, mais uma vez por sugestão de Pon, ter melhorado a aerodinâmica dos primeiros protótipos.
O que se passou a seguir com o segundo modelo construído pela Volkswagen (o primeiro foi o carocha) confunde-se com a história das duas décadas subsequentes. A Kombi (um dos nomes pelos quais é conhecida, sobretudo no Brasil) foi exportada para todo o mundo e, pelas suas características únicas, conquistou os automobilistas. As alcunhas não tardaram: “pão de forma” (Portugal), “rugbrød” (pão de centeio, na Dinamarca), “breadloafs” (EUA) ou, o mais comum e nativo, “bulli” (Alemanha).
A produção anual da carrinha atingiu os 100 mil exemplares em 1954. Quando em 1962 ultrapassou o milhão de veículos produzidos, a furgoneta já tinha sido apetrechada com caixa de quatro velocidades (1959) e tecto mais elevado (1960). A Volkswagen decidiu agradecer aos automobilistas realizando um dos pedidos mais frequentes: ampliou o motor e a velocidade máxima passou a ser de 105 quilómetros por hora.
Na versão concept car (o que significa que não é certo que chegue à linha de produção) apresentada pela Volkswagen na Suíça, o motor permite atingir os 140 quilómetros por hora. O novo modelo (seis lugares) representa um regresso ao desenho original, com os clássicos dois tons na carroçaria, embora seja mais curto e mais largo que a “pão de forma” tal como a conhecemos. A frente também é menos quadrada.

A marca decidiu inovar com um dos clássicos no seu catálogo, cuja obsolescência vinha sendo revelada sobretudo desde a década de 1990, com a abertura do mercado automóvel e a concorrência a apertar. O que se tenta agora é uma volte-face: o novo “pão de forma”, movido a electricidade, tem uma autonomia de 300 quilómetros, mais cem do que o recente Nissan Leaf.
O maior respeito pelo meio ambiente agradaria ao movimento hippie, que tanto ajudou a fazer da “pão de forma” um veículo icónico nos anos 1960. A “hippie van”, como também ficou conhecida, foi retratada em Cars, com uma VW devidamente antropomorfizada pela equipa de criativos da Pixar.

O cinema, aliás, nunca deixou esquecer a famosa carrinha, desde Regresso ao Futuro (1985) ao mais recente Uma Família à Beira de um Ataque de Nervos, cuja viagem do Novo México à Califórnia levou elenco, argumentista e produtores aos Óscares de 2007