Romenas, muito jovens, algumas ainda crianças, de famílias pobres do seu país, eram aliciadas com melhores condições de vida e trazidas para Portugal por compatriotas.
A par de Manuel Almeida e de Marcos Vidal, os donos de duas pensões em Lisboa abertas à prostituição, oito romenos sentaram-se ontem no banco do Tribunal da Boa-Hora por lenocínio, lenocínio com menores, tráfico de pessoas e associação criminosa.
Chegadas ao nosso país, as raparigas eram obrigadas a venderem o corpo. Vigiavam-nas e agrediam-nas quando elas pensavam em desistir. Algumas eram forçadas a trabalhar 12 horas seguidas. E era dentro dos quartos das pensões dos dois portugueses que as mulheres se prostituíam. Respondiam às ordens dos cinco homens e das três mulheres que as trouxeram e que repartiam os lucros do sexo com os portugueses.
Ion Tudorel, conhecido por ‘Bebi Nicolae’, e a sua mulher, Teodora Radulescu, eram os cabecilhas da rede, que integrava ainda Niculina Trandafir, Maria Nicolai, Serban Marius, Vasile Dumitru Petrica, Constantin Dumitru e Nicolai Romeo – este último continua fugido à Justiça e será julgado à revelia.
Ion está em Portugal há vários anos. Tinha uma empresa de construção civil. Está detido, tal como os restantes romenos, desde 2007. Mas alguns dos factos da Acusação remontam a 2002. Ontem, a presidente do colectivo de juízes, Clarisse Gonçalves, decidiu dar início ao julgamento à porta fechada, pois a maioria dos réus está acusada de tráfico de pessoas, justificou.
PENSÕES
Manuel Abrantes de Almeida é proprietário da Pensão Reis, situada no número 33 do Poço do Borratém, em Lisboa. Marcos Alexandre Vicente da Silva Vidal é dono da pensão Bela Flor, no número 16 da rua de S. Lázaro, também em Lisboa.
CRIMES
Os oito romenos estão acusados de um crime de associação criminosa, 20 crimes de lenocínio, três crimes de lenocínio com menores e quatro crimes de tráfico de pessoas. Maria Nicolai está ainda acusada de um crime de uso de documento alheio.
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