PARA REFLECTIR
Publicado hoje no portal AEIOU

Entrevista exclusiva: "Fui vendida por 200 contos"

Trata-se de uma portuguesa, na casa dos 30 anos, que foi vendida, espancada e abusada por uma rede de prostituição em Espanha. O tempo passou, Maria já está a salvo, mas fala do medo que a consome só de pensar que o líder da rede nunca foi apanhado. Treme só de dizer o que sabe. O medo é, hoje, o seu amigo mais íntimo.

O namorado prometeu-lhe uma vida nova, longe do pai que a espancava. E não a enganou. A 24 de Maio de 1994, Maria (nome fictício) parte de Lisboa com o amor da sua vida. O Porto é a direcção do sonho mas, em poucos quilómetros, o tom cor-de-rosa transforma-se numa negra realidade. As placas da auto-estrada indicam Elvas. Maria desconfia, mas o namorado acalma-a. “Disse-me que íamos ajudar um amigo que estava empanado em Badajoz”.

Em meia dúzia de horas, Maria, já em território espanhol, está vendida. O namorado recebe 200 contos e o comprador ganha uma escrava sexual. Nessa mesma noite, Maria, já sem documentos, é obrigada a vender o corpo. No dia seguinte, sob a vigilância apertada de um elemento da rede, consegue telefonar à sua mãe. “Disse que estava no Porto e comecei a chorar. Ele deu-me um estalo e desligou o telefone”, conta-nos. Tenta continuar o relato mas chora de forma descontrolada. “Era obrigada a receber clientes durante nove horas por dia. Como eu estava gorda, só me davam tostas com manteiga para não engordar mais”. Foi humilhada, intimidada e espancada com barras de ferro enroladas em toalhas.

Fugiu e foi de novo espancada. Durante meses, “naquela Espanha”, foi posta em diversos bordéis. No dia 10 de Janeiro de 1995, os seus vigilantes, julgando-a adormecida, vão tomar café. Maria foge. Com “dinheiro da casa”. Os motoristas hesitam em levá-la a Lisboa “ajoelhei-me aos pés de um taxista e disse-lhe que tinha de fugir”, recorda hoje com lágrimas compulsivas. A rede de prostituição foi desmantelada pela PJ. Maria está em casa dos pais, mas sabe que o líder da rede nunca caiu nas malhas da lei. E treme. De medo, claro.

Tráfico humano

Um relatório do governo dos EUA aponta Portugal como um destino de tráfico de seres humanos. A PJ garante que o "combate vai bem" e rejeita as conclusões do estudo.

A participação da sociedade civil é uma das armas de combate ao tráfico humano. "Uma cidadania activa, esclarecida e comprometida é fundamental", sublinharam os especialistas que na semana transacta reuniram em Lisboa, à procura de estratégias comuns para a prevenção e combate ao tráfico de seres humanos. Leia mais aqui .

aeiou, hoje às 18:51

Este é o momento em que devíamos aproveitar para um debate a sério ou nem por isso? Se for, vamos lá arregaçar as mangas e vamos embora. Penso que há coisas que teríamos que colocar em causa, algumas delas podem ter impacto em alguns hábitos nossos, clinicas, etc. Por mim estou disponível para ir a um debate sério. Os confrades foulaam, o piotr, o joma, o master, o viriato, enfim, todos os demais irmãos seriam indispensáveis. Acho que um tema como este ou se faz a sério ou é melhor ficar simplesmente como nota de rodapé para análise posterior na consciência de cada um.

Abraços a todos, DC

Alinho.

Mas é preciso deixar logo claro à partida que há um porradão de variáveis que nos vão escapar sempre.

Mais um que alinha.
Aliás esta merda - não tem outro nome - do tráfico mete-me NOJO. Grandes FDP que promovem isto...

Até certo ponto é por este motivo que, em exclusivo, opto por Gp's independentes.

Concordo. Embora nunca possamos ter a certeza absoluta de que não trabalham para ninguém, podemos ter fortes indicadores.

Combate ao tráfico de pessoas é uma obrigação de todos.


Abraço

Trancelord

Só arranco para esta merda com algumas condições. A participação dos foristas de base do forum, como já tinha dito (ainda bem foulaam que alinhas), porque sendo aqueles que têm mais mensagens, sem elitismos baratos, têm que dar um exemplo de unidade que consolide o forum depois de tantas merdas. Em seguida, com um moderador por tema. Acho que devíamos nisto usar cautela de ter um debate sério. A ideia do moderador é responsabilizar cada um por uma ideia de base, dentro do tema, que leve o debate a explorar diversas áreas do problema.

Acho sinceramente que temos aqui uma oportunidade de demosntrar seriedade e elevação dos foristas para não cairmos na história do coitadinhas,pobrezinhas, ai-pois-é, etc. Vamos, é claro, explorar fantasmas. A história das brasileiras e das gajas do leste, as máfias por trás, a nossa alimentação desse sistema, etc. Não será fácil, e só a extrema seriedade e desapego à causa nos pode levar a concretizar.

Abraços, DC

Atenção!

Não vejo impeditivo a perder aqui 3 ou 4 páginas a discutir os moldes do debate. Ganharemos em seguida. DC

Um tema bastante interessante mas demasiado importante para servir de alimento a ESTUDOS e brincadeiras. Vamos ver!
Os moderadores já existem e as regras já existem, agora cabe a cada membro deste espaço continuar a saber respeitar, os que sempre o fizeram e aqueles que nem sempre o fizeram.

Esse conceito de gp. independente é um puro produto de marketing em que se tenta vender uma certa imagem , de que não existem interesses instalados por detras destas gajas , mas basta olhar para o que se passa neste forum , para perceber que é tudo conversa da treta

Atenção, aqui os moderadores têm um papel diferente. Em minha opinião o moderador modera a secção, não uma linha temática. Cada um estará, lá na sua vida, mais à vontade para uma dada construção perspectiva do debate. Eu próprio, por várias razões, sinto-me capaz de entrar pelo papel do MAI adentro, e da Tutela do sector em geral. Se alguém se sentir, força, mas discordo em relação a isso. Acho que aqui não se coloca em causa a autoridade dos moderadores gerais e dos administradores. Coloca-se em causa os epicentros de debate. Estamos a fazer aqui a preparação da agenda de trabalhos, no fundo, e se entrarmos por aí podemos perder a própria essência de especialidades reunidas num debate generalista.

DC

Discordo. Quando olhamos para as mulheres como aquela da notícia, presas em redes de tráfico que vem do leste e do brasil, mas também ali da espanha, quando falamos em rotas de comércio de carne branca que vai para o marrocos para servir sultões nos emirados, sobretudo Catar, e olhamos para exemplos como a Maria, entre vários, não posso estar de acordo. Em tudo o que move comércio há interesses. Um forum é um espaço de interesse, quanto mais não seja de clientes organizados em lobbie informal para pressionar mercado. Como te digo, é uma questão de percepção das realidades, e de afastamento em face da verdade convencionada. Hoje continuamos a discutir as GPs tristes do García Marquez, quando realmente há outros, veja-se a SIC e a reportagem que fez sobre as universitárias que andam nisto. O nosso problema enquanto portugueses é que não evoluímos ainda na visão do mundo à nossa volta.

DC

Atenção wandas que estás a referir interesses associados o que não invalida a independencia delas.

Sinceramente não vejo a necessidade de "inventar" novos moderadores. Se se vai discutir o assunto tentando não entrar em confrontos idiotas mas procurando perceber melhor a engenharia da coisa, parece-me que nem moderadores (velhos ou novos) são precisos. Posta-se normalmente como sempre e siga. Ah... há uma coisa que é fundamental (aqui como no resto): não querer à viva força ter razão!

Mas se houver moderadores também não vou armar um banzé por causa disso. Eu é que não serei de certeza.

Amigo ecosutra , tens de começar a ler as coisas não no sentido literal das palavras...

Totalmente de acordo com o Eco nesta matéria. Algumas gerem a carreira como um negócio real. Contratam fornecedores a sério, etc. Há uma italiana que conheci já há uns mesitos, que me contava que tinha até uma funcionária para compras que geria os anuncios em directórios, encontrava os fotógrafos, etc. Não se pode generalizar pela bitola antiga, é o que acho. A conversa dessa onda já ganhou bafio. Vais à inglaterra e eles e elas, prostitutos e prostitutas, vivem às claras da sociedade dita normal, são realmente independentes, com vidas normais, alto poder de compra e normalmente muito bem aceites pelos amigos com profissões vulgares.

Como digo, acho que estamos todos metidos numa visão antiquada e não conseguimos evoluir disso para outros pontos.