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Vida financeira da prostituta- uma análise de um economista
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doncorleone
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 Vida financeira da prostituta- uma análise de um economista
Um artigo, em linguagem simples e acessível, de um economista sobre a sua consultoria à gestão financeira de uma gp. Acredito que seja de leitura útil para clientes e gp's ; as análises e reflexões aplicam-se a ambos os lados. Transcrevi as partes que achei mais relevantes para o fórum, mas recomendo a leitura do artigo integral. https://www.amuri.com.br/textos/vida-fi ... prostitutaA vida financeira de uma prostituta
Este texto foi originalmente publicado em 2013, no Papo de Homem, e de lá para cá ele sofreu algumas alterações. O pilar central, no entanto, segue: a ideia é apresentar alguns dos dilemas financeiros enfrentados pelos autônomos, bem como sugerir alguns exercícios e reflexões que podem ser úteis, não importa qual é sua área de atuação.
Recebi uma ligação de uma amiga da época do colégio. (…) ela perguntou se a minha consultoria financeira tinha como público-alvo os profissionais de algum setor. (…) depois de algum rodeio, finalmente mandou a real: — Uma amiga minha está precisando muito de consultoria. Posso te indicar? — Pode, claro. O que ela faz da vida? — Ela é prostituta.
Os números por trás da profissão Feita a ponte, estimei uma certa duração para o processo, baseada na quantidade de horas necessárias para esclarecer as dúvidas e organizar a casa. Mandei a proposta por e-mail. A Fabi (nome fictício, para facilitar daqui pra frente) era habilidosa com os números e me respondeu rapidamente, aceitando o valor sugerido e fazendo piada: — Sua hora é mais barata que a minha! O processo todo foi bem interessante e rendeu insights bastante valiosos que vou apresentar ao longo do texto. A inteligência financeira necessária para ser uma garota de programa bem sucedida não se aplica apenas aos profissionais do ramo. Deixarei o moralismo e as questões existenciais de lado para focar no aspecto financeiro da coisa toda. A verdade é que a Fabi tem uma empresa e essa empresa fatura bem. Sexo é sexo, negócio é negócio A Fabi é uma prostituta de luxo, como ela mesma se define. Trabalha quatro dias por semana e, no começo do papo, disse que ganha cerca de R$ 16.000,00 por mês. Dois dias por semana atende no flat que divide com uma amiga, também profissional do sexo. Nos outros dois, atende nos quartos que ficam no andar superior da noturna que frequenta. Começamos destrinchando a vida profissional da Fabi em duas frentes principais: dias de trabalho no flat e dias de trabalho na casa noturna. (...)
Nos dias em que trabalha na casa noturna, geralmente faz 4 programas, cujo preço varia entre R$ 250 e R$ 350 (os mais caros envolvem sexo anal). Tirando uma média disso tudo, o faturamento diário fica em torno de R$ 1.200,00. Multiplicando isso por dois (já que são dois dias de trabalho na casa noturna, por semana), chegaremos em R$ 2.400. Considerando meses de quatro semanas, chegaremos em um total de R$ 9.600. Já nos dias em que trabalha em casa, faz 5 ou 6 programas e cobra de R$ 200 a R$ 300, ou seja, R$ 1650 por dia. Seguindo o mesmo raciocínio, dois dias por semana, quatro semanas no mês, chegaremos em um faturamento mensal de R$ 13.200. Com o faturamento das duas frentes entendido, é fácil chegarmos em um valor consolidado, basta somar. A Fabi consegue algo que é raro no universo dos autônomos: ela consegue manter a média de faturamento muitíssimo próxima do potencial máximo, ou seja, fatura em torno de R$ 22.800 praticamente todos os meses. (...) Com o total rabiscado no papel, tudo o que a Fabi conseguiu falar foi: “Meu Deus, eu não vivo como uma pessoa que ganha 23 mil por mês. Tenho certeza que eu não ganho isso!”. É uma reação comum. Passamos períodos longos sem ponderar se estamos direcionando nossos recursos para o que consideramos uma vida boa, prazerosa, significativa. Vivemos no piloto automático. Não refletimos se os boletos que estamos pagando fazem sentido, se é de fato para lá que gostaríamos de direcionar nosso dinheiro e, por consequência, nosso tempo e nossa energia. A questão é complexa por si, mas torna-se ainda mais capciosa quando entendemos que a resposta é extremamente particular. Afinal, para você, o que é importante? De onde vem a sua sensação de satisfação, de bem estar? (...) o dinheiro é ferramenta e que pode assumir muitos papéis. Se colocado no lugar certo, se administrado da maneira mais inteligente (…) ele é capaz transformar contextos, de potencializar habilidades, de tirar sonhos do papel. Se gerenciado com displicência, as possibilidades são muito mais limitadas. Com sorte, ele servirá para manter as contas em dia (e na maior parte dos casos nem isso ele será capaz de fazer). (...) O "salário" – vou me permitir uma generalização grosseira, que funciona neste cenário, mas não corresponde, necessariamente, à definição mais formal – pode ser entendido como o lucro, como o que sobra depois dos custos todos. Os custos da Fabi são altos e isso fica evidente quando analisamos as frentes separadamente. Exemplos: • Nos dias de bordel, onde o faturamento diário é de R$ 1.200,00, existe um custo bem significativo: a locação do quarto. Cerca de R$ 70 por hora. Além disso, costuma beber bastante. A comanda geralmente fecha em R$ 150. Para ir e voltar, tem o táxi, R$ 60 por noite. O faturamento de R$ 1.200 resulta em R$ 650 líquidos, margem de lucro de 53%. A margem, aliás, é outro conceito importante que abordamos na aula. • Nos dias de trabalho em casa, com faturamento de R$ 1.650, o custo é bem baixo. “Bebidas baratas e muito serviço de lavanderia, coisa de R$ 100 por dia”. R$ 1.550 líquidos, margem de lucro de *%. Brincamos mais um pouco com os números, detalhando os custos, pedacinhos por pedacinho, e chegamos ao valor total líquido: R$ 15.000. Continua sendo um belo valor. "Fabi, são R$ 15.000 por mês, líquidos...". Mas todo mês falta. O caso da Fabi vai se mostrar bem caricato, mas todos nós padecemos de um mal bem comum por vivermos em uma sociedade forjada em consumo e status: nós pagamos para trabalhar. Quanto você gasta para continuar trabalhando? Gastamos bastante dinheiro para sustentar nossa identidade profissional. Cada profissão demanda uma certa postura – e algumas delas são bem caras de se manter. Acabamos por criar uma persona que se adapta ao ambiente profissional que frequentamos. (...) As frentes de negócio A grana não é o único recurso escasso que temos que manejar. Tempo e energia são recursos preciosos e limitados também. É importante analisar com frieza cada atividade desempenhada pela empresa. Se ela não apresenta lucro, nem traz satisfação, nem qualquer outro benefício colateral, é provável que mais atrapalhe que ajude. Fabi e eu caímos nesse embate. As margens de lucro dos dias trabalhados em casa e dos dias trabalhados na zona são muito diferentes. Além disso, ela disse que quando vai para a zona acaba chegando em casa exausta por conta da quantidade de drinks e cigarros consumidos durante à noite. “No dia seguinte estou imprestável”. Surgiu a ideia de trocar a agenda: 3 dias em casa, 1 dia na zona. (...) Nossa percepção de valor a respeito de produtos e serviços é muito frágil e burlável. Fabi tem clientes que transam com garotas de programa toda semana. “Eles vão experimentando e postando no GPGuia”. Um dos fatores que consideramos na hora de avaliar qualidade é o preço. Não somos capazes de opinar de maneira imparcial e não enviesada. Produtos mais caros fatalmente recebem olhares mais carinhosos. Vale se debruçar sobre o clichê: no caso de dobrar seu preço, vai perder metade dos seus clientes? Se a resposta for não, provavelmente faz sentido dobrar. “A vida das meninas que trabalham para clientes endinheirados é mais fácil”, ela concluiu. “São mais presentes, mais viagens, menos encheção de saco para cobrar”. No caso da Fabi, dobrar era inviável, especialmente por conta do local onde morava, mas um aumento de 30% no preço caiu bem. É questão de posicionamento.
O retorno dos investimentos Com o aumento do preço surgiu o medo da agenda ficar vazia. O site que a Fabi utilizava para divulgar suas fotos era bem amador, mas o site novo sempre ficava para depois porque ela achava que R$ 3.500,00, valor cobrado pelo responsável, era absurdo. O valor é significativo (mais de 15% do faturamento da empresa), mas pode facilmente ser considerado um belíssimo investimento. Poucos clientes a mais já fariam o esforço valer a pena. “É menos do que o que você gasta com academia e drenagem em 3 meses, Fabi. E é pra vida toda”, argumentei. Esse, sim, seria um investimento mais palpável. Marketing é sempre uma questão muito delicada, especialmente para os prestadores de serviço. No fim, a Fabi estava cogitando pagar alguém para acompanhar os fóruns e redes sociais e avisá-la a respeito do que estava sendo dito por lá. Muito do capital gasto em roupa, academia e salão de beleza estava lá mais por vaidade do que por zelo com o trabalho. No caso da Fabi, o lance todo acontece ao redor da questão estética, mas é bem comum cometermos o mesmo deslize tendo como foco outro capricho. (...) Muda o personagem, seguem os dramas Passamos por vários pontos relevantes, presentes na vida da maioria dos autônomos: gerenciamento de custos, análise do faturamento, precificação, investimentos de curto, médio e longo prazo, equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Se você toca seu próprio negócio, é bem provável que já tenha se deparado com questões parecidas com essas. Quais paralelos você é capaz de traçar, entre a vida financeira da Fabi e a sua? Quais mudanças aplicadas no negócio dela você poderia, de alguma forma, aplicar ao seu negócio também? (…) Seu dinheiro, seu tempo e sua energia estão sendo direcionados da melhor forma?
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14 Set 2025 |
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joseph36
Registado: 24 Mar 2022 Mensagens: 506 Localização: Porto e arrabaldes...
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 Re: Vida financeira da prostituta- uma análise de um economista
Confrades Uma análise interessante e de onde podemos todos tirar ensinamentos, se lermos as entrelinhas! A gestão financeira é importante e todos devemos parar e pensar para onde está a ir o nosso dinheiro e se essas são de facto as coisas que queremos e porque as queremos. Para tudo o que fazemos com o nosso dinheiro, tempo e energia existem trade offs. Já nem vou falar dos riscos!... O que importa é sabermos se os mesmos valem a pena! A vida de putanheiro exige uma cuidada reflexão de cada um de nós sobre isto... Bem Hajam!...
_________________ A coleccionar memórias e acumular sorrisos!*
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14 Set 2025 |
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SpaceGhost
Registado: 05 Jan 2011 Mensagens: 714
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 Re: Vida financeira da prostituta- uma análise de um economista
Partilha interessante 
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Ontem, |
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sersan
Registado: 09 Abr 2015 Mensagens: 658
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 Re: Vida financeira da prostituta- uma análise de um economista
Interessante. Esta https://lunatopsecret.com/ em tempos confessou que conseguiu comprar o seu segundo apartamento. 
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trim trim para elas
Registado: 16 Fev 2013 Mensagens: 549
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 Re: Vida financeira da prostituta- uma análise de um economista
Por um lado, ganham imenso (imenso....) Por outro lado, a grande maioria, atende todos os dias, e despacha para o seguinte, como estivesse desesperada por mais €...mesmo descuidando que aquele cliente podia ser regular, e...com pastel.
Estão tão cegas...que preferem a quantidade vs qualidade (e fixar).
No final..acabam por acordar tarde, no que diz respeito ao pé de meia.
Eu teria outro comportamento , mas não escolhi esta profissão.
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