Falta meia hora para o almoço. Hoje a ementa é dividida com um ministro e um outro avental da área da justiça, amigos de longa data nos dois casos. A secretária já veio avisar-me três vezes que tenho o carro à espera, e eu aqui, ainda «a rever o dossier».
Estou completamente desfeito por causa do dia de ontem, que começou bastante antes, ainda na segunda feira. Tenho uma dor de rins do caraças, arranjada à conta de pensar que ainda sou um rapaz pequeno. As dores abdominais impedem-me de rir, ou teria tido o atrevimento de rir-me de um post que li aqui.A minha mulher está desconfiada deste sorriso estúpido que tenho no rosto. Chamou-lhe «Sorriso Brilhante». A minha amante foi mais longe e arriscou: «tu estás misterioso... onde estás?», e até uma das telefonistas, ao entrar logo pela manhã, resolveu meter-se comigo com um «O senhor doutor hoje vem muito sorridente!». Admito: já fui ao espelho por duas vezes para comprovar a acusação. Sou homem, sabem como é. Nada no princípio e a traição no fim. De mãos assentes do lavatório de mármore, enquanto a torneira de estilo antigo ia deixando cantar a água para fazer barulho, lá se escapou o tal sorriso malandrinho de que me acusavam, que não veio com ovas fritas e tinto alentejano mas era evidentemente estranho.
Tudo isto porque sou o forista acidental. Já devia estar avisado para os perigos das mulheres inteligentes de corpos a atirar para o balzaquiano. Como sabem estive ausente deste forum durante meses e nem vou relembrar porquê. O que lá vai... não vem. Ao chegar encontrei uma mp. Respondi como sempre, com saudações amigas e um «já telefono pelas tantas». Sendo um cavalheiro, mestrado nas artes do melhor avental goleano, resolvi ligar à hora. Não ocultei número nem identidade, até porque o rosto actualmente muito público não me permite essas imbecilidades. E ali fiquei, preso ao primeiro telefonema, a conversar 3 horas...
Os telefonemas foram-se somando e as horas passando. A coisa estava a ficar pesada para o meu lado, porque quanto mais a ouvia maior era o piadão que lhe achava. Ao fim de um tempo, depois de um jantar de quase 12 horas a bater num bife especialmente molharengo com batatinhas de morrer, lá veio a entrada em estágio. Na segunda-feira pendurei as chuteiras profissionais, disse um «vou ao Porto» à minha mulher e fui... para um hotel em Lisboa. Mas não consegui evitar o aparato que me é costumeiro na vida. Ela, pouco à vontade com coisas daquelas, sentada num sofá do hotel, já hiperventilava.
Depois de um encontro que durou dois dias e até deu direito a colinho para dormir, lá fomos jantar a um restaurante cheio de tradições, com direito a entrada de rompante de um dos homens fortes do SIS, que decidiu vir-me cumprimentar de forma entusiasmada a meio do repasto - um bacalhau no forno com saladinha, que até ao próprio Demo tentaria.Este não é obviamente um TD. É um relato normal de uma aventura pouco habitual para os posts deste forum. E se pensam que estou a referir-me à Butterfly, de quem sou amigo e cliente há mais de um ano, com regularidade preocupante, não estou. Desta vez resolvi relatar o que me aconteceu com a Shagwell.
A partir de hoje ficou ainda mais claro para mim que nem tudo são rosas quando se fala de acompanhantes... mas nem tudo são espinhos. A Shagwell é só mais um exemplo vivo das mulheres tão especiais que vivem entre nós.
DC
Ambos os dois , uma comedia divina 
. Em comum têm a presença da Miss Shagwell , que revela uma polivalencia que me apraz registar, capaz de se adaptar aos mais variados ambientes...ora um lanchinho de sumo e salgado , ora a entrada de rompante de um dos homens fortes do SIS 
, entre duas garfadas de bacalhau. 
e já somos 6.