Data/Hora: 29 Jun 2025

 
 


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 Uma "Noite" entre tantas outras... 
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Mensagem Uma "Noite" entre tantas outras...
Manuel não estava de serviço. Na realidade, a redacção estava meio vazia. Conceição gostaria que houvesse ali alguém com quem pudesse conversar. Ouvia as grandes impressoras a matraquear lá em cima, sentia a vibração em todo o edifício. Então lembrou-se que nem sequer tinha ceado, embora não sentisse a menor vontade de comer. Paulo mandou-a para casa hora e meia antes de terminar o turno, dizendo-lhe que havia muito pouco serviço e que ela não parecia estar muito bem.
Conceição ficou satisfeita por se poder ir embora.
Meteu-se no carro, não tinha a certeza se iria dormir com João, ou se ele apenas passaria lá por casa dizendo que não podia ficar lá essa noite.
O carro trepou na escuridão embrenhando-se nas ruas estreitas.
Ao chegar, surpresa, foi encontrar João já deitado. Sem pensar, distraidamente, acendeu a luz e acordou-o. Depois pediu desculpa, mas sentou-se pesadamente na beira da cama, perto dele, ainda com o casaco vestido e a mala a tira-colo.
- Oh! João – desabafou -, que noite eu tive! Nem podes calcular.
- Que te aconteceu?
- Tudo. Tudo o que podia acontecer. Acho que vou dar em doida!
- Não vais nada.
- Bom ainda bem que o dizes.
Começou a despir-se, começando com a mala e o casaco, e, enquanto ia deixando cair para o chão cada peça de roupa, ia-lhe contando, em tom emocionado, os vários incidentes da noite.
- Tudo há-de passar – disse João. – Vais ver que de manhã tudo parece menos negro.
Conceição sentiu que a proximidade do seu corpo o excitara. As calças do pijama dele pareciam ter desaparecido. Conservou-se muito junta a ele.
A conversa tornou-se mais quente e ofegante.
Ela recebeu lhe a carne, lentamente, com breves movimentos das ancas, como se respirasse com as costas.
- João, nunca me abandones...
Abraçou-o mais, querendo misturar se a ele, e a proximidade de ambos tornou-se mais completa. João fez com que aquilo se passasse muito lentamente, como se estivesse a saborear. Ela respondia com espasmos ansiosos, mas ele continuava calmamente. Os lábios dele molhavam-lhe a pele, as mãos contornavam-lhe os seios, depois rebolou-se, arrastando-a consigo, recomeçando os movimentos. Finalmente, como numa apoteose, deixou-se arrastar pelo frenesim dela.
- Foi muito bom - suspirou ela depois. - Obrigada!
Ela manteve-se agarrada ao que restava daquele abraço, até que ele se afastou para dormir. Sabia que ele estava cansado, ficou quieta um bocado, no escuro.
- João... murmurou ela.
Ele não respondeu.
Ela rebolou-se e apertou-se contra ele.
- Oh! João! Quando não me agarras, sinto-me tão só!
- Estás é cheia de nervos.
- Reunamo-nos.
- Mas já nos reunimos!
- Outra vez. Quero ser só uma contigo. Estou com tanto medo que não posso ficar só eu.
- Estou cansado - protestou ele. - Sabes quantas horas dormi a noite passada? Precisamente zero.
- Eu sei, João, mas estou com os nervos em franja. Tu nem sabes a noite que eu tive! Segura-me.
- Mas eu não consigo dormir agarrado a ti!
- Então faz isso só mais uma vez, que depois já eu posso dormir e deixar-te dormir.
- Não.
- Por favor!
- Cala-te, anda! Acordaste-me logo que chegaste e agora preciso dormir. - Afastou se dela.
- Oh, João! Eu nunca te digo que não.
João não respondeu.
- Se tu fosses uma rapariga, e eu fosse um rapaz, eu não te recusava!
- Obrigado.
- És uma fraude - disse ela -, és o único homem nesta cama, devias considerar isso um dever cívico!
Ela estendeu a mão e começou a acariciá-lo e a provocá-lo.
- Deixa-te disso!
- Não. Hei-de-te fazer cócegas até quereres.
Ele retirou-lhe a mão devagarinho, mas ela voltou a agarrá-lo e a provocá-lo.
- Deixa-me em paz! - pediu ele.
- Posso brincar com isso, se quiser, porque tudo o que temos é em comum. Vá, vamos.
- És indecente.
- Ergue-te e caminha. Cá está, vês!? Já começas a estar interessado. - Conceição mudou de posição. - Sejamos obscenos, João.
- Vês, estás a gostar?
Ele virou-se para ela, com a respiração ofegante, e ela ajeitou-se melhor, puxando-lhe os ombros e as costas, querendo juntar-se ainda mais a ele.
- Ah! Não estás mais contente, agora? - murmurou ela. - Eu bem te disse que havias de ficar contente.
Conceição sentia a pressão do peso dele. A tensão prolongou-se, com pequenas sacudidelas dos dois corpos. As mãos dela sentiram o retesamento da coluna vertebral, premiram as omoplatas que se moviam sob a pele.
Vamos fazer isto durar muito tempo - pediu ela -, e nunca acabar.
Ele beijou lhe o pescoço e descansou o rosto na almofada, com a face contra a dela.
- Podemos ficar assim toda a noite? - perguntou ela.
- Duvido.
- Vamos!
- Impossível!
Ela deixou que os pés flutuassem no ar, na escuridão.
- João...
- Que é?
- Tu amas-me?
- Amo.
Conceição apontou o bico do pé, como uma bailarina, para um canto do tecto, mas mal podia ver, apenas uma sombra na negrura ambiente. A cidade estava silenciosa e ela ouviu um relógio distante bater uma badalada; Conceição pensou se seriam duas e meia.
Foram brincando lentamente como se quisessem reduzir o sentido de contacto às suas delicadezas mais subtis. Mesmo assim, ele provocou-lhe uma excitação febril, até que aquela infindável tantalização se tornou intolerável.
Ela apertava-o dentro de si e ele parecia inchar; mesmo quando ambos ficavam completamente quietos, era como se estivessem suspensos numa corda bamba.
Mais uma vez ele se deteve, controlando-se, durante as convulsões dela.
- João, João! És maravilhoso!
João não respondeu.
- João…
Esperou e depois voltou a repetir o nome dele, baixinho.
- Que é? - perguntou ele com voz ensonada.
- Achas que eu sou ninfomaníaca?
- Não.
Conceição ficou calada até que a respiração dele se tornou outra vez compassada.
- Sabes o que é que vai acontecer amanhã?
Conceição ficou à espera que ele respondesse, mas ele não respondeu.
Ela rebolou para o outro lado da cama, de forma que ficaram costas com costas, com vários centímetros a separá los. Fechou os olhos e durante alguns minutos tentou realmente adormecer. Ouviu o ruído dos carros que passavam na rua.
Depois voltou a pensar nos acontecimentos dessa noite.
- João - chamou ela.
Ele teve um grunhido de sobressalto e começou a virar se para ela.
- Oh! João! Palavra! Já alguma vez te sentiste tão só à noite que te desse vontade de gritar?!
- Estava quase a dormir - disse ele. - E tu acordas me para me perguntar isso?! - Voltou a rebolar para o outro lado.
Conceição encostou a face ao lençol, estendeu-se toda nua sobre o tecido macio, com as mãos bem abertas.
Depois descontraiu os músculos do rosto.
Ele estendeu-lhe um braço, ela encostou a cabeça ao ombro e ficou a chorar baixinho contra o peito de João. ´
João adormeceu; mas Conceição ficou acordada muito tempo e, mesmo depois de adormecer, acordava com que frequência, ansiosa. Quando chegou a hora de João se levantar, já ela estava a pé, embora o próprio gato ainda estivesse a dormir, todo enroscado no seu canto, junto aos armários por baixo do balcão; mas Conceição começou a preparar o pequeno almoço.
Doíam-lhe os olhos, sentia-se exausta. Teve um ataque de espirros.
Finalmente, depois de João tomar um duche, barbear-se e vestir-se à pressa, teve de engolir o pequeno almoço de qualquer maneira e sair a correr.
Conceição voltou para a cama, dormiu, à luz do Sol, várias horas, até que o gato a acordou, já da parte de tarde, ao saltar-lhe para o pescoço.

Joma

30 Dez 2007

 
 
Administrador
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Registado: 15 Nov 2006
Mensagens: 11757
Mensagem Re: Uma "Noite" entre tantas outras...
Ora ai esta mais uma aventura do nosso confrade Joma no seu melhor estilo :D :D :D
Será que ele estaria por aqui nesta historia encarnando o Manuel de folga :roll: :roll: :roll:
Ou o Paulo preocupado com o aspecto da Conceição... ou será o João [bigsmile] [bigsmile] [bigsmile]
Enfim talvez mesmo isso não importe para o caso, mas sim a historia de um personagem :| :| :|
Que dentro da sua rotina, tenta suavemente nunca defraudar as expectativas das companhias de ocasião :wink: :wink: :wink:
Parabens pelo excelente escrito =D> =D> =D>

Radar 8) 8) 8)

_________________
...ايام ليأخذ كل شيء

31 Dez 2007
Mensagem Re: Uma "Noite" entre tantas outras...
o JOMA !!
uma historia tua só podia ser
a noite,
toma lá um abraço.

31 Dez 2007
Diamante
Avatar do Utilizador

Registado: 07 Dez 2006
Mensagens: 2906
Mensagem Re: Uma "Noite" entre tantas outras...
Gostei de ler!
Revi-me no João... há anos atrás, eu fui o João :mrgreen: da Conceição. Mas não acabou bem...

Um abraço e venham mais em 2008 :mozilla_cool: :mozilla_cool: :mozilla_cool:

_________________
So many girls, so little time...

31 Dez 2007
Acompanhante

Registado: 03 Nov 2007
Mensagens: 1283
Localização: Vallis Longus
Mensagem Re: Uma "Noite" entre tantas outras...
Xi ho jominha...isso já parece aquelas histórias da Sabrina e Bianca por aí fora...devias te dedicar a um livrito nah????Parabéns e bjinhos pa ti :smt058

04 Jan 2008
Acompanhante

Registado: 21 Jan 2008
Mensagens: 841
Mensagem Re: Uma "Noite" entre tantas outras...
De qq das formas, aqui estou eu :D .
Eu sei q nós mulheres somos 1 bocado complicadas mas as "Conceições" só querem 1 abraço e dormir enroscadas.
Quanto aos "Joões", mt práticos, querem é dormir 100 distúrbios.

Adorei Joma, será q há +??
Kisses Kisses Kisses Kisses

13 Abr 2008
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