Aqui há umas noites, Príapo falou mais alto do que as prudências devidas à crise e os votos de semi-abstinência, e meti-me no carro e fui dar uma voltinha pelos velhos pontos de rua. Eram já umas boas 3 da matina e não esperava encontrar senão as habituais veteranas e cacos
junkie, mas vou eu a subir a última rua antes do Hotel Ritz, à Artilharia 1 (nunca me lembra do nome do raio da artéria), quando vejo ao meu lado direito, escondidinha nas sombras, onde costuma estar uma brasileira gira que só faz escritório no carro, uma pita loira com ar chunguinha, muito de bairro, mas cara suficientemente laroca (apesar dos dois
piercings) e corpinho apalpável, para lhe tirar nabos da púcara. Faço-lhe sinal, estaciono o carro no separador central (em Agosto é só escolher o lugar) para maior conforto, baixo o vidro, e eis o diálogo que se seguiu:
Ela - Tudo bem, meu?
Eu- Boa noite. Sim, tudo. Como é? O que fazes e quanto levas?
Ela- Meu, é assim, sou nova aqui... mesmo nova, comecei hoje... Tipo, é 10 euros um trabalho "ca" mão no carro, 20 para chupar... E já te aviso que vai o meu primo num carro e fica ao pé de nós por causa de não me fazerem mal...
Eu-O Teu primo, num carro ao pé? Estás a brincar?
Ela- Iá... é pra não me fazerem mal... tás a ver?
Eu- Mas é mesmo o teu primo ou é o teu chulo?
Ela- Iá, é o meu primo, pá!... Combinámos eu dar-lhe metade do que ganhar... O puto é ajudante de pedreiro e ganha pouco... tás a ver? Não é chulo...
Eu- Rico primo... metade do que ganhares...
Ela- Iá... tásse.
Eu- Mas ouve lá, que idade tens? És maior?
Ela- Fogo, meu! Sou maior, claro... Menores são umas "candam" praí no outro lado... (referindo-se a uma mulatinha, uma pretinha e uma loira que costumam estar no outro lado da rua).
Eu - Mas que idade tens?
Ela - Tenho 19... fogo, desconfiado...
Eu- Tens algum documento?
Ela- Meu... fogo... dasse!... (puxa do Cartão de Cidadão e eu comprovo: 19 anos, confere a foto, até lhe vejo o nome).
Eu- Ok, confere, obrigado.
Ela- E como é, vamos curtir, chefe?
Eu- Quanto é na pensão? Para tudo, quero dizer?
Ela- Anal não faço... É 40 euros, faço um bocadinho à mão, chupo um bocadinho e metes um bocadinho e tiras logo porque sou apertadinha e me dói muito...
Eu- Ou seja, é um bocadinho de tudo que não dá em nada!
Ela- É assim... já te disse que me tou a estrear nisto hoje...
Eu- Ouve lá e se formos para a pensão, o teu primo também vai para o quarto connosco e fica a ver?
Ela- Não pá, fica "cá baixo" no carro... fogo, isso era cá uma cena (ri-se)...
Eu- (já sem vontade de fazer nada e a ficar bastante divertido) Miúda, eu acho é que devias mudar de ramo já amanhã porque assim não te safas. Não tens vocação para isto. E o teu primo voltar para as obras e deixar-se de
part-times de segurança...
Ela- Meu, é assim... se queres queres se não queres não queres... tásse... fogooo...
Eu- Olha, obrigado mas não quero mesmo, boa noite.
Ela- Tás a ver... não me dás 5 euros?
Eu - Queres 5 euros? Mas para quê?
Ela- É para ajudar de ir prá "night"... uma ajudinha... bato-te uma um bocadinho aqui no carro mas com camisa que me mete nojo o leite na mão... vá lá, só 5 euros... fogo...
Eu - Livra que contigo é tudo só um bocadinho...
Ela - Meu... chefe... fogo. Tá muita crise... então dá-me 2 euros... uma moedinha prá ajudar à "night". Da próxima que vieres cá e se cá tiver mamo-te bem fixe... 'bora? 2 euros?...
Aqui chegados, desejei de novo boa noite à pita chunguinha, mandei cumprimentos ao primo/chulo/trolha e fui-me embora. Já na Artilharia, dei de caras com uma mulatinha jovem e bem simpática que por ali batia passeio tardio, e que por 20 euros me fez um belo solo de pilofone na pensão, rematado com um facial que lhe pigmentou de branco a carinha de ébano. (E não foi só um bocadinho...).
