A rua anda uma selva. Hoje, depois de jantar com umas amigas, ia a caminho de casa e fui passar pela Artiharia por puro hábito, já que ainda estou a recuperar da aventura tarzânica com as duas Janes.
Vinha a subir a Rua Castilho e vi a minha amiga romena Denysa com uma miúda novinha ao lado, a fazer-me sinal com ar aflito. Dei a volta e parei à beira dela e de uma miúda loirinha com não mais de 18 anos, encharcada e a tremer de frio e medo. A Denysa explicou-me no seu português atrapalhado que andava por ali um carro com putos embriagados a meterem-se com as mulheres. Estes energúmenos valentões viram a miúda novinha, sozinha e sem jeito - primeira vez no ponto, mais uma história de aperto económico -, pararam à beira dela e além de a terem insultado alarvemente, regaram-na com cerveja e água. Ela fugiu rua abaixo para ao pé da outra e estavam ali abrigadas. A miúda nem dinheiro tinha para o táxi.
Meti-a e à Denysa no meu carro, desci até aos táxis do hotel, pus 60 euros - o que tinha na carteira - na mão da miúda, disse-lhe para não voltar ali (sei lá se volta ou não...) e pedi ao taxista para a levar a directa a casa. Estava consideravelmente fulo - coisa que me dá só aí uma ou duas vezes por ano -, puxei a romena de novo para o carro e fui à procura dos putos, mas já se tinham ido. Entretanto, andava um carro da polícia a chatear um indivíduo que foi apanhado com a boca de uma GP na botija dele dentro do carro, no parqueamento em espinha. Mas nada de ir atrás do carros dos canalhinhas e afins.
Levei a Denysa a tomar um café e ela contou-me as mais recentes histórias de terror da Artilharia. Um tipo dentro de "um carrão" a pedir-lhe sexo sem protecção e que engulisse a ejaculação dele, e a subir a parada até aos 600 euros - até que a moça desatou aos chutos na porta do carro e ele abalou -, dois pintas sinistros numa furgonete a perguntar quanto era o «fist fucking», e outros mimos que tais. Lá voltou depois a Denysa para o ponto dela, ao frio e à mercê dos anormais, cobardes, alarves e outros que por ali passam e atormentam as raparigas. A rua anda uma selva, e tenho cada vez menos vontade de frequentar a selva.
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