Nos meus primeiros momentos de vida sexual eu via a questão da ejaculação feminina com grande cepticismo. Não sabia que poderia realmente ter lugar.
No entanto, quando o "fazer sexo" evoluiu para um "fazer amor", em que a minha alma gémea e eu conhecíamo-nos intimamente muito melhor, já podíamos interagir de uma forma bem mais profunda e plena, atingindo patamares mais elevados e até místicos do êxtase...

Um belo dia, o fenómeno acabou por ter realmente lugar pela primeira vez. A precedê-lo houve todo um ecoar sísmico de prazer pelo seu corpo, como que em ondas de choque de puro êxtase... seguindo-se então esse momento eruptivo em todo o seu esplendor... A Natureza está realmente bem feita... Aquela donzela meiga e doce revelou-se igualmente um verdadeiro vulcão... e da sua brisa serena nasceu um furacão...

Uma vez activo o seu vulcanismo, e à medida que a nossa cumplicidade e conhecimento mútuo iam evoluindo, as erupções tornaram-se gradualmente mais frequentes, e mais intensas, e mais explosivas. De vulcanismo havaiano (fluido e suave) passou a stromboliano (mais consistente e intenso) e depois a vulcaniano (ainda mais intenso e apurado)...
O estágio seguinte em termos vulcanológicos seria o peleano, mas aí isso implicaria um cenário dantesco, estilo erupção de Krakatoa (no qual a ilha com o mesmo nome foi pelos ares em 1883). Nunca chegámos a esse estágio - talvez até nem haja no ser humano, pois seria dramaticamente destrutivo.
Após vários anos de felicidade com tão mágica mulher, ela viria a ser chamada para outro patamar da existência. Ironia das ironias, a especialidade clínica que estava a tirar foi precisamente aquela que por pouco não a salvou. Enfim, não falemos de coisas tristes.
A sua energia não se extinguiu de forma alguma. Hoje a sua alma, como o seu olhar, perdura nas estrelas no firmamento... sendo que ocasionalmente exprime o mais sublime dos orgasmos cósmicos através da explosão de uma supernova...

Da interacção com outras mulheres que eu viria a conhecer mais tarde, o fenómeno teve lugar em algumas ocasiões pontuais, que me absterei de especificar para não me estender demasiado.
Como funciona em rigor tão interessante fenómeno de um ponto de vista fisiológico? Bem... trata-se de um assunto ainda em aberto. Mas o facto de não se compreender bem não significa que não exista. Pode ser raro, mas a experiência empírica comprova-o.
Durante milénios o funcionamento do Sol era um mistério, mas ninguém duvidava da sua existência, do seu poder, do seu encanto... O Sol está ali para durar ainda mais uns bons anitos, compreendamo-lo ou não...

Enquanto não compreendemos um fenómeno, aprendamo-lo a sentir. E acreditem, o despoletar desse fenómeno depende de pessoa para pessoa. Não há uma receita padrão.
Deixo-vos então um simples conselho. Aprendam a conhecer muito bem a pessoa com quem estão. Conheçam-se mutuamente, íntima e profundamente. E aí poderão descobrir e trilhar, de mãos dadas, o vosso próprio caminho...

Bem hajam!
