Ir a Florença e não dar um salto a Siena é imperdoável. São cerca de 60 agradáveis quilómetros por uma via rápida que se embrenha por campos de vinha do Chianti, hoje por hoje um dos mais afamados vinhos do mundo. Quando dou por mim, já avisto as muralhas que circundam o centro histórico desta cidade que, em tempos, disputou a primazia com Florença – é tanta a rivalidade que ainda agora não se podem ver uns aos outros.
Depois de ultrapassada a cintura de muralhas, há que estacionar. O resto é para fazer a pé. É então que me apercebo da organização (ou desorganização?) urbana_ é um emaranhado de ruas e ruelas tortuosas, tipicamente medievais, mas que curiosamente parecem fazer um círculo confluindo para o mesmo local. Perco-me aqui e ali, chego ao fim de ruas sem saída e volto para trás, até, por fim, dar com o centro. E que centro! Sinto-me um pouco esmagado com o peso do passado e pareço ter recuado – não fosse a quantidade de turistas – bons séculos atrás. A inclinada Piazza del Campo delimita a parte baixa da cidade e é engalanada por edifícios intemporais, fachadas medievais lado a lado com fachadas renascentistas. O Duomo e a torre sineira marmoreados de branco e nego ajudam a compor o cenário. Começa a anoitecer e vejo os candeeiros a acenderem uma luz coada, conferindo uma atmosfera ainda mais medieval ao local onde me encontro. É Verão, está calor, e o letreiro de uma geladaria chama-me a atenção e, quando entro, a dificuldade prende-se com o que pedir... eram mais de duzentos sabores diferentes! Sinceramente, não me lembro o que pedi, apenas sei que eram três bolas dentro de um copo. Saí, voltei à praça e sentei-me no chão numa das partes mais inclinadas e onde as lajes ainda emanavam calor. Olhei em redor e os meus olhos não se cansavam de olhar, absorvendo cada detalhe, cada particularidade... e um cartaz: “Domani, 16/08, Palio”. Nem queria acreditar! O Palio, que ocorre duas vezes por ano, é o maior evento festivo de Siena, uma verdadeira paixão, algo que todos os sieneses de gema pensam em qualquer altura do ano. O Palio, afinal, trata-se de uma corrida de cavalos em redor da praça onde me encontro, e onde cavalos e jockeys representam os bairros históricos da cidade. Mas não se trata de uma simples corrida de cavalos nem um entretenimento: é algo sério, muito sério, ao ponto de conseguir despoletar uma guerra. E algo que, sinceramente, não quereria perder por nada deste mundo. Jantei depressa e fui deitar-me, pois amanhã queria acordar bem cedo para arranjar um bom lugar.
Acordei estremunhado pelo despertador, eram 7 da manhã. Tudo controlado: duche, vestir, tomar o pequeno-almoço e em meia hora chegar à Piazza del Campo, tempo suficiente pois a corrida só se inciava às 18h. Despachado, lá me pus a caminho, mas quando cheguei fiquei estupefacto: as bancadas improvisadas estavam repletas de gente! Corri-as na medida do possível, fui empurrado, atropelei gente, pisei uns quantos pés, ouvi impropérios, tentei entalar-me entre dois fanáticos, tudo em vão. E mesmo que conseguisse um lugar, debaixo daquele sol tórrido, não poderia sair dele durante as horas que faltavam, pois logo alguém o apanharia. É que para assistir aso Palio não há bilhetes nem lugares marcados. Desisti. Inconformado por um lado, aliviado por outro. Afinal, tudo se resume a três voltas à praça, num espectáculo que não dura mais de três minutos...

Não muito distante, encontra-se outra das mais turísticas atrações italianas – Pisa. A cidade, como é sabido, ficou celebrizada pela inclinação da sua torre, que se deve ao facto de ter sido erguida sobre um terreno arenoso e instável, de¬vido ao lodo provocado pelo estuário do rio Arno. No relvado que a circunda, acantonam-se centenas e centenas de turistas que se entretêm a tirar milhentas fotos fingindo que estão a amparar a torre ou a empurrá-la. Não pretendia ficar ali por muito mais tempo, porque a última cidade que tinha incluída nesta viagem ainda ficava longe. Quando regresso ao carro, porém, algo me faz deter. Nos limites do relvado, uma etremenda discussão entre um polícia e uma jovem turista- O conflito devia-se ao facto de o homem fardado estar a dizer à turista que não podia estar ali assim como estava, de biquini. A troca de argumentos subiu de tom, mas, contrariada, a rapariga lá teve de vestir uma t-shirt e uns calções. Quando me preparava para seguir o meu caminho, ouvia-a dizer em tom alto “mas que grande filho da put*!”. Não consegui conter o riso. Era portuguesa!

Por fim, a cidade que me ficara na memória quando, um ou dois anos antes, tinha ido ao cinema para assistir a “La vita è bella” (A vida é Bela), filme dirigido e protagonizado por Roberto Benigni, e com as participações de Nicoletta Braschi e Giorgio Cantarini. A película correu mundo, fez rir e emocionar milhões de espectadores e a frase – “Buon giorno, principessa!” – andou nas bocas de miúdos e graúdos. Pois bem, o cenário onde decorreram as filmagens foram aqui, em Arezzo.
Foi com muito gosto que percorri as ruas e pracetas da urbe, recordando passo a passo algumas cenas do filme, até chegar à Piazza Grande, uma praça inclinada cor-de-tijolo. Escolho uma esplanada para petiscar alguma coisa debaixo da arcada de Vasari e com vista para a praça. O sol começa a cair no horizonte, em redor tudo parece ainda mais cor-de-laranja e sopra um ligeiro vento morno. Em Arezzo, senti que “la vita è bella”!

Mas ainda há mais para ver na sublime Toscânia…

Priceless, plutão.

Presumo que foste lá o ano passado.

Também estive para ir lá o ano passado. Queria fazer um Florença -Génova. Mas não havia voo direto para nenhuma das 2 e como a minha mulher leva sempre a casa atrás, é dificil gerir a vida com escalas em roma. Acabei por ir para Londres

Mas definitivamente que quero ir lá!

obg pela partilha.

Confrade, não, por acaso não foi o ano passado, foi há mais tempo.

Florença-Génova é um belo trajecto, sobretudo o troço de Cinque Terre. Já Génova... é um pouco ao estilo Fernando Pessoa: primeiro estranha-se, depois entranha-se.

Vai lá vai! Fizeste uma descrição como se tivesses lá estado ontem

Tinha previsto o golfo de génova. Uns dias a salivar arquitetura renascentista em florença e pisa, mais uns quantos a explorar a cinque terre, e a acabar na pequena mas mais antiga cidade da europa, com as suas ruelas medievais.

No meio disto tudo, ouvir as italianas a falar... !!

Nem quero falar mais nisto.

Se não fosse o gaspar, ia lá este ano.
Assim fico-me por tavira e o arroz de lingueirão.
Não é mau. Mas...

Isto é mais uma daquelas generalizações parvas que um gajo às vezes faz mas... as italianas bonitas são as mulheres mais bonitas do mundo! ... e das poucas que conheci biblicamente, verdadeiramente memoráveis

(claro que depois lembramo-nos que há as persas, as indianas, as chinesas... )

Confrade Plutão

Se me permite o contributo

Siena





Volterra





Pisa



San Gimignano

Chianti (vinhedos)

kwacha, é isso mesmo!

Mas ainda voltarei a relatar algo mais sobre a Toscânia, em jeito de conclusão, após ter explorado alguns recantos e lugarejos bem interessantes...

Cidade de Florença, Itália - a cidade da região italiana da Toscana, sobre o rio Arno. População actual de mais de 350 mil pessoas. Florença - uma cidade-museu, um dos mais famosos e antigos centros culturais da Europa, muitas vezes chamado de berço do Renascimento italiano ou a "Atenas da Itália." Em 59 AC no local da actual aldeia de Florença foi fundada veteranos romanos, nomeados Florentia (traduzido do latim "florescer").

Estive por lá há coisa de 8 anos e adorei, além de Pisa, Florença e Siena, também gostei muito de Lucca...