Há 3 problemas completamente diferentes, no que diz respeito ao comportamento dos adeptos, e a malta quer fazer parecer que são o mesmo problema, quando não são. Nem pouco mais ou menos.
Um é o problema das claques, por si só.
O que fazem as claques em conjunto, o tipo de pessoas que fazem parte das claques, e o que fazem as pessoas das claques individualmente e que talvez não fizessem se não fossem membros das claques.
Se as claques só fizessem umas coreografias, entoassem cânticos de incentivo, e abanassem umas bandeirinhas, não haveria problema nenhum com as claques. Seriam grupos de animação. Umas simples cheerleaders nas bancadas.
Mas não são. Há sítios onde as claques são piores que cá, e há sítios onde são melhores. E há muitos desportos que não têm o tipo de claques que existem em muitos clubes de futebol.
Esse é o primeiro problema. Basicamente, é o comportamento das claques. E dos membros das claques.
O segundo problema, é o uso que os clubes dão às suas claques.
A instrumentalização das claques.
Há clubes que gostam que sejam feitos alguns serviços. Serviços que não podem ir pedir a uma empresa. Por isso arranjam pessoas que lhes façam os serviços. Quando os serviços são mais apropriados para um grupo do que para uma pessoa, às vezes os clubes pedem o serviço às suas claques. Por diversas razões. Porque estão ali mesmo á mão de semear, porque já sabem que pelo menos algumas das pessoas das claques não se importam nada de fazer esse tipo de serviço, porque essas pessoas têm uma motivação extra para fazer o serviço, e porque o pagamento do serviço pode ser feito de múltiplas formas, sendo que algumas dessas formas não deixam qualquer tipo de rasto ou prova. Isto depois cria laços e relações entre clube e claque, em que existe diversos jogos de interesses. Dá jeito para os clubes que as suas claques sejam protegidas, por forma a poderem realizar os serviços com mais eficiência, e assim os clubes pedem a terceiros que seja dada alguma protecção às suas claques. Protecção essa que as claques nunca conseguiriam obter sem a ajuda do clube. É o típico "fechar os olhos" a isto ou aquilo. Assim, as claques e os seus membros passam a beneficiar duma impunidade anormal. Impunidade essa que depois os membros das claques usam também para benefício próprio e pessoal, fazendo outras coisas que já não são para benefício do clube.
E este é o 2º problema das claques.
Algumas claques são também um instrumento de alguns clube. E por vezes para realizar coisas inapropriadas, ou mesmo ilegais.
E esta instrumentalização e consequente relação que depois traz alguns problemas adicionais. Que passa sobretudo pelo facto das claques e seus membros ganharem poder. Poder esse que depois pode ser usado de outras formas. Prejudicando assim também outras pessoas e outros sectores da sociedade, mesmo que estes não estejam minimamente relacionados com o futebol.
Estes dois problemas podem coexistir ou não.
E podem coexistir de diversas formas. Em algumas claques os dois problemas podem ser grandes, noutras os dois problemas podem ser pequenos, e em muitas outras podem existir diversos graus de grandeza diferentes entre o problema do comportamento da claque e o problema da instrumentalização da claque por parte do clube.
O terceiro problema é comportamento individual de alguns adeptos. Adeptos que não fazem parte de claques.
O adepto que decide entrar em campo, o adepto que agride um jogador, o adepto que agride outro adepto. O adepto que mata e o adepto que esfola. O adepto que perdeu as estribeiras uma unica vez, e o adepto que é recorrente no seu comportamento inapropriado ou criminoso. Mas este terceiro problema é um problema que não está relacionado com as claques.
E há quem misture estes 3 problemas dentro do mesmo saco, e tentam fazer de conta que são um único problema.
E a malta que quer misturar estes 3 problemas, fazendo de conta que são todos o mesmo e um único, é quase sempre a malta adepta dos clubes que gostam de instrumentalizar as suas claques e o seu inapropriado comportamento em benefício do clube.
Por isso é quando uns falam do que esta ou aquela claque fizeram por forma a beneficiar este ou aquele clube, eles respondem "ah, mas aquela claque também fez isto e aquilo" ou "mas aquele adepto também fez isto e aquilo".
Isto é, há malta que gosta de misturar alhos com bugalhos, mas só quando lhes dá jeito.
Além disto tudo, há os que fazem isto e aquilo, e passam impunes. E há os que fazem isto e aquilo, mas são condenados.
E comparar uns e outros como se fossem exactamente a mesma coisa também é algo muito sui generis, e por vezes usual neste fórum.
Um adepto com mau comportamento, uma claque com mau comportamento, e um clube que usa em seu benefício o mau comportamento da sua claque, são todos eles indesejáveis, recrimináveis ou censuráveis. Mas são diferentes. Como a barata e a formiga, apesar de ambos serem insectos.
Há quem não goste de nenhum, há quem goste de todos, e há os que gostam de uns e não não gostam de outros.
E há os que gostam de uns mas não se importam com os outros, desde que estes beneficiem o seu clube.
São gostos.
