Pois é realmente isso que assusta um pouco, esse sector publico e o financeiro também esta preso por arames com dividas monstruosas...

E o imobiliario lá já não é o que era, revejo lá o filme daqui de Portugal nesse sector... prédios e prédios vendidos na totalidade mas... vazios... pertencentes a fundos que esperam que eles valorizem pra valorizarem as suas carteiras, algo esta mal muito mal por esse lado do mundo... e a gente aqui pensando que estão carregados de dinheiro...

Talvez seja o maior castelo de cartas a cair desde sempre... aquilo do Lehman Brothers me parece coisa de meninos a beira disto...

Caro Radar

vi com atenção a reportagem britânica
o tema é extenso e um pouco complexo

a minha experiência profissional recente (de 2005 a 2012) permitiu-me conhecer (ainda que pela rama) o mundo empresarial e a mentalidade chinesa
comprei equipamentos, vendi matérias-primas, subcontratei empreitadas, contratei crédito comercial e analisei e concedi crédito bancário com eles
em todos os casos acabei sempre por conhecer o cunho pessoal dos meus interlocutores (quadros médios e superiores do sector económico externo)

assim sendo, acabou por não constituir novidade o conteúdo da reportagem, ao invés da maioria das pessoas cuja percepção que tem da China e dos chineses, resulta somente do que lê e vê nos meios de comunicação portugueses, informação normalmente escassa, superficial e enviesada ...

no entanto, gostaria de destacar alguns pontos relevantes

em primeiro lugar, e o mais assustador, serão as sombras do desconhecimento das autoridades chinesas sobre parte da sua própria realidade financeira; se juntarmos a este facto a opacidade da informação para o exterior e a forma enviesada de funcionamento dos seus mecanismos de controlo interno, e se por outro lado pensarmos que parte das decisões presentes e futuras sobre estas questões podem ser mais influenciadas por primados de geopolítica e não de racionalidade económica, então podemos ter um valente sarilho pela frente;

a título de exemplo, em Portugal esse fenómeno também ganhou alguma dimensão (à nossa escala), através de dívidas ocultas (lembrem-se do caso recente da Madeira cerca de 2 mil milhões), ou no poder local através dos avales em cascata às empresas municipais, ou no sector empresarial do estado (vejam os swaps), ou na administração central através de contratos leoninos em passivos potenciais ou assunção de rentabilidades futuras (as famosas PPP nas obras públicas, na saúde e na energia), e por último no caso concreto dos regimes de pensões com contratações de responsabilidades financeiras futuras sem respaldo económico e demográfico (por sucessivas loucuras e insanidades eleitorais); por todas estas questões, para a troika foi e continua a ser crítico, uma definição mais ampla e concisa do perímetro de consolidação orçamental

em segundo lugar, a China tem uma dimensão continental; por isso quaisquer desvios bruscos na sua rota vão provocar ondas de choque de grandes dimensões; mais grave ainda é saber que a China tem um peso superior no comércio mundial do que no PIB mundial; e como o saldo desse peso comercial foi sempre superavitário, acumulou um peso excepcional nas poupanças e reservas globais; ninguém no mundo está em condições de substituir quaisquer desvios negativos por parte dos chineses; isto é se eles adoecerem, todos nós vamos ficar doentes também;

em terceiro lugar, e não menos relevante no médio e longo prazo, são as assimetrias e desigualdades locais, em todos os pontos de vista, num país com diversas minorias étnicas, religiosas e linguísticas, e que por força da abertura ao exterior e do nascimento de uma burguesia pouco catequisada com o socialismo e mais enamorada pelo capitalismo (leia-se dinheiro), os ventos de liberdade podem soprar de forma a que as reivindicações legítimas dos excluídos do desenvolvimento venham ainda mais baralhar o futuro político do país;

estes três pontos em síntese, são bastantes para ensombrarem as perspectivas aos mais optimistas ...

a esta nova equipa dirigente, eleita no último congresso (no final de 2013), tem estado preocupada em enviar sinais ao mundo exterior que tenciona corrigir a rota (de forma calma, consertada e em continuidade), teremos de aguardar por Outubro para perceber melhor quais as novidades que irão introduzir na política orçamental e monetária com impacto interno e contravalor externo ...

Também vi a reportagem Britânica com atenção, a mesma tem boa qualidade.
Basicamente concordo com o Kwacha.
A China não poderá manter os actuais níveis de crescimento e isso está bem explicado no livro ''Porque falham as Nações'' de Daron Acemoglu e James A. Robinson.
Quando a China atingir uma conjuntura critica vamos ver o que daí irá derivar pois irá fazer-se história.

no sentido de ajudar a compreender melhor as questões financeiras no plano internacional aconselho a lerem a informação disponível no site do BIS
muitos dos statements são relativamente acessíveis, e normalmente acompanhados por gráficos e estatísticas síntese bem elucidativos dos problemas

https://www.bis.org/publ/qtrpdf/r_qt1403b.htm

reparem na evolução de 2007 até 2013 ... surpreendente ... nem parece que passámos por uma crise de crédito à escala global

mais um sinal ...

China aprova criação de cinco novos bancos de propriedade privada
http://noticias.sapo.pt/internacional/artigo/china-aprova-criacao-de-cinco-novos-bancos-de-propriedade-privada_17436726.html

Maior banco italiano com prejuízos recorde
http://economico.sapo.pt/noticias/maior-banco-italiano-com-prejuizos-recorde_188854.html

http://economico.sapo.pt/noticias/segunda-maior-economia-reforca-sinais-de-abrandamento_189016.html

China a dar mais sinais de quebra....

Sobre este tópico sem tirar nem pôr, andam a roubar-nos e a usar os nossos descontos de 1 forma pouco correcta

O coelho não quer reestruturar a divida....já as reformas e os impostos é sempre a bater em todos(excepto rendas excessivas, bancos, grandes empresas e algumas PPPs).

Caros confrades,
reparem que reestruturar é uma palavra cara, que para muito boa gente significa não pagar, inclusive para o estado que reestrutura (não paga na integra) de forma unilateral salários e pensões ...
Reparei no imenso cinismo do Cavaco Silva (o palhaço cínico), a dizer que se quem nos empresta diz que conseguimos pagar, vamos nós dizer que não conseguimos, somos masoquistas dizia ele... tão cínico esta espécie de homem...
E para compor o ramalhete, o Paços e a cambada de opinadores de bancada veem logo dizer que falar disto seria mau para os mercados... incrível, agora já não se pode falar nem discutir ideias, o papão dos mercados pode ouvir e acha mal... que ridículo quando se dá a justificação de que para internamente discutirmos um assunto, temos de pedir permissão aos outros...
Já uma vez aqui escrevi (fui acusado de populista), isto é uma espécie de ditadura dos números...

Cumprimentos

Pois a minha geração do pós golpe de 24A andou a estourar dinheiro emprestado que agora os filhos não conseguem pagar. Não faz mal, transfere-se isso para os netos, porque as nossas ricas reformas são um roubo adquirido.

Eu acho que o problema foi que toda a gente se enganou. Nós vivemos os últimos tempos numa espécie de esquema de Ponzi - e pensávamos que a economia iria crescer sempre e a malta iria viver cada vez melhor e ter cada vez maior capacidade de endividamento.
O problema é que as coisa não correram da forma que se pensou - e agora temos que chupar a pastilha.

Portugal é o país que tem cinco milhões de casas para dez milhões de habitantes. Será que a banca, os promotores e os construtores não viram que um dia as coisas tinham que parar? Não, não viram - e o resultado está à vista.

Novamente, os nossos jornalistas fizeram o fazer de distorcer o documento que foi apresentado para poder ter uns titulos mais sugestivos e sensacionalistas...


NInguem sugeriu o NAO pagamento da divida, a ideia seria nao se continuar a destruir o país, os postos de trabalho, a economia e a vida das pessoas... o documento falava no pagamento da totalidade da divida de forma responsável, a sugestão que era apresentada era voltarmos a ter a divida na casa dos 60/70 % e mutualizar o restatante e obtermos condicoes excepcionais para podermos realizar o pagamento da mesma de forma mais suave e que nao levasse ao caos social que estamos a assistir.

As condições que os credores impõem é que o pais abata 5% da divida por ano, o que levará a que apenas para abatimento da divida e juros nas próximas dezenas de anos sejam aproximadamente 15 a 20% do PIB .


Este dinheiro terá que sair de algum lado: impostos, diminuição da despesa com a saúde, educação e justica, diminuicao das pensoes, etc etc etc




Mas isto podemos continuar aqui a falar que tudo vai continuar na mesma, quem manda ja decidiu e as nossas vidas sao meros joguetes nas mãos dessas pessoas, quem nos colocou nisto tem o futuro garantido e como toda a gente que manda neste pais tem telhados de vidro, vamso continuar a assistir a "prescricoes de conveniencia" com as do Dr Jardim Goncalves


Ha imagens que valem por milhoes de palavras: