Penso que, como foi dito mais acima, a qualidade da utilização dos fundos veio a dminuir gradualmente. E muitas razões houve para isso.
A utilização foi desvirtuada, de tal forma que o investimento do Estado começou a ser feito quase só com base em fundos (o Estado começou a ser o principal consumidor de fundos).
O Estado começou a "enganar" os cidadãos e os painéis de publicidade dos fundos e toda a informação relativa aos projectos começou a dizer "Governo de Portugal", "Ministério de....", "Programa Operacional...." e depois "QREN", quando deveria passar uma mensagem em que o cidadão entendesse que aquilo era dinheiro comunitário (claro que isto não interessa).
Os fundos, em si, podem incentivar desperdício (imaginemos que temos uma ETAR que necessita de uma ampliação, que custa 300.000 Euros, a candidatamos e obtemos uma comparticipação de 216.000 Euros (72%) e isto dá mais vinte anos de vida; acabamos por preferir arrasar a nossa ETAR e fazer uma nova, com um investimento muito superior, para um período de vida útil de 40 anos. Esta equação até nem seria muito desinteressante se esta área não estivesse em evolução constante e não houvesse muitas variáveis em jogo. Significa isto que o nosso investimento "novo", para 40 anos, pode ficar tecnologicamente obsoleto ao fim de 20 ou pode ser sobredimensionado, já que a população pode não evoluir como previsto ou os consumos podem ficar abaixo do estimado. Basta que haja uma crise, e todos cortamos em todos os consumos.
Outra coisa detestável a utilização de dinheiro para fins que não são de investimento. Pensemos na construção de uma estrada, que é apoiada; tudo bem. Dez anos depois, a estrada precisa de muitas obras e a autarquia candidata-se para uma "Beneficiação", que não é mais do que conservação com um ligeiro upgrade. Isto também se passa muito nas nossas cidades, em que a autarquia começou por fazer obras, de seguida há dinheiro para a revitalização do comércio, e parte do dinheiro vai para as ruas, e passado uns anos há dinheiro para a "Regeneração Urbana" e lá volta a haver dinheiro para arranjar as ruas.
E em muitas coisas mais se pode falar.
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