Caro gpgrelo,
surge-me no pensamento a seguinte ideia de putanheiro:
"Quando não se tem habilidade na phoda, ate' os colhões atrapalham"
Depois desta frase putanheiramente filosófica, o que dizer sobre a Abraço?!
Bem, quanto a' publicação da ONG Abraço não ha' muito mais a dizer, nem tem desculpa possível. Escrevem sobre o que não sabem (copiaram de um site), e nem se dão ao trabalho de meter as referencias correctas sobre o principal (o numero 60%) , ou seja, fazem qualquer coisa a' toa, mandam os bitaites e como sabem que 99% da populaça lê e nem confirma, esta' tudo na maior...
Alias, mandei-lhes um email a alertar para a fraquíssima qualidade do artigo de opinião e nem resposta obtive, o que me leva a pensar que eles trabalham para dentro e para os subsídios, e não para a comunidade, o que reforça muito a ideia que e' mais tacho que outra coisa... (eles estão muito mais para festas e show off que outra coisa, como reflete a publicação)
Nota: ja' agora esclareça-me uma questão (pode ser um simples sim ou não)
: ou muito me engano ou você tem algum tipo de actividade ligada a uma ONG que trata destes assuntos, acertei? (se assim o for, tem o meu apoio e que faça um bom e melhor trabalho do que se vê pela Abraço)
Quanto aos dois artigos que você teve a gentileza de indicar (e que a Abraço não conseguiu)... como hoje estou para a filosofia, ca' vai mais uma frase feita:
"Quando a esmola e' muita, o pobre desconfia"
Aplicando a filosofia ao caso pratico, podemos começar por dizer que nem tudo o que e' publicado em artigos científicos e' totalmente "cientifico"...
Parece-me que você tb tem experiencia nestes assuntos (publicações e artigos científicos) e portanto sabe tão bem quanto eu que vão saindo artigos (mesmo que revistos) com erros, ou com interpretações abusivas ou conclusões disparatadas ou com números "show off".
Muitas vezes, por diversas razoes, e' praticamente impossível chegar/replicar aos/os resultados afirmados nos artigos e portanto temos de acreditar na boa fe' de quem os fez, logo o contraditório fica complicado/comprometido. Posto isto, não tenho (não sou desta área) argumentos científicos (trabalho feito) que sirva de contraditório, apesar de achar que faz todo o sentido haver estudos que visem a confirmação ou não destes apresentados.
De qualquer forma, como ja se apercebeu, sou um gajo difícil de convencer a' primeira
Antes de se fazer furor e alarido com o numero 60%, ha' que rever vários factores muito importantes para se afirmar tal numero, senão não passa de "show off".
Segundo o estudo (o segundo que você apontou,
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1262556/),
Na conclusão eles afirmam algo que pensei de imediato quando li o que você escreveu:
Citar:
" This study has some limitations. It was conducted in one area in sub-Saharan Africa and, therefore, may not be generalizable to other places."
Ora e' uma limitação pertinente, pois seria muito interessante, por exemplo, fazer o mesmo estudo num pais europeu, e avaliar se eram obtidos resultados aparentemente tão bons como foram os obtidos na africa do sul.
So' se pode afirmar que tem validade o estudo, se replicado noutro contexto, obtemos os mesmo resultados.
Se aquele numero for real (o que me custa a acreditar) isso significava que em alguns países europeus, a disseminação da doença ficava reduzida a quase nada...
Alias, pensando bem, mesmo em países africanos onde uma relativa percentagem da população masculina esta' circuncisada, têm números de disseminação da doença superiores aos europeus, logo algo aqui não bate certo...
Depois, tb na conclusão e' afirmado o seguinte:
Citar:
"Another limitation concerns the timescale of this study. Participants were followed up for a short period of time, and, therefore, this study did not explore the long-term protective effect of MC."
Pois mas isso significa que o tal numero pode ser bem diferente ao final de 5, 10, 15 anos... ou seja, não se pode ja' mandar o numero e depois vir corrigir e dizer que foi engano...
Pelos vistos a Africa do Sul vai adoptar a circuncisão como um dos metodos de combate a' doença, logo, muito mais interessante sara' observar a real eficácia depois de aplicado o programa nacional e passados uns 10/15 anos, sendo que o numero que dai sair sera' muito mais fiável.
Ja' no outro link com o outro artigo me o gpgrelo nos forneceu (
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1468-1293.2008.00596.x/full)
diz o seguinte na discussão e que me parece bastante pertinente e algo obvio:
Citar:
" Participants in these trials received education to reduce their likelihood of infection, including safe-sex counselling and the recommendation of abstinence during the healing period. It is possible that this education will impact the generalizability of the trials because it may reduce the number of exposures that participants have in comparison to the general population."
Esta afirmação e' quase auto contida e não carece de muito argumento, ou seja, e' obvio que teve algum impacto que beneficiou tão bom numero (60%).
Por fim, denoto na argumentação dos artigos uma
acentuada tendência para o exagerar do factor preventivo (quase milagroso) da circuncisão, o que me causa ainda mais suspeitas.
Com isto não estou a querer afirmar que a circuncisão não podera' ser um factor a ter em conta (nem tenho bases para refutar algo), mas parece-me altamente improvável que a circuncisão reduza o risco em 60% de se contrair a doença.
Mas vamos esperar uns valentes anos e depois veremos os resultados obtidos após o plano nacional de circuncisão Sul Africano.
Infelizmente, acho que a frase: "It's to good to be true" se aplica neste caso...
Cumprimentos