E para não dizeres que não era bem isto que querias, aqui vai outra do mesmo pintor, agora já plenamente imbuído do espírito impressionista.

Venus in the Sunlight
Óleo sobre tela, Frederick Carl Frieseke, 1913



Devo dizer que o Impressionismo não mexe muito comigo (embora reconheça o génio de vários dos seus representantes).
Por exemplo, a força toda deste quadro, ao contrário do anterior, centra-se nos vários padrões de pinceladas que envolvem a mulher. Esta, por si só, tem pouco que a destaque. Facto que se alterará quando se chegar a Gauguin, por exemplo. Mas aí já estarmos no pós-impressionismo.

Já agora, se me permitem, eu que sou grunho e não percebo nada de arte, o que mais gosto nas pinturas antigas são as pentelheiras farfalhudas, embora nestas não se vejam muitas.

Eles ainda estavam todos muito influenciados pelo estilo clássico onde o arquétipo era a ausência de pêlo.

Mas se é de pêlos que gostas, caro Marsapio, toma lá um cheirinho…

La Magie Noire
Óleo sobre tela, René-Magritte, 1935



As obras de Magritte são sobejamente conhecidas embora, quanto a mim, não tenha alcançado o génio de Dali no Surrealismo.
As mulheres são sempre representadas com traços ou formas claras, "limpas", que acabam de ser subvertidas por um qualquer acontecimento exterior ao corpo.
Neste quadro, em particular, destaque para os seios a imitarem o estilo renascentista a que são acrescentados uns mamilos com um tesão poderoso.
Para além disso, temos o triângulo púbico bem farfalhudo para gáudio do Marsapio…

Marsas, sabes que até ao final do sec XVIII, a influência da Igreja na Europa era mais que muita, portantos, isso de farfalhotas pimpinelas não abundam na pintura, ele há quase sempre uma mão, um cruzar de pernas, sei lá.................qualquer merda, a tapar a amora negra . Agora se fores para os anos 60/70 do sec. XX, aí há muito disso, então em fotografia..........

Era só para variar, e devo confessar que Romantismo, não é um período que me agrade supinamente

Mas já que estamos a impressionar, nada melhor que um dos maiores génios de sempre na pintura, Cezanne.

Digam lá que este não é uma pedrada no charco?!

The Dangerous Liaison
Óleo sobre tela, René-Magritte, 1936



Uma mulher esconde-se atrás de um espelho. Dela vemos apenas um pouco do rosto e as coxas.
Ou será que vemos mais?
No espelho que segura reflecte-se o corpo nua de uma amiga vista de trás.
Ou será que não se trata de um reflexo?
O que parece ser uma mulher vista de trás, na realidade é a continuação da mulher que segura a moldura… grávida!
Ou será que é uma mulher a segurar a moldura?
Na realidade, quem segura a moldura é um homem de longas barbas e… grávido!

E para gáudio do TPS…

Uma Olimpia Moderna
Óleo sobre tela, Paul Cezanne, 1873-1874



Aqui, Cezanne não só nos mostra que no terceiro quartel do século XIX quem dava cartas ainda eram as balzaquianas como nos dá a conhecer o modo como as "apresentações" eram feitas então: cada menina, na sua própria cama, era desnudada por uma criada chocolatinha, enquanto ambas eram observadas pelos cavalheiros.

Por acaso, deste Cezanne ainda gosto. Do próximo, nem tanto…

Baigneuses
Óleo sobre tela, Paul Cezanne, 1874-1875

[img]http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/38/Paul_Cézanne_004.jpg/*.jpg[/img]

Até se poderia dizer que Cezanne quebra em definitivo com as mulheres estereotipadas. Que cada mulher é diferente da outra.
Na realidade, só consigo ver barrigudas de pernas magras; corcundas; de braços curtos ou extra-longos; de cabelos com vida própria e outras bizarrias. O que quererá ele dizer com isto?

Não conseguindo arranjar imagem decente das "Baigneuses", deixo aqui o link que permite observar o quadro:
http://www.webmarchand.com/a/liste_produit/idx/3090106/mot/cezanne/liste_produit.htm

Em termos de Impressionistas, Renoir agrada-me muito mais…

Sleeping Bather
Óleo sobre tela, Pierre-Auguste Renoir, 1910



Renoir é justamente considerado como o embaixador impressionista da beleza e, especialmente, da sensualidade feminina.
Aqui, uma banhista adormecida, de braços abertos como que abarcando o mundo, oferece os seus seios redondos ao observador.
Entre os joelhos e o baixo-ventre tem apenas uma toalha que a tapa devido ao ângulo em que é visionada. Vista de outro ângulo, deixaria ver, pelo menos, o triângulo púbico.
E no rosto tem estampada uma serenidade e uma satisfação que facilmente podem ser trocadas pelo prazer e pela sensualidade…

Quem é amigo, quem é?

PS: ficas a dever-me umas pinturas com fartas pentelheiras.

Muito agradecido, caro Marsapio.

E não me esquecendo que te fico a dever umas pinturas com fartas pentelheiras, remeto-te no entanto para a primeira página deste tópico. Queres mais farta que aquilo…?!

After the Bath
Óleo sobre tela, Pierre-Auguste Renoir, 1888



Nesta temos, mais uma vez, toda a sensualidade que Renoir consegue imprimir na representação de uma mulher.
A doçura como caem as pálpebras; o beicinho formado pelos lábios; o cabelo apanhado que escorrega pelas costas; o seio que se mantém hirto acima do braço que limpa o tronco; tudo transpira sensualidade.
Claro que mesmo os grandes mestres cometem erros… Vejam como uma nádega se liga à outra de forma atabalhoada!

E como o prometido é devido, inicia-se hoje, em singela homenagem ao Confrade Marsapio, a…

TRILOGIA PENTELHEIRA, PARTE I

La Maja Desnuda
Óleo sobre tela, Francisco de Goya, 1797-1800



Em cima, a primeira representação dos pelos púbicos da mulher na história da arte ocidental.
Tronco comprido, mamocas arrebitadas e umas boas ancas, fazem-me pensar que esta Maia, a senhora amante do Duque de Alcudia, devia ser uma verdadeira maluca…
Infelizmente, e porque nem todos são amantes de pentelheiras como o Confrade Marsapio, o Duque recusou o quadro ao Mestre perante o escândalo que causou a nudez e os parcos pelinhos da amante.
Goya viu-se assim obrigado a executar uma réplica "decente" do mesmo quadro (a "Maia Vestida" que abaixo se reproduz), mas 15 anos depois ainda era chamado ao tribunal da Santa Inquisição para responder pela heresia.
É caso para dizer que quase perdeu a vida por uma pentelheira. Que isto sirva de lição a muitos hiper-realistas…

TRILOGIA PENTELHEIRA, PARTE II

Nu Feminino
Óleo sobre tela, Eliseu Visconti, 1894



Quase 100 anos depois de Goya, os pintores já se podem dar ao luxo de serem mais ousados.
Neste nu, Visconti a farta pentelheira da modelo, aliás condizente com a farta cabeleira e as fartas sobrancelhas (tenho cá uma suspeita que as axilas teriam o mesmo tratamento).
Para mim, o curioso deste quadro está no facto de parecer ser uma obra próxima do realismo. Veja-se como todos os arquétipos do corpo feminino são quebrados, numa espécie de "what you see is what you get", sendo o expoente máximo a maneira como os seios assentam sobre o próprio peso.

P. S.: E vão duas, Marsapio. Vamos lá ver se não transformo isto numa tetralogia…