Acabo de completar aquela que foi das tarefas mais penosas da minha vida no que diz respeito a cinema...
Demorei 3 dias para ver do principio ao fim a merda das 50 sombras do raio que o parta.
Via 10 minutos e tinha de fugir para não pegar na cadeira e partir o monitor. Quando voltava ao PC às vezes lá me esforçava para ver mais 10 minutos. Voltava a acontecer o mesmo...
Só não desisti logo no início ou a meio porque pensava que para o livro ter tanto sucesso então aquilo deveria melhorar a qualquer altura. Erro crasso e gigantesco. Se o filme é minimamente fiel ao livro, é uma felicidade não ter perdido tempo a ler o livro.
A maior montanha de clichés, incongruências, tolices, contra-sensos e disparates que já alguma vez vi.
É como ver um filme "no sense", só que sem piada e que não foi produzido com o objectivo de ser "no sense".
Quando vi o gajo a pilotar o helicóptero senti-me profundamente envergonhado por simples empatia com outro ser humano, neste caso o realizador.
Quando vi o ultraleve estive uns 3 minutos a rir sem conseguir parar, pensando até onde é que a falta de imaginação conseguiria ir.
Não tem ponta por onde se lhe pegue.
Não bate a bota com a perdigota em quase nenhum dos aspectos encenados.
O gajo não é um dominador. É um toninhas. Mas daqueles bem grandes. Só que este é um toninhas rico. Há por aí muitos pançudos em Portugal iguais a ele. Costumam até ser as vítimas preferidas de extorsão por parte das mercenárias especialistas no assunto.
Além de ser toninhas é capaz de ser um novo tipo de nerd. O nerd inteligente mas pouco esperto que em vez de ter bonecos do Star Wars ou dezenas de gadgets electrónicos, tem uma sala com uma variedade enorme de chicotes, algemas e outros acessórios todos bonitinhos e bem arrumadinhos. Como fazem todos os nerds com as suas colecções.
Nenhuma gaja neste mundo com as características que apresentaram (idade, aspecto, meio social, passado, virgem, etc.) teria capacidade de defesa com um gajo daqueles, mesmo apesar de ele ser tão toninhas. Ela faria tudo o que ele quisesse, e nunca lhe faria frente. E não estou a falar do final do filme. Estou a falar da primeira meia hora. O gajo diria senta, ela sentava e abanava o rabinho. Não discutia, não teria dúvidas, não hesitava, não respondia, nem sequer teria capacidade de pensar direito. Sobretudo a partir do momento em que se apaixonasse, como é dado a entender.
É engraçado como trocaram as personagens.
O gajo anda atrás dela como um cachorrinho, e ela faz dele gajo sapato. Mas supostamente ele seria o dominador e ela a submissa.
Poderia pensar-se que é uma história em que o feitiço vira-se contra o feiticeiro. Mas para essa história fazer sentido teriam de mudar as características dos personagens. Não podem apresentar um gajo com um passado assim assado, e depois colocá-lo a fazer coisas que não estão minimamente de acordo com esse passado. Nem sequer um bocadinho.
O mesmo com ela.
Eu podia escrever facilmente um testamento de 5000 palavras sobre as coisas que achei um disparate no filme. E não estou a exagerar. A cada minuto do filme eu encontrava coisas que não faziam sentido. Era como ver um filme em que a toda hora encontrasse encenado como se fosse verdade coisas absurdas como os objectos caírem para cima, o céu ser côr-de-rosa, os cavalos voarem e as águias andarem na profundeza dos oceanos.
Mas a merda do filme não merece tanto esforço.
Que chachada monumental...
