Como já repararam, presumo, o Expresso está a fazer uma sondagem diária, em que hoje, em relação a ontem, o PSD cresceu 0,6%, o PS desceu 0,6% e o CDS desceu 0,5%, mantendo-se os restantes mais ou menos na mesma.
Está a notar-se, ainda a uma semana das eleições, um crescendo de acusações do PSD ao PS e alguma radicalização do discurso, que já levou o PS a admitir que poderia não fazer parte de qualquer governo, mas, assumindo o compromisso de apoio parlamentar às grandes decisões.
Também hoje Sócrates afirmou não acreditar em maioria absoluta para o PS ou para o PSD.
Resumindo: Estamos metidos numa embrulhada do caraças, em que os resultados eleitorais poderão não ficar muito diferentes do que estavam na legislatura que agora acabou, exceptuando, que o PSD poderá ser o partido mais votado. (Virtualmente o PSD fez mal em não aceitar a proposta do CDS para formar uma nova AD, porquanto, em coligação seria mais fácil obter uma maioria absoluta.)
A acontecer uma situação destas, vão começar as contestações a Cavaco Silva, responsabilizando-o por esse fracasso e pedindo, eventualmente, a sua resignação.
Se não tiverem juízo, melhor, se não tivermos todos bom senso, corremos o risco de ficar como a Grécia está actualmente, isto é, há beira da rotura total.

Correndo a coisa bem ou correndo a coisa mal, vamos acabar como a Grécia está hoje, mas isso só vai acontecer daqui por uns dois anos. Aí os credores vão ter que aceitar o reescalonamento (ou até o perdão parcial) da dívida. Isso só não aconteceu ainda com a Grécia (e connosco) porque os credores vão ficar em maus lençóis. E não podemos esquecer o comportamento alarmante que está a ter a dívida espanhola.

Há o medo de que a crise alastre. Ela alastra, não porque vá pela estrada fora de país em país, mas porque quando um devedor não pode pagar o credor fica em apuros.

É por isso que o Padre Louçã até tem razão: é necessário reestruturar as dívidas, para pôr as economias a crescer.

E é também por isso que faz algum sentido pensar que vivemos num Mundo bem delimitado.
A riqueza encontra-se nele, não é enviada nem para a Lua ou Marte.
A massa de dinheiro e valores que circula no Mundo continua a ser a mesma ou melhor dizendo, aumentou.

Daí que existem credores que antes da tão propalada crise o não eram.
Ou se o eram seria em menor quantidade.

Parece por isso evidente que a crise só veio transferir os que por ela têm pago, os Estados através dos seus contribuintes menos abonados, os valores em favor de credores que pretendemos não identificar.

Mas como o sistema se baseia num mercado financeiro livre, predominando os grandes grupos financeiros, bancários, fundos e outros, deve-se admitir que essa transferência se deu dos estados para esses grupos.

Trata-se em tempo de crise, e mesmo fora dela, de agiotagem desfavorecendo ainda mais quem já é desfavorecido.
Esses grupos vivem de crises.
Quanto mais tempo durar a crise em Portugal mais juros eles recuperarão no sentido de amortizar o que entretanto foi disponibilizado pelo Estado a favor deles.
Neste negócio eles só jogam com o dinheiro dos outros. O nosso.

Por isso, se mais tarde, porque não convém a eles ser mais cedo, tiver de ser renegociada alguma dívida eles serão colaborantes no sentido de ainda irem buscar mais algum.

Vejam só a avidez dos bancos portugueses a contrair empréstimos, com aval do Estado, quando há poucas semanas atrás diziam não ser necessário e nem sequer precisarem.

Pestana aberta.

É, a Espanha se eles não têm juízo, o PP já está a pedir que o PSOE coloque uma moção de confiança, vão cair rapidamente e a seguir vai a Bélgica que tem vindo a descer nas agência de rating.
Nós vamos ter 12 anos para pagar a dívida e os países que assumem as nossas exportações começam a mostrar sinais de crescimento, o que significa mais dinheiro, pelo que, se tivermos juízo e se possam fazer algumas reformas que se possam traduzir em poupanças, podemos safar-nos.
Fiquei muito espantado com as necessidades da Alemanha em mão de obra especializada e algumas na área de informática, isto pode ser uma boa oportunidade para os nossos licenciados e para a Alemanha seria uma benção, senão, teriam de assumir para esses lugares não europeus.
Esqueci-me da "reestruturação", que é uma coisa complicada, isto é, é pagar apenas uma parte da dívida. Eu, pessoalmente, defendo renegociação de tempos e juros, porquanto, uma situação diferente, para um país como o nosso, seria muito mau e nós vamos ter sempre necessidade de quem nos empreste dinheiro.

O dinheiro é papel que serve para transaccionarmos bens e serviços. Não é só o valor do dinheiro que anda em circulação que importa, mas o produto desse valor pela velocidade de circulação. E é importante que haja supervisão e regulação e, sobretudo, senso, para evitar os desastres.

Em grande parte estamos em apuros porque tivemos dinheiro abundante e barato durante uns quantos anos. O que ganhámos com isso? Uma carga de trabalhos.

Penso que nos tempos de hoje uma parte substancial do dinheiro papel ou ouro, não existe e é muito virtual, isto é, se a Microsoft que comprou o Twitter por uns biliões, hoje vendesse os activos, esse valor ficaria muito abaixo do valor que deu, esquecendo o valor comercial que representa. Com a internet criaram-se empresas de vão de escada que passaram a valer milhões, no entanto, se existisse um qualquer revés, esse valor seria ínfimo.

Também.

Proporcionámos, através dos recursos do Estado, empréstimos a 2-3% a entidades nacionais e europeias que o dispersaram pelo mundo..
Esse capital emprestado pelo Estado foi emprestado ao Estado a 5% e mesmo mais.
Foi agora renegociado pela sua totalidade a quase 6%.

Se não pagarmos o que eles nos emprestaram a 5% e mais e finalmente a quase 6%, eles não terão a capacidade de nos pagarem o que lhes emprestámos a 2-3%.

Neste negócio vemos que o que conta são os juros, já que o capital que circula não é o privado mas sim o do Estado.

Essa é a outra pescadinha de rabo na boca neste negócio de agiotagem e favorecimento de alguns.

Acabei agora de ler excertos do discurso de Marques Mendes num comício, em que disse o seguinte:

"O ex-líder do PSD Luís Marques Mendes não tem dúvidas de que Pedro Passos Coelho será capaz de ganhar as eleições e até já lhe fixou uma meta: “Libertar Portugal da ajuda externa” dentro de três anos" (fonte- Público)

Estamos a falar de um ex-líder do PSD que, naturalmente, mesmo em campanha eleitoral teria de ser comedido, no entanto, faz esta quase "promessa". Face a isto, a dúvida com que fico é se, realmente, o país está como nos fazem querer, porquanto, não me acredito que nos possamos libertar da ajuda externa em 3 anos, ou não, andam a lavar-nos a "vista" e, afinal, a coisa, sendo má, não é tão má como a pintam.

Ainda hoje vi na TVI24 falarem na possibilidade de entrarmos em bancarrota daqui a seis meses e o Marcelo Rebelo Sousa também já fala nisso. Eles nem dentro dos partidos se entendem.

1º e imediato: Se não entrar "cacau" fresco entramos em pré-bancarrota.

Segundo as noticias 6,1 mil milhoes ja ca moram.

Eu que presto serviços ao Estado e tenho dinheiro em dívida desde Janeiro, espero ser pago !

Pessoal, o Louçã é que tem razão, mas (e há sempre um mas) é preciso convencer os nossos credores de que não conseguimos pagar a dívida.
E é aqui que a p.o.r.c.a (tive de escrever assim; aparecia XXX) torce o rabo. Uma declaração unilateral de reestruturação por parte do Estado era o caos, pois precisamos continuamente de financiamento para cobrir o défice externo (coisa de 8 a 10% do PIB), os bancos ficavam sem acesso ao BCE (adeus liquidez), o povo fazia uma corrida aos bancos. Era mesmo um filme de terror de altíssima qualidade!
A solução é convencer os credores de que não conseguimos pagar. Para isso vamos ter de penar uns anitos com medidas impostas pelos credores com o objectivo de gerarmos Euros para lhes pagar.
Se no final deste processo a coisa correr mal (tendo em conta o valor da dívida é muito provável que corra, por muito bom que o governo seja daqui para a frente, pois o mal já está feito) então aí é que os credores aceitarão uma reestruturação da dívida.
Finalmente, qualquer reestruturação digna desse nome terá de incluir "haircut" nas Obrigações. Prolongamentos de prazos e reduções de juros serão apenas paninhos quentes que não resolverão o problema.

Em termos históricos, nós temos alguma capacidade em ultrapassar estas situações, no entanto, os pressupostos de hoje são diferentes e já não pode haver desvalorização da moeda.
Continuo a acreditar que, se a Espanha e a Bélgica se encaminharem para uma situação difícil, a CE irá "inventar" novas abordagens que irão permitir ajudas diferentes. Também penso que, mesmo com todos os nossos problemas, a CE não fez tudo o que estava ao seu alcance para evitar esta situação.

O sistema financeiro hoje encontra-se numa fase em que tem de recuperar à custa do Estado a forte diminuição que teve nas suas receitas.
Eles guardam o capital mas não o investem ainda preferindo pressionar os Estados a pagarem a crise que eles mesmos engendraram.

Por isso, não creio que esta nossa crise de endividamento seja ultrapassável.
A nossa dívida externa é impagável sem que sejamos todos sujeitos a um regime draconiano que nos levaria a entrar no clube dos países mais pobres.
No fundo trata-se de que, num mesmo espaço temporal, o que produzimos não é suficiente para pagar o que devemos.
Ou encontramos petróleo ou outra valiosa matéria-prima às paletes ou então teremos de enveredar por outro caminho que, pelo menos, nos garanta a auto-sustentatbilidade.
Está visto não podemos contar com cenários que nos venderam como sendo federalistas, solidários e geradores de riqueza já que agora a realidade é que são exploradores, agiotas e consumidores da riqueza alheia.

A negociação que daqui a uns anos poderá ter de existir será sempre na base da convicção que os credores terão de que não podem sacar mais nenhum da forma e com a voragem com que o têm feito.
Estarão nessa altura convictos de que terão de nos esfolar menos e também se verão desonerados da obrigação de nos pagarem o capital que fomos dispersando pelo sistema financeiro mundial.

Não conheço a situação espanhola mas em termos de liquidez o verão aproxima-se e a Espanha costuma registar receitas enormes só com o turismo.
Parece-me por isso que poderão respirar confortavelmente. No futuro veremos.
E parece-me que a haver alguma borbulha em Espanha será o fim da moeda única, tal como a conhecemos, e quiçá o fim da EU.
Os países do Tratado de Roma não vão nunca abdicar da sua posição dominante na economia europeia.
Este é o tratado basilar da UE e não os outros que lhe sucederam.
Atente-se na posição prudente, tipo estar dentro ficando de fora, da Grã-Bretanha.

A Bélgica que conheço melhor sempre teve uma dívida preocupante em termos de percentagem.
Mas tranquilizante já que ela se baseia em dívida interna.
Isto é, os credores da Bélgica são os cidadãos belgas.
Que curiosamente vão buscar os juros desses empréstimos às entidades bancárias vizinhas, sobretudo, do Luxemburgo.
De tal foma esta operação é visível que está instituído, não oficialmente claro, o "dia do dividendo".
Basta uma olhadela na direcção do tráfego nas auto-estradas e acumulação junto à fronteira no fim de cada semestre e na afluência às bombas de combustível, já que no Luxemburgo este é bem mais barato, para não restarem dúvidas dessa realidade.
A Bélgica vive sobretudo uma crise governamental. Não me parece que seja financeira.
Trata-se de um pequeno país, 1/3 de Portugal, com uma população em número semelhante à nossa mas que dispõe de recursos enormes.
Desde da tonelagem de carga que os seus portos registam, à existência de 7 centrais nucleares, se não estou em erro e, ainda, sobretudo aos seus grandes interesses em África dos quais a região do Katanga, no ex-Congo Belga, é uma peça importantíssima.
Por isso, se permitem ter um sistema que funciona sobre rodas, mesmo não havendo governo em efectividade de funções.
E até se permitem possuirem uma rede ferroviária, das mais densas da Europa, senão mesmo a mais densa e auto-estradas iluminadas à borla.
Este mesmo País quando confrontado com dificuldades na sua jóia, Banco Fortis, não hesitou um momento em o desmantelar.
Contrariamente ao que por aqui foi feito, enchendo os bolsos a quem se aproveitou de trafulhices.
A Bélgica não representa na minha opinião problema.