sobre o caso Sócrates tenho dúvidas ... se a "coisa" foi bem feita, terá sido numa subsidiária estrangeira do grupo ... através de uma ilha paradisíaca ...

aguardemos ... porque os investigadores ainda têm mais 9 meses para investigar (aliás deve ser por isso que ele está preso)

Vamos considerar que as coisas forma bem feitas - e as autoridades de investigação não comseguem estabelecer uma ligação entre o dinheiro, Carlos Santos Silva e Sócrates - e no fim o Cristo é Santos Silva (a haver um Cristo). Se a coisa foi bem feita, porque razão há tanta coisa descuidada, insensata e até estúpida no comportamento dos homens?

Sócrates é um homem cuja ambição não tem limite; tenho a certeza de que queria ser PR um dia destes. Porque razão não assumiu um baixo perfil durante este período? Não vejo a necessidade de andar a saltar de apartamento de luxo em apartamento de luxo, gastar visivelmente muito dinheiro com várias amigas - aqui poderia ter sido pior -, colocar os filhos no estrangeiro, a ex com um monte alentejano, etc, etc. A esta hora os investigadores sabem com quem dormia, as suas preferências na matéria, onde almoçava, com quem e o que comia, tudo o que falou ao telefone, todas as viagens que fez e por onde andava a ex e os filhos, etc, etc. Será que essa malta toda vai aguentar a pressão?

Será que a ring-fence construída à volta dele não está tão esburacada como as do Banco de Portugal?

O MP vai ter que "quebrar" algum "parceiro" de negócio para conseguir uma confissão, pois de outra forma continuo a julgar que o potencial de um desfecho "à lá DSK" é elevado.

Um dos que pode "quebrar" é o da Octopharma que foi esta semana constituído arguido.

Toda essa malta deve ter muitos esqueletos no armário e muita coisa enterrada no quintal. A questão é sempre saber-se quem cede em primeiro lugar. Lena é já um nome demasiado falado, demasiado escrutinado, alvo de buscas por uma data de vezes; Octopharma tornou-se um nome quase radioactivo.

E pode acontecer outra coisa - e aqui penso num paralelo com DSK: safou-se da embrulhada nos States, que apesar de tudo, o liquidou em todos os aspetos, para ir cair noutro buraco bem fundo: o das orgias de Lille. Sócrates safou-se da Cova da Beira, safou-se do Freport; quantas vidas tem ainda para gastar?

http://www.publico.pt/politica/noticia/ ... es-1677518

Muito bom artigo.

"... Eu não tenho o poder de um juiz. Não posso, felizmente, prender ninguém. E se não tenho o seu poder, é óbvio que também não tenho as suas limitações. É por isso que a minha liberdade de expressão é mais lata do que a do juiz Carlos Alexandre: ele fala pouco porque pode muito; eu falo muito porque posso pouco ...

... é que ali entre 2007 e 2011 boa parte da opinião pública preferiu fechar os olhos ao elefante no meio da sala. Se não havia provas, havia infindáveis indícios – e boa parte da opinião pública preferiu engolir as teses surreais de Sócrates, mantendo-se impassível diante do sufoco evidente do poder judicial às mãos do poder político. Viram, ouviram e leram. Mas preferiram ignorar. É uma escolha, claro. Só que convém assumi-la, até para que ninguém a esqueça."

(João Miguel Tavares no Público)

adoro a liberdade de expressão ... mais um que ganhou o totobola à 2ª feira ...

Este jovem João Miguel Tavares "de elevado potencial" é um dos delfins do José Manuel Fernandes, o antigo director-puritano do Público que fez vida negra ao Sócrates depois deste ter complicado a vida à Sonae, tanto na OPA à PT, com a utilização da golden share, como naquelas construções que o Belmiro queria fazer em Tróia.

Para mim é mais do que evidente que o Sócrates prevaricou e tem que pagar por isso mas não é menos evidente que um primeiro-ministro de um governo que desafiou alguns interesses corporativos estabelecidos há décadas não tenha muitos inimigos. A título de exemplo, recordo:

- a primeira medida do primeiro governo do Sócrates foi com o lobby das farmácias, a liberalização das para-farmácias e a guerra dos preços dos medicamentos. Quem não se lembra...

- a avaliação dos professores. Ainda lembro-me do sindicalista Mário Nogueira (do PCP), e as baboseiras que ele dizia na TV

- o controle das horas-extras e dos horários dos médicos que não tinham hora de entrada e saída nos hospitais e não queriam ser controlados

- a prescrição dos medicamentos pelo princípio activo e não pela marca para potenciar a venda dos genéricos e reduzir as despesas do Ministério da Saúde (isto envolveu médicos e farmacêuticos). As receitas electrónicas para controlar a fraude foi outra coisa que os médicos não queriam e diziam que era difícil de preencher. Sempre achei engraçado que um grupo profissional com um nível de formação bastante avançado achasse difícil preencher uma receita electrónica bem mais simples que o maldito formulário de IRS que qualquer cidadão comum com rendimentos tem que preencher

- a extinção da Brigada de Trânsito e a sua integração na PSP para poupar custos e aumentar a eficiência. Infelizmente, este governo voltou a criar a Brigada de Trânsito

- o fim das férias judiciais que pôs em polvorosa todos os juízes e a magistratura. Ler aqui

- o fim das ajudas de custo aos juízes que vigorava desde antes do 25 de Abril. Ler aqui Pelo que parece esta ministra da justiça quer arranjar um forma de compensá-los novamente com outro tipo de subsídio.

- etc, etc

Um gajo que liderou um governo que teve a coragem de desafiar todos estes interesses de certeza que tem muitos inimigos....

Estou certo de que ele será condenado mas não dou por adquirido que os juízes são isentos.
São homens como nós, imperfeitos!
Lembro-me da história do Império Romano, quando os guerreiros regressavam a Roma vitoriosos e triunfantes em cima dos seus cavalos e César cumprimentava-os um a um e ia dizendo "Lembra-te que és apenas um homem".

Há dois erros:
1. A Brigada de Trânsito nunca pertenceu à PSP. Sempre foi uma unidade da GNR e, mesmo depois de reformulado o nome, nunca saiu da GNR.
2. As férias judiciais nunca foram extintas. O Governo Sócrates retirou 30 dias às férias judiciais de Verão (o período de 15 de Julho a 31 de Julho e o período de 1 de Setembro a 15 de Setembro). O actual governo restaurou o período de 15 de Julho a 31 de Julho, mantendo o fim das férias em 31 de Agosto. Não mexeu nem nas férias judiciais de Natal nem nas da Páscoa.

O caro Pedro gostou, tal como eu, dos primórdios do Sócrates...

Realmente nos primeiros tempos de governação tivemos um homem decidido, com bons ministros, como o das finanças, da segurança social, educação e saúde e com medidas que confrontaram muitos interesses corporativos, mas quando se começaram a preparar para as eleições, os melhores ministros foram corridos e as medidas reformistas foram rapidamente esquecidas e ate se fez um aumento de ordenados e pensões perfeitamente eleitoralistas, mas que custaram muito ao pais....

E se governo houve que afrontou as corporações foi este,que não deixou pedra sobre pedra, talvez só os juízes escaparam, ao ponto de se ver bastonarios que substituem sindicados, como se vê na saúde e nos adevogados...

Depois na educação, foi este governo que pôs em pratica a avaliação dos professores e deu machadas fatais nos farmacêuticos, reduzindo-lhe drasticamente as margens de lucro o que tornou os medicamentos mais baratos, assim como se generalizou os genéricos...

Ou seja, ai de quem fôr arguido deste governo! Mas terá talvez mais complacência da parte dos juízes...

Eles já andavam a mexer nos custos do medicamentos porque a seguir iam encerrar hospitais e centros de saúde... Agora o povinho como não tem onde cair doente, acaba por cair nas farmácias a comprar medicamentos. Sem falar no aumento drástico nas taxas de saúde, que para muitos só pagar isso já custa e depois nem para medicação sobra.

Vai ser sempre assim, um faz um desfaz, um faz para um objectivo o outro para outro. Tudo depende das negociações que lhes pareçam mais favoráveis.

Ter a responsabilidade de comandar isto tudo, não é mesmo tarefa facil, há sempre falhas. Mas corromper as coisas para beneficio próprio, isso tem de levar castigo.

Uma parte importante da população esta isenta de pagar taxas, idosos, grávidas, doentes crónicos, etc....

Também há muita demagogia acerca disto...

Sim é verdade, mas quando eu recebia um ordenado de 490 e piques euros, e sempre com duas crianças a minha responsabilidade e sem qualquer ajuda do estado, eu não era isenta, e um dia senti me mal, fui ao hospital onde passei o dia a espera de ser atendida, e paguei 25€...

25€ é uma grande percentagem para quem recebe um ordenado mínimo para sustentar 3 pessoas... Talvez seja mais desproporcional do que um idoso que ganha 300 só para ele. E facto é que existem muitos e muitos casos de famílias monoparentais nestas situações, que nunca são tidas em conta.
Isto é só um ex.

O das finanças durou poucos meses e foi dos primeiros a alertar para a borrasca no horizonte. A 1ª da educação pareceu querer entrar em modo de carro de assalto contra os profs, fez muito espalhafato e introduziu uma pseudo-avaliação de coisa nenhuma que, porque, mesmo assim, iria contribuir para desastre eleitoral, foi posta a andar. A 2ª foi querida e fofinha e voltou tudo ao mesmo. Idem, idem, aspas, aspas para o ministério da saúde.