A um mês das eleições, o resultado das negociações, vai ser um excelente trunfo eleitoral para o Sócrates. O homem ainda dá a volta por cima e o PS, porventura, secalhar ainda ganha com margem folgada.

O resultado das negociações pode fazer efeito boomerang. O IVA da electricidade passa de 6 para vinte e tal por cento; algo que o Sócrates se esqueceu de dizer. No próximo acto eleitoral o número de autarquias vai ter que dimiuir; algo que o Sócrates também que se esqueceu de dizer. O IMI vai passar a ter que ter um período de isenção muito menor, as deduções de saúde e de educação baixam, a lei das rendas vai ter que ser liberalizada; tudo coisas que o Sócrates também se esqueceu de dizer.

Penso que o PSD vai ganhar. Se isso não acontecer e o Sócrates voltar a ser PM não lhe dou mais do que seis meses de duração. Porquê? Porque não se vai aguentar a contestação; basta ver que ele está à beira da ruptura e só aparece a ler aquilo que lhe escrevem.

Não me acredito que o PS ganhe as eleições, sinceramente, mas também penso, como tenho já dito por aqui, que não vai existir maioria PSD/CDS, o que obriga a uma coligação a três, com o PSD a liderar e não me acredito que algum dos partidos não aceite o "pacote", sob pena de vir a ser penalizado em futuros actos eleitorais.
Preocupa-me a posição pouco explícita de Passos Coelho em relação a este ponto e penso que não é beneficiado por isto, porquanto, está a dar motivos ao Sócrates para especular e ele é muito bom nisso.
Felizmente que os elementos da troika não têm levado a sério, aparentemente, todos os desabafos que têm sido produzidos, senão iríamos ter sérios problemas.

O memorando de entendimento vai amarrar os três partidos. Os 78.000.000 asseguram 100% das necessidades de financiamento de 2011, 80 % de 2012 e 40 % de 2013. Isto significa que dentro de pouco tempo posso estar em maus lençois.

Está bem, mas a reorganização do estado vai permitir que a coisa equilibre e, a partir de 2013, terá de existir crescimento económico. É evidente que há sempre algum ciclo vicioso, mas é agora ou nunca e eles têm de aproveitar este balão de oxigénio para realizar algumas reformas de fundo.
Acredito é que iremos demorar 7/8 anos para recuperar o que vamos perder e atingir patamares que já atingimos, mas vai ser toda a Europa, se entretanto ela própria não se desintegrar.

A reorganização do estado leva tempo e só produz resultados a alguns anos. Eles querem reduzir os cargos de chefia; isso não faz efeito, pois os quadros em topo de carreira têm vencimento mais elevado do que os dirigentes.

Veja-se o passivo das empresas públicas de transportes. A Refer tem um passivo de 6.000 milhões; esse passivo não está contabilizado na dívida pública. Se quiserem privatizar vai ser necessário assumir esse passivo. Só isso representaria 4 pontos percentuais no ano em que ocorresse.

As PPP´s vão começar a necessitar de dinheiro em 2014; nessa altura vai ser o fim da picada.

Isto não está fácil e vai ser necessário fazer muito sangue.

Tens razão, mas os transportes públicos dificilmente têm lucros, sobretudo, quando insistimos em andar de carro e não aproveitamos os transportes públicos. Se o fizéssemos, pouparíamos dinheiro em combustível, menos poluição e a velocidade média deles aumentava substancialmente.
Em Londres tu encontras bichas de autocarros, porque o pessoal os utiliza. Vês o comboio da ponte que, só agora, começou a andar mais lotado.
Vou dar-te um exemplo: Eu vou de Lisboa ao Algarve almoçar com amigos meus por 40 €, ou seja, o equivalente às portagens, mas o comboio vai a 40% da sua lotação.
Estes são exemplos do porquê dos TP estarem todos lixados, admitindo eu, que poderá existir má gestão e uma montanha de directores, com as benesses inerentes. Vê o caso do Rui Rio que quis que lhe baixassem o vencimento e não aceitaram.
Mas isto é histórico e não se consegue mudar de um dia para o outro, eu sei, mas alguma coisa tem de ser feita.

O Rui Rio é administrador (ou presidente do Metro). O vencimento é fixado por uma Comissão de Vencimentos e vigora para o mandato. Ele recebeu o vencimento durante anos e de repente lembrou-se dessa fantasia. Claro que o mandaram dar uma volta.

O vencimento dele é de cerca de 4.000 euros mensais lá; esse não é o problema do Metro do Porto. O problema é o passivo colossal e os custos com os juros. Ele, enquanto autarca, contribuiu para esse passivo. As obras para o circuito da Boavista foram pagas pelo Metro, que nem vai passar nesse sítio. Esses são os problemas. As obras para a "inserção urbana" do Metro, feitas para contentar os autarcas custaram 147 milhões de contos, só na primeira fase.

Esse é o nosso grande problema, damos passos maiores do que as pernas e é assim em tudo, mas a verdade é que todos nós gostamos disso e, de alguma forma, contribuímos para que essa obras se realizassem. Vê que agradável é o vosso passeio marítimo e vê o preço que ele custou, vê que de Cascais a Paço d'Arcos há um passeio marítimo lindíssimo com as arribas protegidas com muros de pedra colocados à mão.
São tudo dinheiros mal gastos, apesar do agradável que representam, mas são investimentos que não rendem e em tempo de vacas magras vem tudo à baila.
Foi por toda este complexo de "grandeza" que hoje estamos entalados.

Quanto ao Metro do Porto, vendo de fora e portanto, falando de cor, não sei, a questão está no facto de o metro do Porto, ter entrado em funcionamento, há pouco tempo, e como tal, em tão pouco tempo ser impossível dar lucro, ou se por outro lado, os prejuízos, são anormais e isso é resultado de má gestão.

Agora, o que sei, e resulta da experiência do dia a dia, enquanto utlizador, é que contrariamente ao exemplo dado pelo confrade little house do comboio para o Algarve ir a 40% da lotação, o metro do Porto, ultrapassa os 100 %. Ainda no outro dia estava na Estação da Trindade e por momentos, parecia o metro de Tóquio. Eu tive que esperar por dois combios, para conseguir entrar.

Não é uma questão de má gestão; é uma questão de falta de viabilidade do projecto tal como está montado. Creio que as receitas só cobrem 60 ou 70 % dos custos operacionais. os prejuízos acumulados, adicionados dos encargos financeiros dão o passivo actual, que anda pelos 2,5 mil milhões de Euros.

Qualquer das situações que falámos envolvem-se na categoria de projecto social e dificilmente são auto-suficientes, esse é o problema, porque senão os serviços seriam muito mais caros e o número de utilizadores baixava e avançava-se para outras alternativas que, não saindo do estado, saía do bolso das pessoas e acabaria por gerar uma anarquia, à semelhança de Lisboa, e do número de carros que entram diariamente na cidade.

Sem dúvida, mas em projectos assim é necessário definir uma fonte adicional de financiamento, que garanta a viabilidade das empresas. Não é o caso entre nós, em que essas empresas se vão endividando até ao limite. Veja-se o Metro do Porto, que tem um passivo colossal e não gera receitas nem para pagar a exploração; é um projecto que não pode parar, mas que não pode continuar como está.

Problemas como este não têm a ver com um governo em particular; são antes culturais - têm a ver com a nossa falta de senso e de sentido da responsabilidade.

Eh pah, a responsabilidade é dos politicos e, acima de todos eles, do Sócrates!!!
A Manuela Ferreira Leite avisou antes das ultimas eleições que este homem não tinha estatura de Estado e que o País não tinha dinheiro.
Pelos vistos nem toda a gente a ouviu e se ouviram não acreditaram!!!!
Ou melhor, acreditaram no Sócrates.....
Agora, se voltarem a votar nele, ninguem sabe o que acontecerá.
Eh pah, votem em todos mas votem.
O único partido em que não votarei é no PS.....!!!!!

A Manuela Ferreira Leite deveria estar calada, pois o seu desempenho com ministra das finanças foi de muito má qualidade. Fez reformas? Não, passou a vida com habilidades: venda de créditos ao Citibank, "vendas de património", etc.

Os problemas que estamos a viver não têm só a ver com Sócrates, mas são muito anteriores. A coisa rebentou agora, porque já não dava para mais, mas os desiquilíbrios, o excesso de peso do estado, o clientelismo e o facilitismo vêm muito de trás. E convém não esquecermos uma coisa: Sócrates fez, ou tentou fazer, reformas que mais ninguém ousou.