
Re: Regresso de Portugal aos mercados financeiros
Rima Escreveu:
Portugal conseguiu ontem colocar 2,5 mil milhões de euros de dívida na linha de Obrigações do Tesouro, que vence em Outubro de 2017, pagando para isso uma taxa de 4,891% e com a procura a superar os 12 mil milhões de euros.
A secretária de Estado do Tesouro, Maria Luis Albuquerque diz que o Estado não precisava desta emissão para satisfazer necessidades de financiamento e que o resultado da operação é um sinal de que os "elevados custos e sacrifícios exigidos aos portugueses" estão a dar resultados. Segundo Maria Luís Albuquerque, o Estado não tinha necessidade de realizar esta emissão para satisfazer as necessidades de financiamento deste ano.
Aos confrades do fórum entendidos em economia e gestão gostaria que me explicassem o seguinte, então eu estou falido, endividado ou lá o que seja, mas as minhas necessidades financeiras para este ano estão asseguradas então porque é que vou emitir ou pedir mais 2,5 mil milhões de euros e pagar 4,891% de juros.
Possivelmente estou a ver mal as coisas, há por aí alguma explicação?
É mesmo verdade que a economia se tornou como o futebol, em que todos são treinadores e dão os seus palpites sobre quais as tácticas a usar e qual os jogadores a substituir.
Agora todos são "economistas" e dão palpites sobre o que se deve fazer para "pôr" a economia a crescer de novo.
A realidade é que esta "ida aos mercados" foi apenas uma manobra de marketing, porque na prática temos os empréstimos da "troika" a uma taxa muito mais baixa do que esta.
Outro aspecto que ninguém na "imprensa" referiu é que é verdade que "fomos aos mercados", mas a taxa que nos emprestaram o dinheiro é muito superior ao valor a que o Estado se conseguia financiar antes da crise ter começado. Isto significa que no caso de irmos "buscar" todo o dinheiro aos mercados a este valor o défice orçamental em Portugal será mais elevado do que o previsto, porque até agora em juros estávamos a pagar muito menos.
Isto na prática quer dizer que se terá que aumentar mais os impostos.
Concluindo, na prática "os mercados" avisaram o governo, e todos nós, que temos que "apertar o cinto" ainda mais.
Claro que para os "economistas de bancada" isto foi um êxito.