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pedro onze
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 Não acho Piada...
Tinoni Escreveu: pedro onze Escreveu: Há muita gente que dedica tempo a essas coisas, não acrescenta nada à Economia e depois não sabe aquilo que é fundamental para a vida moderna, por exemplo não sabe sequer resolver uma equação de segundo grau, não percebe como é que os aviões conseguem voar, qual o princípio de funcionamento de um automóvel, como funciona a bolsa e os mercados de capitais, as lei da oferta e da procura, como surge a inflação, etc, etc... Para mim tudo isto é mais útil do andar a ler livros do Eça do Queirós (que tive que ler porque fui obrigado), visitar o Convento de Tomar (que tive que visitar porque fui obrigado), de aprender a ler pautas musicais (porque fui obrigado e já me esqueci e isso não serve para nada), etc, etc... Só posso dizer que o Pedro é um exemplo vivo do que é o desastre da educação em Portugal. E particularmente grave e significativo porque quem faz afirmações dessas é alguém que teve formação superior. Essa do desastre da Educação em Portugal é um mito urbano. Se a Educação fosse assim tão má como é que se explica que os estudantes portugueses que vão fazer o Erasmus por essa Europa fora conseguem terminar o curso  E porquê que vêm para cá tantos europeus fazer o Erasmus Como é que muita gente sai de cá com o canudo e consegue dar cartas lá fora ( António Horta Osório – Presidente do Barclays em Londres, Vitor Gaspar – Director dos Assuntos Orçamentais do FMI (EUA), João Magueijo – Cientista em Cambridge, ...) Estes nomes são de pessoas relativamente jovens que estudaram depois do 25 de Abril. No meu caso, muito mais humilde e sem as capacidades das pessoas que citei, posso afirmar que passo uma boa parte do tempo no estrangeiro a trabalhar, assim como os meus colegas, e posso dizer que nenhum de nós fica atrás de algum inglês ou alemão. Mesmo nos cursos técnicos de actualização que fazemos por essa Europa fora e EUA, encontram-se na turma várias nacionalidades e nunca houve diferenças por falta de conhecimento ou capacidades. Portanto fala-se mal do sistema só por falar. Acho que podem é existir bons e maus alunos e isso é uma coisa bem diferente. O sistema educativo português é bom e exigente, pelo menos no ensino superior público. Quanto ao privado, não quero manifestar a minha opinião para não ferir susceptibilidades...
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07 Out 2016 |
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Tinoni
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 Re: Não acho Piada...
Exactamente pelos motivos que tentei explicar, o Pedro não entendeu nada do que quis dizer.
Mas não adianta insistir. Algum dia, se tudo correr bem, irá perceber.
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07 Out 2016 |
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AZULOS
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 Re: Não acho Piada...
Caro P11 Admiro as pessoas que não têm tempo para fazerem tudo , alguma coisa terá que ficar para trás...tb eu já passei pelo mesmo (ex.ir e vir a Londres no mesmo Dia)dezenas de vezes...hoje penso que foi tudo muito giro,mas do pouco tempo que tive e roubei para as minhas fds.extras,compensaram e de que maneira o que deixei de fazer profissionalmente.Hoje só tenho pena não ter roubado 10 x mais.... Esta é a minha experiência de vida e acredite que não me dei mal,mas infelizmente como já disse,pena não ter feito mais...mesmo que de momento tente compensar,já não agarro o que deixei para trás. Não tome estas palavras como conselho,pois não sou ninguém para os dar...mas talvez um aviso. Abraço.
Enviado do meu LG-V500 através de Tapatalk
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07 Out 2016 |
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Lorde Baelish
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 Re: Não acho Piada...
Caro P11 Respeito-o desde sempre aqui no fórum, você tem uma qualidade rara, é honesto e dà o corpo às balas pelas suas opiniões.
Dito isto, o Tinoni tem toda a razão e não vou estar a repetir.
A Educação é muito mais do que números e competências. A vida é muito mais do que trabalho e produtividade. Compreender o Mundo é muito, mas muito mais enriquecedor do que qualquer paycheck.
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07 Out 2016 |
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gentle man
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 Re: Não acho Piada...
Meu caro P11, Preparava-me para responder ao teu post quando vi as intervenções do Confrade Tinoni. E a única coisa que te posso dizer é que qualquer coisa que viesse a escrever seria redundante… pedro onze Escreveu: Caro GM, Infelizmente pertencemos a mundos opostos. Enquanto tu tens tempo e pachorra para fazer todas essas coisas (leituras, visitas a museus e outras coisas do género) eu ando sempre stressado, sob pressão e com muitas coisas para fazer que não estão minimamente relacionadas com as que defendes. A vida para mim, corre muito depressa.
Mas a tua afirmação acima citada, por ser mais pessoal, merece uma pequena reflexão. Em primeiro lugar, não pertencemos a mundos opostos mas sim ao mesmo mundo. A diferença está na atitude com a qual o encaramos. Enquanto tu achas que não tens tempo, eu sei que não o tenho. Ora, quem não tem tempo para tudo arranja-o! Transformar o tempo num continuum mono-temático é encurtá-lo e quando deres por isso será demasiado tarde. Já eu, tento roubar tempo ao tempo. E se a minha profissão me obriga a lidar diariamente (7/7) com números, estratégias e com uma miríade de problemas (que não têm nada a ver com as coisas que defendo [como dizes]), tento ser ecléctico na minha vida particular e social e enriqueço-a com a maior quantidade de informação possível (assimilação e digestão). Garanto-te que as ideias fluem mais rapidamente, a criatividade aumenta e o índice de produtividade sobe em flecha. O que é que interessava a Von Braun e a Korolev lerem uma porcaria de um livro fantasista chamado Da Terra à Lua, de um romancista pateta chamado Júlio Verne? Pois bem! Von Braun inventou os V2, desenvolveu o programa espacial norte-americano, esteve na criação da NASA e desenvolveu o programa Apollo eos foguetes que levaram o homem à Lua. Korolev é considerado o pai da astronáutica, criou o satélite sputnik, lançou a cadela Laika para lá da atmosfera terrestre (primeiro ser vivo no espaço), desenvolveu a missão Vostok que pôs Iuri Gagarin em órbita da Terra e fez o primeiro homem caminhar no espaço (Leonov). Meu caro P11, peço-te mais um minuto de "pachorra" e sugiro a leitura do poema que se segue da autoria de António Gedeão (homem de Ciências também conhecido como Professor Rómulo de Carvalho): Eles não sabem que o sonho é uma constante da vida tão concreta e definida como outra coisa qualquer, como esta pedra cinzenta em que me sento e descanso, como este ribeiro manso em serenos sobressaltos, como estes pinheiros altos que em verde e oiro se agitam, como estas aves que gritam em bebedeiras de azul. eles não sabem que o sonho é vinho, é espuma, é fermento, bichinho álacre e sedento, de focinho pontiagudo, que fossa através de tudo num perpétuo movimento. Eles não sabem que o sonho é tela, é cor, é pincel, base, fuste, capitel, arco em ogiva, vitral, pináculo de catedral, contraponto, sinfonia, máscara grega, magia, que é retorta de alquimista, mapa do mundo distante, rosa-dos-ventos, Infante, caravela quinhentista, que é cabo da Boa Esperança, ouro, canela, marfim, florete de espadachim, bastidor, passo de dança, Colombina e Arlequim, passarola voadora, pára-raios, locomotiva, barco de proa festiva, alto-forno, geradora, cisão do átomo, radar, ultra-som, televisão, desembarque em foguetão na superfície lunar. Eles não sabem, nem sonham, que o sonho comanda a vida, que sempre que um homem sonha o mundo pula e avança como bola colorida entre as mãos de uma criança. Meu caro, sem cultura não há sonho e sem sonho não há progresso nem futuro! 
_________________ Verdadeiramente rico é aquele que tem mais sonhos na sua alma do que aqueles que a realidade consegue destruir.
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08 Out 2016 |
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pedro onze
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 Re: Não acho Piada...
Lorde Baelish Escreveu: A Educação é muito mais do que números e competências. A vida é muito mais do que trabalho e produtividade. Compreender o Mundo é muito, mas muito mais enriquecedor do que qualquer paycheck.
Caro Lorde, Devolvo-lhe as palavras, pois também tenho-o em muito boa consideração. Eu sei que a Educação é muito mais do que números e competências, mas eu pergunto-lhe de que serve a Educação que assenta em conhecimentos não baseados em números? Veja a realidade nacional da malta jovem que não gosta de estudar. A maior parte das pessoas que não gosta de matemática são pessoas preguiçosas porque não se querem dar ao trabalho de pensar. São pessoas que não estão para se chatear. Sei aliás que a maior parte dos jovens portugueses têm uma relação especial com a matemática e todas as disciplinas que requerem matemática, como física, química e geometria. Depois fogem para as áreas mais fáceis e e no fim vão para o desemprego. Basta olhar para as estatísticas. A maior parte dos cursos técnicos têm empregabilidade próxima dos 100%. E não é preciso ser um curso superior. Tem é que ser um curso técnico. Depois há aqueles cursos da treta que só dão cabo do orçamento geral do estado: psicologia, turismo, filosofia, história, desporto, ciências da comunicação, conservação do património, etc, etc... O Lorde afirma que a vida é muito mais do que trabalho e produtividade mas a questão é que ao fim do dia alguém tem que pagar a factura e sem trabalho e produtividade não há dinheiro. Há coisas que para mim são inconcebíveis e que me fazem imensa confusão, como por exemplo trabalhar numa galeria de arte. Que tédio, que seca, são horas e dias a fio sem fazer nada. De facto há gente que não se esforça nada para ganhar dinheiro. Por isso é que essa malta das tais áreas chamadas da cultura anda sempre muito descontraída. Já imaginou como é o dia a dia da malta que pertence ao grupo de ballet da Gulbenkian? O que é que essa gente efectivamente produz? Enquanto houver pessoas dispostas a comprar bilhetes para assistir ao espectáculo vão sobrevivendo. Uma vez pediram-me na minha empresa para entrevistar uma candidata que estava a concorrer a um lugar de analista-programador. Além dos 5 anos de informática ela tinha também estudado 7 ou 8 anos no conservatório onde aprendeu música e aprendeu a tocar vários instrumentos. A dada altura perguntei-lhe porque tinha investido tantos anos a estudar música se já sabia que não ia ter emprego. Disse-me que estudou o que gostava e era o que lhe fazia feliz mas que teve que estudar engenharia porque essa foi a condição que os pais impuseram para lhe pagar os 7 ou 8 anos do curso de música. Acabei por lhe dizer que os pais foram muito realistas porque de facto isso da música não dá para nada. Contra-argumentou que as pessoas devem fazer o que gostam e que lhe faz felizes e aí disse-lhe que eu e a empresa não estamos interessados em recrutar uma pessoa que vai fazer algo que não gosta, que não lhe faz feliz e que devia procurar um emprego na área da música. Saiu de trombas mas a mim deu-me um gozo especial porque acho que as pessoas devem ser coerentes com as suas posições. Uns tempos depois fiquei a saber que ela estava a trabalhar na concorrência e que desistiu de procurar emprego na área da música. Para mim isso estava claro desde o primeiro momento. As pessoas devem ser realistas e deixarem de sonhar com caprichos e certas coisas que não servem para nada. Se não compreenderem isto o Mercado trata de lhes ensinar através da lei da oferta e da procura. O Mercado é muito bom nisso porque filtra o que é necessário e importante e expurga o que é menos importante ou acessório.
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08 Out 2016 |
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pedro onze
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 Re: Não acho Piada...
gentle man Escreveu: Meu caro, sem cultura não há sonho e sem sonho não há progresso nem futuro!  Caro GM, Não imaginas o quanto gosto de te ler... Compreendo a tua argumentação e confesso que gosto do poema de António Gedeão. Sempre gostei desde dos 15 anos, quando andava no 10º ano. Quanto à tua frase que citei acima, respondo-te com uma pergunta. Quantas pessoas precisa o Estado de pagar ou sustentar para que possam sonhar e obter algum progresso? Há muita malta a viver dos subsídios do Estado. São os subsídios para o teatro, para a dança, para os grupos folclóricos, para as fundações que expõem obras de arte, subsídios para os escritores, pintores e escultores, para os músicos e orquestras, etc, etc... É muito dinheiro.
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08 Out 2016 |
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Japonês
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 Re: Não acho Piada...
Já agora se me permitem uma intromissão e um devaneio;
O Presente é o Passado do Futuro. Sem História não há conhecimento, não há cultura não há esperança de evolução. O passado não é um amontoado de coisas inúteis. Antes pelo contrário, sem conhecermos o passado profundamente não evoluímos e sem evolução, restar-nos-á a Extinção. O Passado é a nossa Cultura é a Herança que transmitidos ao Presente para atingir o Futuro. O momento Presente é a realização de um Sonho e o Futuro é a materialização do Sonho e da Imaginação que apenas nos é possível atingir através da Cultura e do Conhecimento e que se torna em Passado; e assim sucessivamente "ad eternum"
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08 Out 2016 |
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gentle man
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 Re: Não acho Piada...
pedro onze Escreveu: gentle man Escreveu: Meu caro, sem cultura não há sonho e sem sonho não há progresso nem futuro!  […] Quanto à tua frase que citei acima, respondo-te com uma pergunta. Quantas pessoas precisa o Estado de pagar ou sustentar para que possam sonhar e obter algum progresso? Há muita malta a viver dos subsídios do Estado. São os subsídios para o teatro, para a dança, para os grupos folclóricos, para as fundações que expõem obras de arte, subsídios para os escritores, pintores e escultores, para os músicos e orquestras, etc, etc... É muito dinheiro. E eu respondo à tua pergunta: Todas e nenhuma! O ideal seria que o sistema de ensino fosse de tal modo aliciante e estimulante que todos que o terminassem fossem génios e pudessem sonhar o progresso. Concordo que há muitas pessoas a viverem dos subsídios do Estado (aqui e em muitos outros países). Discordo que reduzas a Cultura apenas às expressões artísticas. Concordo que os "artistas" não podem esperar passar a vida inteira às custas do Estado. Discordo que o "nosso" Estado invista algo de substancial em Cultura (como se faz nos EUA ou no Reino Unido). Aliás, nem nunca ouvi falar de um escritor de ficção subsidiado pelo Estado (nem acho que o deva ser). Mas acho que se deve estimular a literatura e a leitura… o pensamento científico e económico… as artes e as letras! Por alguma razão os teus "amigos" americanos (entre outros) são useiros e vezeiros a usarem os think tanks — verdadeiros sorvedouros de subsídios privados e/ou estatais. É curioso ler a definição que o google (ferramenta perigosa que permite àqueles que têm uma cultura menos sólida que alarvem erros sistematizados) faz de think tanks: "são organizações ou instituições que atuam no campo dos grupos de interesse, produzindo e difundindo conhecimento (ideologia) sobre assuntos estratégicos, com vista a influenciar transformações sociais, políticas, económicas ou científicas, sobretudo em assuntos sobre os quais pessoas comuns (leigos) não encontram facilmente base para análises de forma objectiva." Ou seja, acrescento eu a esta definição, o pensamento avançado é para as pessoas cultas, que se cultivaram, que têm uma excepcional cultura geral, neurónios bem desenvolvidos e sinapses bem encadeadas e ultra-rápidas. Aquelas para as quais nem o universo conhecido é o limite (como te dirá qualquer astrónomo ou astro-físico). 
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08 Out 2016 |
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sc
Registado: 19 Set 2010 Mensagens: 121
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 Re: Não acho Piada...
Atenção, Os Maia's do Eca são um retrato fiel da sociedade portuguesa. O estado falido, a burguesia com falsa moral... isto em 1800 e troca o passo.
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08 Out 2016 |
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Plutão
Registado: 06 Nov 2008 Mensagens: 1920 Localização: Nos confins do sistema solar...
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 Re: Não acho Piada...
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08 Out 2016 |
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Tinoni
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 Re: Não acho Piada...
pedro onze Escreveu: Já imaginou como é o dia a dia da malta que pertence ao grupo de ballet da Gulbenkian? O que é que essa gente efectivamente produz? Enquanto houver pessoas dispostas a comprar bilhetes para assistir ao espectáculo vão sobrevivendo. O Pedro consegue estar tão errado e de tantas maneiras que, às vezes, quase custa a acreditar... 1) "o dia a dia da malta que pertence ao grupo de ballet da Gulbenkian" pura e simplesmente NÃO EXISTE! O ballet Gulbenkian foi extinto (provavelmente, por gente que pensa como o Pedro) em 2005!!! Há 11 anos. Para quem gosta tanto de números e conhecimento rigoroso... 2) O dia a dia da malta que pertenceu ao ballet Gulbenkian era, de certeza, 1000 vezes mais duro fisicamente do que o seu ou o meu. O bailado/dança profissional é coisa não muito distante do que é o treino militar. Não sei se alguma vez viu algum documentário sobre a companhia do Bolshoi mas aquilo chega a roçar a mais pura e desumana tortura. Na Gulbenkian não seria exactamente igual mas não era de certeza coisa para madraços e tenrinhos.
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08 Out 2016 |
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poliveira
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 Re: Não acho Piada...
Confrade Pedro11. Eu estou como o GM... Não dá para não comentar... pedro onze Escreveu: Eu sei que a Educação é muito mais do que números e competências, mas eu pergunto-lhe de que serve a Educação que assenta em conhecimentos não baseados em números? Veja a realidade nacional da malta jovem que não gosta de estudar. A maior parte das pessoas que não gosta de matemática são pessoas preguiçosas porque não se querem dar ao trabalho de pensar. São pessoas que não estão para se chatear. Sei aliás que a maior parte dos jovens portugueses têm uma relação especial com a matemática e todas as disciplinas que requerem matemática, como física, química e geometria. Depois fogem para as áreas mais fáceis e e no fim vão para o desemprego. Basta olhar para as estatísticas. A maior parte dos cursos técnicos têm empregabilidade próxima dos 100%. E não é preciso ser um curso superior. Tem é que ser um curso técnico. Depois há aqueles cursos da treta que só dão cabo do orçamento geral do estado: psicologia, turismo, filosofia, história, desporto, ciências da comunicação, conservação do património, etc, etc... O nosso sistema de educação actualmente, e não digo apenas em Portugal, é na realidade muito parecido com aquilo que defende. É baseado apenas na literacia com foco quase exclusivo na matemática e línguas, seguido das humanidades e no final as artes, onde também aqui há uma hierarquia, sendo que as artes plásticas e a música têm um pouco mais de relevância do que o teatro e a dança, mas todas as formas de educação artística são totalmente menosprezadas. É assim em todo o mundo...Não há nenhum sistema de educação que eu conheça que ensine às crianças, por exemplo dança, diariamente como lhes ensina matemática. E eu pergunto, porque não? Eu acho que são ambas muito importantes. Que eu saiba, além de cabeças todos temos corpos que servem para muito mais que transportar as cabeças… Todas as crianças dançam quando ouvem música, todas pintam quando têm um lápis na mão, todas correm, todas cantam, todas se expressam instintivamente de variadas formas para além da linguagem verbal, o que é prova da diversidade da inteligência humana, tão simplesmente porque pensamos o mundo da mesma forma que o experienciamos, ou seja, através dos sentidos e de forma abstracta. O nosso sistema de educação foca-se quase exclusivamente no desenvolvimento dos nossos cérebros, principalmente o lado esquerdo - lógico, metodológico e analítico- em detrimento do direito - criativo e artístico -, menosprezando por completo competências que considero tão importantes, como a imaginação e a criatividade e que se definem pela capacidade de ter ideias originais que acrescentam valor. E essas ideias surgem quase sempre de interacções entre várias disciplinas e formas diferentes de ver as coisas. O conceito do nosso sistema de educação quase tal e qual como o conhecemos hoje em dia surgiu organizado e generalizado no início do século XIX. Foi criado para fazer face às necessidades da industrialização, e a ideia era que as disciplinas mais importantes para encontrar trabalho estavam no topo das prioridades, tal como o Pedro defende. O que acontece hoje em dia é que há tantas pessoas com cursos superiores e educação formal, sobre tudo e mais alguma coisa, incluindo as áreas técnicas que tanto aprecia, que isso já não é garantia de nada, ao contrário de há umas décadas atrás quando ter um curso superior ou educação formal era garantia de um bom trabalho e uma vida estável economicamente. E com esse pensamento, que há um século atrás fazia sentido mas que classifico de retrógrado nos dias que correm, as pessoas passam completamente ao lado de coisas que gostam realmente de fazer e para as quais têm verdadeiro talento, com o argumento de que nunca arranjariam um trabalho a fazerem isso. Não estudes música porque nunca vais ser músico, não estudes artes porque nunca vais ser artista… Era um conselho útil na altura, mas o mundo mudou e hoje em dia é profundamente errado. E o que acontece é que pessoas brilhantes, talentosas e criativas pensam que não o são e nunca saberão que o são, porque as coisas em que são boas na escola, não são minimamente valorizadas chegando mesmo a ser estigmatizadas pelos próprios pais, educadores e pela sociedade em geral. Uma pessoa que comece a sua educação hoje vai reformar-se lá para 2080 e ninguém, nem o cientista ou o matemático mais brilhante do planeta faz a mais leve ideia de como o mundo vai ser daqui a 10 anos, quanto mais daqui a 60 ou 70… e é suposto estarmos a educar as nossas crianças para esse futuro que desconhecemos totalmente com base na realidade actual do mercado de trabalho? Eu acho que devemos educar as nossas crianças para abraçar os seus talentos, quaisquer que eles sejam, e sou defensor de que o estimulo da imaginação e da criatividade nas mais diversas áreas, vai dar-lhes muito mais capacidades de encarar o futuro imprevisível, qualquer que ele seja, do que qualquer curso técnico que os preparará para serem especialistas de uma qualquer especialidade que até poderá estar obsoleta em 5 ou 10 anos... pedro onze Escreveu: Já imaginou como é o dia a dia da malta que pertence ao grupo de ballet da Gulbenkian? O que é que essa gente efectivamente produz? Enquanto houver pessoas dispostas a comprar bilhetes para assistir ao espectáculo vão sobrevivendo. Acerca disto lembro-me um dia de ter lido uma entrevista ou ouvido em algum documentário, a uma coreografa que não sei o nome, que explicava como descobriu o seu talento. Quando era criança a Mãe levou-a ao médico porque a miúda era um desastre na escola e a mãe pensava que ela tinha um problema de aprendizagem. O especialista fez-lhe perguntas e ouviu a sua mãe queixar-se de todos os problemas que ela tinha na escola... No final, o médico pediu-lhe para sair da sala e disse-lhe que tinha que falar com a mãe em privado. Deixou-a na sala de espera, ligou uma música e pediu à mãe para ficarem a observá-la. No primeiro momento em que a deixaram sozinha, ela levantou-se e começou a dançar... O médico disse à Mãe: - A sua filha não está doente, é uma dançarina! Leve-a para uma escola de dança. E a Mãe assim o fez. E ela descreve a experiência como uma coisa extraordinária porque estava com pessoas como ela, pessoas que não conseguiam estar quietas, que tinham que se mexer e dançar para pensar... Faziam ballet, jazz, contemporânea, sapateado, etc... Mais tarde fez uma audição para uma escola conceituada de ballet, criou a sua companhia, coreografou e produziu espetáculos de sucesso que fizeram a delícia de centenas de milhar de pessoas e é hoje em dia multimilionária... Imagine se fosse sua filha. Se calhar tinha levado um sermão todos os dias e obrigada a tirar um curso técnico de informática ou algo assim, depois de lhe dar um medicamento qualquer para a acalmar todos os dias.
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08 Out 2016 |
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gup
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 Re: Não acho Piada...
pedro onze Escreveu: Depois há aqueles cursos da treta que só dão cabo do orçamento geral do estado: psicologia, turismo, Nem vou qualificar... Seguem alguns numeros que me apareceram numa pesquisa de 5 segundos (!!!) no Google... e nem me preciso chatear mais que isso!!! Peso do turismo na economia do país está muito acima da média mundialEstudo do Conselho Mundial de Viagens e Turismo mostra que, em Portugal, o contributo do sector para o PIB é de 5,8% e de 7,2% para o emprego directo, enquanto a nível mundial, a média é de 2,9% e de 3,4% Estudo prevê que as receitas turísticas aumentem 3,6% este ano para 9800 milhões de euros. O turismo vale mais para a economia, emprego, exportações e investimento em Portugal do que no resto da Europa e mesmo no mundo. Um estudo do Conselho Mundial de Viagens e Turismo, que analisa o impacto económico do sector em 184 países com base em dados de 2013, avança que enquanto o contributo para o Produto Interno Bruto (PIB) é de 5,8% em Portugal, na Europa é de 3,1%, e no mundo de 2,9%. No emprego directo, o contributo do turismo é de 7,2% sobre o total, acima dos 3,1% que se registam em média nos países europeus e dos 3,4% em termos globais. Já nas exportações, medidas através dos gastos dos visitantes (incluindo as despesas com transportes), o contributo é de 19,6% face ao total do comércio internacional. Uma percentagem superior à que se verifica na Europa (5,3%) e no mundo (5,4%). O estudo do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC, na sigla em inglês) revela ainda que a relevância deste sector para o investimento é quase três vezes superior aos contributos médios registados no mundo: 12,5% em Portugal, contra 4,6% na Europa e 4,4% em termos globais. “O contributo do turismo para o PIB, para as exportações, para o investimento e para a criação de emprego é de tal forma relevante que não hesito em dizer que é um dos principais sectores, senão, o principal da nossa economia”, diz Adolfo Mesquita Nunes, secretário de Estado do Turismo, lamentando que a “relevância mediática” seja “desproporcionalmente inferior ao seu peso na economia”.
Se há sector onde ainda se devia investir mais na formação é o turismo!!! Sector que apesar de ter um peso bem maior que noutros países, a rentabilidade é bem menor. E muito precisamente devido à falta de formação... Se alguns dos novos sectores como as as tecnologias de informação e comunicação, a biotecnologia, as energias renováveis, os serviços e tecnologias de saúde são importantes, os sectores como o têxtil, o calçado, o vinho, a cortiça, o dos outros produtos florestais e/ou agro-alimentares, os moldes e... o turismo... não deixaram de o ser. Sendo que muitos dos sectores tradicionais durante muito sobreviveram quase só porque o país tinha condições naturais bem vantajosas. Mesmo mal aproveitadas sobreviveram. Bem aproveitadas podem passar a ser autenticas minas de ouro. E entre essas, o turismo é claramente que pode beneficiar mais da formação, por ser a que mais pode beneficiar da inovação e do aumento de produtividade. 
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08 Out 2016 |
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savalas
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 Re: Não acho Piada...
Álvaro, volta. A tua visão da Flórida da Europa que exporta pastéis de nata está perto de se concretizar ![hehehe [bigsmile]](./images/smilies/snork_lach.gif)
_________________ Who loves ya, baby ?
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08 Out 2016 |
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