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Liding
Registado: 02 Nov 2008 Mensagens: 153082
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 Carta ao BES
Esta carta foi direccionada ao banco BES, porém devido à criatividade com que foi redigida, deveria ser direccionada a todas as instituições financeiras.)
Exmos. Senhores Administradores do BES
Gostaria de saber se os senhores aceitariam pagar uma taxa, uma pequena taxa mensal, pela existência da padaria na esquina da v/. Rua, ou pela existência do posto de gasolina ou da farmácia ou da tabacaria, ou de qualquer outro desses serviços indispensáveis ao nosso dia-a-dia.
Funcionaria desta forma: todos os senhores e todos os usuários pagariam uma pequena taxa para a manutenção dos serviços (padaria, farmácia, mecânico, tabacaria, frutaria, etc.). Uma taxa que não garantiria nenhum direito extraordinário ao utilizador. Serviria apenas para enriquecer os proprietários sob a alegação de que serviria para manter um serviço de alta qualidade ou para amortizar investimentos. Por qualquer outro produto adquirido (um pão, um remédio, uns litro de combustível, etc.) o usuário pagaria os preços de mercado ou, dependendo do produto, até ligeiramente acima do preço de mercado.
Que tal?
Pois, ontem saí do BES com a certeza que os senhores concordariam com tais taxas. Por uma questão de equidade e honestidade. A minha certeza deriva de um raciocínio simples.
Vamos imaginar a seguinte situação: eu vou à padaria para comprar um pão. O padeiro atende-me muito gentilmente, vende o pão e cobra o serviço de embrulhar ou ensacar o pão, assim como todo e qualquer outro serviço. Além disso impõe-se taxas de uma 'taxa de acesso ao pão', outra 'taxa por guardar pão quente' e ainda uma 'taxa de abertura da padaria'. Tudo com muita cordialidade e muito profissionalismo, claro.
Fazendo uma comparação que talvez os padeiros não concordem, foi o que ocorreu comigo no meu Banco.
Financiei um carro, ou seja, comprei um produto do negócio bancário. Os senhores cobram-me preços de mercado, assim como o padeiro cobra-me o preço de mercado pelo pão.
Entretanto, de forma diferente do padeiro, os senhores não se satisfazem cobrando-me apenas pelo produto que adquiri.
Para ter acesso ao produto do v/. negócio, os senhores cobram-me uma 'taxa de abertura de crédito'-equivalente àquela hipotética 'taxa de acesso ao pão', que os senhores certamente achariam um absurdo e se negariam a pagar
Não satisfeitos, para ter acesso ao pão, digo, ao financiamento, fui obrigado a abrir uma conta corrente no v/. Banco. Para que isso fosse possível, os senhores cobram-me uma 'taxa de abertura de conta'.
Como só é possível fazer negócios com os senhores depois de abrir uma conta, essa 'taxa de abertura de conta' se assemelharia a uma 'taxa de abertura de padaria', pois só é possível fazer negócios com o padeiro, depois de abrir a padaria.
Antigamente os empréstimos bancários eram popularmente conhecidos como 'Papagaios'. Para gerir o 'papagaio', alguns gerentes sem escrúpulos cobravam 'por fora', o que era devido. Fiquei com a impressão que o Banco resolveu antecipar-se aos gerentes sem escrúpulos. Agora, ao contrário de 'por fora' temos muitos 'por dentro'.
Pedi um extracto da minha conta - um único extracto no mês - os senhores cobram-me uma taxa de 1 EUR. Olhando o extracto, descobri uma outra taxa de 5 EUR 'para manutenção da conta' - semelhante àquela 'taxa de existência da padaria na esquina da rua'.
A surpresa não acabou. Descobri outra taxa de 25 EUR a cada trimestre - uma taxa para manter um limite especial que não me dá nenhum direito. Se eu utilizar o limite especial vou pagar os juros mais altos do mundo. Semelhante àquela 'taxa por guardar o pão quente'.
Mas os senhores são insaciáveis.
A prestável funcionária que me atendeu, entregou-me um desdobrável onde sou informado que me cobrarão taxas por todo e qualquer movimento que eu fizer.
Cordialmente, retribuindo tanta gentileza, gostaria de alertar que os senhores se devem ter esquecido de cobrar o ar que respirei enquanto estive nas instalações de v/. Banco.
Por favor, esclareçam-me uma dúvida: até agora não sei se comprei um financiamento ou se vendi a alma?
Depois de eu pagar as taxas correspondentes talvez os senhores me respondam informando, muito cordial e profissionalmente, que um serviço bancário é muito diferente de uma padaria. Que a v/. responsabilidade é muito grande, que existem inúmeras exigências legais, que os riscos do negócio são muito elevados, etc., etc., etc. e que apesar de lamentarem muito e de nada poderem fazer, tudo o que estão a cobrar está devidamente coberto pela lei, regulamentado e autorizado pelo Banco de Portugal. Sei disso, como sei também que existem seguros e garantias legais que protegem o v/. negócio de todo e qualquer risco. Presumo que os riscos de uma padaria, que não conta com o poder de influência dos senhores, talvez sejam muito mais elevados.
Sei que são legais, mas também sei que são imorais. Por mais que estejam protegidos pelas leis, tais taxas são uma imoralidade. O cartel algum dia vai acabar e cá estaremos depois para cobrar da mesma forma.
_________________ “De todas as taras sexuais, não existe nenhuma mais estranha do que a abstinência”
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27 Dez 2009 |
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montanellas
Registado: 29 Abr 2008 Mensagens: 269
TD's nos últs 90 dias: 0
- Voyeur
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 Re: Carta ao BES
interessante,original, criativo mas uma queixa no Banco de Portugal surte mais efeito e gasta menos latim.
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28 Dez 2009 |
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Liding
Registado: 02 Nov 2008 Mensagens: 153082
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 Re: Carta ao BES
Convenhamos que qualquer queixa no Banco de Portugal cairá em saco roto, pelo que nos resta suportar a situação com algum humor
_________________ “De todas as taras sexuais, não existe nenhuma mais estranha do que a abstinência”
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28 Dez 2009 |
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montanellas
Registado: 29 Abr 2008 Mensagens: 269
TD's nos últs 90 dias: 0
- Voyeur
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 Re: Carta ao BES
saco roto? já tive de recorrer a essa entidade para o retorno de verbas indevidamente debitadas da conta e funcionou muito bem. e mais vezes q ameacei com queixa no dito e o banco voltou atrás na sua posição. da minha parte, posso dizer q funciona... talvez os bancos de q sou cliente n tenham um lobby muito forte 
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28 Dez 2009 |
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espreme
Registado: 21 Out 2009 Mensagens: 16
TD's nos últs 90 dias: 0
- Voyeur
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 Re: Carta ao BES
Da minha parte posso dizer que já tive conta no Bes e tive de fechá-la passado menos de um ano, é verdade que todos os bancos retiram taxas disto e daquilo da nossa conta, mas o Bes é do piorio, nunca vi nada igual e tenho contas noutros bancos. Às tantas fartei-me e cancelei a conta, o gerente ainda tentou dar-me a volta mas nada feito.
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28 Dez 2009 |
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Jamesbond5
Registado: 02 Mar 2007 Mensagens: 2676 Localização: lisboa
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- Voyeur
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 Re: Carta ao BES
liding Escreveu: Convenhamos que qualquer queixa no Banco de Portugal cairá em saco roto, pelo que nos resta suportar a situação com algum humor desculpa lá que te diga mas é por milhares de pessoas pensarem como tu que o nosso país não vai a lado nenhum Vale sempre a pena lutarmos pelos nossos direitos, mesmo sabendo que pouco vamos adevir dai, mas pelo menos tentamos não ficar a (suportar a situação como tu dizes).
_________________ Quando morrer quero ir para o inferno, que é lá que estão as GPs
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28 Dez 2009 |
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sexyletter
Registado: 16 Dez 2008 Mensagens: 354 Localização: Algures na Margem Sul
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 Re: Carta ao BES
Concordo plenamente com o confrade Jamesbond5! Não podemos que essas instituíções nos levem o guito todo sem fazermos absolutamente nada. Vivemos no país do "deixa andar", até ficarmos sem cheta, vamos lá ver o que isto vai dar! Há alguns anos atrás existiam poucas instituíções bancárias,comparando com a actualidade e nas que existiam até chegavam ao cumulo de nos atribuir uma quantia simbólica pelos movimentos efectuados na mesma. Agora debitam-nos por tudo e por nada,e como diz a carta e bem está tudo protegido por leis. Resumindo, não nos podemos calar, temos que exigir o que é nosso de direito.
Bem hajam
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28 Dez 2009 |
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mjcdo
Registado: 03 Jul 2007 Mensagens: 252
TD's nos últs 90 dias: 0
- Voyeur
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 Re: Carta ao BES
já agora se não gostarem de escrever cartinhas podem fazer a reclamação directamente aqui: http://clientebancario.bportugal.pt/pt- ... nicio.aspx
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29 Dez 2009 |
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