Independência da Madeira, já!
José Couto Nogueira Publicado em 02 de Julho de 2011 - no blogue "perplexo"

Em termos jornalísticos, é um bocado pobre fazer um artigo sobre Alberto João Mugabe Jardim. Quer dizer, quando não há assunto, é fácil ir buscar as declarações do soba da Madeira, que são sempre impressionantes e dão pelo menos uma manchete apelativa. Além disso qualquer publicação é um serviço que se lhe faz: é para aparecer que ele diz o que diz, e pelos vistos dá sempre resultado. Contudo, as últimas declarações de Mugabe Jardim levantam uma boa ideia.
O que aconteceu foi que o Flama, movimento independentista da Madeira, colocou várias bandeiras em locais bem visíveis do Funchal. Jardim foi do movimento quando ele nasceu, na época do 25 de Abril, por causa do susto dos madeirenses com o perigo comunista no Continente. E esta colocação, comemorativa dos 35 anos do movimento, certamente que não aconteceu sem a sua autorização, senão autoria. Oficialmente diz que não tem nada a ver com o assunto e acrescenta que também não os vai proibir:
“Se há casamentos gay, também pode haver pessoas que pensem a favor da independência!” E mais outra: “Se há partido comunista, também pode haver partido autonomista”.
O Flama quer um referendo sobre a independência da Madeira, mas Mugabe Jardim, que até gosta da ideia, acha que “neste momento não iria representar uma melhoria de condições de vida para os madeirenses.” Pois não. Sem o dinheirinho que vai daqui para a Madeira, certamente que eles ficariam pior. E nós, no continente, melhor.
Talvez seja a altura, agora que se estão a tentar reformas profundas do sistema, de fazer o tal referendo. Só que não como o Mugabe Jardim e os tipos do Flama estão a pensar.
Não senhor. Tem de se fazer um referendo sobre a independência da Madeira aqui no continente. Nós é que temos de decidir se queremos continuar a sustentar um regime paternalista que nos custa milhões, a troco de insultos do soba.

Aposto que o sim ganhava!

Opiniões. Por acaso acho que, a haver referendo, devia ser Nacional e não Continental, mas, em qualquer dos casos, acho que o sim ganhava, se é que os "sins" do Continente seriam apenas para penalizar o Alberto João e não para bem do povo Madeirense.

Pois eu tenho como opinião que deveriam ser os madeirenses, no seu todo e devidamente esclarecidos acerca dos prós e contras, a decidir do seu futuro.

Basta atentar na história da Madeira.
Da sua colonização e evolução da população e economia ao longo dos séculos.
Se eles, que são herdeiros dos colonizadores daquele território, entenderem que podem dispensar a tutela continental e que querem enveredar por um caminho só deles, parece-me que deveríamos aceitar e apoiar essa opção.

Não seria deixá-los entregues aos porcos mas sim contribuir para o nascimento de um novo país.
O Jardim e sucedâneos pouco importam neste caso.
Eles morrem, outros virão, e provavelmente se não acontecer algum tsunami o território ficará por ali.
O Jardim só se torna algo relevante pela mistificação evidente e inclinação fascista ou, pelo menos, monárquica mesmo sem ser na época do Carnaval.

Um referendo nacional seria impor um destino a quem eventualmente poderia o não desejar.

O assunto não é novo. O nº 2 da Madeira, mais precisamente o Jaime Ramos, há uns anos atrás, já tinha levantado o assunto.

Mereceu comentário do Marcelo, que, naturalmente, desvalorizou.
Eu para aí há 3 anos que não vou à Madeira, mas durante 15 anos visitava a Madeira 10/11 vezes por ano e ficava por lá uma semana e, nessa altura, eu sempre senti que o sentimento independentista estava latente, até pela forma como os Madeirenses se referem as nós, continentais, que nem sempre é da forma mais simpática, além de considerarem que os explorámos. (?)
Sinceramente, a não ser por uma questão de coesão nacional, não me chocava nada dar-lhes a independência. E não é por qualquer sentimento sacaninha, é mesmo porque sinto que é o que eles querem.
É evidente que há que ponderar se têm condições para ser independentes e, aí, entra o tal sentimento paternal de protecção de que eles também não acham grande graça.

O soba tem, sem dúvida, perfil de estadista...

Segundo o DN:

Pré-campanha eleitora/Jardim afirma
Madeira não será de 'socialistas, comunistas ou malucos'
"Com um Governo de maioria social-democrata em Lisboa, coligado com o CDS, seria um suicídio final a Madeira, loucamente, se entregar nas mãos dos socialistas, ou dos comunistas ou de malucos". Esta é uma das conclusões da reunião desta manhã do Conselho Regional do PSD/Madeira. A Madeira já vive em pré-campanha para as eleições de Outubro.
PSD regozija-se, ainda, com a vitória do PSD nacional nas recentes eleições para a Assembleia da República e promete "solidariedade ao Governo de coligação PSD/CDS, na perspectiva de idêntica posição para com os problemas específicos da Região Autónoma". Mas alerta para a certeza de que "haverá pessoas, nomeadamente na Administração Pública central e na comunicação social, que procurarão envenenar o bom relacionamento pretendido, até como meio de perturbar a coligação".
Para o PSD/M, esta região autónoma, "apesar de ter sido a parcela de Portugal que resistiu sempre aos desmandos ruinosos dos socialistas e às idiotices da "esquerda" em geral, os portugueses da Madeira têm de participar nos sacrifícios que oxalá recuperem Portugal" um esforço financeiro que "deve vir em proveito não apenas da resolução dos problemas do Estado Central, mas também da Madeira que se endividou para poder resistir ao imoral sufoco financeiro que os socialistas impuseram". O PSD/Madeira apelida de "traidor"o cabeça de lista do PS/M, Maximiano Martins, às eleições regionais de Outubro, por ter "apoiado a política de Sócrates", enquanto deputado do PS/M na Assembleia da República, e inserindo esta candidatura numa espécie de "assalto" ao poder da "esquerda caviar" .
Segundo o PSD assalto que tomou agora o partido socialista, não tanto a pensar nestas próximas eleições regionais, mas a tentar consolidar posições de médio prazo para daqui a quatro anos, quando a Memória do Povo Madeirense estiver mais apagada em relação à traição de conhecidos socialistas de colarinho branco, a "esquerda caviar".
O ataque também abrange o CDS/PP que continua a defender a construção de raiz de um novo hospital desafiando o líder dos populares, José Manuel Rodrigues, a "arranjar o dinheiro" para o referido investimento.
Como o clima político na Madeira é de pré-campanha eleitoral, o secretariado do PSD/M lembra que "com um Governo de maioria social-democrata em Lisboa, coligado com o CDS, seria um suicídio final a Madeira, loucamente, se entregar nas mãos dos socialistas, ou dos comunistas ou de malucos".

Não coloquei esta notícia no local normal, porque, sinceramente, não merece lá figurar.
A independência da Madeira já!

Segundo o DN:

Jardim abandona política se não tiver "uma grande maioria"
O presidente do PSD-M acusou ainda o governo socialista de ter roubado a Madeira e chamou ao CDS partido de "beatas tontas".

Nunca conseguirei entender o que leva este homem a estas posições. Está-lhe no sangue, só pode.

Pois é, caro Littlehouse,


O facto de lhe estar no sangue não surpreende, se tivermos em conta as sucessivas vitórias eleitorais obtidas desde 1976, acabando por "legitimar" o estilo jardinesco de fazer política

Para tal, também contribuiu a cumplicidade interesseira do PSD nacional (desde Sá Carneiro a Passos Coelho) e, por incrível que pareça, de algumas luminárias de outros quadrantes políticos.

Eis dois exemplos eloquentes:

http://canais.sol.pt/paginainicial/politica/interior.aspx?content_id=86877

http://www.tsf.pt/PaginaInicial/Portugal/Interior.aspx?content_id=1477932

É simples: perdeu o juízo (já há muitos anos) e tem-se dado bem assim; já não sabe fazer de outra maneira.

Acho que já circula pouco sangue no alcool...

Segundo o Público:

Dívida da região aproximou-se dos mil milhões no final de 2010
Verbas para reconstruir a Madeira gastas em despesa de funcionamento
Temporal da Madeira foi há mais de um ano Temporal da Madeira foi há mais de um ano.
O governo regional da Madeira pagou despesas de funcionamento com verbas concedidas para financiar a reconstrução na sequência do temporal de 20 de Fevereiro de 2010, confirma o Tribunal de Contas.

Sem comentários...

Madeira quer pagar complemento de 65 euros a pensionistas
regional, que é de 494,70 euros, poderão receber um complemento de 65 euros. Este valor visa compensar os custos de insularidade.
A Assembleia da Região Autónoma da Madeira aprovou, no dia 20 de Julho, o pagamento de uma compensação aos pensionistas que residam na Madeira e enviou a Resolução nº 14/2011/M para a Assembleia da República para que esta seja aprovada.
Esta medida surge a cerca de dois meses das eleições legislativas da Madeira. A 9 de Outubro os madeirenses são chamados a escolher o Governo. Alberto João Jardim é o líder madeirense desde 1976.
Assim, a Madeira propõe que seja pago um complemento de insularidade "aos cidadãos residentes de forma permanente na Região Autónoma da Madeira que usufruam de pensão por velhice, invalidez ou pensão social e que estejam integrados em qualquer um dos sistemas de protecção social vigentes, até ao limite do salário mínimo nacional, a vigorar na Região Autónoma da Madeira", segundo a Resolução que foi hoje publicada em Diário da República.
O salário mínimo que vigora na Região Autónoma da Madeira é de 494,70 euros, mais 9,70 euros do que o salário mínimo nacional (485 euros).
O complemento que está a ser proposto é de 65 euros mensais e “visa assegurar a devida compensação pelos custos de insularidade, a todos os cidadãos residentes na Região Autónoma da Madeira abrangidos pelos sistemas de protecção social vigentes.”
A discussão em torno de um complemento de insularidade é já antiga. Ainda em 2009 a Associação de Reformados e Pensionistas da Madeira entregou uma moção ao grupo parlamentar do PCP com uma proposta a pedir precisamente um complemente de 65 euros às reformas que fiquem abaixo do salário mínimo nacional.
In http://www.jornaldenegocios.pt/home.php ... &id=500911

Independência JÀ

"...Na conferência de imprensa destinada a fazer a primeira avaliação do programa da ‘troika’ pelo actual Executivo, Juergen Kroeger referiu que deste 'buraco' adicional 320 milhões de euros dizem respeito ao BPN, e trata-se de um valor líquido, onde já inclui uma receita de transferência de fundos de pensões para a Segurança Social.

O restante provém de um buraco de 277 milhões de euros proveniente das contas da Região Autónoma da Madeira, que o representante da Comissão Europeia não explicou do que se tratava..."
Lusa/SOL

Segundo o Ionline:

“Não é novidade. O Governo Regional informara já a população de que, para defender o povo madeirense, a alternativa às medidas financeiras político-partidárias do anterior Governo socialista que visavam parar a vida do arquipélago, foi a de não se render, resistir, mesmo à custa do aumento da dívida pública”, disse Jardim.
Acrescentou que logo após a tomada do atual Executivo da República do PSD, a Madeira “apresentou uma informação completa sobre a situação e solicitou um plano de regularização financeira, tal como decorre para o Estado central”.
“É nesse sentido que os portugueses da Madeira vivem a solidariedade dos sacríficos impostos a todos os cidadãos nacionais, apesar de, a tempo, sempre terem alertado que Portugal chegaria a esta situação”, sublinhou.
Jardim sustenta que “a perspetiva temporal das receitas próprias da Madeira é a garantia da viabilidade do plano solicitado”.
Conclui que o Governo Regional “entende que o arquipélago poderia ter sido defendido melhor, se fosse mais ampla a autonomia política, o que até agora vem sendo negada pela República”.

Não sei do que estamos à espera para dar a autonomia a este senhor, só autonomia claro, nada de dinheiro. Mas tem graça ele acusar o "contenente" de provocar esta dívida.

Segundo o DN:

Jardim exige fatia da ajuda 'troika' após eleições
Governo Regional diz que faz sacrifícios, por isso também tem direito a empréstimo.
A Madeira exige uma fatia dos 78 mil milhões de euros que a 'troika' emprestou a Portugal para pôr em ordem as contas da região. Alberto João Jardim fez saber isso mesmo a Passos Coelho e a Cavaco Silva, mas a região autónoma não parece disposta a fazer mais sacrifícios, além dos que estão escritos no memorando. As Finanças estão a ajudar a hipótese de ajuda, depois da 'troika' ter descoberto um buraco de 277 milhões nas contas da região, que contribuiu para o "desvio colossal" do Estado.

Claro, naturalmente, e o rabinho lavado com água de malvas, também?