Eu não sou um dos 62

o Japão vai aumentar o seu "quantitative easing" e colocar os juros do BoP a negativo ... objectivo ... combater a deflacção
estou pessimista ... são medidas pró-cíclicas ... reduzem a margem de manobra futura, para a política cambial e monetária

O problema parece-me ser o de haver dinheiro a mais.
Na falta de investimentos ditos "normais" se o dinheiro for remunerado com juros só iria trazer dificuldades aos bancos para os pagar já que não têm onde investir de forma firme.
Há por isso necessidade de obter dinheiro a juros 0 ou mesmo negativos.
Essa é a forma de dar margem de manobra a se investir arriscando ou a só se ter pequenos ganhos ou mesmo prejuízos.

Se houver relançamento de investimento certamente juros e inflacção subirão.

Por isso, parece que a FED deu um passo maior do que o possível neste momento.

confrade sersan

quando os bancos centrais colocam a sua taxa directora em negativo ... significa que remunera os depósitos dos bancos comerciais a uma taxa negativa ... e se essa medida for acompanhada com "quantitative easing" irá embaratecer a sua dívida publica (no caso do Japão é elevada, com rácio sobre o pib bastante superior à portuguesa)

estas medidas visam tornar pouco atraentes as aplicações de capital "mais ociosas" ... empurrando os excedentes dos bancos de retalho ... dos depósitos no banco central e da compra de títulos do tesouro ... para o mercado ... isto é, para financiar investimento e consumo, para empresas e famílias

a política monetária expansionista tem efeitos na política cambial (desvaloriza a moeda) e na política económica (com acréscimos de competitividade nas exportações e no consumo interno, e agravando o preço das importações) ... criando condições para um impulso na taxa de inflacção

se a taxa de desemprego for superior a 6%, então existem condições para articular com a política de rendimentos e preços, uma evolução do investimento e do crescimento do pib de forma "saudável"

no sector privado, a tomada de decisão de investimento está associada a um mix de factores ... uns quantitativos outros qualitativos
entre os qualitativos ... são cada vez mais relevantes ... a expectativa do enquadramento político global e da fase do ciclo económico
ora a percepção actual sobre estes dois factores é negativa para a maioria dos sectores da economia real ... com algumas excepções

a economia actual é global ... isto é ... as economias regionais e locais interagem de forma dependente entre elas ... umas mais outras menos ... e a dependência mede-se por dois tipos de indicadores ... quantitativos (mercado interno, endividamento, moeda) ... qualitativos (densidade económica, tecnologia, nível da MOD e das infraestruturas, e estabilidade política)

desde 1994 ... Uruguay Round / OMC ... que o comércio internacional mundial cresce em média 3 pontos acima do pib mundial ... aprofundando a globalização e a dependência de todos sem excepção

neste período, e deflacionando os preços, houve uma transferência de riqueza através das "razões de troca" (correlação de preços importados e exportados) ... do Norte para o SUL ... e do Ocidente para o Oriente

mas o problema maior do capitalismo ... é a dimensão da economia monetária ... ao financiar o futuro por vezes de forma absurda ... obrigando permanentemente o presente a entrar em desconto pelas expectativas ... quer sejam políticas ou económicas ... transformando o risco numa indústria complexa e especulativa

Que o futuro seja financiado de forma absurda, para uns será, para outros, uma minoria, bem pelo contrário.
Quem o financia, o futuro, é quem pode e com a introdução do risco, dito calculado em factores por eles determinado, mais não é do que uma forma de já hoje meter ao bolso em detrimento dos que não podendo têm de ceder posições.
Pode chamar-lhe indústria eu vou mais pela agiotagem pura e simples mas a um nível muito elaborado.
É assim que se justifica a tal passagem pela diminuição de menos pessoas a deterem mais de metade da riqueza mundial. O problema deles, e nosso também é que a essa riqueza acumulada não corresponde propriamente activos produtivos. São na sua maioria a expressão de acumulação de capital pelo rendimento de capital.

Se imaginarmos um mundo em que a agiotagem não seria permitida, em que o rendimento de capital estaria condicionado à criação de riqueza não monetária, e em que o trabalho por hora fosse remunerado igualmente em todo o mundo, podemos analisar e chegar a uma conclusão acerca do mal do mundo financeiro actual.

confrade sersan

pode dizer o que considera agiotagem ? em Portugal, pode dar um exemplo de uma entidade financeira que pratique taxas de juro que configuram a agiotagem ?

financiar o futuro é por exemplo

emprestar a 30 anos para comprar habitação
emprestar a 4 anos para comprar carro
emprestar a 6 meses a viagem de sonho

financiar o futuro também é

contratar cobre para entrega a 9 meses
contratar uma ppp dum hospital por 5 anos
contratar um ppr para daqui a 15 anos

grato

Claro que posso!
Agiotagem pode ser empréstimos em troca de juros + capital emprestado como especulação financeira.
Define-se igualmente como empréstimo fora do circuito legal, com juros mais elevados do que os legais.

Na minha opinião, e não só minha, é também acumulação de capital, especulando o que renderia se fosse investido em algo produtivo, sem produção de bens materiais.

Exemplo, tenho um milhão, empresto a 6% ano, receberei no fim do ano 1.060.000. O que foi produzido que possa ser aproveitado? Nada!
E se a economia encolheu o que foi criado? Um buraco, já que existe o equivalente a riqueza criada sem a sua real existência.

Se há realmente um problema, é o de os economistas saberem tanto de economia, hoje, como os médicos, no início do século XIX, sabiam de medicina: tinham umas vagas noções de quando era preciso fazer descer ou elevar a temperatura, faziam umas sangrias ou, quando era inevitável, umas amputações, aplicavam umas mezinhas duvidosas e outras francamente venenosas... só um século depois, a coisa começou a cientificar-se.

A economia ainda há-de descobrir os antibióticos, as TACs, as vacinas... entretanto, vamos esperando.

E já descobriu

Chamam se estabilizadores automáticos

o problema é outro

há um adágio popular que diz ... de médico e de louco todos temos um pouco

a auto-medicação é uma prática que vem desde dos primórdios da humanidade
apesar dos avanços científicos e dos serviços públicos de saúde ... mantem-se

nas duas últimas décadas ... surgiu uma nova estirpe deste adágio popular

de economista e de louco todos temos um pouco

em economia ... ter uma opinião informada, estruturada e fundamentada ... exige estudo, capacidade analítica e raciocínio indutivo

claro que há sempre espaço para o Correio da Manhã

Desenvolva, sff, sr. dr.

O que eu sei é que a banca ta toda fodida desde o deutsche-bank à banca grega, italiana etc, e não me parece que seja por falta de economistas com mba ph'd etc nos seus quadros. Portugal então que eu saiba nunca ninguem se distinguiu no campo da economia...!

Portugal tem excelentes economistas de fancaria
Costa / Jerónimo / Catarina / Passos / Portas

os portugueses até colocaram um fulano na presidência da republica que
durante 15 anos foi médico de família e especialista em economia familiar

as doutas lições do Prof. Marcelo na TVI
são o excelente exemplo da opinião económica do português médio
é pouco informada ... é mal estruturada ... é raramente fundamentada

dizer que a economia está mal ou que os bancos vão à falência é por responsabilidade dos economistas
é a mesma coisa que dizer que os médicos são os culpados dos problemas do serviço nacional de saúde

são slogans que satisfazem a voragem imediata da culpa ... atribuída ... o povo dorme mais descansado

mais pobre ... mas mais descansado

ahha concordo e discordo, estamos a falar não da economia mas sim da banca privada que é gerida por gestores de topo pagos escandalosamente e os accionistas é que se lixam...