Bom, Hitler era católico e contava com o apoio do Vaticano, no início da guerra. Quanto a Stalin e Mao caem precisamente no grupo de lideres políticos sobre quem foi adoptado o discurso porto-religioso do "salvador" que referi acima, quando de facto representaram tudo menos isso. Foram em grande parte eles quem transformou o ideal socialista que subscrevo nas realidades que abomino.
Quanto à questão das vítimas, há uma enorme diferença entre inimigos externos (em especial nos nossos dias, em que a guerra se pode fazer a muitos quilómetros de distância) e internos. Acreditar que um Trump mandatado por Deus tem o direito de bombardear a Coreia do Norte com ogivas nucleares, atingindo ao mesmo tempo tanto a Coreia do Sul como o Japão, ou que outro governante estúpido, louco e megalomaníaco como Kim Jong Un tem o direito de fazê-lo aos seus vizinhos por razões semelhantes é uma coisa, talvez aqui vítimas e perpetradores se encontrem a tão grande distância que as crenças de uns e de outros pouca influência tenham no que desfecho do conflito.
Mas nos conflitos internos ou muito próximos, como a perseguição aos judeus na segunda querra mundial, a perseguição dos negros pelo Ku-Klux-Klan nos estados dos Sul da América ou a propagação dos colonatos israelitas a percepção do nosso inimigo como "um de nós" e dos nossos líderes como pessoas falíveis, que muitas vezes são incapazes de efectivamente nos representar ou visam interesses que não são os nossos, pode ter uma influência radical.
Não devemos nunca esquecer que o pensamento crítico é a base da democracia ou que um líder tirânico pode ser tornado num louco impotente, se lhe retirarmos os meios de perpetrar as suas loucuras. É por isto que considero tão importante assumirmos a nossa responsabilidade como seus iguais, não consentirmos cegamente que nos guiem baseados seja em que crença ou ideologia fôr. E aqui, já começa a ter importância não acreditarmos em mais nada senão nas acções de cada homem.

Não confundas alianças e conveniências políticas da altura (Alemanha era um pais cristão) com convicções religiosas. Hitler considerava o cristianismo uma religião semita e anti-ariana, e queria ver-se livre desta. Ele acreditava na ideia do Übermensch, um conceito que veio de filósofos ateus da altura, como um tal de Nietzsche, que era precisamente acreditar na força dos homens e as suas acções, e não de superstições religiosas. Não estou a defender que foi o ateismo que levou o nazismo, mas contrapor o argumento distorcido de que a religião é responsável por todas as atrocidades.

https://en.wikipedia.org/wiki/Religious_views_of_Adolf_Hitler
https://pt.wikipedia.org/wiki/Super_homem_(filosofia)

De religião o comunismo não tem absolutamente nada, e dizer o contrário é não perceber o que é a religião ou o comunismo. Qualquer ideologia por mais benigna que seja - e o comunismo é baseado num ideal de igualdade - tem consequencias desastrosas quando são levadas ao extremo. É o fundamentalismo aliado com o totalitarismo que levou a tantas mortes, não é a ideologia ou a religião propriamente dita.

Bem, onde é que a discussão já vai.
Falei da Coreia do Norte e isto já me meteu o Hitler, o Vaticano, ...

Se calhar é melhor criar um tópico específico no subforum Actualidades...

Se fosse Moderador, continuava a dar mais um pouco de corda. Os tópicos nas actualidades não estão a mexer

Assim que ouviram falar na esplanada e nas imperiais vieram logo a correr!!

Acho piada ligar para um anúncio da porta99 em que tem duas fotos em que apenas aparece uma marquesa e na outra aparecem apenas toalhas e cremes e afins para a massagem e quando pergunto à menina como ela é, ela responde-me que é a menina das fotos, que as fotos são reais

Pelo contrário a crença num determinismo histórico, bem a fé em certos líderes políticos (Stalin descrito como o "paizinho do povo") apresentados como salvadores têm muitos traços comuns com a propaganda religiosa. A primeira vez que li sobre isto foi num livro do Roland Barthes, que como bem sabe era um homem de esquerda (já andei à procura de referências mas até agora falhei em encontrá-las), mas o princípio é obvio: o abandono do espírito crítico em prol do culto da personalidade ou da verdade revelada.


Isto é uma coisa que me faz uma confusão enorme mas como sou por natureza céptico, não consigo falar por experiência. Se eu acreditasse que de alguma forma conhecia a verdade, que esta me fôra revelada por um qualquer livro, não haveria nada a não ser a morte que me travasse de fazer o que sabia ser certo. Uma das razões porque tenho tanto medo do sentimento religioso é que não vejo como se pode senti-lo e não ser fundamentalista.
Quando muito houve homens, como Jesus ou Gandhi, que escolheram o auto-sacríficio em vez da guerra santa mas todo o homem comum que acredita é um potencial jihadista. O que existem é muitos que fingem acreditar mas não têm qualquer força por trás das suas convicções. Nisso têm famosa companhia, houve um tipo chamado Pascal que o explicou muito bem.

Acho piada como um gajo assumidamente ateu tem de vir explicar a crentes o que é a fé.

A marquesa e as toalhas são verdadeiras, embora as últimas à muito que não estejam tão limpas e se não há nenhuma menina nas fotos, como pode o confrade dizer que não é ela?

Mas o ateísmo - e o cientificismo https://pt.wikipedia.org/wiki/Cientificismo - são também crenças. A negação de deus para si é uma verdade, e como tal é uma crença que me parece tão válida como aqueles que acreditam em deus - pois ambas afirmações não têm fundamento científico.

Acho piada que muitos ateístas não vejam o ateísmo como uma crença.

Numa democracia liberal, devíamos respeitar as crenças de todos os individuos desde que estas não prejudiquem terceiros e não contradigam o que diz a Ciência. Para mim, o fundamentalismo começa quando achamos que a nossa crença é que é a verdadeira, e que o mundo seria melhor se todos rejeitassem as suas crenças e pensassem como nós. Para mim o Richard Dawkins e outros como ele são fundamentalistas -
https://www.theguardian.com/science/2012/dec/26/peter-higgs-richard-dawkins-fundamentalism.

A sério?

Já respondi a essa


O meu ateísmo não é apenas uma crença, é uma posição filosófica.
https://www.youtube.com/watch?v=-suvkwNYSQo&t=30s
Só me falta a eloquência dele.

E, como acontece com Richard Dawkins, acredito que a religião instituída prejudica tanto terceiros e como os que nela acreditam. (Estou sem pachorra para procurar mas lembro-me dum debate dele com um muçulmano qualquer, barbudo e vestido de cinzento, onde a pergunta que pôs era: que direito têm uma religião de doutrinar crianças a acreditarem em coisas que o conhecimento científico desmente? Porque o conhecimento científico desmente Adão e Eva, uma Terra com apenas 6000 anos, o dilúvio, etc, etc, etc)

Já agora: https://en.wikipedia.org/wiki/Spectrum_ ... robability

Pois, também me fico pelo seis.

Pois, isto é uma táctica do Richard Dawkins, que é caracterizar a religião apenas focando em exemplos negativos, ignorando o todo, e assim denegrir a religião.

Acho piada que um cientista da categoria deste homem utilize uma análise tão pouco científica e tão superficial para caracterizar a religião, mas isso não lhe impediu de vender muitos livros.

A religião é uma linguagem que nos permite exprimir aquilo que não podemos explicar - como a nossa existência aqui na Terra e depois da morte. Ora isso não requer um choque com a Ciência. As maiores doutrinas cristãs não levam a bíblia literalmente, começando com o antigo testamento. E muitos dos grandes cientistas foram eles cristãos, incluindo o Pascal e o Newton.

https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_C ... technology

O que prejudica terceiros é quando há dogmas que não podem ser debatidos e há censura de ideias. Ora isso parece-me que é ortogonal à religião em si.

(Considero-me agnóstico, apenas não gosto de fundamentalismos seja de onde vierem.)

Por acaso, creio que no "The God Delusion", o Dawkins tem umas páginas engraçadas em que se ocupa a desfazer essa ideia.



Pois a questão é que a Bíblia, se é "a palavra de deus" (como diz a padralhada todos os dias na missinha), só pode ser lida literalmente.