Autor |
Mensagem |
Jamesbond5
Registado: 02 Mar 2007 Mensagens: 2676 Localização: lisboa
TD's nos últs 90 dias: 0
- Voyeur
|
 Crise em Portugal
_________________ Quando morrer quero ir para o inferno, que é lá que estão as GPs
|
26 Abr 2009 |
|
|
 |
Merlin
Registado: 23 Dez 2008 Mensagens: 852
TD's nos últs 90 dias: 0
- Voyeur
|
 Re: Crise em Portugal
Lideres Europeus á procura da Solução para a Crise
_________________ “Todos os homens morrem, mas nem todos vivem.” William Wallace
|
26 Abr 2009 |
|
 |
Nicolle
Registado: 05 Dez 2008 Mensagens: 1603
|
 Re: Crise em Portugal
Caro confrade drdoctor, permita me que discorde... O português vai lá para fora e trabalham que nem doidos, fazem sábados, domingos, não vão ao café para poupar, vivem em contentores se for preciso!!
Aqui posso dizer lhe que estou há dois meses á espera que apareça uma alminha que queira trabalhar pois pedi pessoal ao Centro de Emprego! Aos Domingos á hora de almoço os restaurantes fazem fila! Á noite os cafés á pinha!
Eu almoço em casa e janto todos os dias! O café faço o em casa!
E não é pela crise, pois não sinto que haja crise! O meu problema é mesmo falta de pessoas para trabalhar, o que me obriga a trabalhar cerca de 18h por dia!!!
Agora diga me o povo português, lá fora leva a "marmita" para as obras... aqui gastam 5€ por dia no Prato do Dia... Há crise???
|
27 Abr 2009 |
|
 |
drdoctor
Registado: 13 Fev 2009 Mensagens: 62
TD's nos últs 90 dias: 0
- Voyeur
|
 Re: Crise em Portugal
Cara confreira Nicolle, eu não tenho que permitir ou deixar de permitir que discorde, felizmente desde 74 que tem vindo a ser assim e espero que continue. Tenho um conhecimento pouco profundo da realidade dos trabalhadores que migravam para o estrangeiro e que levavam a marmita para as obras, no entanto, alguns familiares meus emigraram e também o faziam. Suponho que o faziam exactamente por irem para as obras, uma vez que as remunerações que auferiam, sendo atracticas num país como o nosso, não lhes permitiam ter outro tipo de consumos no país que os acolhia. Eram também os mesmos portugueses que, em Agosto, faziam as delicias dos meus olhos com as últimas novidades do mercado automóvel quando se deslocavam de volta ao país de origem. Como disse acho que desse crime todos somos culpados, a confreira pode até não ser, mas como é custume nestes meios e sociedade as opiniões levam geralmente aos generalismos. Eu sei que o sou. Não há muito tempo atrás, em conversa com alguns amigos, elogiaram o meu comportamento por ter adoptado duas cadelas abandonadas, eu respondi que ao que gastava para alimentar essas cadelas e o resto dos cães que tenho poderia sustentar uma pequena familia em Africa, pode não ser bem assim mas quase. Queroo dizer que agi por impulso, deixei-me levar por uma paixão que tenho. Transpondo estas acções impulsivas para uma realidade de consumo em que o mercado, seja o de produtos e serviços, seja o do crédito (Os meus comentários sobre a cofidis num outro tópico eram meramente humuristicos) como dizia, num mercado que está inteiramente dedicado para vender ilusões aos consumidores, torna-se dificil os mesmos resistirem. O meu avô custumava dizer "Ouve o que te dizem mas fica com o que te parece", hoje em dia não é assim. A sociedade é educada para ter uma linha de pensamento "mainstream", em que as opiniões e tendências maioritárias prevalecem, o consumo não é excepção, antes pelo contrário. Com tudo isto não quero dizer que as atitudes consumistas estão correctas, apenas quero dizer que se trata de um problema que era e é previsivél e é reversivél. Fundamentalmente queria dizer que não se trata apenas de um problema de "crise em Portugal", estes problemas são tão visiveis e por vezes aínda maís exponenciados noutras sociedades ditas desenvolvidas. Se analisarmos algumas economias podemos reparar que quanto mais desenvolvida for uma sociedade maior é a dependência financeira das bases da mesma sociedade, Os EUA são a base perfeita dessa analise por que representam o liberalismos quase puro, em termos económicos. Quando em Portugal se discute com alarme, que eu partilho, sobre o crédito mal parado e sobre o endividamento familiar, nomeadamente no caso do crédito à habitação nos EUA uma habitação quase que nunca deixa de estar hipotecada, são umas a seguir às outras. No que respeita ao emprego tenho que admitir que o problema é mais especifico do nosso país. Mas uma vez mais não penso que se trate apenas de não querer trabalhar. Em primeiro lugar aínda vivemos numa sociedade em que alguém que aínda não é, e se calhar nunca ser, doutor já o é (penitencio-me automaticamente e duplamente pelo meu nick). Esta situação cria logo um desvirtuamento quanto às necessidades de qualificação dos trabalhadores e as que são realmente oferecidas. Quem é que não quer ser licenciado? Eu quis ser e sou. Quem não quis ser douturado? Eu quis, mas já não quero. Quando o consumidor quer uma coisa o mercado trata logo de a oferecer, começam logo a aparecer cursos superiores a torto e a direito sobre tudo e mais alguma coisa. Se o problema estivesse só aí, então não havia problema, teriamos licenciados a trabalhar em qualquer ramo de actividade, desde os quadros base até ao topo, mas não está. Os planos curriculares da maioria dos cursos superiores não conseguem dar uma resposta efectiva às necessidades dos empregadores, não há uma correspondência razoavél entre o que é ensinado e o que é necessário saber quando se está a trabalhar. Claro este problema diz respeito apenas a uma percentagem relativamente pequena no nosso país, a dos licenciados. Podemos, no entanto, transportar estes problemas para o resto do ensino. Quem procegue os seus estudos pelo ensino dito oficial ou não profissionalizante facilmente repara que o plano curricular segue duas tendências. Em primeiro lugar tentar que os alunos completem o ensino obrigatório, chegando aí já está tudo muito bem (já estamos a recuperar no ranking europeu  ), em segundo lugar.... preparar o alunos para a universidade, onde aprenderam tudo o que necessitam saber para ser doutores. Quem quiser prosseguir os estudos pela via profissionalizante, os chamados cursos profissionais, encontra uma realidade aínda maís encantadora. Salvo excepções muito honrosas os cursos de formação profissional também assentam em dois pilares. O primeiro é comum, tentar que os alunos não faltem às aulas para terminarem o curso e ajudarem Portugal no ranking e em segundo lugar, mas não por ordem de importância, obter o subsídio do fundo de coesão. Se a uma enorme quantidade de pessoas mal formadas juntarmos uma quantidade não menos significativa de pessoal que vêm no subsídio de desemprego, rendimento mínimo de insersão e bolsas de formação uma alternativa aliciante ao trabalho, então o caldo está de facto entornado. Na minha opinão pessoal o problema em Portgal é um problema de mercado. A nós, enquanto consumidores, compete-nos elevar o noso grau de exigência em relação ao que consumi-mos, sejam refeições, cafés, telejornais politicos e qualquer outra coisa porque, quer queiramos quer não, nós somos consumidores desses produtos e uma coisa eu garanto, nenhum mercado oferece produtos que não vendem. Se assim for resta-nos esperar pelo o que nos é oferecido e seguramente será melhor. Não espero que toda a gente aceite a minha opinão, aliás espero até que ninguém a aceite completamente, porque uma sociedade torna-se rica pela troca e não pela aceitação das mesmas.
|
27 Abr 2009 |
|
 |
drdoctor
Registado: 13 Fev 2009 Mensagens: 62
TD's nos últs 90 dias: 0
- Voyeur
|
 Re: Crise em Portugal
Só mais uma coisinha. Se eu conseguisse este tipo de inspiração para escrever TD's, que ranking eu já não teria? 
|
27 Abr 2009 |
|
 |
Nicolle
Registado: 05 Dez 2008 Mensagens: 1603
|
 Re: Crise em Portugal
Caro confrade... deixe me felicitá-lo por algo que temos em comum... acolher animais!!!
Tambem o faço, neste momento tenho 2 cães que amo de coração... Uma gata que acolhi e teve 5 crias que amo de coração e não darei uma unica cria sem ver e saber para onde vão e como serão tratadas!!
Eu falo do meu caso e da minha empresa: " Não temos quem trabalhe, e bem precisavamos!"
Porque o meu negócio depende de pessoas... que criam clientes, que criam volume... e eu estou neste momento obrigada a criar o volume de 10 pessoas "all by myself"...
|
27 Abr 2009 |
|
 |
drdoctor
Registado: 13 Fev 2009 Mensagens: 62
TD's nos últs 90 dias: 0
- Voyeur
|
 Re: Crise em Portugal
Neste momento diminuí o número de cães para uns, aínda assim insustentaveis, 4 adultos e três cachorros. Deixei de ter jardim, claro, só tenho plantas arrebentadas e terra batida. Pessoalmente só tenho dificuldade em compreender as generalizações. Eu também tenho dificuldade em encontrar trabalhadores capazes, no meu caso concreto está mais relacionado com o não saber fazer mais do que o não querer. Quando se distribuí dinheiro "grátis" a tanta gente é normal acontecerem estes desiquilibrios.
|
27 Abr 2009 |
|
 |
SpongeBob
Registado: 17 Nov 2008 Mensagens: 10355
|
 Re: Crise em Portugal
Esta questão da qualificação é medonha e fala-se, fala-se, e nada muda por aí além - é um problema transversal à nossa triste sociedade. E já vem de longe: li há dias que, no ano de 1840, a Alemanha tinha 30 % de analfabetos, enquanto Portugal tinha 90 %.
Curiosa a crónica, de hoje, do Rui Tavares (no Público). Dentro de treze anos, a nossa democracia completa 48 anos - tantos quanto durou o estado novo. Temos que começar a pedalar, porque, até agora, não aproveitámos bem o tempo que passámos em democracia.
|
27 Abr 2009 |
|
 |
drdoctor
Registado: 13 Fev 2009 Mensagens: 62
TD's nos últs 90 dias: 0
- Voyeur
|
 Re: Crise em Portugal
Ja tinha lido ontém o post do confrade. Como ia discordar mais uma vez resolvi ir antes dormir para ver se o meu estado de mente alterava mas não foi o caso. Em primeiro lugar 35 anos de democracia, após 48 anos de uma ditadura e sei lá quantos anos de uma monarquia não absoluta mas absolutamente monárquica, não é um prazo de tempo longo o suficiente para que as mudanças que todos desejamos se concretizem efecivamente. Se virmos bem se calhar apenas duas gerações de trabalhadores e quadros superiores passaram, ou seja, de uma forma simplista os nossos superiores, inferiores ou mentores tiveram superiores, inferiores ou mentores desses tempos idos, com tudo o que é benéfico e maléfico. Uma coisa de que eu me orgulho particularmente é o facto da transissão de regimes ter sido efectuada de forma tão pacifica, algo que muitos outros paises não se podem orgulhar. Neste caso, não tendo desperdiçado tempo nenhum numa guerra civil, acho que o tempo foi bem aproveitado.
No aspecto da educação concordo com o confrade. É uma questão transversal, nas sociedade latinas de tradição católica a educação sempre foi encarada como um privilégio e o bloqueio do acesso à educação era tido como uma estrategia para conter a população dentro da fé e do regime. Nas sociedades protestantes a educação/informação era vista de outra forma, era considerada uma boa forma de propagar a fé e o regime. Duas visões diferentes com resultados distintos.
|
28 Abr 2009 |
|
 |
SpongeBob
Registado: 17 Nov 2008 Mensagens: 10355
|
 Re: Crise em Portugal
Compreendo esse ponto de vista, mas não estou de acordo - embora reconheça que 35 anos é pouco, quando comparados com 48 anos + 250 de inquisição + catolicismo (e por aí adiante) -, porque acho que o principal custo da transição para a democracia foi o nivelamento por baixo, que impediu a criação de elites.
O que é uma elite? É o conjunto dos melhores, daqueles que se destacam - pelos princípios, pelo comportamento, pela instrução.
Hoje ainda não temos elites, logo, as outras pessoas não têm referências a seguir. É esse o problema.
Li há tempos - não consigo encontrar o texto - um artigo que referia um estudo feito nos USA e que concluía que, em localidades com menos de - creio - 5 % de pessoas extremamente qualificadas, o crime e os problemas sociais cresciam esponencialmente.
O problema da nossa sociedade não é individual. Somos pessoas de bem, com vontade de realizar coisas, sociáveis e com grande capacidade de adaptação - aqui não há o menor problema. Se falarmos na nossa vida colectiva, a história é outra: a nossa vida colectiva é um desastre.
|
28 Abr 2009 |
|
 |
drdoctor
Registado: 13 Fev 2009 Mensagens: 62
TD's nos últs 90 dias: 0
- Voyeur
|
 Re: Crise em Portugal
Não vejo onde estamos em desacordo. Em primeiro lugar o problema de uma sociedade nunca é individual, a nível colectivo acho que o factor que mina a nossa vida é a inveja, não o de desejar o que os outros têm, mas simplesmente desejar que os outros não tenham. No entanto como digo e repito, é algo intrisseco, algo que foi adoptado como comportamento comum durante tanto tempo que 35 anos não serão suficientes para eleminar.
|
28 Abr 2009 |
|
 |
SpongeBob
Registado: 17 Nov 2008 Mensagens: 10355
|
 Re: Crise em Portugal
Também acho que é isso.
|
28 Abr 2009 |
|
 |
Liding
Registado: 02 Nov 2008 Mensagens: 153082
|
 Re: Crise em Portugal
Os autarcas portugueses são os mais católicos do mundo. Nunca assinam nada, sem terem um terço na mão...
_________________ “De todas as taras sexuais, não existe nenhuma mais estranha do que a abstinência”
|
28 Abr 2009 |
|
 |
drdoctor
Registado: 13 Fev 2009 Mensagens: 62
TD's nos últs 90 dias: 0
- Voyeur
|
 Re: Crise em Portugal
|
28 Abr 2009 |
|
 |
SpongeBob
Registado: 17 Nov 2008 Mensagens: 10355
|
 Re: Crise em Portugal
Nem é bom falar nesse mundo, em que a corrupção é endémica e há corrupção por camadas - desde o nível mais alto aos níveis mais baixos há vários níveis de bandalheira. Podemos ter (e temos) gente estruturalmente honesta, mas no percurso das decisões há sempre, pelo menos, um nível de desonestidade. Pobre de quem é honesto e tem que lidar com eles. Livra!
|
28 Abr 2009 |
|
 |
|
Quem está ligado: |
Utilizadores a ver este Fórum: Nenhum utilizador registado e 21 visitantes |
|
Criar Tópicos: Proibído Responder Tópicos: Proibído Editar Mensagens: Proibído Apagar Mensagens: Proibído Enviar anexos: Proibído
|
|