Recentemente estive à conversa com um conhecido meu, um senhor que já passou dos 50, nascido e criado no Porto, e a conversa às tantas foi parar às GP´s. Segundo o mesmo, quando estava na casa dos vinte, já foi um grande putanheiro, e como tal, começou-me a contar as suas estórias com GP´s e como era a "cena" das Gp´s na primeira metade dos anos 80. Falou-me dos vários Spots de rua de Gp´s, de casas, dos primeiros bares, estórias que eu ouvi com atenção e interesse, mas que, apesar das diferenças que existem, também é verdade que as coisas não mudaram assim tanto.

No entanto, houve sempre algo em termos de Gp´s, que me despertou a curiosidade, que era a de saber,se nesse tempo já existiam Gp´s a atender sozinhas em apartamentos(tal como hoje)e como se passavam as coisas. Segundo o próprio, já existiam Gp´s a atender em apartamentos, se bem que muito poucas, o forte eram mesmo as Gp´s de rua e as casas. Perguntei-lhe como funcionavam as coisas com as Gp´s que atendiam em apartamento. Pensava eu, na minha ignorância, que as coisas eram mais ou menos idênticas aos dias de hoje, tirando as brasucas, os telemóveis e a internet. foi-me contado algo de verdadeiramente surreal, cómico e completamente impensável de ocorrer nos dias de hoje.

Pelos vistos, na altura(inicio dos anos 80), existia uma GP muito famosa a atender num 3º andar da rua de Santa Catarina, e para grande espanto meu, não havia anúncios de jornais, nem muito menos marcações pelo telefone fixo. O esquema era o do "passa a palavra", e o mais surreal e anedótico, era que, tal como referi, não existiam marcações prévias, pelo que as pessoas iam directamente ao apartamento, só que, e uma vez que a dita GP era muito concorrida, dentro do prédio, formavam-se filas nas escadas para serem atendidos pela GP ! Ou seja, se hoje a regra é "ninguém vê ninguém" nesse tempo, um grupo de homens estranhos encontrava-se numa fila(como se de uma repartição de finanças de tratasse), para estar com a GP 5/10 minutos,sendo normal, quando um cliente era atendido, e para sair tinha que passar pelas demais pessoas que aguardavam na dita fila, perguntarem-lhe se tinha gostado e como tinha sido o desempenho da GP !

Os tempos mudam, e com isso as mentalidades e as sensibilidades. Tal como disse, isso, hoje em dia isso era algo de impensável, nesse tempo, era algo de banal, visto sem qualquer tipo de constrangimento.

Os anos 80, "outros tempos"? O confrade morpheus deve ser mesmo muito novo...

P.S. - Já agora, essa da fila nas escadas... Talvez no Porto houvesse dessas coisas - e não acredito que fossem tão "banais" como isso -, agora em Lisboa... pura e simplesmente impensável, nos anos 80, 70, 60 ou mais para trás. Nem na casa de meninas mais modesta do Bairro Alto.

Anos 80.....velhos tempos da minha iniciação nestas lides.
Era tudo de outra forma, em Lisboa por exemplo um dos locais da moda era a Av. da Liberdade onde havia GP's de ambos os lados da avenida, eu normalmente ía ao Café Lisboa que já não existe onde entre um Café e um copo de água fazia o reconhecimento do terreno no que diz respeito á presença de Gp's, depois do alvo escolhido e da pergunta sacramental "Quanto levas?" Ouvia-se de resposta " Seicentos escudos!"....Vamos embora!! De seguida ía-se para uma Pensão na esquina da Rua das Pretas num 3º andar que tinha a particularidade de ter um Porteiro cá em baixo á Porta com um Chapeu a condizer e tudo que controlava a presença das autoridades e fazia com que as saidas e entradas se processassem da melhor forma. Outra particularidade era que ao entrarmos na Pensão e enquanto a GP ía pagar o quarto, tinhamos de Preencher umas folhinhas que estavam estratégicamente colocadas em cima de uma mesa logo á entrada onde colocávamos o nome, morada e numero de telefone .....claro que eu sempre que lá ia tinha um novo nome e uma nova morada e nunca tinha telefone......que naquela altura só fixo e muita gente nem isso tinha.
Quanto a casas pouco havia, conheci uma na Calçada dos Mestres onde havia a chamada mostra do Plantel com algumas GP's onde por 1000 escudos se ía com uma GP, uma vez a "escolhida" perguntou-me se por mais 500 escudos não queria ir com a amiga tambem....lá lhe tive que responder que venha ela e logo aí resolvi um dos nossos fetiches que é estar com duas mulheres ao mesmo tempo ao vivo e a cores.

Lembro-me da primeira vez que entrei numa casa de meninas. Foi em 1973, numa casa famosa na época, na rua da Alegria. Ia-se em grupo, à noite e uma senhora abria a porta, depois de vir à janela verificar se a costa estava livre. Havia uma sala, em que as meninas estavam sentadas, a conversar ou a fazer tricot. Os clientes, que enchiam o corredor, iam, um de cada vez, até à porta da salinha e faziam um sinal a uma das meninas, que se levantava. Subiam as escadas e lá iam - era um sobe e desce. No fim, a velhota vinha à janela, observar se tudo estava calmo cá fora, e as pessoas saiam.