eduardob
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 Canal História-Duas histórias de sexo na Baixa
Este par de histórias ambientadas na Baixa de Lisboa e passadas há mais ou menos uns 30 anos, têm um elo comum, um fil rouge humano: o Araújo, meu antigo colega de liceu, uma criatura cujo apetite sexual literalmente animalesco, estava na razão absolutamente inversa da quantidade de massa cinzenta que lhe recheava o crânio. O próprio, aliás, costumava admiti-lo: "Sou muito burro mas ando sempre com pau!", dizia com um sentido de auto-análise digno de aplauso. Não sei por onde pára hoje o Araújo, mas se por acaso ele é visitante deste fórum - e é perfeitamente possível, por razões óbvias -, este post é-lhe dedicado com amizade e com saudades desses tempos mais alarves, mas de alguma forma também mais inocentes.
Primeira: Os condes de Castelo Melhor, da Ericeira e de Povolide, que foram donos de palacetes e de propriedade na Rua dos Condes, em Lisboa, teriam decerto caído fulminados se estivessem vivos, ao saberem que a rua que leva o seu nome acolheu o primeiro peep show português, o Pipódromo, uma das sensações do seu tempo.
O Araújo, sempre atento a tudo que a sexo se referia, tanto nos moeu a cabeça com o Pipódromo, de que se havia tornado freguês desde a primeira hora, que decidimos, numa tarde preguiçosa, lá ir em excursão, um grupo aí de sete ou oito meninos do Liceu Camões. O Araújo, que foi todo o caminho no Metro a fazer o elogio do antro, estava cada vez mais entusiasmado à medida que nos aproximávamos da Rua dos Condes. Tanto, que chegados ao Pipódromo, decidiu fazer uma entrada em grande estilo, a correr e a gritar, "Meninas, chegou o Araújo!".
Só que para azar seu, alguns minutos antes, tinha-se dado um "acidente" com um cliente desequilibrado mental, ao qual havia dado um tau na cabina em que via a menina despir-se. Tomado pelo ataque, o tonto saiu cá para fora de pila em riste, a masturbar-se furiosamente e a ejacular no solo e nas paredes da entrada, antes de ser manietado pelos empregados, que ainda não tinham tido tempo de limpar aquilo tudo.
E assim, a entrada triunfal do Araújo no Pipódromo transformou-se numa cena de terror, porque o rapaz derrapou tragicamente nos vestígios da masturbação deslocada do mongo, e estatelou-se, ao comprido e sonoramente, no chão infecto. Dorido no corpo e na alma, e após uma pobre tentativa de limpeza na casa de banho do estabelecimento, o Araújo regressou a casa para se lavar e mudar de roupa. E nós, em parte enojados, em parte divertidos, fomos ver um filme honesto ao Condes.
Segunda: Por esses tempos, o Animatógrafo do Rossio, ali à Rua dos Sapateiros (ou do Arco de Bandeira, para alguns), a primeira sala de cinema em Portugal com expressão arquitectónica qualificada, incluída na chamada Arte Nova curvílinea, e outrora elegante e luxuosa, havia caído em hard times. Estava reduzido a passar filmes pornográficos, e lá dentro, umas raparigas para o esgargalado prestavam serviços orais aos espectadores que tal o solicitassem, em troca de uns magros escudos.
O nosso grupo decidiu um belo dia ir em excursão ao Animatógrafo ver uma fita de mete-e-tira (Hardcore-Primeiro Escalão, segundo a classificação em vigor), e o logo o Araújo anunciou: "Eu cá vou mas é ao broche!". E lá fomos, nós ver As Enfermeiras Chuponas em sessão contínua, o Araújo à sessão oral.
Mandámos logo o Araújo instalar-se duas ou três filas à frente da nossa. É que mesmo ali, tinha que haver um mínimo de respeito. Só lá íamos consumir o filme sobre as chuponas que davam espectáculo na tela, e não queríamos ser associados ao Araújo, que se ia servir das chuponas que trabalhavam na plateia. E bem se serviu o cavalar e insaciável Araújo, que usou, em sequência, os serviços de três - três, contem-nas! - das pequenas que por lá andavam a fazer bicos no escuro (50 paus cada, no rubber, until the very end, no swallowing), urrando triunfalmente de cada vez que atingia o auge.
Quando saímos do Animatógrafo, nós de papo cheio de enfermeiras chuponas de celulóide, e o Araújo fartinho de chuponas de carne a osso, alguém propôs irmos beber uma imperiais e comer uns pregos a uma cervejaria. Ao que o Araújo, pondo um olhar meio incrédulo, meio cavernícola, disse, em tom espantado: "O quê? Pensáva que íamos às GPs a seguir!" Eu disse no início que ele tinha um apetite sexual animalesco, não disse?...
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