É isso: não vende jornais. Já vi alguns casos de reportagens (televisivas) de alguma qualidade, mas sobre prostituição de rua. Sobre as do seu tipo (isto é, nem de rua nem de luxo) é um deserto total. É uma tristeza, pois é um mundo que vale a pena investigar e divulgar sem sensacionalismos.

Engraçado,conheci uma rapariga acabada de terminar o curso de psicologia que fazia parte da Associação Porto G,que para quem não conhece é uma associação composta por medicos,enfermeiros,psicologos,etc que fornece apoio a todos os ramos de prostituição no Porto(incluindo apartamentos)na medida em que faculta informação e materiais profilaticos(preservativos femininos e masculinos) e acesso a cuidados de saude(psicologo,psiquiatra,nutricionista,ginecologista...),aconselhamento juridico e o que mais possamos precisar(portuguesas e emigrantes)que me disse estar a pensar fazer a tese de mestrado sobre a prostituição em apartamentos e as suas implicações sobre quem a pratica,exactamente porque não existe qualquer estudo sobre este fenomeno.

Somos a parte escondida da prostituição.Toda a gente sabe que existimos mas como não estamos de mini-saia na esquina nem a entrar e a sair com roupas provocantes de boites a sociedade em geral(imprensa em particular)não se interessa por nós...

Se calhar somos pouco apelativas e pouco glamurosas em termos visuaisem comparação à idealização da "mulher da vida"...ou então somos parte de uma verdade incomoda que interessa muito esconder....mulheres comuns,casadas,mães de familia normalissimas que das 10h às 20h ganham a vida como prostitutas,um caminho que o senso-comum não consegue aceitar que possamos ter tomado!

Eu continuo a dizer que a única diferença entre GP e GP de luxo (100+) é a quantidade de clientes que tem diários, isto pondo um patamar de qualidade de atendimento semelhante como é o caso da Bella, preço justo atendimento de topo, e digo mais belinha estou ctg sem hard work não se faz nada

Esssas reportagens sobre a prostituição, feitas por jornais, revistas, para mim, não valem nada, assentam em lugares comuns, em clichés, ou seja, são sempre as mesmas "balelas". Há sempre (ou quase sempre) dois tipos de reportagem:

- A reportagem sobre a GP de rua. Neste caso, a reportagem apresenta sempre a mulher com uma "desgraçadinha", uma vitima da sociedade, uma mulher que só teve azar na vida e que por força do desemprego ou toxicodependência, prostitui-se na rua e encontra como clientes, os homens mais "mauzões" que possam existir, que a agridem e roubam.

- A reportagem sobre a "dita" GP de luxo. A GP que ganha muito dinheiro com esta vida, faz não sei quantos atendimentos no seu apartamento de luxo. E depois vem a pergunta da praxe, que é a de saber quem são os seus clientes e lá vem sempre a "resposta-clichê" com o mesmo catálogo de profissões (para realçar que é uma GP de luxo e não é para qualquer um): médicos, juízes, advogados, empresários e políticos. Em muitos casos, a gP, gosta de dizer que sonha encontrar num desses clientes " o seu principe encantado", um homem com quem possa casar e constituir familia.

Estou de acordo, e já estou cansado de reportagens, artigos e estudos que falam da prostituta da rua ou da acompanhante de luxo. Todos nós sabemos que as coisas não são assim e que este mundo é muito mais complexo.

Sim, é mesmo isso. As estórias têm que ser vendidas e essas são os melhores ângulos para vender uma peça sobre a prostituição. Miséria e Perigo na Rua vs Luxo e Poder.

Justiça seja feita, há uma honrosa exceção, que foi a reportagem que foi transmitida na RTP em 2011, e que aliás, foi bastante discutida aqui no fórum. Essa reportagem foi brilhante, foi a única, que deixou de lado os clichês, e fez um abordagem mais próxima da realidade.

Recordo-me que abordou a questão dos anúncios do JN e os respectivos preços (Uma gP que dizia que o maior chulo dela era o jornal), bem mais altos do que os restantes classificados. Recordo-me da GP brasileira de apartamento, que disse "preto no branco" que uma mulher brasileira, não atravessava um oceano, para vir à procura de amor, mas antes de dinheiro ( não havia cá o cliché do "principe encantado" e de encontrar o amor da vida). E lembro-me da GP de rua, que tinha arranjado um emprego num supermercado, mas foi despedida por faltas e que preferia a vida na rua (não era tal desgraçadinha que a vida tratou mal).

Infelizmente não gravei essa reportagem, pois gostava de a rever. Talvez esteja pelo youtube...

Bellinha:

Pois, filosofia para lá, filosofia para cá e o pobre do confrade Tinoni continua sem a informação que importa.

Por acaso, enviaram-ma por "correio discreto". Comi, postei TD e foi uma merdice insonsa.

Só existe no Porto

Se a Bela estiver disponível para um entrevista séria, sem assuntos tabú e quiser dar-se a conhecer, creio que encontraria quem a fizesse.

Em Lisboa existe O Ninho.