O Cavaco já andou pelo país a falar do produto português, apelando ao consumo do mesmo e à sua valorização enquanto marca de qualidade. O que acho é que ninguém lhe ligou nenhuma.

Promover não só lá fora, mas também cá dentro o produto português, fazendo ver ao povo que comprando português mais depressa saímos da crise seria uma boa medida. Mas esta gente anda tão cega com números e previsões macroeconomicas que não para um pouco para pensar em algo que não esteja em folhas de excel.

Medida - promover internamente o produto português de uma forma muito mais agressiva.

Caro Radar e Matic

estou de acordo que deveria existir mais "patriotismo" no momento de consumir ...
mas o escoamento dos bens agrícolas nacionais no circuito comercial ...
em mercado livre, não vai lá com voluntarismos e bandeiras ...

nos últimos anos, apareceram algumas organizações de produtores sectoriais (exemplo a cereja)
estão a dar os primeiros passos, no médio prazo vão encontrar soluções para os seus sectores
ou através da exportação, da certificação, da armazenagem ou da negociação centralizada
leva algum tempo a ganhar "know how", mas vão dar a volta por cima
o Estado pode ajudar através dos fundos da PAC

Caros Confrades

Como funcionam os novos Certificados do Tesouro

para quem tiver interesse em saber algo mais, aqui tem

http://economico.sapo.pt/noticias/como-funcionam-os-novos-certificados-do-tesouro_179790.html

A questão do produto Português é complexa. Normalmente todos dizem que o preferem em inquéritos mas chegam ao supermercado e mesmo quando a diferença de preço é muito pequena, optam pelo mais barato...

Temos de tornar os nossos produtos competitivos e ao mesmo tempo reeducarmo-nos enquanto país para nos valorizarmos...

madstuf o produto português é quase sempre mais barato, só que não é dispensado em paletes bonitinhas pra dar pouco trabalho as grandes superfícies que querem barato e sem trabalho nenhum pra poupar no pessoal... então maçã de menos de 10 cêntimos passa logo a ser a mais cara do expositor por mais de 3€...

Bota agressivo nisso, uma vez estava na Mauritânia cheio de sede entrei numa mercearia e peguei um sumo de melão... meti a boca e traguei logo um golaço... achei excelente muito bom mesmo, refrescante e exótica pois não conhecia, era um produto novo pra mim, comecei a ler o rotulo e foi na altura que os Indonésios andavam malhando lá nos Timorenses, quando vi que aquela porra era da Indonésia me deu quase um vomito e joguei no lixo com raiva, tanta raiva que o gajo da mercearia até se assustou e veio logo perguntando se queria outra se aquela estava estragada...

Neste momento é possível fazer este tipo de publicidade agressiva no mercado Português, pois o sofrimento de todo mundo é demais mesmo... ai fica fácil a porta aberta pra isso...

Esses gajos dos gabinetes ai da capital é que são uns trolhas, senão já estaria rolando publicidade desse género, consumir estrangeiro faz mal a saúde do pais e aumenta o deficit da balança de pagamentos... prefira nacional... muita gente como eu começaria preferindo nacional ao importado...

Compreendo muito bem o esforço e patriotismo do Matic e do Radar e até faço um esforço para consumir produto nacional mas creio que infelizmente o kwacha tem toda a razão quando diz que em mercado livre, não vai lá com voluntarismos e bandeiras ...

Ainda ontem vi um desses "shares" no FB com uma foto a apelar a que este ano se comprem presentes de natal nacionais, coisas feitas pelos artesões locais ou coisa parecida...

mas os miúdos querem é a PSP

Não se esqueçam de que há uma coisa chamada distribuição - e que ela não tem fronteiras. O fundamental é que a produção nacional tenha qualidade e preço competitivo e ela vende-se, seja onde for.

O problema é que vamos ao supermercado e encontramos maçãs austríacas e laranjas da Califórnia. Se isto acontece é porque os austríacos, que ganham muito mais dinheiro do que nós, conseguem produzir com qualidade e exportar a preços competitivos. É isso que nós temos que conseguir fazer - e não é o PR a falar por aí que consegue seja o que for nesse sentido.

Não conhecendo a situação, e sem saber se essas maçãs e laranjas seriam mais baratas que as nacionais (parece que sim), a competitividade percebida pode ser derivada de apoios à agricultura / exportação, ou nichos de mercado como produção biológica que é fortemente subsidiada. Mas se os fatores de produção nesses países forem mais onerosos do que em PT, seguramente que alguém anda a pagar a sobremesa.

Bottom line, "Não Há Almoços Grátis" aplica-se tanto em portugal, como em qualquer lugar no mundo.

ab.

voltando ao OGE de 2014 ...

depois de dar uma vista de olhos a uma "newsletter interna", gostaria de abordar uma questão ...

em 2011, era suposto termos rubricado e firmado um acordo de médio prazo:
- que permitisse numa primeira fase travar a queda, e numa segunda fase mudar a trajectória ...
- em que os instrumentos principais seriam a política orçamental e a de rendimentos e preços ...
- em que as medidas tivessem uma sequência e articulação lógica, de causa e efeito no tempo ...

apesar do programa ainda estar um pouco distante do seu término, é possível efectuar algum balanço ...
decorridos 27 meses, já é possível descortinar alguma coisa:
- três "vencedores": a Europa Central, os credores privados e os especuladores ...
- três "deficiências": os multiplicadores, a política monetária e as especificidades ...
- três "derrotados": o PIB (uma parte relevante), o Estado Social e a classe média ...
- três "handicaps": a demografia, a integração europeia e os contratos leoninos ...


o OGE para 2014 poderia ter ser diferente ?
a maioria das pessoas diria que sim ...
com mais ou menos austeridade ...
com estes ou com outros cortes ...

mas para mim seria interessante perceber uma outra alternativa ...
a misteriosa alternativa preconizada por Vítor Gaspar na sua famosa carta de despedida ...

Quando me referi ao tema dos produtos portugueses não estava a defender que não deveriam ser competitivos, têm mesmo de ser competitivos. Mas ON TOP devíamos ter uma educação cívica que promovesse a sua escolha. Vou dar um exemplo básico...se passearem no Corte Inglês (Lisboa ou Gaia) reparem como os fornecedores de equipamentos, manutenção, etc são na generalidade espanhóis. Nada contra...mas é de facto uma questão de atitude que só recentemente começamos a cultivar.




@kwacha,

Essa alternativa não era evitar iniciar o processo pelo corte da despesa e não pelo aumento de impostos?

Acho que o VG não reconheceu uma alternativa futura mas sim um mea culpa do passado.

O resumo do processo de ajustamento está muito bom.

Caros Confrades

Novos certificados do Tesouro incomodam bancos

http://sol.sapo.pt/inicio/Economia/Interior.aspx?content_id=88711

Medidas do orçamento insuficientes para atingir défice de 4%

O aviso é da Unidade Técnica de Apoio Orçamental que sublinha ainda que as contas do Orçamento do Estado não batem certo com os dados que Passos Coelho apresentou à troika em maio.
A 15 de outubro, Maria Luís Albuquerque anunciou, para atingir um défice de 4 por cento em 2014, um orçamento com uma austeridade de 3900 milhões de euros, qualquer coisa como 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB).
Mas a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), o gabinete que apoia os deputados nas questões das contas públicas, diz que a soma das parcelas que compõem o ajustamento não bate certo com este número. Falta, dizem os especialistas, 0,1% do PIB, cerca de 160 milhões de euros, para atingir a meta imposta pela troika.
Os técnicos escrevem que a explicação para esta diferença pode estar no programa de rescisões por mútuo acordo na função pública, que implica o pagamento de compensações no tal montante de 0,1%.
Numa versão preliminar de análise à proposta de Orçamento do Estado (OE) à qual a TSF teve acesso, os técnicos sublinham também que na carta que Pedro Passos Coelho escreveu à troika em maio, e na qual prometeu fazer a reforma do Estado até 2015, as medidas para o próximo ano totalizam cerca de 3600 milhões de euros, abaixo dos 4200 determinados no Orçamento.
A UTAO sublinha ainda que não foram só os valores que foram alterados, mas também o "cocktail" da austeridade, que passou a ter quantidades diferentes de cada um dos ingredientes.

0,1% é coisa pouca para os nossos hábitos.

Até porque toda a gente sabe que o défice de 4% significam 4,5%.

A própria troika exigiu 4% mas sabendo que numa próxima avaliação aprova 4,5%, aliás como aconteceu este ano.

O que temos de saber é que 4,5% de défice significam um acréscimo de 7,5 mil milhões de euros à nossa divida. O povo português ainda não percebeu que quanto maior o défice maior a nossa divida. Cada vez duvido mais que alguma vez consigamos pagar esta divida.

Depois é um ciclo vicioso. Quando maior for a divida, maiores são os juros, logo maior o défice, o que ainda vai aumentar mais a divida e por aí adiante.

Falasse muito de austeridade mas continuamos a viver acima das nossas possibilidades enquanto país.

Soluções para reduzir a divida:
Ou nos perdoam a divida (possível mais que hipoteca o nosso futuro nos próximos bastantes anos);
Ou conseguimos um superavite em bastantes anos consecutivos (impossível face à nossa estrutura de custos);
Ou atingimos a bancarrota, saímos do Euro, emitimos moeda de modo a baixar a cotação da nossa moeda e a divida fica a um valor muito mais baixo, mas os mercados nunca mais confiariam em nós.

É como o fado. Triste sina a nossa.