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 Crise Financeira 2.0 
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Mensagem Crise Financeira 2.0
Caro gpgrelo,
folgo em saber que temos gostos parecidos :smt023 , mas os outros putanheiros vão achar a nossa conversa muito "boring" mortoo ... mas você deixou-me confuso...
você diz que não se orienta com short rate models (como enumerou, o Vasicek e a extensão de Hull-White) e ainda assim consegue-se orientar com structural models? Porra, mas quem passa os olhos por short rate models também passa os olhos por structural models... Aquilo faz tudo parte do "mesmo pacote". ( Ou então estamos a falar de coisas diferentes :-k )

Já agora, em relação as bitcoins, eu tive conhecimento do projecto desde o seu inicio e tenho um arrependimento grande. Achei piada ao assunto (como sendo um proof of concept) e por puro laxismo não explorei melhor a questão. :( :mozilla_cry:
Depois desliguei e virei-me para outros lados... qual não e' o meu espanto quando saiu esta noticia http://www.businessweek.com/articles/2013-04-10/meet-the-bitcoin-millionaires
Literalmente eu tinha ficado a dormir... :no: :no: :no:

By the way, e para não fugir muito ao tópico (crise financeira 2.0), eu acho que um potencial risco para uma futura crise sera', por um lado o dinheiro barato, e por outro o facto de os mercados financeiros serem atualmente controlados por maquinas e não por humanos.
Pior, não ha' um botão de STOP, logo o mercado não "congela" para ver o que se passa(isso e' uma medida que alguns "reguladores" acham possível mas que nada resolve).
Eu acho que existe potencial para um desastre na medida em que algum algoritmo cometa erros(por exemplo, noticias falsas ou fora de contexto) e todos os outros respondem em cascata. Ate' agora, os casos que temos visto voltam a estabilizar mais ou menos no mesmo ponto. Mas e se de repente acontece algo assim mas não estabiliza? E' a ruina total.
O que acho assustador e' que quem trata de leis e regulamentação não percebe nada destes assuntos mais técnicos e anda tudo de mãos atadas sem soluções para um acidente muito grava a' espera de acontecer.

Cumprimentos

02 Nov 2013

 
 
Confrade

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Mensagem Re: Crise Financeira 2.0
kwacha Escreveu:
um pequeno alerta

pela 4ª vez este mês recebo "informação de mercado" com certos receios ...
o excesso de liquidez está a promover uma renovada irracionalidade ...
a continuar ... vamos ver o que acontece ao tubarão e ao mexilhão ...



ESTADOS UNIDOS: RESERVA FEDERAL SEM NOVIDADES

A mensagem oficial continua a permitir todo o tipo de leituras.
A Fed vai permanecer atenta à evolução da economia e ao dinamismo do mercado de trabalho, reduzindo a actual política ultra expansionista apenas quando e como julgar apropriado.
Esta postura é vista, por muitos, como um prolongamento do dinheiro barato.
Por isso, os mercados de obrigações e, em menor medida, os de acções continuarão a beneficiar da actuação da Fed.
Contudo, não se pode ignorar os perigos provocados pelos colossais montantes injectados pela Reserva Federal.
Muito desse dinheiro não está a ser canalizado para o financiamento de novas actividades, mas antes para a compra de activos já existentes (ações, obrigações, matérias-primas e imóveis), o que inflaciona os seus preços e pode contribuir para a formação de uma bolha especulativa.


A " fábrica " a trabalhar em regime 24h estará algures por aqui \:D/ \:D/ \:D/

A manter-se por muito mais tempo a versão 3.0 brotará :?: :?: :?:

:smt023

02 Nov 2013
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Mensagem Re: Crise Financeira 2.0
por mais "estúpido" que vos possa parecer, o doente pode "morrer" com a cura ...

esta semana tivemos um episódio bem esclarecedor entre Washington e Berlim ...
ao nível do G8 existem 2 posições, mas no patamar do G20 existem 3 posições ...
enquanto não existir uma posição concertada, os apostadores vão continuar jogar ...

toda gente conhece o funcionamento de uma panela de pressão
têm uma válvula piloto, que sinaliza as condições internas
começa a rodar lentamente e a apitar baixinho
nós já passámos de novo esta fase

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02 Nov 2013
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Mensagem Re: Crise Financeira 2.0
Este tópico é fascinante, mas está muito para lá do que consigo discutir, já que sou de outra área. Infelizmente receio que estes assuntos estejam também para lá do entendimento de quem trata dos destinos do país.

02 Nov 2013
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Mensagem Re: Crise Financeira 2.0
EUROPA do euro / versus U.S.A do dólar

OBRIGAÇÕES ESCANDINAVAS : NO TOPO DA EUROPA

Todas iguais, todas diferentes

É na vertente cambial que encontramos importantes diferenças entre as três coroas escandinavas.

Como faz parte do mecanismo europeu de taxas de câmbio, o valor da coroa dinamarquesa apenas pode flutuar numa banda estreita face ao euro. Na prática, é como se a Dinamarca fizesse parte do euro, sendo que o risco cambial é muito reduzido.
A Suécia faz parte da União Europeia, mas optou por manter uma política monetária autónoma e a coroa sueca flutua livremente face ao euro.
Fora do euro e da União Europeia, a Noruega possui políticas totalmente autónomas e o valor da coroa norueguesa face à moeda única europeia é determinado pela procura e oferta dos investidores.


ESTADOS UNIDOS: RESERVA FEDERAL SEM NOVIDADES

A mensagem oficial continua a permitir todo o tipo de leituras.
A Fed vai permanecer atenta à evolução da economia e ao dinamismo do mercado de trabalho, reduzindo a actual política ultra expansionista apenas quando e como julgar apropriado.
Esta postura é vista, por muitos, como um prolongamento do dinheiro barato.
Por isso, os mercados de obrigações e, em menor medida, os de acções continuarão a beneficiar da actuação da Fed.
Contudo, não se pode ignorar os perigos provocados pelos colossais montantes injectados pela Reserva Federal.
Muito desse dinheiro não está a ser canalizado para o financiamento de novas actividades, mas antes para a compra de activos já existentes (ações, obrigações, matérias-primas e imóveis), o que inflaciona os seus preços e pode contribuir para a formação de uma bolha especulativa.


Face a estas 2 análises e a esta distância os Portugueses podem perguntar-se :

e se Portugal pudesse ou tivesse entrado para a CEE mantendo a sua moeda teria necessidade de resgates como o que atravessa uma vez que poderia jogar com o factor cambial ?

A nível do C.E. e já com a " panela pressão " a assobiar ainda não houve tempo para harmonizar as políticas monetárias dentro da C.E.E e assim poder jogar com o EURO face ao que os U.S.A. fazem com o dólar ?

A Europa do euro está assim em total desigualdade com os U.S.A e o dólar e sujeita a crises para as quais não tem armas para se defender ](*,)

No meu ponto de vista a sobrevivência do EURO será a ( curto ) médio prazo posta em causa, caso não seja possível nem viável a harmonização nos países da zona euro o mais breve possível.

Esta é a opinião de um leigo na matéria, uma vez que não tenho qualquer formação académica ou profissional nesta área.

:smt023

Fonte : Proteste Investe

02 Nov 2013
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Mensagem Re: Crise Financeira 2.0
Caros confrades,
deixo aqui duas observações:
1) emissão de bonds americanas únicas para aquele enorme pais vs. europa em que cada um estado emite as suas... (para quando euroBonds???)
2) Dólar com alguma flexibilidade na sua (des)valorização vs. Euro muito mais rígido porque ha' um bloco central que quer mandar em tudo.

Na pratica devíamos pensar como europeus, ou seja, uma "espécie" de estados federados... Não faz sentido termos moeda igual e depois termos outros instrumentos individuais para cada um... não resulta...

Cumprimentos

05 Nov 2013
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Mensagem Re: Crise Financeira 2.0
bonds americanas únicas !!!

existem vários tipos de bonds americanas (EUA) ...
provavelmente está a referir as federais ... mas também existem as estaduais ... e aí pelo menos 2 têm rating inferior às lusas ...

flexibilidade cambial !!!
como sabem o mercado funciona livremente, e os bancos centrais "coordenam de forma consertada" a evolução cambial ...
em 2013, o euro valorizou entre 7 a 8% contra o dólar ...

na Europa é fácil identificar os perfis exportadores para a zona dólar, bem como, a sua "aversão específica" à inflação importada ...
nos EUA não é bem assim, até porque nessa matéria não há coordenação de "estados", mas sim imposição dos interesses ...

eurobonds !!!
por enquanto nenhum europeu vai para o céu sem morrer primeiro


1º supervisão bancária, 2º fundo de resgates ............................3º eurobonds (não há corta-mato) [-X

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Mensagem Re: Crise Financeira 2.0
Caro kwacha,
sim, estava-me a referir as federais, dai fazer o paralelismo com as longínquas euroBonds.
Não tenho tanta certeza que os bancos centrais "coordenam de forma consertada". Eu tenho a sensação que aqui também se tem imposição de interesses o que resulta numa concertação de quem pode concertar (por assim dizer).
Citar:
1º supervisão bancária, 2º fundo de resgates ............................3º eurobonds (não há corta-mato) [-X

Concordo consigo, mas neste momento em que estamos, o meu amigo esta a ser muito muito muito ambicioso :smt005
O que me espanta e choca e' que se eu, que não sou de economia nem finanças consigo (+/- ao arrepelão e pontapé) ver obvias deficiências na união monetária a que pertencemos (e que nos prejudicam muito), como e' que quem criou a união não pensou nestas coisas?! Não sei a explicação para tal. Sera' que não interessava? E' muito estranho isto.
Kwacha, perdoe-me os possíveis pontapés (não sou da área) mas como e' que alguém pode pensar em ter moeda e politica económica única sem ter supervisão bancaria única, sem ter fundo de resgates global e sem emissão de divida única??? Como não acredito em ingenuidade, acho que foi de propósito.

Cumprimentos

05 Nov 2013
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Mensagem Re: Crise Financeira 2.0
caros confrades,
http://expresso.sapo.pt/europa-acorda-supervisao-bancaria-unica=f773549
Quem leu isto fica com a sensação que ha' muitos mais clube de interesses do que ha' uma união europeia.
E estamos a falar de uma media do final de 2012... Andamos tantos anos a assobiar que temos uma moeda única e o básico desejável ainda nem estava feito, e pela noticia nem vai estar; muitos dizem logo que não querem...

http://en.wikipedia.org/wiki/European_Financial_Stability_Facility e http://www.b-a-bes.com/nova-economia/como-funciona-fundo-resgate
Reparem, foi criado em 2010, ou seja, ja depois de tudo ter rebentado... Parece que ninguem se lembrou disto antes da crise... [-o< ](*,) E vamos la' ver como corre a coisa...

Eurobonds nem velas tão rapido (eu acho que nunca chegaram a existir).
Ainda estamos muito verdinhos nesta coisa de uniões monetarias e pelo andar da carruagem acho que não dura muito...

Cumprimentos

05 Nov 2013
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Mensagem Re: Crise Financeira 2.0
Ja' agora acrescento mais um link http://pt.euronews.com/2012/12/13/europeus-criam-supervisor-bancario-unico/

Cumprimentos

05 Nov 2013
Confrade

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Mensagem Re: Crise Financeira 2.0
ze_pombo_ist Escreveu:
Caro gpgrelo,
folgo em saber que temos gostos parecidos :smt023 , mas os outros putanheiros vão achar a nossa conversa muito "boring" mortoo ... mas você deixou-me confuso...
você diz que não se orienta com short rate models (como enumerou, o Vasicek e a extensão de Hull-White) e ainda assim consegue-se orientar com structural models? Porra, mas quem passa os olhos por short rate models também passa os olhos por structural models... Aquilo faz tudo parte do "mesmo pacote". ( Ou então estamos a falar de coisas diferentes :-k )

Como disse, este tipo de modelos na análise financeira (Vasiceks e afins) são areia a mais para a minha camioneta. Sei que eles existem, algures na minha vida passei os olhos por eles para ter uma noção, mas não faço deles um modo de ganhar a vida. O meu dia-a-dia não é analise financeira (mas o uso de indicadores eco-fin é cosntante) e por conseguinte, também nunca desenvolvi profissionalmente a sua utilização nessa área. Na área de gestão e mktg, os modelos de equações estruturais também tem uso generalizado, com algumas aplicações algo populares tipo SAS e AMOS. Depois também tenho um envolvimento regular na investigação clínica onde aplico mais umas sofisticações, mas longe da complexidade que associo à aplicação de modelos na área financiera (para mim, literalmente, são uma "caixa negra" :smt045 ).

ze_pombo_ist Escreveu:
Já agora, em relação as bitcoins, eu tive conhecimento do projecto desde o seu inicio e tenho um arrependimento grande. Achei piada ao assunto (como sendo um proof of concept) e por puro laxismo não explorei melhor a questão. :( :mozilla_cry:
Depois desliguei e virei-me para outros lados... qual não e' o meu espanto quando saiu esta noticia http://www.businessweek.com/articles/2013-04-10/meet-the-bitcoin-millionaires
Literalmente eu tinha ficado a dormir... :no: :no: :no:

Eu conheci as BTC quando o wikileaks passou a aceitar doações nesta moeda. A evolução da cotação assustava, com picos entre o "8 e o 80". Hoje em dia mete piada porque a cotação evoluiu bastante, mas aquilo tornou-se muito complexo para o meu entendimento e descartei o meu interesse.

ze_pombo_ist Escreveu:
By the way, e para não fugir muito ao tópico (crise financeira 2.0), eu acho que um potencial risco para uma futura crise sera', por um lado o dinheiro barato, e por outro o facto de os mercados financeiros serem atualmente controlados por maquinas e não por humanos.
Pior, não ha' um botão de STOP, logo o mercado não "congela" para ver o que se passa(isso e' uma medida que alguns "reguladores" acham possível mas que nada resolve).
Eu acho que existe potencial para um desastre na medida em que algum algoritmo cometa erros(por exemplo, noticias falsas ou fora de contexto) e todos os outros respondem em cascata. Ate' agora, os casos que temos visto voltam a estabilizar mais ou menos no mesmo ponto. Mas e se de repente acontece algo assim mas não estabiliza? E' a ruina total.
O que acho assustador e' que quem trata de leis e regulamentação não percebe nada destes assuntos mais técnicos e anda tudo de mãos atadas sem soluções para um acidente muito grava a' espera de acontecer. Cumprimentos

Inversamente, não creio que os mercados sejam atualmente controlados por maquinas. Pelo menos não vejo nelas uma influência decisiva.
O STOP / paragem forçada da negociação de títulos já existe no mercado accionista nos casos de aumento ou queda de 15 por cento no valor da empresa numa sessão. A CMVM pode também instituir a suspensão e a exclusão da negociação em casos mais graves. No mercado obrigacionista não faço ideia, mas não me parece, sendo este mercado, aquele que mais nos afeta.
Eu não faço ideia como é que essa malta das grandes financeiras faz o seu negócio, mas tenho algumas dúvidas que seja assim tanto tendo por base a avaliação efetuada por uma máquina que corre umas fórmulas mais ou menos preditivas.
A crise do subprime começou para aí à uns 7 anos e teve impato notório em portugal de há uns 5 anos a esta parte.
Nesta crise, verificou-se duas questões: i) as fórmulas que atribuiam o rating aos fundos estavam deliberada e totalmente desenquadradas da realidade (tipo rating triplo A em instrumentos financeiros onde os fundamentos do negócio estavam completamente sobrevalorizados / ilíquidos / insolventes) e foi visivel principalmente no despoletar da crise; ii) a intervenção humana, pelo menos no caso português, foi totalmente penalizadora para o pais devido à incorporação de politiquices e fait divers ocasionais que não vejo como sejam incorporados numa fórmula matemática de forma objetiva.
Muitas vezes foi possível observar algumas declarações de players internacionais em que as palavras retratavam uma situação de caos que não tinha sentido face aos esforços que estavam a ser efetuados para controlar a situação interna (e neste aspeto, acho os bonecos da PIMCO uns verdadeiros artistas em lançar incerteza sobre os mercados).

Em resumo, creio que a situação atual será uma situação hibrida, com valorização da componente objetiva ou da subjetiva consoante o objetivo que a PIMCO e similares querem atingir no final do ano. Acho também que quer os mercados sejam controlados por máquinas quer por humanos... o povão nunca vai deixar de pagar uma fatura.

ab.

05 Nov 2013
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Mensagem Re: Crise Financeira 2.0
O Euro foi um passo em falso, ou dito de outra forma, um passo maior que a perna ?
A minha resposta é não.

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Um pouco de história para percebermos melhor a evolução contemporânea.

Em 1971, os EUA anunciam o fim da convertibilidade dólar-ouro, em resultado dos sucessivos deficits orçamentais e da balança de pagamentos.
Entre 71 e 72, ocorre a 1ª forte valorização do marco contra o dólar.
Em 1972, a Europa cria a Serpente Monetária (sistema criado para manter uma margem de flutuação entre as divisas europeias).
Em 1973, o FMI declarou o fim do padrão ouro (ao fim de 40 anos ainda existem os lusos que não entenderam).
Em 1973, apareceu a OPEP, e a primeira variação de preço consertada pelo lado da oferta (1º choque petrolífero).
Entre 73 e 78, apesar de existir Serpente, ocorrem sucessivas dissensões cambiais na Europa (em resposta à crise energética).
Em 1978, voltam a acertar agulhas, e criam um mecanismo reforçado, Sistema Monetário Europeu.

Entre 78 e 89, a Europa marcou passo na integração monetária e cambial, o enfoque estava na vertente política e defesa.
Dois exemplos, a crise dos mísseis pershing, acordos SALT 1 e 2, e a adesão dos países do sul (GPE).

Em 1989, cai o muro

Em 1990, 1º guerra do Golfo
Em 1990, reunificação alemã

Em 1991, fim do Pacto de Varsóvia
Em 1991, adesão da China à OMC

Em 1992, Tratado de Maastricht

Em 1995, adesão da Europa do Norte (FSA)

Em 1999, arranca a moeda única

Em 2004, adesão da Europa de Leste (10 países)

As reservas cambiais na globalidade dos sistemas financeiros mundiais:

anos dólar euro libra iene
1999 71% 18% 3% 6%
2008 64% 27% 4% 3%

Em 10 anos, o euro acabou por vencer a fase da adolescência.
Até 2012, e apesar da crise europeia os números são idênticos.

----------------------------------------------

O euro seria sempre um corolário intermédio do processo de integração europeia.

Entre 1989 e 1991, a sucessão de acontecimentos "imprevistos" não deixou margem de manobra à França.

A ameaça de uma Alemanha fortíssima (e desequilibradora), o surgimento da China, a omnipresença americana e a necessidade de assegurar um novo tampão a leste na Europa, impulsionaram a França (com o apoio dos países do Sul) a acelerar a negociação com a Alemanha (e muito terá contribuído a relação pessoal entre Kohl e Mitterrand).
O timoneiro deste barco era o Sr. Delors. Saiu em 95 e deixou uma rota a prosseguir.

Com a partida destes senhores, por coincidência ocorrem dois efeitos conjugados:
- o desanuviamento das ameaças externas à Europa;
- o desaparecimento de políticos europeus fortes;

Consequências:
- a integração europeia perde sentido político
- o processo perde energia e discernimento

E assim fomos andando até o Lehman Brothers estoirar ...

--------------------------------------------

Quando o Euro arrancou, o país que mais "perdeu" foi a Alemanha, e os países que mais ganharam foram os PIIGS ...
Até 2008, a Alemanha foi a "formiguinha" e os PIIGS (excepção da Irlanda) foram as "cigarras" ...
É por isso que as condições de base para enfrentar a crise do crédito eram muito "desiguais" ...

Entre 1999 e 2002, os países do Sul tiveram outras condições para imporem um certo gradualismo nos mecanismos monetários, depois de 2008, era tarde de mais perderam o pé, a Alemanha passou a "ditar" a cadência, porque mais uma vez é ela que mais pode "perder".

-------------------------------

falta explicar a minha opinião sobre a posição cambial alemã e a sua relação com a inflação e os seus perfis de exportação "não euro" (fica para uma próxima oportunidade)
:smt023

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05 Nov 2013
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Mensagem Re: Crise Financeira 2.0
Os mercados têm por vezes comprtamentos irracionais e alterações bruscas, mas isso já acontecia antes do uso generalizado de tecnologias de informação. O que as tecnologias de informação vieram trazer foi uma complexidade acrescida a tudo.

Veja-se o caso de um Airbus A330, maravilha de tecnologia, que não permite que os pilotos detectem situações que qualquer bom piloto de aeroclube detecta - apesar de os pilotos de linha aérea serem pilotos de elite. Os automóveis já começam a estacionar sozinhos, a parar sozinhos e a alertar quando há um ligeiro desvio na rota. Não será isto tudo um exagero?

Desviei-me do tópico, mas as modernices despertam em mim cada vez mais desconforto. Corrigindo, não são as modernices pelas modernices, é a tecnologia pela tecnologia, e a "magia" que se faz em muitas áreas. Falando de magia, para mim está muito bem a do Luis de Matos, que é fascinante. Na banca prefiro rigor.

Edit - Postei imediatamente a seguir ao confrade Kwacha, sem ter sequer tido oportunidade de ler o que escreveu - que tem, sem dúvida muito mais interesse do que o meu devaneio.

05 Nov 2013
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Mensagem Re: Crise Financeira 2.0
Kwacha,

Relativamente ao fim do padrão ouro em 1973, ainda bem que os Lusos 40 anos depois ainda não o entenderam pois ele poderá servir para suportar uma hipotética emissão de moeda Lusa, Portugal e até a própria Europa poderá implodir, os sinais disso são bem evidentes e não será surpresa se isso acontecer. A emissão de moeda numa base de padrão em ouro ou outro é defendida pela escola Austríaca, há um professor Espanhol cujo nome não me recordo que o defende. Além disso porque será que a Alemanha tem montada uma grande operação de transporte (de custos megalómanos) do seu ouro guardado nos U.S.A. supostamente para uma contagem e verificação ??
Relativamente ao nosso ouro (somos o país com a 11ª maior reserva mundial) calma lá, é nossa e é deixar o mesmo quietinho no sitio onde está !!

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Mensagem Re: Crise Financeira 2.0
johnybegood Escreveu:
Relativamente ao fim do padrão ouro em 1973, ainda bem que os Lusos 40 anos depois ainda não o entenderam pois ele poderá servir para suportar uma hipotética emissão de moeda Lusa ... A emissão de moeda numa base de padrão em ouro ou outro é defendida pela escola Austríaca ... Além disso porque será que a Alemanha tem montada uma grande operação de transporte (de custos megalómanos) do seu ouro guardado nos U.S.A. supostamente para uma contagem e verificação ??


oh confrade

não me leve a mal ok ... mas depois de 1973, alguém presta atenção à escola austríaca ?
os economistas austríacos do pós guerra sempre foram do "padrão marco", não fosse a Áustria um "protectorado" alemão ...

em 2013, emitir moeda no padrão ouro ? só pode estar a brincar ou não ter noção das dimensões da economia monetária ...

existem algumas pequenas economias, que emitem moeda com base no "padrão petróleo" ...
mas a sua moeda não é transacionável, nem constitui reserva cambial para ninguém ...
exemplo disso é Angola e a sua moeda o Kwanza ...

sabe com certeza porque razão a Alemanha guardava nos EUA a maioria das suas reservas de ouro ?
se sabe, não será difícil entender qual a justificação para no presente querer mudar o local pois não ?

--------------------------

a emissão de moeda está acima de tudo relacionada com os saldos das balanças de bens e serviços
e a sua evolução tem reflexos imediatos nas taxas de juro, na inflação interna e na taxa de câmbio

desde 1973, que o ouro é uma mercadoria e um valor de refúgio para os investidores internacionais
em 2013, ninguém faz um colateral ou presta uma garantia com ouro (estou a falar da economia ok)

não querer aceitar ou perceber que a maré mudou é também um direito consagrado na constituição

:smt023

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