Não esquecer que esta questão de se marcar a falta no local onde ela termina só se aplica ao "agarrar".
Isto não se verifica com uma pancada, por exemplo. Nem com uma sucessão de pancadas.
Imaginemos que um defesa dá 3 pancadas num jogador enquanto ele se dirige para baliza, e que a 1ª pancada é fora da área e as duas pancadas seguintes são já dentro da área.
Se a 1ª pancada é punível com falta, marca-se fora da área. Não interessam as 2 pancadas seguintes, para definir o local da falta.
Se o árbitro acha que a 1ª pancada não é punível com falta, mas a 2ª ou a 3ª pancada já são, então a falta passa a ser penalty, pois qualquer uma destas pancadas foram já dentro da área.
Só o acto de agarrar é que é contínuo. Começa num local e termina noutro.
Todas as outras formas de falta não são actos contínuos. Quando muito são uma sucessão muito rápida de diversos actos isolados.
Por isso é que "Se um defensor começa a
agarrar um atacante fora da área de grande penalidade e prossegue a sua ação para o interior da área, o árbitro deve conceder um pontapé de grande penalidade. "
O que tem uma certa lógica...
Imaginemos que um jogador vai em direcção à baliza, com a bola perfeitamente controlada, sem oposição pela frente para além da do guarda-redes, e tem um adversário a agarrar-lhe a camisola por detrás.
Ainda estão fora da grande área, e aproximam-se desta. Mas o portador da bola, ainda consegue progredir, apesar de estar a ser agarrado.
O jogador que está a agarrar pode ainda largar o jogador, e se o acto de agarrar não tiver interferido no que se passará a seguir (aproximação do guarda-redes, normalmente), o portador da bola ainda pode marcar golo.
Se não largar e continuar a agarra dentro da área, esse jogador sabe que estará a arriscar muito um penalty, que provavelmente dará golo.
Portanto as duas situações são mais ou menos equivalentes.
Com a lei antiga, o jogador que está a agarrar, continuaria a agarrar até dentro da área, até impossibilitar o portador da bola de progredir e/ou rematar de forma normal. E depois a falta era marcada sempre fora da área, o que é uma situação com muito menos probabilidade de golo que qualquer uma das 2 situações anteriores, logo não é equivalente.
É que o agarrar pode ter diversas formas e fases.
Eu posso agarrar e o jogador continuar a progredir com bom controlo de bola.
Ou posso agarrar de tal forma que impossibilito o jogador até de se mexer.
Isto é, eu posso começar a agarrar só um fiozinho da camisola do jogador e acabar agarrado à cintura do jogador.
O jogador só cai quando eu acabo por conseguir agarrá-lo pela cintura, mas o acto de agarrar começou bem antes.
Assim, com a lei antiga, eu poderia estar a agarrar da 1ª forma fora da área, o que não impossibiltaria (de forma tão grave) o jogador de marcar golo, e na continuação do acto de agarrar, acabar por chegar a uma forma de agarrar que impossibilita o adversário de progredir já dentro da área (e isto sim é grave).
Mas com a lei antiga, apesar do facto grave ter ocorrido dentro da área, a falta seria marcada fora da área, onde o acto ainda não era tão grave. E isto era.... injusto.
