Nã, nã, menino GM, a Maja, mesmo a desnuda, não conta para o rol dos quadros de gajas com uma farfalhota pimpinela , aquilo é mais um vislumbre de pintelheira.

Continue na senda por favor.

Reconheço que a Maja tem uma pintelheira fracota. Mas tem o mérito de ser a primeira a ser retratada.

Mas tudo bem! Digamos que Goya foi o aperitivo e que para a trilogia ficar completa ainda faltam duas.
A próxima chega depois da meia-noite e é ruivinha…

TRILOGIA PENTELHEIRA, PARTE I.I
(ler os dois posts anteriores para mais explicações)

Hope I
Óleo sobre tela, Gustav Klimt, 1903



Ora aqui tens, caro Marsapio! Farta pintelheira, ruiva (o que aumenta o grau de dificuldade) e grávida (o que bate qualquer outra aos pontos)…

Para mim, muitas das composições de Klimt são fantásticas. E esta não será a melhor. Mesmo assim, vejam como o pintor retratou uma das suas modelos habituais (que por acaso estava grávida… ), sobressaindo na tela pela alvura da sua pele que contrasta com os tons escuros dos mantos cósmicos que envolvem as figuras de segundo plano.

Agora sim, falta a terceira pintelheira…

TRILOGIA PENTELHEIRA, PARTE III

Nesta terceira e última parte da Trilogia Pentelheira, em honra do Confrade Marsapio, resolvi brindá-lo com uma tripla final.

A Planta de Adonis
Impressão através de bloco de madeira, Hokusai, 1815



No que se refere a representações sexuais, ninguém supera os japoneses!
Enquanto os europeus andavam preocupados com a mini-pintelheira da Maja, os japoneses pelavam-se por as desenhar ou pintar anárquicas e bem fartas!
O corpo da mulher é sempre representado na íntegra sendo que a vulva (outro elemento proibido no Ocidente) é desenhada com todo o pormenor.
Acho piada deixar aqui a pergunta: French kiss porquê?

O Sonho da Mulher do Pescador
Impressão através de bloco de madeira, Hokusai, 1814



Ainda Freud não passava de um espermatozóide e já Hokusai visitava os sonhos sexuais mais escabrosos de uma qualquer japonesa.
Mais uma vez, uma pintelheira farfalhuda, desta feita a ser consumida por um polvo enquanto a cria deste se dedica ao tal "french kiss". Reparem no pormenor do tentáculo do pequenino a enroscar-se no mamilo da "piquena".
Estes japoneses estavam, de facto, muito à frente. Mas "agora", com o Hentai, as pintelheiras e órgãos sexuais femininos foram banidos ou ofuscados por estranhos clarões…

L’Origine du Monde
Óleo sobre tela, Gustave Coubert, 1866



E, finalmente, a repetição do meu primeiro post pictográfico neste tópico.
Foi o grande escândalo na altura e ainda hoje causa desconforto a quem mergulha nesta "Origem do Mundo" no Museu d'Orsay em Paris.

E pronto, caro Marsapio. Acabaste por levar com 7 pintelheiras. Muitas mais haverá mas a demanda passa a ser tua…
No entanto, espero que estas te tenham agradado!

Olha o meu avatar!!!...

Caro Tinoni, do criador do mesmo avatar aqui está uma outra peça, agora de costas…

Il Vestito di Notte
Óleo sobre tela, René-Magritte, s.d.



Este quadro é tão simples que até dói! Mas encerra mais do que à primeira vista possa parecer.
Tem por título O Vestido de Noite mas apresenta uma mulher nua. Será esta a roupagem que usa à noite? E se sim, será por ser GP? Ninfo? Estar com calor?
O cabelo parece ter acabado de ser lavado. Saiu do banho? Espera alguém específico? Ou espera que alguém apareça?
Acima dela uma lua em quarto crescente. Descobriu que está grávida? Quer engravidar? Ou é uma sacerdotisa da fertilidade?
A ténue linha do horizonte deixa o céu confundir-se com o mar. Qual o destino? Para onde olhar? Estará perdida? Sentir-se-á perdida?
E para aqueles mais dados às psicologias, não significará tudo que ela á noite se limita a despir de preocupações e preconceitos?

Se o quadro não se chamasse O Vestido de Noite, diria que estava perante uma Mulher com Calor, de Banho Tomado, a Olhar a Lua.

E depois do delírio das pintelheiras, voltemos à pacatez de Renoir…

Nude in the Sun
Óleo sobre tela, Pierre-Auguste Renoir, 1875



Este Quadro tem o condão de me acalmar.
A mulher, sem duvida após um banhinho, seca ao sol. Apenas para evitar ser picada por urtigas, tem uma toalha enrolada um pouco abaixo da cintura. Os raios de sol penetram por entre a folhagem e vão-a aquecendo devagar. Sonolenta, de seios fartos e mamilos hirtos, a sua mão desliza dengosa para o baixo-ventre…
De notar a confluência das pinceladas aparentemente anárquicas, na direcção do corpo feminino, circunscrevendo-o a um cantinho acolhedor do bosque.
Um quadro intimista, que brinca com a mente do observador, e faz desejar estarmos a ser aquecidos pelo mesmo sol!

Regresso fugaz ao Romantismo antes de partir para voos mais complicados…

Ulysses and the Sirens
Óleo sobre tela, Herbert Draper, 1909



Bem sei que o tema é recorrente na pintura dos séculos XIX/XX: Ulisses, preso ao mastro da sua embarcação, a ouvir o canto das sereias e a entrar em loucura. Os seus homens continuam a remar pois têm os ouvidos tapados.
Mas o que importa aqui são as sereias do dobrar do século: rostos modernos e extremamente femininos (pelos padrões de beleza actuais); corpos esguios e elegantes mas com "carnes" nos rabiosques (reparem no da que está envolta numa transparência azul) e seios pequenos/médios e rebitesos. A postura, essa é de verdadeira luxúria!

confrade gentle man é muita cultura, obrigado pela partilha

Robert Joyner _ Técnica mista.

Agradeço as suas palavras, caro Bugatti. Mas a cultura aqui é zero. É mais tudo intuitivo…

E nesse sentido, não resisto a comentar a mulher de Robert Joyner aqui apresentada pelo Confrade Petercyclop.

Pós-Cubista, pós-abstracta, pós-neorealista, pós-hiper-realista, a mulher de Joyner, ainda que numa posição assumidamente erótica e despertadora dos sentidos, é a confusão em pessoa, dividida entre o quente e o frio das cores, perturbada, quase esquizofrénica, com uma personalidade exterior (a da postura) e outra interior (a das cores, da fusão destas, quase anuladas pelos traços histéricos que parecem percorrer-lhe todo o corpo como de terminações nervosas ao rubro se tratassem).
Curiosamente, a parte do corpo que está mais próxima do observador (rosto, seio esquerdo e baixo-ventre) é representada por uma cor fria…

Chamar-lhe-ia Menina gritando ao começar a ouvir uma música da moda numa discoteca…

FODASSE O GM, VAI MAS É PÓ C@R@LHO

Está descansado, TPS, que mais logo tenho uma preparada para ti! E não é uma menina impressionista…

Vais?

São caminhos que desconheço. Conclusão: não fui!

Mas não me esqueci do prometido.
Por isso, para ti, TPS, aqui está a mulher cubista…

Mulher com Bandolim
Óleo sobre tela, Georges Braque, 1910



Neste curto período da história da arte, Picasso e Braque dão cartas. São eles os pais do Cubismo.
Nesta obra de Braque, gosto particularmente da representação da mulher como um ser anguloso ou seja, perceptível de diferentes maneiras através da observação por diferentes ângulos…
Fascinam-me em especial os seios! O direito com farta auréola a que Braque conseguiu aplicar a difícil técnica da quadratura, sobrepondo-lhe um freudiano mamilo bico-de-papagaio. A esquerda, presa e torcida pelas cordas do bandolim representa a bestialidade masculina apreciadora do apertão do mamilo. Mas nem por isso a mulher deixa de tocar…
Por fim, a beleza enigmática do rosto (rói-te Leonardo!) que se sobrepõe a outro, mais apagado, mais duvidoso, ligeiramente mais inexpressivo. O retrato da mulher angustiada com a multiplicidade de solicitações da sociedade moderna: Vou ao salão ou comprar sapatos? Compro as sabrinas azuis-mel ou as azuis-melado?

Então, TPS? Posso começar a escrever a tese?