Dediquei esta noite ao silêncio monástico do meu escritório residencial, liguei a TV, sintonizei no Canal Brasil e topei com um filme brasileiro antigo, a Menina do Lado. Uma película com pretensões poéticas sobre o amor que nasce entre uma adolescente e um quarentão casado, pai de filhos. Reginaldo Farias é o coroa papa-anjo e a Flávia Monteiro esbanja seu frescor juvenil como a adolescente. Vemos também o Sérgio Mamberti fazendo um gay simpático e igualmente interessado por jovens na puberdade.

Caso o filme fosse rodado neste século XXI, não teria o final adocicado e romântico que assisti, mas terminaria com os dois amáveis senhores sendo presos por pedofilia, após uma batida da Polícia Federal.

O filme é de 1987 e me impressiona ver como, em duas décadas, o que era Poesia transformou-se em Heresia.

Revivi a mesma sensação que descobri durante o tempo que participo em Fóruns. Entrei fascinado pela possibilidade de fazer amigos, mas fui descobrindo uma atmosfera contaminada pelas mesmas mazelas que encontramos em comunidades reais, como se fosse um ambiente de trabalho ou uma empresa. As panelas, a competição, a hostilidade, o preconceito, o desejo de exclusão do outro, etc.

É chocante descobrir que, em convivência de grupos, a vaidade se sobrepõe a amizade.

A conclusão que chegamos é que o terceiro milênio transfigurou a Inocência numa enfermidade chamada Paranóia; fez, das mentes sãs, os Psicóticos.

Até a Felicidade deixou de ser um sonho, o paraíso secreto que todo homem almejava conquistar. Hoje, a Felicidade é um substantivo concreto e vulgar, você pode comprá-la com o seu Mastercard, mas observe sempre o prazo de validade e verifique o certificado de garantia.

Novos tempos, negros dias!...

um olá para o outro lado do oceano confrade Dante e parabens pelos seus posts