O meu TD da put* da centralizaçãoO Benfica, tal como todos os clubes, teria a ganhar com a centralização. Até talvez no valor obtido pelos direitos televisivos.
Até porque o Benfica é o clube português que mais trabalha a sua marca no mercado internacional. E ainda o fazia mais antes deste contrato, porque tentava vender a BTV nos mercados internacionais.
E não é simplesmente porque todos juntos têm mais força para negociar um contrato. Isso seria no imediato. Isso é pensar curtinho. As vantagens da centralização seriam muitas mais que essa.
A centralização, feita de forma correcta, beneficiaria os grandes clubes porque beneficiaria os pequenos clubes.
Quê? O que é que eu estou para aqui a dizer? Parece não ter sentido... pois não?
Já explico... mas primeiro dou um exemplo. O meu exemplo pessoal.
Eu gosto de jogos estrangeiros.
Mas só estou realmente interessado em alguns.
De Espanha só alguns jogos do Real Madrid ou do Barcelona, de preferência contra os 5 primeiros da tabela.
De Itália só jogos onde estejam presentes Juventus, Roma, Nápoles ou Juventus. Mas só entre estes ou contra Lazio, Inter e Milan.
Da Alemanha só jogos que sejam entre o Bayern, Borussia, Bayer, Schalke ou Wolfsburg.
De França, Brazil, Grécia, Turquia, Holanda, Bégica, etc... não vejo nada.
E de Inglaterra... praticamente qualquer jogo que envolva United, City, Chelsea, Liverpool, Arsenal, Tottenham, Everton, Southampton, Newcastle ou West Ham (e este ano Leicester). Quer seja contra o 1º quer seja contra o ultimo. Basicamente quase só não estou disposto a ver um Norwich vs Watford ou algo do género. Basicamente estou interessado em ver pelo menos 75% dos jogos de Inglaterra.
Porquê?
Porque todos os jogos ingleses são competitivos e têm um mínimo de qualidade. Porquê? Porque todos ganham muito dinheiro e por isso têm muitos jogadores de qualidade? Sim, é verdade. Mas não é a unica verdade. É sobretudo porque o clube que recebe menos não recebe 20 vezes menos que o que recebe mais. E isso não está relacionado com este ultimo super contrato da Premier League. Em 2012/2013 quem ganhou mais (MU) ganhou 60,8 Milhões, e quem ganhou menos (QPR) ganhou 39,75 Milhões.
Em 2013/2014 que recebeu mais (Liverpool) ganhou 117M e quem recebeu menos (cardiff) recebeu 74,5M.
Quem recebe menos recebe mais de metade do que aquele que recebe mais.
Isto faz com que exista equilibrio. Faz com que exista competitividade. Faz com que os pequenos não se limitem a serem esmagados pelos grandes sem dar alguma luta. Aliás, é o contrário. Dâo muita luta. Lá todos lutam pelos pontos. Lá qualquer um luta pela vitória. E isso é bom para o espectáculo. E o espectador gosta de bons espectáculos.
E por isso, eu e muitos espectadores do mundo inteiro apreciamos os jogos da Liga Inglesa. E por isso ela se vende tanto. E por isso ela rende tanto dinheiro. E por isso existe tanto dinheiro para ser distribuido pelos clubes.
Portanto não é por causa de existir muito dinheiro que existem tantos jogos interessantes em Inglaterra. É por existir maior igualdade na distribuição de receitas. Que por sua vez tem como consequência existirem melhores espectáculos, que por sua vez faz com que exista maiores audiências, que por sua faz com que exista muito dinheiro.
É o facto de existir grande igualdade que depois permitiu existir grandes lucros. Porque a maior igualdade entre clubes trouxe mais espectáculo para o espectador.
Mas existir maior igualdade não significa existir igualdade total. Isso é absurdo. Há diferenças entre os clubes e há diferenças nos valores que cada clube recebe. E existe correlação entre uns e outros.
O Benfica defendeu isto publicamente, através do seu Director Financeiro.
«Se admitimos participar numa centralização dos direitos televisivos? Precisamos disso. A diferença entre o clube que ganha mais e o clube que ganha menos é de 1 para 10. O problema é que os clubes são os primeiros a dizer que não. Porquê? Devem estar condicionados»Repare-se no contraste com o que diz o Presidente da Assembleia do Sporting:
"Porque não haverá o Sporting de receber o mesmo que o Benfica? Estamos no mesmo patamar, somos um dos grandes clubes portugueses e não somos inferiores ao Benfica."Enquanto uns olhavam para o panorama geral, os outros olham para o seu umbigo e comparam-no com o umbigo que invejam.
E isto não acontece só depois do contrato assinado pelo Benfica.
O Porto e o Sporting por alguma razão apoiaram o Proença.
E o Bruno de Carvalho já andava a preparar o terreno há muito tempo na comunicação social.
Dizia ele que o Sporting tinha quase tantos adeptos como o Benfica. Obviamente era esse argumento que ele iria usar na negociação da centralização dos direitos televisivos. E teria alguém na cadeira do poder para concordar e tentar legitimar essa intenção... Pedro Proença.
O problema é que esse argumento é somente uma opinião. E negociar a centralização de direitos televisivos com base em opiniões é na Republica das Bananas. Que é onde Bruno de Carvalho parece pensar que vive. E dá provas disso todos os dias através dos seus comunicados.
Ora, o Benfica não tem necessidade de se meter em saladas russas desse tipo. O Benfica tende a gerir cada vez mais o seu negócio com profissionalismo. Continua a cometer muitos erros, mas neste momento denota-se cada vez maior profissionalismo em tudo o que faz. Gere de forma estratégica, usando profissionais de diversas áreas para o efeito.
Não gere com base em comunicados, nem com base em esporádicos, embora brilhantes, golpes de asa como foi a contratação de JJ. Nem ameaçando os bancos de falência para obter perdão de juros. Nem ficando com a percentagem, de um negócio, que contratualmente pertence a outra entidade. Nem falando na TV em jantares mostrando um voucher que não tem escrito jantares em lado nenhum, mas querendo fazer parecer que até tem. Nem anunciando equipas de ciclismo antes do acordo assinado. Nem combatendo os fundos publicamente e depois ter jogadores brasileiros emprestados por clubes angolanos que ninguém conhece. Nem despedindo treinadores por não usarem um fato num jogo. Nem enviando propostas de patrocínio de muitos milhões, que continha tantos erros que me envergonhariam se os apresentasse num trabalho qualquer da escola secundária. E muito mais vergonha teria se fosse num trabalho da universidade. E muita mais numa tese ou num trabalho final da universidade. E muito mais num pedido de patrocínio de alguns milhares de euros. E completamente impensável num pedido de patrocínio de vários milhões. Isso é puro amadorismo, inadmissível até num clube da 2ª divisão. Da mesma forma que é inadmissível o relvado que o Sporting apresenta em 350 dias do ano.
Erros todos cometem. Isso é normal. Até para os mais profissionais. No Benfica, no Sporting e em qualquer clube ou empresa do mundo. O que não é normal é usar e abusar, constante e repetidamente, de artimanhas, subterfugios e amadorismos, e mesmo assim querer fazer passar-se por extremamente profissional e sério, e puro que nem uma virgem.
É óbvio que o Benfica, tendo essa possibilidade, teria de equacionar formas de evitar negociar com um troca tintas deste género. Como se não bastasse já o outro do Porto, conhecendo-se o seu passado, e a história dos 80% no que a este assunto diz respeito. E a marionete que ambos enfiaram na presidência da liga. Que belo triunvirato o Benfica teria de enfrentar nas negociações.
E é nesse âmbito de profissionalismo que se deduz que o Benfica só pretende estar em reuniões que sejam também elas conduziadas de forma profissional. Só pretende estar em negociações que sejam sérias e que sejam realizadas de boa fé. Mesmo que sejam negociações duras e dificeis. Mas têm de ser sérias e baseadas em factos. Não em opiniões, apoiadas por comunicados e/ou por presidentes da liga que foram colegas da escola.
Até porque, como já referi, neste caso o Benfica não tinha muita necessidade de se prestar a esse tipo de situações pouco dignificantes. Pelo facto de neste momento estar numa posição privilegiada, no que a este assunto diz respeito. E tanto assim é, que até conseguiu um negóciozinho interessante sem precisar de passar pela salganhada que já se previa que seriam as negociações de centralização dos direitos televisivos. Salganhada que já andava há muito tempo a ser preparada e até promovida através das redes sociais e dos órgãos de comunicação social.
Mas este negóciozinho das 400 biscas poderia até ter sido melhor. Sobretudo no longo prazo. Para isso era necessário a centralização. Uma centralização onde existisse maior igualdade na distribuição de receitas pelo diversos clubes, sem deixar de existir diferenças nos valores relativos a cada um, existindo correlacção entre esses valores e a influência que cada clube tem no gerar dessas receitas.
Porque se os clubes mais fracos fossem cada vez mais fortes existiria jogos mais atractivos em Portugal. E concerteza ainda mais pessoas a querer ver os jogos do Benfica (ou do Porto ou do Sporting), sobretudo nos jogos contra esses clubes mais fracos. Sobretudo no estrangeiro. O que permitiria vender mais e melhor os direitos da nossa Liga no estrangeiro. O que iria gerar mais receitas. O que provavelmente permitiria aos clubes grandes de Portugal atingir outros valores pelos seus direitos televisivos. Mesmo se isso não fosse possível, os clubes teriam maior visibilidade e notoriedade no estrangeiro, pela aumento da qualidade dos seus jogos. E isso poderia permitir aumento de receitas de outras formas.
Para isto acontecer era preciso vontade de todos para que acontecesse. E isso parecia não existir. Como nos foi revelado pelo Domingos Soares de Oliveira:
«Se admitimos participar numa centralização dos direitos televisivos? Precisamos disso. A diferença entre o clube que ganha mais e o clube que ganha menos é de 1 para 10. O problema é que os clubes são os primeiros a dizer que não. Porquê? Devem estar condicionados»E como nos era revelado pelo Bruno de Carvalho praticamente todos os dias.
O que eles queriam era que o Sporting recebesse o mesmo que o Benfica. Só porque sim...
Como se as empresas tivessem alguma obrigação de negociar contratos iguais com clubes diferentes que oferecem coisas diferentes. Uma obrigação moral como o outro queria fazer entender...
Se o Sporting e o Porto receberem o mesmo que o Benfica será só por uma de duas possíveis razões: ou alguém acha que eles oferecem algo com tanto valor como o que o Benfica oferece, ou alguém sofreu pressões que não deveriam existir num estado de direito.
Mas nunca por obrigação moral.
Isso não acontece em lado nenhum. Nem em Inglaterra, nem em Itália, nem agora em Espanha. Os clubes não recebem todos a mesma coisa porque não são todos iguais. E nem todos geram as mesmas audiências. É simples. Só não será para quem estiver a agir de má fé, ou for simultaneamente teimoso e burro. Da mesma forma isso se aplica a quem usa o argumento merdoso de que o Benfica sem os mais pequenos não seria ninguém. Como se aplica ao Barcelona que sem os mais pequenos não seria ninguém, ou ao Bayern que sem os mais pequenos não seria ninguém. Dizer que o Benfica não joga sozinho é de uma inutilidade atroz. É óbvio que nenhum clube joga sozinho. Como deveria ser óbvio que tem lógica que clubes que geram audiências diferentes devem ter direito a receber valores diferentes. Não necessariamente equivalentes ou directamente proporcionais às audiências... mas diferentes.
Há cá no burgo quem não aceite esta lógica e tentou impor outra.
O Benfica não aceitou, e fez pela vidinha.
Agora azarucho, façam o mesmo.
