O JJ raramente faz uma substituição só por fazer. O que na teoria até está certo, no meu entender.
Quando a opção é entre um jogador jovem com irreverência e capacidade de agitar o jogo, e um jogador experiente que ele acha que tenta cumprir com maior exactidão o plano táctico estabelecido, JJ tenta sempre manter em campo o jogador experiente o maior tempo possível... por vezes até ser tarde demais.
Mesmo que o jogador experiente já esteja todo rebentado, sem velocidade e até sem clarividência, JJ opta quase sempre por ele, e por vezes de uma forma que nos parece demasiado teimosa.
É a sua visão de jogo. Ele gosta de controlar tudo. Não gosta de caos. Ele gosta que os bonecos cumpram o que ele manda, e não tanto que tenham ideias próprias. Dá liberdade aos jogadores para usarem a sua criatividade, mas só se cumprirem determinados princípios básicos que ele impõe.
Ao mesmo tempo é um treinador que dá muito valor à experiência dos jogadores, à "matreirice" adquirida, à capacidade de manter a calma, ao "calo"...
Isto não significa que JJ prefere um jogador experiente mau a um jogador jovem bom. Só que a qualidade nem sempre abunda, e entre 2 jogadores de qualidade equivalente, ele costuma preferir o mais experiente.
Por outro lado é um treinador que já não arrisca como arriscava há 7 anos atrás.
Ele teve um rolo compressor de grande qualidade no seu 1º ano no Benfica, que funcionava porque tinha muita qualidade na frente, 2 jogadores extremamente rápidos na defesa que ajudavam a salvar muitas situações "in extremis", e um trinco que sabia comportar-se muito bem como um defesa. Por isso tinha uma equipa que por vezes cilindrava, mas que arriscava muito. Naquele caso específico o risco compensava.
Só que depois percebeu que o risco não compensa sempre, quando perdeu os 3 campeonatos seguintes. Percebeu que para poder arriscar tinha de ter os jogadores certos para isso. E que essa qualidade e essa especificidade não lhe estaria sempre disponível. Por isso, ele tornou-se mais cauteloso.
Isto é, ele passou a ser defensor da velha máxima "mais vale 1 pássaro na mão do que 2 a voar". Antigamente ele ia atrás dos 2 pássaros, e agora tenta somente guardar 1 pássaro o melhor possível.
Obviamente continua a tentar cilindrar as equipas mais incompetentes (nem sempre são as mais "pequenas"), mas passou a ter mais cautelas contra as equipas mais capazes.
O JJ que vimos ontem é o mesmo que saiu do Benfica.
Tem imensa qualidade, mas quem quer ter essa qualidade tem de aceitar estas "restrições" que são próprias de JJ neste momento. Mais "velhinhos" em campo quando a qualidade dos "jovens" não é extraordinária, mais cautelas contra adversários mais competentes por parte da equipa do que as equipas de JJ tinham antigamente, e pouca vontade de fazer substituições bem cedo.
E essas restrições por vezes têm os seus custos.
